Por Fabian Chacur

A década de 90 do século passado foi a era do CD, em termos de mercado fonográfico. O formato de disco de áudio, lançado no início dos anos 80, passou a dominar o mundo da música e rendeu milhões de cópias vendidas e cofres cheios para gravadoras. Esse paraíso sucumbiu no início deste século.

A pirataria, os arquivos MP3 e o advento das redes de compartilhamento de arquivos musicais fez com que as vendas dos discos físicos despencasse, e que os afoitos previssem a extinção total dos CDs. Isso, também, devido à incompetência inicial das gravadoras para encarar a nova realidade.

Pois bem. Estamos em 2010, e a previsão alarmista da caducagem dos formatos físicos para a música não se realizou. E, tudo leva a crer, nunca irá se realizar. E a explicação é simples: quem tinha essa opinião não levou em conta a mudança dos tempos.

Durante muito tempo, o consumidor de música tinha poucas alternativas para ouvir suas canções e artistas favoritos. Primeiro, eram os discos de 78 rotações. Depois, os compactos e posteriormente os LPs de vinil, com as fitas-cassete como alternativa. Aí, o mítico CD.

Na cabeça de muita gente, o formato digital tomaria o lugar do CD da mesma forma que o CD tomou o do vinil. Mas o que de fato ocorreu é que o público, em uma espécie de revolução silenciosa, percebeu que não precisava se prender a uma única forma de curtir sua paixão musical, e colocou em campo o seu direito de optar.

Resultado: as vendas dos CDs de fato caíram absurdamente, mas tem nos últimos anos se mantido em um patamar que ainda dá muitos lucros à indústria. Muitos não tem intimidade com os computadores e as novas formas de se ouvir música, ou mesmo prefere ter os discos.

A oferta de álbuns com extras atraentes, do tipo encartes recheados de fotos e textos informativos, capas sofisticadas e mesmo DVDs brinde com bastidores das gravações conquistam um público fiel, que não se contenta em apenas ouvir, mas que curte a experiência de conviver com a música de forma mais ampla, desejando imagens e informação.

Por sua vez, as lojas especializadas em venda de música digital também se firmaram, sendo alternativa para quem gosta de ouvir música nos Ipods, Iphones e mesmo em seus computadores e laptops.

Lógico que tem aqueles que não tiram um único centavo do bolso para curtir música, preferindo a pirataria física ou digital. Mas lembremos que essa também era a postura de muitos nos tempos das fitas cassete nas décadas de 70, 80 e início dos 90. Ou seja, um antigo costume só mudou de formato.

A frase que define essa história é liberdade de opção. Até mesmo os discos de vinil, dados como mortos na metade dos anos 90, voltam a ser objeto de desejo para uma parcela dos consumidores, que também merecem um tratamento especial, com edições caprichadas e de melhor qualidade técnica.

Quem deseja ganhar dinheiro com música atualmente precisa ter isso em mente. Apostar todas as suas fichas em apenas um formato de comercialização de música é assinar atestado de óbito.

CDs, DVDs, faixas vendidas virtualmente, vender desde uma faixa a um álbum inteiro, comercialização de discos físicos em pontos de vendas nos shows, site do artista repleto de informações, presença maciça nas redes sociais, tudo isso precisa ser explorado.

Não, o CD não vai morrer, assim como também não morrerá o DVD, o recém-lançado Blu-ray, os LPs de vinil etc. A convivência pacífica de formatos não é o futuro, e sim o presente já sendo posto em prática no mundo todo. Tudo funcionando para que a música, esse bem máximo da cultura humana, possa continuar circulando e nos dando tanto prazer e felicidade.