Por Fabian Chacur

Não, eu não vi todos os shows do Lollapalooza Brasil 2013. Ninguém conseguiu tal façanha, até pelo fato de que alguns deles ocorriam no mesmo horário, em palcos diferentes. Mesmo assim, deu para ver bastante coisa, e me divertir um bocado, embora o cansaço tenha surgido com força neste que vos tecla após a farra.

Dos três headliners, o Pearl Jam se mostrou o favorito dos fãs do rock and roll com pitadas de punk, folk e rock clássico. O show da banda, com mais de duas horas de duração, teve como marca muita gente cantando as músicas junto com eles, uma produção de palco simples e sem truques e o carisma do grande cantor que é Eddie Vedder. Tivemos direito a Even Flow, Alive e até mesmo uma releitura de Baba O’Riley, do The Who.

Muita gente curtiu os Black Keys com seu rock blueseiro básico, mas não sei se eles tem tanta bala na agulha para encerrar uma das noites de um evento tão grande. Faltam hits e principalmente um pouco mais de carisma para seus integrantes. Mas se trata de uma das bandas do momento. Ou seja, a escolha para headliner era inevitável.

Quanto aos americanos do The Killlers, você pode até não gostar do som deles (como eu), mas dará uma de tonto se não admitir que eles sabem como cativar uma plateia. Muita energia, rocks melódicos e de fácil assimilação, baladas aqui e ali e um vocalista carismático (Brandon Flowers), que não nega que é de Las Vegas, a capital mundial do entretenimento. Deram (e bem!) conta do recado.

Adoro o Franz Ferdinand. Já havia visto o grupo escocês na Via Funchal, e em um festival grandão o som nervoso, rápido e dançante dos caras se mostrou mais do que adequado. Alex Kapranos e sua gang provaram que são mesmo um dos melhores grupos que estouraram na primeira década deste século 21. Merecem continuar populares.

Na mesma praia, os britânicos Kaiser Chiefs também deram um banho de energia, com seu endiabrado vocalista Ricky Wilson correndo muito pelo palco e comandando os fãs, que dançaram sem parar ao som de hits como Everyday I Love You Less And Less (que letra divertida!) e a apoteótica I Predict a Riot.

Gostei muito do som chillout (uma mistura de rhythm and blues, soul, funk de verdade, música eletrônica e pop) do Toro Y Moi, projeto comandado pelo talentoso americano Chaz Bradley Bundick, que canta, toca teclados e compõe. Seu quarteto é caprichoso em termos de utilização de timbres vintage em seus instrumentos, e sabem fazer um som ao mesmo tempo dançante e bom de se ouvir. Ideal para locais fechados. Aposto neles.

E já que o papo é aposta, também não irei estranhar se a banda americana Passion Pit se der bem nos próximos anos. Suas canções pop swingadas e seu vocalista de voz em falsete e bem agradável, Michael Angelakos (ele também toca teclados aqui e ali) tem cara radiofônica, sem cair na cafonália ou nas fórmulas mais óbvias.

O show do veterano grupo americano Flaming Lips surpreendeu ao cair em uma levada progressiva estilo anos 70. Músicas esquisitas, clima viajandão e o vocalista Wayne Coine incorporando um personagem no melhor estilo “hippie doidão”, com direito a segurar uma boneca imitando um bebê nas mãos e pedindo para as pessoas acenarem para um avião que passava no céu durante seu show. Meu Deus…

Quanto ao folk rock fofinho do Of Monsters And Men, já escrevi sobre eles aqui no blog, com direito a entrevista. Mas fica o registro de um show muito gostoso e simples no qual a voz da cantora Nana me pegou de jeito, com seu carisma tímido e um timbre que leva jeito de que irá cativar muitos fãs por aí.

Deixei para o final a impressionante performance da banda sueca The Hives, que eu também já tinha visto antes, na Via Funchal, também. O carisma e a performance alucinada do vocalista Howlin’ Pelle Almquist figura entre os momentos mais energéticos do evento. Mesmo quem não conhecia as músicas da banda pulou ao som delas, tal a entrega deles no intuito de cativar os fãs do Pearl Jam, que tocariam no mesmo palco logo a seguir.

Pelle provou que nem sempre você precisa só de hits para conquistar um público que não está lá especialmente para te ver. Isso, embora eles tenham alguns sucessos no repertório, entre eles a sensacional I Hate To Say I Told You So. Rock garageiro, básico, sem firulas e com muita personalidade, ideal para festivais roqueiros.

Veja o show do The Hives na íntegra, no Lollapalooza Brasil 2013: