Roberta Campos - O Amor Liberta- 400x

Por Fabian Chacur

Antes do início da pandemia do novo coronavírus, Roberta Campos tinha como projeto gravar um álbum com a produção do badalado produtor britânico radicado no Brasil Paul Ralphes. Com tudo o que ocorreu, ela preferiu adiar um pouco esse projeto e lançou o EP Só Conheço o Mar (leia mais sobre esse lançamento e sobre Roberta aqui), com 5 músicas inspiradas nesse momento. Mas seu plano não foi engavetado, e agora chega a hora de lançá-lo, em CD e nas plataformas digitais, com o título O Amor Liberta (Deck).

Trata-se de seu quinto álbum de estúdio (também lançou um DVD gravado ao vivo) em 13 anos de trajetória discográfica na qual se firmou como um dos grandes expoentes do chamado folk à brasileira. Temos aqui 11 composições inéditas, sendo sete só dela e outras quatro assinadas com nomes representativos de quatro gerações diferentes: Hyldon, Humberto Gessinger, Luiz Caldas e De Maria. O resultado não poderia ser melhor.

Valendo-se de sua bela e delicada voz com a categoria habitual, Roberta aposta em uma sonoridade no geral que nos remete a três influências básicas, os trabalhos de Lô Borges, Beto Guedes e Lulu Santos. Também temos elementos de soul, em uma mistura que soa extremamente pop mas sem cair em momento algum na vala comum daqueles que só pensam em música como uma forma pragmática de se ganhar dinheiro e nada mais.

No geral, as letras de Roberta apostam em um romantismo que vai além do simples afeto entre duas pessoas e fala do amor pelos outros, pela vida e pelo que se pode fazer para ser feliz. O momento mais pop fica por conta de Miragem (R.C.), surpreendente utilização da cantora da levada do reggaeton com uma participação especial certeira do cantor Alexandre Carlo, do grupo Natiruts.

O pop rock com elementos folk aparece com muita inspiração em Pro Mundo Que Virá (R.C.) e É Natural (R.C.- Luiz Caldas), enquanto Se a Saudade Apertar (R.C.- Hyldon) equivale a uma balada soul envolvente. O country é o mote de Começa Tudo Outra Vez (R.C.- Humberto Gessinger), que mostra o cantor dos Engenheiros do Hawaii explorando um registro vocal bem diferente ao qual estamos habituados, e com sucesso.

O clima balada soul pontua O Futuro nos Aguarda (R.C.), enquanto Floresço na Sua Vida (R.C.) mergulha no pop com desenvoltura. Aquário (R.C.) traz elementos de latinidade, enquanto O Vento Que Leva (R.C.) remete a bossa nova revista. Pop rock ensolarado é uma possível definição para a ótima Chegou o Meu Verão (R.C.- De Maria). Rosária (R.C.), bela homenagem de Roberta à sua avó, é o momento agridoce que encerra um álbum maduro, artisticamente impecável e que mostra como fazer música doce que não seja terminantemente proibida para diabéticos.

Miragem (clipe)- Roberta Campos e Natiruts: