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Por Fabian Chacur

Uma das marcas da década de 1960 ficou por conta do surgimento de diverso grupos vocais femininos bem-sucedidos em termos artísticos e comerciais. Um dos mais marcantes foi o trio The Ronettes, no qual se destacava a cantora Ronnie Spector. Graças a seu estilo marcante, personalidade e a produção do talentoso e polêmico Phil Spector, o grupo emplacou grandes hits e marcou época. Ronnie infelizmente nos deixou nesta quarta-feira (12), vítima de um câncer, aos 78 anos de idade. Ela deixa um belo legado e a marca de ícone musical e visual.

Veronica Yvette Bennett nasceu em Manhattan, Nova York, em 10 de agosto de 1943, filha de uma afro-americana com um americano de origem irlandesa. No fim dos anos 1950, criou com a irmã mais velha Estelle (1941-2009) e a prima Nedra Talley o trio vocal Darling Sisters, que depois se tornaria The Ronettes. O grupo chegou ao topo das paradas de sucesso quando se associou ao produtor e compositor Phil Spector, assinando um contrato com o seu selo.

Unindo os arranjos bombásticos e geniais de Phil às vocalizações charmosas das garotas, especialmente a voz deliciosa de Ronnie, as Ronettes invadiram as paradas de sucesso entre 1963 e 1966. Um de seus principais hits, Be My Baby (1963), é uma das músicas mais marcantes da história da música pop, influenciando diversas outras e utilizada na trilha de vários filmes, entre eles na icônica abertura de Dirty Dancing (1987).

O visual ousado e marcante das Ronettes, e de Ronnie em particular, influenciou grandes ícones posteriores da música pop, entre as quais Amy Winehouse. Ronnie, inclusive, deu belos depoimentos em documentários sobre Amy, e também fez uma ótima regravação de Back To Black após a morte da estrela britânica, com objetivos beneficentes.

Após gravar mais alguns hits, entre os quais Baby I Love You (1963), The Best Part Of Breakin’ Up (1964) e Walking In The Rain (1964), o trio se separou em 1967. Logo em 1963, Ronnie e Phil Spector iniciaram um relacionamento afetivo que os levou a se casarem oficialmente em 1968. No entanto, foi provavelmente o maior erro cometido pela cantora, que comeu o chamado “pão que o diabo amassou” na convivência com o produtor.

Isso certamente explica a dificuldade que Ronnie Spector teve para seguir adiante em sua carreira, após se separar de Phil em 1974. Ela chegou a ser ameaçada de morte por várias vezes, e foi torturada psicologicamente durante muitos e muitos anos. Melhor nem me estender muito nesse tema, realmente constrangedor e lamentável.

Mas ainda assim Ronnie viveu momentos bacanas. Em 1971, por exemplo, gravou o belo single Try Some Buy Some, canção de George Harrison que o autor só gravaria em 1973 em seu antológico álbum Living In The Material World. Vale lembrar que as Ronettes abriram shows para os Beatles em 1966. Em 1976, participou com destaque da faixa You Mean So Much To Me, escrita por Bruce Springsteen e gravada por Southside Johnny.

Em 1986, outro dueto, desta vez com o cantor, compositor e músico norte-americano Eddie Money, fez grande sucesso, a ótima Take Me Home Tonight. Ela gravou alguns discos solo, entre os quais o EP She Talks to Rainbow (1999), produzido por Joey Ramone e com participação dele na canção You Can’t Put Your Arm Around a Memory.

Ronnie Spector era uma figura muito querida no meio musical, e é possível ver em pesquisas no google foto dela com algumas das maiores personalidades do rock e da música pop, todos admiradores de seu talento e personalidade. Ela lançou uma autobiografia em 1990, Be My Baby: How I Survived Mascara Miniskirts and Madness, cogitada recentemente para virar um filme.

Be My Baby– The Ronettes: