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Tag: rock canadense

Steve Hill, o roqueiro canadense que vale por uma banda completa

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Por Fabian Chacur

Na semana passada, estava zapeando na TV (é, meus caros, eu ainda faço isso) quando passei sem querer por um canal que nunca vejo, o alemão Deustch Welle. E tomei um susto! Em um programa intitulado ZDF@Bauhaus, gravado ao vivo em 2017 nas instalações da célebre escola de design, arquitetura e arte vanguardista Bauhaus, lá estava o cantor, compositor e músico canadense Steve Hill, que eu até então não conhecia. Após quase 50 minutos, virei fã do cara, tamanha a sua capacidade de segurar a onda no palco.

Nascido em 1974 em Trois Rivieres, localidade canadense situada entre Montreal e Quebec, Steve viu o início de sua paixão pela música aos 12 anos, quando teve a oportunidade de explorar a coleção de discos de um amigo. A partir dali, descobriu o som de Cream, Jimi Hendrix, Robert Johnson e outros grandes do rock e do blues. Em 1997, lançou o seu primeiro álbum, autointitulado, e aos poucos foi ganhando fãs em seu país.

Em 2011, lançou o seu sexto álbum, Whiplash Love, e se viu em uma encruzilhada por não receber apoio da gravadora para este trabalho e, por tabela, ter de encarar os fracos rendimentos provenientes dele e também dos shows acompanhados por uma banda. E aí, como sair dessa sem ir à falência?

Da necessidade, veio a solução que fez sua carreira ter uma reviravolta. Hill resolveu fazer shows sozinho, como forma de reduzir drasticamente seus custos. Como ele não via graça no formato voz e guitarra-violão, resolveu criar uma seção rítmica que pudesse comandar. E aí surgiu sua versão do one man band.

Além de se incumbir de guitarra, violão, gaita e vocal, o artista canadense resolveu adaptar partes de uma bateria que ele pudesse acionar, sem recursos eletrônicos, na raça, mesmo. Aí, arquitetou um kit com bumbo de bateria e chimbau tocado com os pés e prato de bateria, tocado com uma baqueta engenhosa e estrategicamente colocada na ponta de sua guitarra.

Com esse mesmo formato, gravou em seu estúdio caseiro em 2012 o álbum Solo Recordings Vol.1. Resultado: fez por volta de 175 shows solo na divulgação deste CD, que rapidamente se tornou o mais vendido de sua carreira. A partir de então, foram mais dois novos álbuns e um EP seguindo esse mesmo conceito, e um álbum gravado ao vivo e seu mais recente lançamento, One Man Blues Rock Band (2018), espécie de resumo de sua trajetória até aqui.

O nosso homem banda se mostra um excelente cantor de voz quente e poderosa, enveredando por um repertório próprio que mergulha nas várias possibilidades do blues rock, do qual se destacam maravilhas como Hate To See You Go, Emily, The Collector e Dangerous (veja o clipe aqui). De quebra, ainda faz uma bem azeitada releitura de Voodoo Child (Slight Return), de Jimi Hendrix.

Em seus mais de 20 anos de carreira, Steve Hill abriu shows para ícones do porte de Ray Charles, B.B. King, ZZ Top, Santana e Buddy Guy, além de ter tocado com o lendário guitarrista de blues Hubert Sumlin. Ele ganhou o Juno Award, o mais importante prêmio de música no Canadá, e em 2017 fez em torno de 80 shows pela Europa. Ele usa guitarras e amplificadores vintage dos anos 1950, o que dá um tom clássico e próprio ao seu som.

Steve Hill ao vivo no ZDF@Bauhaus:

Alexisonfire lança single soturno e potente, Season Of The Flood

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Por Fabian Chacur

A banda canadense Alexisonfire lançou em 2019 duas faixas inéditas, algo que não fazia há dez longos anos. As energéticas Familiar Drugs (veja o clipe abaixo) e Complicit (ouça aqui) flagraram o quinteto em plena forma. E agora eles nos oferecem um terceiro biscoito fino, Season Of The Flood (ouça aqui), enquanto fazem uma série de cinco shows de hoje (20) a domingo (26) no Canadá e EUA.

Season Of The Sun é bem diferente das outras duas canções, com quase sete minutos de duração, andamento mais compassado e um clima soturno recortado por guitarras pesadas e boas vocalizações. Um belo momento que flagra George Pettit (vocal) e Dallas Green (vocal, guitarra-base e piano) cantando juntos em uma faixa do grupo pela primeira vez.

“Estou muito orgulhoso dessa nova música”, diz Pettit. “Houve algumas primeiras tentativas e todos nós nos reunimos no estúdio para fazer dessa música o que é. Essa também foi a primeira vez que cantei com Dallas em uma música. Eu sei que estou tocando em uma banda com Dal há quase 20 anos, mas caramba, a voz desse cara pode derreter um anjo.”

Criado em 2001 em Ontario, no Canadá, o Alexisonfire também traz em sua formação Wade MacNeil (guitarra-solo e vocais), Chris Steele (baixo) e Jordan Hastings (bateria), e faz um som que mistura hardcore com elementos melódicos e muita energia. No currículo, o quinteto traz quatro álbuns de estúdio e quatro ao vivo, sendo seu CD mais popular Old Crowns/Young Cardinals (2009). Eles tocaram no Brasil em 2012, durante a turnê que marcou sua separação.

Após um retorno em 2015, o grupo agora retoma a carreira com mais empenho. Seus músicos também tem projetos paralelos, sendo o mais bem-sucedido o de Dallas Green, o City And Colour, no qual o artista investe com muita desenvoltura em folk e pop, tendo lançado até o momento seis álbuns de estúdio e três ao vivo. Sua voz é ótima, e se encaixa feito luva nesse repertório mais delicado, em canções como Northern Wind (ouça aqui).

Familiar Drugs (clipe)- Alexisonfire:

Neil Peart, do Rush, uma espécie de baterista dos bateristas

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Por Fabian Chacur

Em suas mais de quatro décadas de existência, o Rush foi uma banda polêmica. Não tanto pela atitude de seus integrantes, mas pela forma como era encarada por fãs e detratores, quase que em um espírito de “ame ou odeie”. Um ponto, no entanto, não costumava gerar tanta confusão: a enorme e reconhecida qualidade técnica de seu baterista, Neil Peart. Infelizmente, o icônico músico canadense nos deixou na última terça (7), embora sua morte só tenha sido divulgada nesta sexta (10) por seus familiares e amigos.

O músico, de 67 anos, foi vítima de um câncer no cérebro, contra o qual lutou durante quase quatro anos. Ele estava longe dos palcos desde 2015, desde o fim da então divulgada como última turnê do Rush, fato agora infelizmente definitivo, pelo menos com a formação que consagrou o trio canadense. Como consolo, aquela turnê teve grande repercussão, e o mostrou em plena forma, saindo de cena de forma digna.

Nascido em 12 de setembro de 1952, Neil entrou no Rush em 1974 para substituir o baterista fundador do time, John Rutsey (1952-2008), que saiu após o autointitulado álbum de estreia da banda. O novo integrante entrou com tudo, tornando-se logo o principal letrista e se encaixando feito luva ao lado de Geddy Lee (baixo, teclados e vocal) e Alex Lifeson (guitarra), estreando em disco no segundo LP do grupo, Fly By Night (1975).

Fã de bateristas como Keith Moon e Ginger Baker, Neil Peart desenvolveu um apuro técnico e uma energia inesgotáveis, que abriram espaços enormes para que o grupo canadense desenvolvesse sua original e consistente sonoridade, que trafegou entre o hard rock puro, o rock progressivo mais intrincado, um rock mais sutil e com elementos eletrônicos nos anos 1980 e diversos outros desdobramento com o decorrer dos anos.

A crítica especializada frequentemente os hostilizou, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, mas isso não os impediu de cultivar um fã-clube imenso pelos quatro cantos do mundo, que permitiu ao grupo fazer turnês massivas, sempre com estádios e ginásios lotados de admiradores entusiásticos e fanáticos.

O Rush esteve no Brasil em 2002 e 2010, e o show realizado no estádio do Maracanã em 2002 foi eternizado no DVD Rush In Rio (2003). As apresentações geraram forte comoção perante os fãs brasileiros, que celebraram a presença de seus ídolos por aqui com muita vibração e demonstrações de fidelidade.

Neil Peart sempre foi o mais inacessível integrante da banda, raramente participando de entrevistas coletivas, por exemplo, ao contrário da simpatia e acessibilidade de seus colegas de Rush. Isso, no entanto, nunca atrapalhou o respeito que seus fãs sempre tiveram por ele.

Time Stand Still (clipe)- Rush:

Bryan Adams grava com Jennifer Lopez e Ed Sheeran em novo CD

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Por Fabian Chacur

Boas novidades paras os inúmeros fãs de Bryan Adams. O cantor, compositor e músico canadense anunciou para o dia 1º de março o lançamento de Shine a Light, o seu novo álbum de inéditas. Para dar uma aquecida na expectativa de todos, o artista já disponibilizou duas faixas, ambas muito boas. Uma, o rock com violão em destaque Shine a Light, já tem até um clipe, por sinal dos mais legais, e é uma canção escrita por ele com o astro do momento, Ed Sheeran.

A outra chegou às plataformas digitais tipo hoje, That’s How Strong Our Love Is (ouça aqui), e é um dueto de Adams com a estrela Jennifer Lopez, a primeira gravação reunindo os dois. Trata-se de uma canção com uma levada estilizada de reggae, boa melodia e um encaixe bacana das vozes dos dois. “Trabalhar com Jennifer foi um sonho! Nossas vozes soam maravilhosas juntas”, afirmou ele, em press release enviado à imprensa pela gravadora Universal Music.

Shine a Light é o primeiro trabalho de inéditas de Bryan Adams desde 2015, quando lançou o excelente Get Up, produzido por Jeff Lynne (Electric Light Orchestra, Travelling Wylburys, George Harrison, Tom Petty etc). Vale lembrar que tanto este como o anterior, o álbum de covers Tracks Of My Years (2014), não foram lançados no Brasil em formato físico, fato surrealista se levarmos em conta que ele já fez shows lotados por aqui e sempre teve seus álbuns lançados em nosso mercado desde o início de sua carreira, em 1979. Cruzemos os dedos para tenhamos versão nacional em CD de Shine a Light.

Shine a Light (clipe)- Bryan Adams:

DVD registra Bryan Adams no auge da sua carreira, em 1996

bryan adams live wembley 1996

Por Fabian Chacur

Em 1996, Bryan Adams era um dos artistas mais populares do mundo. Seu mais recente álbum, 18 Til I Die, ocupava o primeiro posto na parada britânica, e vendia muito em diversos outros países. Foi nesse clima, no dia 27 de julho daquele ano, que o roqueiro canadense se apresentou para aproximadamente 70 mil pessoas no lendário estádio de Wembley, em Londres. Agora, enfim o show chega ao formato DVD no Brasil, com o título Wembley 1996 Live. Um registro histórico e incrível.

Para começo de conversa, são 143 minutos de show durante os quais o cantor, compositor e músico se vale apenas de ótima aparelhagem de som, iluminação discreta e cinco músicos. Entreter uma multidão em um estádio valendo-se apenas e tão somente de música não é coisa para qualquer artista. Hoje em dia, torna-se cada vez mais raro. Pois o nosso personagem dá conta da tarefa com carisma, talento e habilidade, sem apelar ou cair no vulgar.

Sua banda de apoio é absurdamente boa, a começar do guitarrista-solo Keith Scott, que o acompanha desde meados de 1982 e está com ele até hoje, com suas intervenções sempre precisas e sem jogar notas foras. Mickey Curry (bateria), Tommy Mandel (teclados e piano), Dave Taylor (baixo) e Danny Cummings (percussão) são os outros craques que se mostram prontos para quaisquer desafios, ajudando Adams a segurar a plateia o tempo todo.

Esse show é uma prova mais do que concreta de como são desinformados aqueles que classificam o autor de Heaven como “apenas um cantor romântico”. Em seus shows pelo mundo afora, o rock and roll básico e melódico sempre come solto, com direito a muita energia. Para que vocês possam ter uma ideia, a primeira balada, Have You Ever Really Loved a Woman?, aparece como sétima música do show, quando o espetáculo já conta com meia hora de duração.

Bryan Adams não é um daqueles artistas inovadores, ou criadores de novos rumos para o rock ou coisa assim. Ele soube estudar os grandes nomes do rock dos anos 50, 60 e 70 e tirar boas lições de suas obras. A partir dali, criou o seu jeito próprio de compor, tocar e cantar, que se não revolucionou nada, certamente ajudou a injetar energia positiva e muita emoção em fãs dos quatro cantos do planeta. E, porque não, influenciar muitos artistas que vieram depois dele.

Com uma voz potente e belíssima, ele encara tanto rockões como The Only Thing That Looks Good On Me Is You, Kids Wanna Rock e She’s Only Happy When She’s Dancin’ como power balllads matadoras como Heaven, It’s Only Love, Somebody e All For Love. Sua empatia com o público é tão grande que praticamente não precisa chama-los para cantar juntos, o que às vezes até o surpreende, algo captado pelas câmeras.

O repertório generoso traz 24 músicas, com direito a várias de 18 Til I Die e de seus trabalhos anteriores, além de alguns covers bacanas, entre os quais Wild Thing (The Troggs). Os arranjos seguem as gravações originais de estúdio, com direito a algumas brincadeiras legais, como Keith Scott brincando com os amplificadores e gerando microfonia e solos incríveis durante a música Touch The Hand, por exemplo.

O show é repleto de momentos legais, entre os quais temos a participação da estrela americana Melissa Etheridge fazendo as vezes de Tina Turner na impactante It’s Only Love. Outra parte marcante é quando o grupo sai do palco principal e toca cinco músicas em um palquinho colocado no meio do povão. Na hora em que apresentam a última música naquele espaço (She’s Only Happy When She’s Dancin’), um montão de gente sobe para dançar com o ídolo.

No palco principal, em sua parte de trás, foi instalada uma arquibancada na qual dezenas de sortudos puderam ver o show de pertinho. Wembley 1996 Live é uma dessas provas de poder de fogo que poucos artistas no mundo podem se gabar de ter. E Bryan Adams, que se mantém ativo de forma admirável, tem em seu currículo um acontecimento como esse. Podem até ser apenas “tolas canções de amor” as que ele canta/compõe. Mas o que há de errado nisso, como diria Paul McCartney?

Heaven (live Wembley 1996)- Bryan Adams:

Sarah Mclachlan lançará mais um CD com músicas natalinas

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Por Fabian Chacur

Os músicos da América do Norte tem um antigo costume que agrada em cheio aos seus fãs. Trata-se de lançar álbuns com músicas dedicadas ao Natal. Esses trabalhos costumam obter grandes vendagens, especialmente nos EUA. E a cantora, compositora e musicista canadense Sarah Mclachlan está colocando no mercado musical um novo trabalho com essa temática, intitulado Wonderland, com 13 canções extraídas do cancioneiro natalino americano tradicional.

O repertório do novo álbum de Sarah traz belas e singelas canções, entre elas Winter Wonderland, Silver Bells, Angels We Have Heard On High, Go Tell It On The Mountain, Let It Snow e A Way In a Manager. O CD sai exatos 10 anos após sua primeira incursão pela sonoridade natalina, Wintersong, que obteve ótimas vendagens e elogios por parte da crítica.

Na estrada desde a segunda metade dos anos 1980, Sarah Mclachlan se consolidou como uma das melhores artistas da sua geração, com muito bem digeridas influências de Joni Mitchell, Carole King, Laura Nyro e outras grandes estrelas da música pop.

Suas canções melódicas com letras poéticas, sempre interpretadas com doçura, renderam inúmeros sucessos, e discos maravilhosos como Fumbling Towards Ecstasy (1994), Surfacing (1997) e o ao vivo Mirrorball (1999). Ela é a mentora da turnê Lilith Fair, que nos anos 1990 reuniu um elenco estelar composto só por mulheres musicistas, um evento histórico que rendeu um álbum ao vivo.

Winter Wonderland– Sarah McLachlan:

Neil Young chega aos 70 anos muito relevante e necessário

Neil Young performing on stage at the Rainbow Theatre in London in 1973

Por Fabian Chacur

Neil Young comemora 70 anos de idade nesta quinta-feira (12). O roqueiro canadense não poderia chegar melhor em termos artísticos à sua sétima década de vida. Atuante, na ativa, produtivo, esse astro que frequenta o cenário rock and roller desde os anos 1960 merece ser reverenciado como um daqueles caras que realmente fizeram a diferença nesse seminal gênero musical.

O autor de clássicos como Heart Of Gold, Rockin’ In The Free World e Harvest Moon integrou duas bandas clássicas, a Buffalo Springfield e a Crosby, Stills, Nash & Young, com as quais fez trabalhos bem bacanas. Mas o lance dele sempre foi mesmo a carreira solo, mesmo que acompanhado em várias ocasiões pela banda Crazy Horse. Um errante. Ou, como ele mesmo se autodenominou, The Loner (o solitário).

O espectro musical desse cantor, compositor e músico é dos mais amplos, abrangendo hard rock, heavy metal, country rock, folk rock, country, folk, soul music e até jazz, sem deixarmos de lado seus momentos mais experimentalistas, nos quais concebe coquetéis sonoros digeridos por poucos. Mas não é um “maldito”.

Muito pelo contrário. Em quase 50 anos de carreira, Mr. Young várias vezes encarou os primeiros lugares das paradas de sucesso. Principalmente quando seu lado mais suave aflorou, em maravilhas como Harvest (1972), Comes a Time (1978) e Harvest Moon (1992).

As guitarras ardidas, com direito em alguns momentos a solos tortuosos e imprevisíveis, deram a carta em discos como Everybody Knows This Is Nowhere (1970), Tonight’s The Night (1975) e Ragged Glory (1990), por exemplo. E tem também alguns discos-síntese, nos quais vários de seus lados surgem em um único trabalho, cujo principal exemplo é o incrível Freedom (1989).

Young nunca teve medo de se arriscar, largando fases de muito sucesso comercial por trabalhos totalmente fora dos padrões com os quais perdeu popularidade. Mas sua busca pela satisfação artística sempre prevaleceu. Isso gerou vários discos bons, outros nem tanto e alguns ruins. E ele nunca pecou pela omissão, pois sua discografia é enorme.

Nunca teve medo de lutar a favor das causas em que acredita, gravando trabalhos polêmicos como Living With War (2006), no qual teve o peito de encarar o reacionário e intimidador governo de George W. Bush, ou o atual The Monsanto Years (2015), denunciando uma grande corporação. Esteja errado ou certo, sempre mete as caras.

Mergulhar na extensa obra de Neil Young é ter a chance de se deliciar com música de alta qualidade. Com sua voz ora ardida, ora mais suave, mas sempre fora dos parâmetros habituais da chamada “música comercial”, esse cara conquistou fãs nos quatro cantos do mundo. Só tocou no Brasil uma vez, em 2001 no Rock in Rio, e deixou saudade. Parabéns, fera! Ouçam agora alguns de seus hits encantadores/energizantes.

Cinnamon Girl – Neil Young (1969-CD Everybody Knows This Is Nowhere):

Old Man– Neil Young (1972- CD Harvest):

Walk On– Neil Young (1974- CD On The Beach):

Welfare Mothers – Neil Young (1979- CD Rust Never Sleeps):

Lotta Love– Neil Young (1978- CD Comes a Time):

Rockin’ In The Free World (acoustic)- Neil Young (1989- CD Freedom):

Someday– Neil Young (1989- CD Freedom):

Rush surpreende os fãs com seu novo DVD

Por Fabian Chacur

O Rush é certamente uma das bandas mais peculiares e bem-sucedidas da história do rock. Há quatro décadas na estrada, o trio canadense não se rende a modismos e por mais que faça shows com belos recursos visuais e de áudio, cativa os fãs pelo lado musical. Raras formações de sua geração continuam tão populares como eles. E o novo DVD, Clockwork Angels Tour, lançado no Brasil pela Universal Music, só reforça esse clima, além de trazer surpresas bacanas.

Clockwork Angels Tour, disponível nos formatos DVD duplo e Blu-ray simples (com o mesmo conteúdo dos DVDs), registra shows realizados nos EUA (Texas e Arizona) programados para divulgar o mais recente trabalho de estúdio do grupo, Clockwork Angels (2012), que atingiu a segunda posição na sempre disputada parada americana, grande prova de popularidade reservada a poucos.

O show é dividido em duas partes. Na primeira, os três amigos investem em canções de várias fases de sua carreira, entre as quais The Big Money, Subdivisions e Far Cry, com direito a um sempre muito esperado solo de bateria de Neil Peart (a faixa Where’s My Thing/Here It Is!), considerado por vários especialistas como o melhor profissional dessa área no rock and roll.

A grande surpresa fica reservada para a segunda parte do show, na qual o Rush mostra dez das doze faixas de Clockwork Angels com o acompanhamento de uma sessão de cordas com direito a cellos e violinos. É a primeira vez que o trio faz uma turnê acompanhado por outros músicos no palco, e a participação das cordas dá ao espetáculo um colorido musical e visual muito interessante que comprova o acerto dessa novidade em sua carreira.

O novo álbum tem um clima de ópera rock na linha das feitas pelo The Who, e agrada. Geddy Lee continua com sua voz aguda e potente, além de ótimo baixista e se desdobrando entre esse instrumento e os teclados, sempre um momento de destaque nos shows da banda. E a guitarra de Alex Lifeson segue sendo eficiente e capaz de nuances agradáveis e riffs pesados, sempre à disposição do time e uma espécie de elo de ligação para o mesmo.

O show traz em sua abertura e encerramento, como de praxe, vídeos feitos especialmente para a ocasião. Desta vez, trazem elfos, castelos e aquele humor peculiar típico do trio. Esses vídeos podem ser vistos na íntegra na generosa seção de extras contidas no vídeo, que também inclui um documentário (infelizmente sem legendas), bastidores e músicas tocadas só nas passagens de som, entre as quais a espetacular Limelight.

A segunda parte do show também inclui, em sua parte final, outro solo de bateria de Mr. Peart e mais clássicos da banda, entre os quais The Spirit Of Radio, a inevitável Tom Sawyer (que nos extras surge em uma divertida versão folk britânica tocada por outros músicos) e a icônica 2112, que encerra o show com chave de ouro. Esse bis final é só com o trio.

Clockwork Angels Tour , o DVD/Blu-ray, é aquele produto que pode perfeitamente não gerar novos fãs para o grupo canadense, mas certamente ajudará aos milhões já existentes no mundo todo a manterem sua admiração pelo trio mais forte do que nunca. E não dá para não respeitar (e muito) uma banda com esse nível de musicalidade e dedicação aos seus admiradores, sempre dispostos a dar o melhor a eles com trabalho árduo e criativo.

Veja cenas de Clockwork Angels Tour, do Rush:

Harvest – Neil Young (1972, Reprise)

Por Fabian Chacur

Em 1972, Neil Young era um jovem veterano. Aos 27 anos, não só tinha lançado vários álbuns como integrante dos grupos Buffalo Springfield e Crosby,Stills, Nash & Young como também já possuia três ótimos trabalhos solo no currículo. A expectativa em torno do que viria a ser seu quarto álbum individual era das maiores, e não por acaso, afinal de contas.

Além do sucesso de púbico e crítica que estava obtendo como integrante do supergrupo montado ao lado de David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, Young havia se dado muito bem com o álbum solo After The Goldrush (1970), que ocupou o oitavo lugar na parada americana e rendeu clássicos como Tell Me Why, Only Love Can Break Your Heart, Don’t Let It Bring You Down e a faixa título.

Um sério problema com a coluna o impediu de tocar guitarra elétrica nas doses habituais e ajudou a direcionar o álbum rumo a uma sonoridade mais introspectiva e calcada em folk, country e rock, bem na linha do bittersweet rock que havia elevado James Taylor e Carole King ao estrelato no ano anterior. O violão tomava o centro do seu som.

Com o apoio de uma banda concisa e competente batizada Stray Gators, da qual faziam parte o experiente e talentoso produtor e arranjador Jack Nitzche (teclados e slide guitar), Ben Keith (steel guitar), Tim Drummond (baixo) e Kenny Buttrey (bateria), além da participação de alguns amigos famosos nos vocais de apoio, nascia Harvest, seu álbum mais bem-sucedido em termos comerciais e considerado uma de suas obras-primas.

Lançado em fevereiro de 1972, Harvest traz como faixas mais conhecidas dois singles matadores. Heart Of Gold e Old Man, dois country rocks melódicos, bem tocados, com letras evocativas e vocais de apoio iluminados feitos por James Taylor e Linda Ronstadt. Não tinha como dar errado. Eram as canções certas na hora certa. E deu super-certo!

Crosby & Nash marcam presença na ardida (e deliciosas) Are You Ready For The Country?; Crosby e Stills vocalizam na vigorosa e agressiva Alabama (que seria contestada pelo grupo Lynyrd Skynyrd na clássica Sweet Home Alabama), enquanto Nash e Stills estão na forte Words (Between The Lines Of Age), a mais longa canção do álbum, com seus quase sete minutos de duração.

As delicadas e melódicas A Man Needs A Maid e There’s a World destoam das outras canções pelo fato de mostrarem Young acompanhado pela London Symphony Orchestra, e se constituem em uma experiência das mais interessantes para um artista normalmente associado a um contexto mais agressivo e elétrico em termos musicais.

Out On The Weekend abre o álbum de forma simples e não rebuscada, enquanto Harvest, a faixa título, prima pela discrição. The Needle And The Damage Done, no melhor estilo voz e violão, foi gravada ao vivo, e cativa pela bela melodia e pela polêmica letra enfocando o uso de drogas e as suas consequências nefastas.

Harvest atingiu o primeiro lugar na parada americana, enquanto Heart Of Gold também liderou a parada dos singles por lá. A ironia fica por conta de quem destronou esses dois discos do topo dos charts ianques logo em seguida, naquele mesmo 1972.

Sabem quem? Isso mesmo, o grupo America, respectivamente com seu álbum homônimo de estreia e o single matador A Horse With No Name. Uma versão diluída, embora competente e muito inspirada, do som que Neil Young ajudou a tornar popular com o Crosby, Stills, Nash & Young. Os alunos superando os mestres? Por pouco tempo, como saberíamos depois…

Ouça o álbum Harvest, de Neil Young, na íntegra:

Bryan Adams lança livro de fotos e compõe

Por Fabian Chacur

Para quem já folheou revistas importantes como Vogue, Harper’s Bazaar, Interview e i-D (entre outras), viu belas fotos creditadas a Bryan Adams e pensou se tratar de um homônimo do roqueiro canadense, vai aí a informação: na verdade, trata-se do próprio. Aliás, ele no momento está se dedicando mais a essa ocupação, embora continue fazendo shows pelo mundo todo, com muito sucesso.

Em entrevista à revista americana Billboard, o autor e intérprete de Heaven, It’s Only Love, On a Day Like Today e inúmeros outros falou sobre o lançamento de Exposed, livro no qual reuniu uma seleção de fotos feitas por ele de astros como Mick Jagger, Elton John (autor do prefácio da publicação), Amy Winehouse, Michael J. Fox, Sting, Mickey Rourke, Ben Kingsley e inúmeros outros durante um período de mais ou menos 12 anos.

O livro está sendo divulgado com a realização de uma exposição dessas fotos que já passou por Moscou há alguns dias e irá ainda este ano para Hamburgo e Dallas, com outros locais em vários países em vista a serem visitados em 2013, segundo Adams.

Para aqueles que, como eu, são fãs de seu lado músico, a boa notícia fica por conta de que ele já compôs 30 novas canções, e prepara um novo álbum trabalhando com dois produtores distintos. Um é Bob Rock, que produziu A Day Like Today (1998) e que já atuou com Aerosmith, Metallica, Motley Crue e Bon Jovi, entre outros.

O outro é David Foster, canadense como Adams e Rock e conhecido por produzir álbuns e compor canções para gente como Celine Dion, Earth Wind & Fire, The Corrs, Josh Groban e Michael Bublé, só para citar alguns. Adams, por sinal, revelou que Foster quer contratá-lo para seu selo 143 Records, que lançaria seus álbuns nos EUA.

Não há até o momento previsão de quando este novo álbum será lançado. O mais recente lançamento do cantor, compositor e guitarrista canadense foi o single vendido só no formato digital incluindo as músicas Alberta Bound e What The Hell I Got?, lançado em 2011.

Antes, tivemos Bare Bones (2010), que mistura leituras acústicas de clássicos de seu repertório e quatro músicas inéditas, e 11 (2008), seu mais recente trabalho só de inéditas. Bryan Adams fez shows no Brasil em 2007 para o grande público (eu estive em um deles), além de um pocket show acústico em São Paulo em 2008 (também vi!).

Ouça Alberta Bound, com Bryan Adams:

Ouça What The Hell I Got?, com Bryan Adams:

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