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Marcelo Quintanilha mostra CD Caju em Santo André-SP

Marcelo Quintanilha - Foto Patricia Ribeiro 02-400x

Por Fabian Chacur

Cazuza nos deixou em 1990, mas o poder de sedução e encantamento de sua obra se mostra mais forte do que nunca. Isso explica as releituras de suas eternas canções. O cantor Marcelo Quintanilha mergulhou nesse universo com o CD Caju- Canções de Cazuza, cujo repertório ele mostra em show em Santo André (SP) neste sábado (21) às 20h no Teatro do Sesc Santo André (rua Tamarutaca, nº 302- Vila Guiomar- fone 0xx11-4469-1200), com ingressos de R$ 6,00 a R$ 20,00.

Quintanilha, que também é músico e compositor, terá a seu lado uma banda afiada composta pelo incrível Rogério Rochlitz (teclados e programações, saiba mais sobre ele aqui), Simon Abbud (guitarra e violões), Danilo Viana (baixo acústico) e Peu Del Rei (guitarra). Os arranjos musicais, exceto o de Faz Parte do Meu Show, de Xinho Rodrigues, foram feitos por Quintanilha em parceria com o maestro Rodrigo Petreca, produtor do álbum.

O CD reúne 11 clássicos do repertório de Cazuza, entre os quais Blues da Piedade, Um Trem Pras Estrelas, Pro Dia Nascer Feliz , Ideologia e Exagerado, e também uma composição de Marcelo Quintanilha intitulada Caju, uma bela homenagem ao ex-cantor do Barão Vermelho e um dos maiores nomes da história do rock brasileiro.

Com mais de 25 anos de carreira, Marcelo Quintanilha tem em seu currículo dez álbuns, entre os quais Pierrot & Colombina (2006), gravado em parceria com a sua esposa, a cantora e compositora Vânia Abreu. Suas canções já foram gravadas por nomes famosos do universo musical brasileiro, como Nando Reis, Daniela Mercury (irmã de Vânia), Belô Veloso e o Padre Fábio de Melo, entre outros.

Caju- Canções de Cazuza- Marcelo Quintanilha (streaming):

Trinca de Ases, bela união de Gil, Nando Reis e Gal Costa

trinca de ases capa dvd-400x

Por Fabian Chacur

A ideia de reunir Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa em um show que inicialmente celebraria o centenário de Ulysses Guimarães foi do jornalista Jorge Bastos Moreno (1954-2017), mas ele infelizmente não viveu o suficiente para ver sua sugestão concretizada. Com o nome Trinca de Ases, o show passou com sucesso pelo Brasil e Europa e agora é lançado em DVD duplo pela Biscoito Fino, em espetáculo registrado no Espaço das Américas (SP) em 25 de novembro de 2017.

O conteúdo é divido em duas partes. O primeiro disco traz o documentário A Gente Quer é Viver, frase extraída da clássica canção de Gilberto Gil eternizada na voz de Gal Costa nos anos 1970 e que encerra o show. Durante seus 71 minutos de duração, temos entrevistas dos participantes (juntos e individualmente) e cenas dos ensaios, bastidores e dos shows propriamente ditos, nos quais podemos descobrir as peculiaridades da parceria.

Nando, por exemplo, confessa que, ao receber o convite para o projeto, ficou em dúvida se seria capaz de encarar tal desafio. Ele foi entrando no espírito da coisa graças à forma como Gil o abordou, ao mesmo tempo dando a ele a tranquilidade necessária para se soltar e também deixando claro que existiam expectativas em relação a Nando naquela parceria tripla que precisavam ser concretizadas para que tudo desse certo. Nando TINHA de se soltar. E ele conseguiu.

Um momento do documentário que deixa bem clara esse ajuste fino entre Gil e Nando ocorre quando o eterno tropicalista questiona o ex-titã sobre a inédita Dupla de Ás, de Nando, tentando entender a estrutura rítmica da canção e levando o autor a até mesmo questionar se aquela sua composição seria mesmo adequada ao projeto. Era, e entrou no repertório.

A concepção de como fazer o show também seguiu sugestões de Gil, que impulsionou-os a fugir de uma estrutura com apenas vozes, violões e apenas os três em cena. Assim, foram acrescentados à Trinca de Ases os músicos Kainã do Jejê (bateria e percussão) e Magno Brito (baixo). Ele também apontou o rumo de cantarem em pé, defendendo um repertório energético em sua essência.

Outra coisa bacana do documentário é mostrar como o relacionamento entre os músicos se desenvolveu, com Gil sendo na prática diretor musical e músico principal, Nando seu braço direito e Gal o algodão entre cristais, brilhando em seus momentos solo e ajudando a dar ao trabalho uma consistência de um grupo de fato e de direito.

Apenas três das 25 músicas são apresentadas no formato sentado e sem os músicos de apoio. São elas Retiros Espirituais, Copo Vazio e Meu Amigo Meu Herói, sendo que na segunda Nando só canta, e na terceira, temos apenas Gil e Gal em cena. De resto, são os três de pé, com Nando tocando violão com cordas de aço e o autor de Realce valendo-se de cordas de nylon no seu instrumento.

Das 25 músicas que integram o repertório do show, 12 são de Gil, 9 de Nando, uma é parceria entre Gil e Nando (a ótima Tocarte) e três são sucessos do repertório de Gal. Além de Tocarte, são inéditas Trinca de Ases (Gil), espécie de canção-tema do show composta por sugestão de Nando e claramente inspirada nos Rolling Stones (com direito a citação de Satisfaction por parte de Gal) e a já citada Dupla de Ás (Nando).

O show, com quase duas horas de duração, equivale a uma deliciosa viagem por momentos importantes das carreiras dos três devidamente atualizados e adaptados para o contexto do trio. O ótimo desempenho dos músicos de apoio ajuda a concretizar de forma brilhante o conceito inicial de Gil, e também a disposição que Gal tinha de ver elementos rockers incorporados ao projeto. O entrosamento de Gil e Nando nos violões é muito bom, com os timbres distintos de seus instrumentos se encaixando de forma harmônica e rica, sem virtuosismos tolos.

Com vitalidade e energia elogiáveis para dois setentões e um cinquentão, o trio cativa com recriações muito boas de maravilhas do porte de Palco, All Star, Esotérico, Cores Vivas, Pérola Negra (incluída no repertório após a morte de seu autor, Luiz Melodia), Refavela, Nos Barracos da Cidade, O Segundo Sol e A Gente Precisa Ver o Luar.

Há durante o show algumas arestas não aparadas que poderiam ter dado ao trabalho, se devidamente ajustadas, um formato mais, digamos assim, “limpinho”, mas uma das graças deste Trinca de Ases é exatamente esse, sentir onde os três se completaram por inteiro e onde soam como água e óleo, sem se misturar com tanta simplicidade. Prova de que Gil, Nando e Gal não tiveram medo de ousar e experimentar, conquistando dessa forma uma consistência artística que torna esse projeto histórico por fato, por direito e por merecimento artístico.

Trinca de Ases (ao vivo)- Gil, Nando & Gal:

Paulinho Moska volta a tocar com banda em Sampa no Sesc

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Por Fabian Chacur

Durante três anos, Paulinho Moska apresentou com sucesso o show totalmente solo Violoz- Moska, Violão e Voz. Desta vez, o cantor, compositor e músico carioca volta a ter músicos a seu lado em um novo espetáculo, Moska e Banda, que chega a São Paulo neste sábado (23) às 21h e domingo (24) às 18h no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, nº 195- Pinheiros- fone 0xx11-3095-9400), com ingressos de R$ 15,00 a R$ 50,00.

Com quatro músicos a seu lado, Moska investirá em um formato mais próximo do pop-rock. O repertório trará vários de seus maiores hits, entre os quais Pensando em Você, A Seta e o Alvo, A Idade do Céu, Somente Nela e Namora Comigo. Ele também apresentará canções inéditas que está preparando para um próximo lançamento, como Que Beleza a Beleza, O Jeito é Não Ficar Só e Bem Na Mira.

Moska comemora com esse novo show 25 anos de uma carreira-solo iniciada em 1993 com o álbum Vontade. Ele atualmente comemora a ótima repercussão que seu mais recente single, Minha Lágrima Salta, está conseguindo como um dos temas da novela global destinada ao público adolescente Malhação Vidas Brasileiras.

Com 50 anos de idade, Paulinho Moska iniciou sua carreira integrando os grupos Garganta Profunda e Inimigos do Rei, lançando entre 1986 e 1990 dois álbuns com cada um deles. Depois, partiu para a carreira-solo, lançando mais de dez álbuns e também um em dupla com o argentino Fito Paes (Locura Total, de 2015). Versátil, ele também apresenta desde 2006 o programa Zoombido no Canal Brasil e atua como ator.

Minha Lágrima Salta– Paulinho Moska:

Banda Marrakesh mostra seu primeiro álbum em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Ao contrário do que alguns eternos apressadinhos adoram repetir mundo afora, o rock não só não morreu como continua por aí, firme e forte. Um bom exemplo brasileiro é a banda curitibana Marrakesh. Na ativa desde 2014, mostra um som melódico, ora etéreo, ora mais ardido, e com muita qualidade. Eles mostram seu primeiro álbum, Cold As Kitchen Floor, lançado pelo selo Balaclava Records, em show nesta terça (22) a partir das 19h no Void General Store SP (rua Martin Carrasco, nº 56- Pinheiros- fone 0xx11-3031-088), com entrada livre.

A atual formação do grupo de Curitiba (PR) traz Bruno Tubino Czarnobay (guitarra e vocal), Lucas Cavallin (guitarra e vocal), Matheus Castella (bateria), Nicholas Novak (baixo) e Thomas Volobodo Berti (synths e beats). Seu primeiro lançamento ocorreu em 2016, o EP Vassiliki, do qual se destaca a faixa Sheer Night. Eles também releram de forma surpreendente Canto de Ossanha, clássico de Baden Powell e Vinícius de Moraes e rara incursão deles por uma música em português.

Cold As Kitchen Floor traz 12 faixas e já está disponível nos serviços de streaming. A faixa Moonhealing está sendo divulgada por um clipe muito interessante dirigido por Fernando Moreira. Também estão na programação desta terça (22) da Void General Store SP o duo português Ermo e o DJ S4v4n4. A banda Marrakesh, que tocou em 2017 em Barcelona, Espanha, voltará a se apresentar em São Paulo neste sábado (26) no festival XXXBórnival, que será realizado na casa de shows Áudio.

Moonhealing (clipe)- Mahakesh:

Bento Araújo e crowdfunding para lançar seu segundo livro

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Por Fabian Chacur

Em 2016, o jornalista, crítico musical, pesquisador e colecionador de discos Bento Araújo conseguiu concretizar um sonho, ao lançar o excepcional livro Lindo Sonho Delirante- 100 Discos Psicodélicos do Brasil (leia a resenha de Mondo Pop aqui).

A repercussão não poderia ter sido melhor, com direito a ótimas vendas em mais de 40 países, cotação máxima (cinco estrelas) na seminal revista britânica Record Collector, ser considerado um dos dez melhores livros sobre música lançados em 2016 pelo conceituado site Vinyl Factory e inúmeras entrevistas e resenhas mundo afora. Seria lógico imaginar o lançamento de um segundo volume, e é exatamente isso o que Bento está batalhando para concretizar.

Ele novamente se vale do crowdfunding, também conhecido como financiamento coletivo, estratégia criada para viabilizar projetos importantes sem a necessidade de envolver grandes editoras no processo. E mais uma vez a coisa começa bem. Em apenas três dias no site Catarse, Bento conseguiu atingir 50 % da meta mínima capaz de viabilizar o projeto. O prazo para atingir tal objetivo é o dia 14 de junho, e o interessado pode colaborar de várias maneiras (saiba mais aqui).

Intitulado Lindo Sonho Delirante Vol.2- 100 Discos Audaciosos do Brasil (1976-1985), a nova obra do jornalista trará resenhas de álbuns de artistas como Tom Zé, Odair José, Belchior, Lula Côrtes, Arnaldo Baptista, Zé Ramalho, Cátia de França, Luli & Lucina, Papa Poluição, Itamar Assumpção, Aguilar e Banda Performática, A Barca do Sol e outros. Uma das opções do financiamento coletivo permite ao colaborador que investir R$ 95,00 conseguir um exemplar do livro com frete grátis, sendo que o preço pós-campanha será de R$ 120,00.

Veja o vídeo com Bento falando sobre o livro:

Beto Guedes dá geral nos hits em um show no Rio de Janeiro

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Por Fabian Chacur

Inspirado basicamente em Beatles, rock progressivo e MPB, Beto Guedes construiu em seus mais de 40 anos de carreira uma discografia com pouco mais de dez títulos. A qualidade desse material, no entanto, é a prova cabal de seu talento, tranquilidade e criatividade. O cantor, compositor e músico mineiro dá uma geral em seus maiores hits em show no Rio neste sábado (12) às 21h no Teatro Bradesco Rio (av. das Américas, nº 3.900-loja 160- Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos de R$ 80,00 a R$ 160,00.

Nascido em Montes Claros (MG) em 13 de agosto de 1951, filho do músico e compositor Godofredo Guedes, Beto começou a ficar conhecido no cenário musical após gravar um álbum coletivo em 1973 ao lado de Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta. Em 1975, participou com destaque do álbum Minas, de Milton Nascimento, em dueto na hoje clássica Fé Cega Faca Amolada. Em 1977, enfim sai seu primeiro álbum solo, o excelente A Página do Relâmpago Elétrico.

A partir daí, seu rock melódico, romântico e visionário rendeu álbuns elogiados como Amor de Índio (1978), Sol de Primavera (1979) e Contos da Lua Vaga (1981), emplacando músicas em trilhas de novelas globais e se firmando como um dos grandes nomes da música mineira.

Acompanhado por Arthur Rezende (bateria), Adriano Campagnani (baixo), Ian Guedes (guitarra) e Will Motta (teclados), Beto cantará e tocará em sua guitarra sucessos do porte de Feira Moderna, O Sal da Terra, Lumiar, Sol de Primavera, Amor de Índio e Quando Te Vi (Til There Was You), sempre com sua simpática timidez.

A Página do Relãmpago Elétrico- Beto Guedes (álbum em streaming):

Barão Vermelho mostra nova cara e os grandes hits em SP

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Por Fabian Chacur

Em 2017, o Barão Vermelho voltou ao cenário rock nacional. No lugar de Roberto Frejat, que optou de vez pela carreira-solo, entrou Rodrigo Suricato, incumbindo-se de vocal, violão e guitarra. Desde então, o time, que depois também perdeu o baixista Rodrigo Santos, está na estrada, mostrando sua nova cara. Eles tocam nesta sexta (27) às 22h30 em São Paulo na Casa Natural Musical (rua Artur de Azevedo, nº 2.134- Pinheiros- fone 0xx11-4003-6860), com ingressos de R$ 140,00 a R$ 200,00.

A atual encarnação desta marcante banda surgida no Rio em 1981 e um dos pilares do rock brasileiro na década de 1980 e desde então traz, além de Suricato, os fundadores Guto Goffi (bateria) e Mauricio Barros (teclados) e Fernando Magalhães (guitarra), este último no time há quase 30 anos. Uma escalação concisa e com muita fome de palco, como seus shows recentes mostraram aos fãs.

Como forma de marcar a fase atual, o grupo acaba de lançar nas plataformas digitais #Barãoprasempre, que traz nove músicas gravadas ao vivo no Rio no Estúdio Palco 41, sendo sete delas releituras elétricas de hits da banda como Pense e Dance, Pro Dia Nascer Feliz, Puro Êxtase e Eu Queria Ter Uma Bomba e as releituras acústicas de Por Você e Brasil, esta última hit da carreira solo do primeiro vocalista da banda, Cazuza. As gravações ainda tiveram Rodrigo Santos como baixista.

No repertório do show, teremos músicas desse álbum digital e também outros sucessos marcantes do Barão Vermelho, entre os quais Bete Balanço, Maior Abandonado e Por Que a Gente é Assim. Além de dar prosseguimento à atual turnê, o grupo promete para um futuro não muito distante um trabalho com canções inéditas.

Pense e Dance (nova versão)- Barão Vermelho:

Rio Novo Rock mostra Purano e The Ocean Revives no Rio

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Por Fabian Chacur

Com quatro anos de existência, o projeto Rio Novo Rock (RNR) atraiu até hoje um total de mais de 15 pessoas, que curtiram 73 grupos da nova geração em 36 edições. Nesta quinta (26), a partir das 20h, o Rio de Janeiro verá duas bandas promissoras, a Purano (FOTO) e a The Ocean Revives, no Imperator Centro Cultural João Nogueira (rua Dias da Cruz, nº 170- Meier- fone 0xx21-2597-3897), com ingressos a R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira). Também participam a DJ Priscila Dau e o Photon Duo, dos VJs Miguel Bandeira e Rebecca Moure.

Criada no Rio em 2005, a banda Purano surgiu com influências do rock dos anos 60 e 70 e também de grunge, stoner, metal e blues. É integrado por Bruno Corrêa (vocal), Rodigo Tardin (guitarra), Fábio Calasans (guitarra), Vitor Neves (baixo) e Bruno Bordallo (bateria). Em seu currículo, três EPs, entre os quais Dias de Guerra, Segundos de Paz, e faixas impactantes como, por exemplo, a ótima Pecador, com direito a um clipe bacana e muito bem produzido.

Também carioca, a banda The Ocean Revives é bem mais recente, com três anos de atividades, mas já está fazendo fama no cenário do underground roqueiro, graças a uma sonoridade que mescla metalcore, pós-hardcore, peso e melodia. Seu EP lançado em 2016, Somos Seis Em Meio Ao Mar, teve boa repercussão. O time: Rodrigo Nascimento (vocal), Vic Corrêa (vocal), Charles Barreto (guitarra), Rafael Carrilho (guitarra), Rodrigo Andrade (baixo) e Kevin Duarte (bateria).

Pecador (clipe)- Purano:

Saída de Emergência mostra o seu rock nervoso e setentista

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Por Fabian Chacur

Na década de 1970, existia uma linhagem de rock que apostava em guitarras ardidas, andamentos compassados e letras rebeldes. Entre outros, seguiam essa postura sonora, de forma frequente ou eventual, T.Rex, Free, Made In Brazil, Tutti Frutti, Rolling Stones e Raul Seixas. Na atual geração do rock brazuca, temos uma boa banda seguidora desta assinatura rocker. É a Saída de Emergência, que acaba de lançar seu 2º CD, o ótimo Nova Velha Era.

Na estrada desde 2010, o grupo paulistano tem como líder o vocalista, guitarrista e compositor Dino Chaves. Estão a seu lado Leandro de Castro (guitarra), Lelo Carvalho (baixo) e Loks Rasmussen (bateria, este também conhecido por integrar a excelente banda Pop Javali). Neste novo CD, eles contam com a participação especialíssima dos solos do endiabrado guitarrista Rick Ferreira, conhecido por seu trabalho com Raul Seixas e Erasmo Carlos, entre inúmeros outros.

Também marcam presença no trabalho, que sucede O Importante é o Principal (2011, que marcou a estreia discográfica do quarteto), os experientes Petch Calazans (órgão Hammond), Bruno Oliveira (backing vocals) e Thiago Espírito Santo (baixo). As gravações tiveram como cenário o Estúdio Mosh (SP), um dos mais modernos e famosos do Brasil.

Com uma voz poderosa e agressiva, Dino solta o verbo em letras contestadoras que abordam temas sociais, políticos e existenciais sem muitas papas na língua. O ritmo mescla o rock and roll com doses bacanas de blues, sempre com execução competente, sem rebuscamento excessivo nem simplismo banalizante. E o principal: com muita energia e ya-yas pra fora.

Entre as 14 faixas que integram o álbum, destacam-se Salve-se Quem Puder, Subestimação, Roupa Suja, Nova Era, Eu Sou Brasileiro e Velório de Indigente, mas no geral o repertório é bem equilibrado. E a capa, encarte e apresentação gráfica e visual do CD são simplesmente espetaculares, uma verdadeira obra de arte. Se a sua praia é o chamado rock na veia, este CD pode ser receitado sem nenhum risco de efeitos colaterais.

Século XXI– Saída de Emergência:

Guilherme Arantes cativa seu público com show em Jaú (SP)

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Por Fabian Chacur

Com 42 anos de carreira-solo, Guilherme Arantes se mostra um artista com muita fome de palco. Isso ficou evidente na noite desta sexta (6), quanto, perante aproximadamente três mil pessoas, no Sesi de Jaú (SP), o cantor, compositor e músico paulistano esbanjou energia, carisma, descontração e talento em quase duas horas de performance, que o público presente demonstrou ter adorado, dançando, cantando e se emocionando com cada canção.

Guilherme viveu o seu auge em termos comerciais nas décadas de 1970 e 1980. Se não invade mais as paradas de sucesso com a mesma frequência, este artista sempre inquieto se manteve ativo, com direito a shows pelos quatro cantos do país e do mundo e também discos de ótima qualidade artística, sendo os mais recentes os elogiados Condição Humana (2013) e Flores e Cores (2017). “Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”, como diz trecho de sua clássica Aprendendo a Jogar.

Em momento realmente alto dessa sua trajetória brilhante, o artista trouxe a Jaú uma banda de apoio simplesmente iluminada, integrada por Luiz Carlini (guitarra), Willy Verdaguer (baixo), Alexandre Blanc (guitarra) e Gabriel Martini (bateria). No comando, ele, nos vocais e teclados. Um time que esbanja entrosamento, vibração e desenvoltura. Também, não é para menos.

Luiz Carlini tocou com Rita Lee nos anos 1970, liderando o grupo Tutti Frutti e sendo parceiro da maior roqueira brasileira em clássicos do porte de Agora Só Falta Você, Corista de Rock e Sem Cerimônia, além de ter feito o antológico solo de guitarra na gravação original de estúdio de Ovelha Negra. Ele já tocou com Guilherme em outras ocasiões, e também com Erasmo Carlos. Um dos grandes da guitarra rock brasileira.

Por sua vez, o baixista argentino Willy Verdaguer é radicado no Brasil desde 1967, e tocou e gravou ao lado de Caetano Veloso (em Alegria, Alegria, por exemplo), Gilberto Gil, Raul Seixas e Secos & Molhados, além de ter criado os grupos Raices de América e Humauaca (este de música instrumental e ainda ativo). Blanc e Martini mostram envergadura para tocar com o trio, o que nos permite considerar essa uma espécie de Guilherme Arantes All Stars.

O show não poderia ter sido melhor. Arantes começou com músicas de seus mais recentes álbuns, e depois nos ofereceu um hit atrás do outro. Ouvir em um mesmo show maravilhas do naipe de Êxtase, Amanhã, Deixa Chover, Meu Mundo e Nada Mais, A Cidade e a Neblina, Cheia de Charme, Um Dia Um Adeus, Coisas do Brasil, Cuide-se Bem, Brincar de Viver e Lindo Balão Azul (só para citar algumas), todas apresentadas com alto teor de performance, não é coisa que se veja/ouça todo o dia em um espetáculo. Imagine ainda gratuito!

Como forma de dar um tempero bem particular, o sempre verborrágico astro paulistano nos proporcionou deliciosos depoimentos sobre algumas das músicas, e também sobre suas experiências de vida, para deleite do público. Como em todo show ótimo que se preze, as duas horas pareceram dois minutos, de tão rápido que passaram. E vale elogiar a organização do Sesi de Jaú, que ofereceu um espaço e equipamento à altura do espetáculo.

Uma experiência surreal e deliciosa

Desde 1987, tive a oportunidade, como jornalista e crítico musical, de entrevistar Guilherme Arantes uma dezena (ou mais) de vezes. Acabamos criando um vínculo de amizade muito forte nesse tempo todo, com direito a franqueza, elogios e também eventuais críticas construtivas. Em 2012, ele me deu a honra de me dedicar, durante um show, minha música favorita de seu fantástico repertório, Cuide-se Bem (leia essa história aqui). Mas agora, ele me “quebrou as pernas”.

Ao ar livre, o show possuía uma área com cadeiras. Eu fiquei exatamente atrás dessa área, junto com a minha esposa, Virgínia (que ficou sentada em uma cadeira, mas fora daquela área). A visão do palco era boa, mas não estava tão perto assim. Pelo menos, assim pensava esta besta que voz tecla. Porque depois de algumas músicas, no fim de uma delas, eis que a estrela da noite me solta esta frase, apontando de longe para mim: “você é quem eu estou pensando que você é?”

Obviamente surpreso, eu acenei, de forma afirmativa. Aí, ele me apresentou à plateia de forma gentil e elogiosa, com a generosidade que lhe é peculiar. De quebra, me ofereceu a música que iria tocar logo a seguir, “apenas” Meu Mundo e Nada Mais, a canção que, em 1976, abriu-lhe as portas das rádios e da grande mídia e do público como tema da novela global Anjo Mau.

Imaginem só a minha cara, perante aquela multidão toda, com os holofotes voltados para mim… De quebra, o cidadão ainda dedicou Deixa Chover à minha mãe e, antes de começar o pot-pourry que encerrou o show, Fã-Número 1/Lindo Balão Azul, afirmou ser “meu fã”. Até parece, não é, seo Guilherme? Eu, sim, sou seu fã, e dos grandes. Você não tem a ideia de como tanta generosidade me fez bem, além de me dar a certeza de que, quem sabe, na minha vida, o melhor esteja para começar, como diz uma de suas canções (leia a homenagem que fiz quando ele completou 60 anos de idade aqui ).

Êxtase (ao vivo em Jaú)- Guilherme Arantes:

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