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Começam preparativos para o show de Paul McCartney-SP

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Por Fabian Chacur

Estamos nos aproximando dos históricos shows que Paul McCartney realizará na Allianz Parque, a nova Arena da Sociedade Esportiva Palmeiras, previstos para os dias 25 e 26 de novembro. E os detalhes referentes aos preparativos para essas performances começam a ser divulgados à imprensa brasileira pela Midiorama Entertainment Media, que está por trás dos espetáculos.

De cara, impressiona e muito o fato de que 42 carretas serão utilizadas para transportar o material necessário para a montagem do show. Se levarmos em conta apenas a estrutura metálica, o peso gira em torno de 150 toneladas. Teremos aproximadamente 280 profissionais brasileiros trabalhando na montagem e na produção, sendo que na semana do show, mais 40 técnicos estrangeiros da equipe do ex-Beatle reforçaram o time para os ajustes finais.

Serão necessários em torno de 10 dias para que a montagem da parafernália referente ao show seja concretizada. O palco tem 70 metros de largura, sendo que seu ponto mais alto chega a 26 metros de altura. Em um momento específico do show, Macca e dois de seus músicos serão elevados a uma altura de 8 metros, podendo ser visualizados de qualquer parte da arena.

Serão montadas 150 caixas de som, com uma potência em torno de 200 mil watts, além de dois telões de alta definição em cada um dos lados do palco. O fim do show terá como atração oito canhões que jogarão no palco e na plateia uma infinidade de confetes, dando um clima provavelmente semelhante ao do fim do ano nas empresas paulistanas.

No quesito “exigências pessoais”, o autor de Yesterday solicitou para os camarins 6 vasos de plantas altas e com bastante folhagem, e outras seis mais baixas. Também teremos 80 gérberas de cores sortidas, distribuídas em 8 arranjos com 10 flores cada. De quebra, 240 toalhas precisarão estar por lá. São esperadas aproximadamente 48 mil pessoas em cada um dos shows, sendo que os ingressos para o primeiro deles se esgotaram em questão de horas.

Em termos de repertório, Paul McCartney e sua banda devem apresentar em torno de 39 músicas por noite, com ênfase em clássicos dos Beatles, dos Wings e da carreira solo deste grande gênio da música. Sua turnê americana tem sido aberta invariavelmente com uma de duas músicas: Eight Days a Week ou Magical Mystery Tour.

Como novidades, músicas de seu mais recente (e ótimo) álbum New, entre as quais Queenie Eye, Everybody Out There e Save Us, a também recente Valentine e uma releitura de Being For The Benefit Of Mr. Kite, dos Beatles, que curiosamente foi interpretada por John Lennon no álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967). E no bis, temos o revezamento entre Birthday, dos Beatles, e Hi Hi Hi, dos Wings.

O show tem sido encerrado sempre, após um segundo bis, com o maravilhoso medley do álbum Abbey Road (1969). Além dos shows em São Paulo, Paul McCartney se apresentará no Brasil no dia 10 de novembro no estádio Kleber Andrade, em Vitória (ES), no dia 12 de novembro na HSBC Arena no Rio e no dia 23 de novembro no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Queenie Eye– Paul McCartney:

New é Paul McCartney em plena forma

Por Fabian Chacur

Em 1986, o excelente Roberto Muggiati escreveu uma bela resenha na saudosa e extinta revista Somtrês do então recém-lançado álbum Press To Play, de Paul McCartney. No texto, o jornalista e escritor tocou em um ponto nevrálgico na hora de se analisar um trabalho de alguém que, na época, já era uma lenda viva: como fugir da comparação de suas obras passadas e avaliar as novas com justiça?

Ele concluía a análise daquele ótimo e injustiçado álbum do Macca dizendo, de forma bem inteligente, que aquele era um excelente álbum daquele novo artista de new wave, um tal de Paul McCartney. Pois 27 anos se passaram, o ex-Beatle viu seu peso artístico aumentar ainda mais e continua sendo obrigado a competir com o seu passado. Só que ele faz isso da forma certa, e New, o novo álbum de inéditas que acaba de lançar, é a prova cabal disso.

Aos 71 anos de idade, McCartney não perdeu a jovialidade, e sempre está disposto a experimentar novos rumos em sua carreira, seja ao trabalhar com novos profissionais, tentar novas sonoridades ou mergulhar em rumos incomuns. Sem, no entanto, se descaracterizar ou tentar ser outro cara que não aquele alegre, talentoso e criativo sujeito que integrou os Fab Four “all those years ago”.

Se muita gente não dá a devida atenção aos trabalhos que o Macca lançou desde que os Beatles saíram de cena, em 1970, azar deles. Aliás, eu adoraria um dia ver um show no qual ele deixasse de lado os clássicos da melhor banda pop de todos os tempos e nos oferecesse apenas obras dos Wings e de sua prolífica trajetória individual. Seria lindo! Sei que não vai acontecer, mas sonhar é preciso.

O legal é que, aparentemente, Paul não liga para esse desinteresse que parte do seu fã-clube tem em relação ao seu trabalho pós-beatle. Continua trabalhando duro, com prazer e sempre nos oferecendo o que ele pode de melhor. Acerta muito, e quando erra, é sempre por razões nobres, e nunca devido a tentativas de ser comercial demais, ou de fazer concessões demais, ou de dar uma de “moderninho demais”. Ele se diverte, sempre, e nos diverte por tabela.

New é um disco simplesmente delicioso, no qual ele troca figurinhas com gente importante da música pop atual, como Paul Epworth, produtor, compositor e músico que tem no currículo parcerias com Adele nos megahits Rolling In The Deep e Skyfall. A dobradinha assina dois petardos do novo álbum, a vigorosa faixa de abertura Save Us e o single matador Queenie Eye, aquele em cujo clipe temos uma festa de celebridades.

Também estão em cena na produção gente como Giles Martin (filho de George Martin, o produtor dos Beatles), Mark Ronson (produtor de Amy Winehouse e filho de Mick Ronson, o guitarrista dos Spiders From Mars de David Bowie) e Ethan Johns (filho de Glynn Johns, produtor de The Who, Rolling Stones, The Eagles e tantos outros, e ele próprio produtor de Kings Of Leon, Crosby Stills & Nash, Kaiser Chiefs etc). Entre os músicos, temos os integrantes de sua atual e ótima banda de apoio.

O repertório da edição de New lançada no Brasil, a Deluxe, traz 15 faixas, sendo três delas incluídas como bônus (Scared, a última, entrou de forma “secreta”, pois não é listada no encarte ou na contracapa do álbum). Os climas variam, indo de rock eletrônico energético a baladas folk ou até um envolvente blues mais rústico (Get Me Out Of Here).

Os fãs dos Beatles certamente vão tirar o lenço e deixar cair boas lágrimas ao ouvir a balada folk Early Days, na qual Paul relembra seus primeiros tempos no universo musical de uma forma lírica como só ele sabe fazer. New, a faixa título, é pura energia, Hosanna é som pop com tempero caprichado, e por aí vai. E vai bem. Cada audição nos dá mais prazer.

O segredo é esse. Quando você for ouvir o novo álbum de Paul McCartney, esqueça de tudo o que ele já fez e tente se ater apenas ao presente, como nos ensinou em 1986 o grande Roberto Muggiatti. Dessa forma, fica fácil entender o porque esse cara é quem ele é: um gênio que não se cansa de nos proporcionar novas pérolas pop de altíssimo quilate, mesmo sem precisar, tendo em vista tudo o que já fez de bom. Tem artistas por aí que dariam um braço para ter em suas discografias um álbum como esse New. E nunca terão. Nunca terão!

Veja o clipe de Queenie Eye, de Paul McCartney:

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