Por Fabian Chacur

Swedish pop duo Roxette and their June 2001 album, Room Service.

Swedish pop duo Roxette and their June 2001 album, Room Service.

Don’t Bore Us- Get To The Chorus! (não nos entedie, vá direto ao refrão!, em tradução livre) é o título da primeira coletânea de hits do grupo sueco Roxette, lançada em 1995, e serve como uma boa definição da música que este bem-sucedido e talentoso duo fez durante sua carreira. Infelizmente, essa trajetória está encerrada, pois sua vocalista, Marie Fredriksson, nos deixou nesta segunda-feira (9), aos 61 anos, após ter lutado de forma corajosa durante quase 20 anos contra um câncer.

Nascida em 30 de maio de 1958, Marie se formou em música e se envolveu na cena pop musical sueca. Após integrar grupos sem grande repercussão, ela resolveu iniciar uma carreira-solo e teve o apoio de um amigo, o cantor, compositor e guitarrista Per Gessle, integrante da bem-sucedida banda de rock Gyllene Tider. Eles gravavam seus discos em sueco e cresciam em termos locais.

No entanto, o talento dos dois indicava possibilidades de uma carreira internacional, e o primeiro passo foi pegar uma música do guitarrista, vertê-la para o inglês e gravá-la em duo com Marie. O resultado, Neverending Love, foi a semente que gerou o surgimento do duo, batizado de Roxette, cujo primeiro álbum, Pearls Of Passion, saiu em 1986, sem atingir os objetivos desejados.

Sem desanimar, eles prosseguiram investindo no projeto. Nesse meio-tempo, Marie fez uma mudança radical no visual, cortando os longos cabelos e adotando um estiloso corte curtinho que virou sua marca registrada. Em 1988, veio o segundo álbum, Look Sharp!, que parecia se encaminhar para o mesmo destino do anterior. Só que não! O single The Look estourou de forma inesperada nos EUA em 1989, atingindo o número 1 na parada de lá.

Era o início de uma invasão no principal mercado musical mundial, que se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Do mesmo álbum, Listen To Your Heart repetiu a performance de The Look, enquanto Dangerous atingiu o segundo posto. Em 1990, como parte da trilha sonora do filme Pretty Woman (Uma Linda Mulher), estrelado por Julia Roberts e Richard Gere, It Must Have Been Love também virou nº 1 nos EUA.

A fórmula azeitada era simples, mas muito bem executada: um misto de rocks com pegada dançante e power ballads compostas por Per e interpretadas com muita personalidade e categoria por Marie. De quebra, os clipes sempre bem elaborados e os shows calorosos e de um profissionalismo impecável, além da simpatia dos dois, tornou o Roxette um fenômeno de vendas e popularidade.

Joyride (1991) manteve os amigos nos charts, com sua festiva faixa-título sendo seu 4º número um no formato single e a balada Fading Like a Flower (Every Time You Leave) chegando ao 2º lugar. Era o auge do Roxette no mercado americano.

A partir daí, o sucesso do duo na terra de Barack Obama teria uma grande redução, mas isso não ocorreria no resto do mundo, onde os dois amigos permaneceram populares e requisitados.

Em 1995, sai a primeira coletânea de hits do grupo, Don’t Bore Us- Get To The Chorus!- Roxette’s Greatest Hits, incluindo 12 hits e quatro inéditas, entre as quais uma que estourou por aqui, a deliciosamente sessentista June Afternoon, com direito a um icônico clipe revivalista.

As coisas começaram a se complicar para o Roxette a partir do lançamento do álbum Room Service (2001). Pouco tempo depois, Marie foi diagnosticada com um tumor cerebral. Mesmo com essa séria dificuldade a ser enfrentada, a cantora não se entregou, lançando em 2004 seu primeiro disco solo em inglês, The Change, e voltando a se dedicar ao Roxette a partir do lançamento do álbum Charm School (2011).

O último álbum do Roxette, Good Karma, saiu em 2016, e nesse mesmo período a cantora anunciou que não faria mais turnês. Ela ainda lançou três singles solo entre 2017 e 2018. Foram oito discos solo (sete deles em sueco) e dez álbuns de estúdio com o Roxette.

Com grande sucesso no Brasil, Marie Fredriksson e Per Gessle fizeram sua primeira turnê por aqui em 1992, e tive a honra de participar da coletiva de imprensa concedida por eles em São Paulo, quando consegui o autógrafo do duo na capa da minha edição em vinil do álbum Joyride e ainda troquei umas palavras adicionais com o Per após a coletiva, na qual ele me falou sobre sua paixão pela marca Rickenbacker de guitarras e pelo som de Tom Petty e Jackson Browne.

O show em São Paulo, realizado no estacionamento do Parque Anhembi, foi simplesmente impecável, com gente pelo ladrão. Em 1995, eles voltaram, e estive de novo na entrevista coletiva. O duo voltou a tocar por aqui em 1999 e 2011, sempre atraindo um público significativo.

A simpática e talentosa guerreira Marie nos deixou de forma prematura, mas fica a certeza de que soube aproveitar bem essa sua passagem por essa coisa chamada vida. C’mon join the joyride!

June Afternoon (clipe)- Roxette: