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Ultraje turbina seu primeiro CD ao vivo

Por Fabian Chacur

Na noite desta sexta-feira (17), no Teatro da Mix, em São Paulo, o Ultraje a Rigor releu de forma turbinada seu histórico álbum de estreia, Nós Vamos Invadir a Sua Praia (1985). A performance foi registrada e será exibida na Mix TV e na Mix FM em setembro dentro da ótima série Álbuns Clássicos, na qual alguns dos melhores discos da história do rock brasileiro são tocados na íntegra pelos grupos que os gravaram originalmente.

Fazia tempo que eu não via o Ultraje em cena. A banda só mantém um integrante de sua formação original, o impagável cantor, compositor e guitarrista Roger Rocha Moreira, um dos grandes ícones do rock brasileiro. Em plena forma, ele parece dormir em formol, pois mantém o carisma e o bom humor dos anos 80. É o nosso Chuck Berry, sem a parte policial, felizmente.

A atual escalação do grupo é uma das melhores de sua história, se não for a melhor. No baixo, temos outro cara marcante na história do rock brazuca, o excelente baixista Mingau, do 365 e do Vega e que tocou com Deus e o mundo. Sempre bem, registre-se!

Na bateria, um verdadeiro dínamo que atende pelo nome de Bacalhau, outro que tem um currículo bacana que inclui Little Quail And The Mad Birds e Rumbora. Na guitarra, o brother Marcos Kleine, ex-Exhort e Vega, que divide solos e bases com Roger com total desenvoltura.

A música do Ultraje a Rigor exige energia, bom humor e personalidade, e o quarteto atual tirou de letra o desafio de tocar as 11 faixas do álbum que foi eleito em enquete promovida por uma revista musical há alguns anos como o melhor disco da história do rock brazuca.

Nós Vamos Invadir a Sua Praia parece coletânea, e de certa forma é mesmo, pois inclui músicas que Roger e seus colegas haviam escrito entre 1982 e 1984, e testado nos inúmeros shows que fizeram nos porões paulistanos da época, antes de entrar em estúdio e gravá-las.

Contando com o apoio do vocalista Ricardinho (do Beatles 4 Ever, onde faz com grande categoria o papel de Paul McCartney), o Ultraje 2012 tocou músicas como Eu Me Amo, Ciúme, Independente F.C., Marylou e Rebelde Sem Causa com arranjos bem próximos aos das gravações originais, acrescidos de um ou outro detalhe e de muita energia.

Jesse Go, que no álbum original era cantada pelo então baixista Maurício, ganhou uma ótima interpretação de Mingau, que me arrisco a qualificar como melhor do que a anterior. O programa de TV também incluirá Roger falando sobre o álbum e as canções, sempre com respostas irreverentes e reveladoras.

Por problemas técnicos de gravação, o grupo gravou novamente Ciúme, Marylou e Independente F.C., além de proporcionar ao público que lotou o teatro Chiclete e Pelado como faixas-bônus, pois as duas não integram Nós Vamos Invadir a Sua Praia.

O momento mais impressionante do show ficou com Ciúme, na qual Bacalhau deu um verdadeiro banho de energia e sendo o mais aplaudido da noite, após sua performance ensandecida. Longa vida, Ultraje!!!

Zoraide, com o Ultraje a Rigor, ao vivo no Agora é Tarde:

Nós Vamos Invadir a Sua Praia, clipe da época, com o Ultraje a Rigor:

Biografia registra carreira do Ultraje a Rigor

Por Fabian Chacur

Nós Vamos Invadir a Sua Praia (1985) é considerado um dos melhores álbuns da história do rock nacional.

Se no decorrer da carreira não conseguiu manter o alto nível dessa estreia, o Ultraje a Rigor conseguiu se firmar como um dos grupos mais simpáticos do rock nacional, mantendo vivo o espírito original do velho e bom rock and roll, repleto de energia, irreverência e simplicidade.

Ultraje a Rigor – Nós Vamos Invadir a Sua Praia, de Andréa Ascenção (editora Belas Letras -preço médio: R$ 50), procura dar uma geral nesses 30 anos de trajetória da banda liderada com mão de ferro pelo cantor, compositor e guitarrista Roger Rocha Moreira.

Os grandes méritos dessa biografia são a farta documentação, a inclusão de todas as letras das músicas e a discografia completa da banda, além de incluir entrevistas com todos os integrantes e ex-integrantes do grupo e muitas fotos, além de algumas hilariantes estórias de bastidores.

Como pontos negativos, a contextualização do grupo dentro do período em que sua carreira se desenvolveu às vezes cai em verborragia excessiva, além de incluir algumas informações incorretas aqui e ali.

Da mesma forma, alguns dos entrevistados tiveram um excesso de depoimentos incluídos no livro, boa parte desnecessários e redundantes, o que às vezes quebra um pouco a fluência da leitura.

Ou seja, o texto poderia ter sido reduzido em pelo menos um terço de seu tamanho sem nenhuma perda de conteúdo, o que o tornaria bem mais atraente e gostoso de se ler.

Seja como for, são pecadilhos perfeitamente perdoáveis, se levarmos em conta a minuciosa pesquisa e o belo perfil apresentado do sempre enigmático Roger, uma verdadeira contradição ambulante, mas no fundo um cara brilhante e gente boa, que nos proporcionou um rock and roll de primeiríssima linha.

Tipo da obra obrigatória para quem deseja se embrenhar na história do velho e bom rock brazuca.

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