Por Fabian Chacur

O começo é a mil por hora. Um rock nervoso, eletrônico, sombrio, que captura a atenção do ouvinte em segundos e nos joga em uma viagem por sensações de solidão, de tesão, de tensão, de vontade de jogar, de aprender a jogar, de viver.

Com a sensacional Não Me Venha Mais Com o Amor, tem início Climax, novo álbum de Marina Lima e um de seus melhores.

Ela tem mais de 30 anos de carreira, um repertório repleto de hits e discos importantes, mas entra em campo aqui para te ganhar não por causa do passado, mas pelo presente exuberante.

Devidamente inserido no contexto noturno proposto pelas sonoridades do álbum, a faixa #SP Feelings, espécie de bossa nova, nos situa em relação ao ambiente em que a ação ocorre.

O rockão com ecos de anos 80 Lex (My Weird Fish) propõe viagens interiores, propõe o diálogo português/inglês. Viajar ou não? Essa é sempre a questão.

Com batida marcial, timbre ardido de guitarras e letra em inglês, Keep Walkin’ responde de forma categórica a pergunta que ficou no ar na canção anterior. Vamos continuar caminhando, sempre, independente do clima soturno que nos cerque e ameace! Keep walkin!

Em algum momento dessa trajetória, vale uma parada para respirar e analisar a quantas vamos, o que mudou nesses anos todos de vida, e a conclusão de que volta e meia precisamos de um pouco de solidão. Que, aqui, Marina Lima partilha com Vanessa da Mata. A canção chama-se A Parte Que Me Cabe.

De Todas Que Vivi remete a paixões imprevistas e de finais improváveis, em clima intimista e mais uma vez no diálogo entre línguas/linguagens. E na esperança de um final feliz.

Às vezes, a gente não encontra as palavras certas para definir aquilo que sentimos, e nos cabe buscar alguma antiga (mas não velha!) canção para dar o recado.

Aqui, essa função cabe a Call Me, sucesso despretensioso nos anos 60 com Chris Montez e que ganha uma leitura bem cool de Miss Lima. Belo resgate! E me chama que eu vou!

O clima tenso volta em Doce de Nós, mais uma intensa reflexão em torno de a quantas vai o coração, o jogo a dois, a vida tentando alguma definição em sua sempre indefinida disputa.

Desencantados une Marina, Alex Fonseca, Karina Buhr e Edgard Scandurra em um etéreo murmúrio dolorido sobre as dores do amor, dos amores, da dor, da vida, do simples respirar.

As Ordens do Amor é o momento blues rock estilizado do álbum, em certeiros pensamentos sobre o que fazemos em relação às ordens que o amor frequentemente nos dá, e que nem sempre a gente segue. Ou será que segue sempre? O que será que será?

A resposta chega com os acordes maiores e a voz sempre pra cima de Samuel Skank Rosa, que faz uma parceria iluminada com Marina Lima no final feliz que todos sempre esperamos.

Pra Sempre é a celebração do amor bacana que chegou, que nos injeta energia positiva na vida, que nos leva querer viver cada milésimo de segundo pra sempre, dure quanto durar!

Fecham-se as cortinas, não antes do beijo intenso que enfim se concretizou, para alegria geral.

A voz da musa nunca esteve tão boa, tão sensual, tão expressiva, e ela de quebra se atreveu (de forma extremamente bem-sucedida) a tocar guitarra, teclados, violão, pads… A mulher estava inspirada pacas!

Um texto muito “viajandão”,  caro leitor? Culpe Marina Lima e seu espetacular Climax, desde já um de meus álbuns favorito de 2011.

Não Me Venha Mais Com o Amor, ao vivo em SP: