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Marco Mazzola reedita o livro com as suas incríveis memórias

marco mazzola ouvindo estrelas capa livro

Por Fabian Chacur

O que nomes tão importantes da história da nossa música como Raul Seixas, Elis Regina, Simone, Ney Matogrosso e Milton Nascimento tem em comum, além do imenso talento? Todos tiveram trabalhos importantes de suas ricas discografias produzidos por um certo Marco Mazzola. A trajetória desse grande produtor, hoje com 75 anos e mais na ativa do que nunca, foi descrita em 2007 no livro Ouvindo Estrelas. Pois agora chega uma nova e turbinada edição desta incrível autobiografia, desta vez pela editora Ubook e disponível nos formatos físico, digital e audiobook (narrado por Lúcio Mauro Filho).

Ouvindo Estrelas volta com 544 páginas, sendo 67 de texto adicionais, relatando tudo o que Mazzola fez nos últimos 15 anos, 40 páginas com fotos ilustrando sua riquíssima trajetória e uma discografia com fotos das capas de boa parte dos álbuns produzidos por ele durante esses mais de 50 anos de atividades. Entre eles, nada menos do que Krig-ha, Bandolo! (Raul Seixas-1973), Falso Brilhante (Elis Regina-1976), Alucinação (Belchior-1976) e Sentinela (Milton Nascimento-1980), só para citar alguns deles.

Oriundo de uma humilde família de imigrantes portugueses moradores do Rio de Janeiro e nascido em 25 de abril de 1947 (exatamente um mês após Elton John, vale registrar), o garoto Marco Aurélio da Silva recebeu o apelido Mazzola por sua semelhança com o futebolista brasileiro que foi revelado pelo Palmeiras e depois fez linda carreira na Itália. Curiosamente, este atleta oriundo de Piracicaba (SP) foi batizado como José João Altafini, e recebeu o apelido por causa do craque italiano Valentino Mazzola.

No livro, Mazzola conta sua incrível trajetória, desde os tempos de integrante do grupo infantil Pequenos Cantores da Guanabara até o seu envolvimento com gravações, trabalhando inicialmente como auxiliar, depois como técnico e posteriormente assumindo o posto de produtor. Uma trajetória repleta de momentos simplesmente inacreditáveis, nos quais ajudou a concretizar alguns dos trabalhos mais significativos da nossa música em termos artísticos e de vendagens.

Tipo do livro essencial para quem deseja estudar sobre o desenvolvimento da cena musical brasileira entre os anos 1970 e os tempos atuais, narrando com um texto simples, direto e envolvente histórias que deixarão o leitor com o queixo caído, como, por exemplo, o envolvimento de Mazzola com ninguém menos do que Paul Simon durante as gravações do icônico álbum The Rhythm of The Saints (1990), por exemplo.

Mazzola é de um tempo no qual aliar qualidade artística a bons resultados comerciais era quase que uma questão de honra para diversos profissionais do meio musical. Algo que, de certa forma, se perdeu pelo caminho. Que Ouvindo Estrelas possa servir como exemplo para as novas gerações retomarem esses parâmetros tão importantes para a criação. O amor à música é o que sempre moveu esse profissional, e isso deve servir de exemplo para muita gente que atualmente só pensa nos cifrões.

Gita (clipe)- Raul Seixas:

Olodum celebra seus 40 anos com novo EP e playlist digital com hits

olodum 40 anos-400x

Por Fabian Chacur

O Olodum é um patrimônio cultural da humanidade. Sim, e não há exagero nessa afirmação. Afinal de contas, o grupo cultural baiano se expandiu do Pelourinho, em Salvador, rumo aos quatro cantos do mundo, indo além da música, onde tornou-se marca de criatividade, e tornando-se uma instituição cultural de peso. Como forma de celebrar seus 40 anos de vida, a Warner Music acaba de lançar o EP Olodum 40 Anos e uma playlist, disponíveis nas plataformas digitais Spotify e Deezer.

Criador da incrível batida percussiva que recebeu o rótulo de samba reggae, o Olodum lançou 25 álbuns e 2 DVDs, e emplacou hits certeiros e irresistíveis como Requebra, Nossa Gente (Avisa Lá), Cartão Postal e Revolta Olodum, além de participar de gravações e clipes históricos de importantes artistas internacionais, entre os quais as icônicas The Obvious Child (1990), de Paul Simon, e They Don’t Care About Us (1996), de Michael Jackson.

O novo EP traz duas faixas compostas por Alisson Lima. O Nome da Rosa tem leve inspiração no romance homônimo de Umberto Eco, enquanto Sereia é inspirada no candomblé e venceu o Festival de Música e Artes Olodum de 2018. Minha Tez homenageia o eterno maestro Neguinho do Samba (1955-2009), um dos principais responsáveis pela criação da batida inovadora da banda, enquanto A Ver Navios é a releitura de canção gravada originalmente pela banda em 1992.

Como forma de dar uma geral nos principais sucessos do grupo cultural baiano, a Warner também preparou uma playlist que traz um total de 40 faixas, incluindo as quatro inéditas do EP e também dando uma geral em seus principais sucessos. Vale lembrar que o Olodum também possui escola, trupe de teatro e fábrica de carnaval, além de ter tido parcerias com outros artistas internacionais de peso, como Ziggy Marley, Jimmy Cliff e Alpha Blondy.

O Nome da Rosa– Olodum:

Ritchie mostra duas facetas e faz shows com o trio Blacktie

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Por Fabian Chacur

Ritchie demonstra a sua versatilidade com dois shows diferentes em São Paulo, ambos no Tupi Or Not Tupi (rua Fidalga, nº 360- Vila Madalena- fone 011-3813-7404). Nesta sexta (16) às 21h30, ele se dedica a músicas do genial cantor, compositor e músico americano Paul Simon (ingressos a R$ 100,00). Já o sábado (17, a partir das 20h) será dedicado a releituras diferenciadas de seus clássicos hits dos anos 1980, em espetáculo englobando jantar e show com início a partir das 20h (ao preço de R$ 180,00).

A performance do primeiro show terá como base o repertório do álbum Old Friends: The Songs Of Paul Simon, no qual o cantor e compositor britânico radicado há décadas no Brasil releu de forma acústica alguns clássicos do repertório do autor de The Boxer, incluindo esta canção e também The Boy In The Bubble, April Come She Will, The Only Living Boy In New York, 50 Ways To Leave Your Lover e The Sound Of Silence.

No espetáculo de sábado, intitulado Ritz- Os Hits do Ritchie, o prato principal fica por conta de versões desplugadas dos maiores sucessos do pop-rocker, entre as quais Menina Veneno, Pelo Interfone, Casanova, Transas e Voo de Coração, só para citar algumas das mais celebradas pelo público, que os adquiriu em quantidades enormes nos anos 1980.

O elemento que amarra as duas apresentações fica por conta dos músicos participantes. Teremos em cena o trio Blacktie, formato pelos experientes multi-instrumentistas Mario Manga (do Premê), Fabio Tagliaferri e Swami Jr., feras que se dividem entre instrumentos acústicos os mais diversos. Completa a turma outro cara que se vira bem com vários instrumentos, Tuco Marcondes. Eles participaram do CD com músicas de Paul Simon, e dão um tratamento luxuoso e sofisticado às canções, sem cair em exageros tolos. É música de primeira.

Old Friends: The Songs Of Paul Simon- Ritchie (em streaming):

Novo Bridge Over Troubled Water é sublime

Por Fabian Chacur

Uma das razões pelas quais o formato CD deve se manter ainda por muitos e muitos anos fica por conta das reedições de álbuns clássicos. O que você prefere? Uma luxuosa versão física ou os frios MP3s sem embalagem, encarte ou coisa alguma? Já imagino qual será a sua resposta…

Mais um exemplo dessa boa forma de atrair o consumidor de música para o formato físico é a fantástica reedição de Bridge Over Troubled Water (1970), último trabalho de estúdio de Simon & Garfunkel.

Em formato digipack que abre em quatro como se fosse um álbum em vinil, temos dois CDs e um DVD, além de um encarte luxuoso repleto de informações sobre o conteúdo oferecido e ficha técnica, além de várias fotos.

O primeiro CD oferece a versão remasterizada do disco original, que inclui clássicos perenes como a faixa título, The Boxer, Song For The Asking, The Only Living Boy In New York, Cecilia e El Condor Pasa (If I Could), entre outras.

Live 1969, conteúdo do segundo CD, é o registro de um show feito pela dupla em 1969 no qual dá uma geral em seus hits até aquele momento e mostra algumas músicas do álbum que lançariam a seguir, entre elas Bridge Over Troubled Water e The Boxer. Ótima qualidade técnica de gravaçõe e excelente desempenho do duo.

O DVD é simplesmente espetacular, e traz dois documentários. Songs Of America foi exibido na TV americana em 1969 e desde então estava sumido de cena. Polêmico, flagra Simon & Garfunkel durante uma turnê, misturando performances ao vivo com declarações políticas que geraram bastante confusão naqueles conturbados anos 60.

The Harmony Game, o segundo documentário, é na verdade um completo making of do álbum Bridge Over Troubled Water, incluindo gravações feitas na época e entrevistas atuais com Paul Simon, Art Garfunkel, o produtor Roy Halee e músicos que participaram das gravações.

A reedição de Bridge Over Troubled Water ressalta ainda mais a importância desse álbum, no qual Paul Simon flerta de forma sublime com a música latina em faixas como Cecilia e El Condor Pasa (If I Could) e ajuda a lançar as sementes do que, muitos anos depois, seria rotulado como “world music”.

Além disso, refina seu folk rock de forma impecável em maravilhas como The Only Living Boy In New York e Song For The Asking, além de mergulhar com emoção na catártica faixa título, com fortes influências gospel e na qual Art Garfunkel tem provavelmente o mais impactante desempenho vocal de sua carreira.

No geral, um trabalho espetacular que agora recebe sua versão definitiva. Simplesmente imperdível para os fãs de rock melódico.

Ouça Bridge Over Troubled Water em streaming:

Paul Simon lança conciso e belo novo álbum

Por Fabian Chacur

Amo a música feita por Paul Simon desde os tempos em que era muito criança e cantava junto o refrão onomatopaico de The Boxer toda vez que o ouvia tocando nas rádios, lá pelos idos de 1970/1971.

O cara, com o perdão do palavrão, é foda. Compõe bem, canta muito, toca demais e sabe se cercar dos melhores músicos para gravar seus discos.

Se seu currículo incluísse apenas o que fez nos tempos de Simon & Garfunkel, na década de 60,  já seria suficiente para que o cidadão fosse incluído em qualquer hall of fame do rock.

Mas isso é apenas um pedacinho de sua história, que inclui uma fantástica carreira solo que já está nos 40 anos de existência.

E às vésperas de completar 70 anos, o que, se Deus quiser (toc, toc, toc!) ocorrerá no dia 13 de outubro próximo, o cidadão dá provas de que não está a fim de desacelerar sua produção.

So Beautiful Or So What, novo álbum que acaba de sair no Brasil via Universal Music, é a prova concreta dessa afirmação.

Trata-se de um CD conciso, com dez faixas e em torno de 40 minutos de duração. Nenhuma nota ou canção está jogada fora por aqui.

Co-produzido por Phil Ramone, com quem trabalhou nos anos 70, o álbum equivale a uma espécie de disco-síntese, pois inclui, de forma explícita ou implícita, todos os elementos musicais que explorou nesses anos todos.

Rock básico em Getting Ready For Christmas Day, música africana em The Afterlife e Dazzing Blue, latinidade em Rewrite, intimismo em Love And Hard Times e Amulet, rockabilly em Love Is Eternal Sacred Light e So Beautiful Or So What (esta simplesmente sensacional para encerrar um álbum no auge)…

Meu Deus do céu, é muita musicalidade de qualidade para ser assimilada de uma vez só, embora o álbum consiga te cativar logo na primeira audição.

O lance é que você fica a fim de ouvir de novo, e em cada vez que isso ocorre, mais sutilezas são decodificadas e mais você se apaixona pelo álbum.

So Beautiful Or So What é a prova concreta de que artistas como Paul Simon, Paul McCartney e poucos outros só podem ter sido abençoados logo no berço, pois é duro entender como eles conseguem se manter tão produtivos e criativos durante tanto tempo.

Ouça Dazzing Blue, do novo CD de Paul Simon:

Ouça You Can Call Me All (ao vivo nos anos 80):

Ouça Kodachrome, uma das minhas favoritas, de 1973:

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