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Chrissie Hynde, 70 anos e um ícone feminino do rock mundial

chrissie-hynde

Por Fabian Chacur

Estádio do Morumbi (SP), janeiro de 1988. Este repórter e crítico musical que vos tecla se preparava para entrar em um elevador rumo à sala de imprensa da 1ª edição do Hollywood Rock, um dos mais importantes e badalados festivais de música da história desse país. Quando a porta abriu, o susto: saíram dela ninguém menos do que os integrantes de uma das principais bandas escaladas para o evento, The Pretenders. Quem me chamou a atenção foi a moça que, nesta terça (7) completou 70 bem-vividos anos de existência, uma certa Chrissie Hynde.

Achei-a com uma certa semelhança à nossa amada Rita Lee, em termos de presença física. Ao seu lado, o então guitarrista do grupo, outro grande ícone do rock, Johnny Marr, que havia há pouco saído dos Smiths e iniciava uma trajetória muito significativa longe da banda que o consagrou. Emocionante esse rápido contato, só superado pelo ótimo show que os Pretenders proporcionaram ao público presente ao estádio paulistano.

Quem se debruçar na história da presença feminina no nosso amado rock and roll certamente chegará à conclusão de que essa cantora, compositora e guitarrista nascida em Akron, Ohio (EUA) em 7 de setembro de 1951 possui um papel dos mais importantes. Afinal de contas, ela, após passagens por Londres e Paris em tentativas frustradas de integrar uma banda de rock, conseguiu enfim em 1978 criar a sua própria. Detalhe: liderando três rapazes.

Os caras em questão eram os ótimos músicos britânicos Pete Farndon (baixo- 1952-1983), James Honeyman-Scott (guitarra- 1956-1982) e Martin Chambers (bateria- 1951). A química entre os quatro se mostrou certeira, com Chrissie (vocal e guitarra) se destacando como a principal figura do time, com sua voz potente e suas canções certeiras. Resultado: dois álbuns clássicos, Pretenders (1980) e Pretenders II (1981).

Quando estava no auge, o grupo teve lidar com uma crise que culminou em 1982 com a demissão de Farndon e com a morte, dois dias após essa traumática decisão, de Honeyman-Scott (Farndon nos deixaria em 1983). Nesse momento, Hynde deu uma bela volta por cima. Em 1984, com Robbie McIntosh na guitarra e Malcolm Foster no baixo, o quarteto voltou e nos proporcionou outro álbum matador, Learning To Crawl.

Get Closer (1986), outra pérola pretenderiana, veio para manter a banda em alta, mas marcou o início do que viria a ser a sua marca: trocas nas formações, as idas e voltas de Martin Chambers e o comando com mão de ferro de Chrissie. Sua visão feminista, seu veganismo e associação com causas humanitárias bacanas, além de relacionamentos afetivos com ícones do rock como Ray Davies (The Kinks, com quem teve a filha Natalie) e Jim Kerr (Simple Minds, com quem teve a filha Yazmin) a tornaram uma personagem marcante no cenário musical, sempre com boas entrevistas.

A carreira dos Pretenders, assim como incursões solo de Hynde e participações em trabalhos alheios, ajudaram a firmá-la como uma artista extremamente efetiva, que soube desenvolver seu imenso talento como cantora, compositora e também relendo músicas alheias, como fez este ano com Standing in the Doorway: Chrissie Hynde Sings Bob Dylan, dedicado a canções do autor de Like a Rolling Stone. E que venha mais coisa boa por aí!

Brass In Pocket (clipe)- The Pretenders:

The Mönic lança primeiro álbum com show no Centro Cultural SP

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Por Fabian Chacur

Contrariando as opiniões dos mais apressados, o rock brasileiro continua dando mostras de vigor e renovação. Novas formações surgem e mostram que esse popular gênero musical permanece atraindo as atenções de um segmento significativo de pessoas. A nova prova é a banda The Mönic, quatro garotas que estão lançando pela gravadora Deck o seu primeiro álbum, Deus Picio. O quarteto mostra o repertório deste trabalho em São Paulo com show neste sábado (13) no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, nº 1.000- Paraíso- fone 0xx11-3397-4002), com ingressos a R$ 25,00 (inteira).

A banda formada por Alê Labelle (vocal e guitarra), Dani Buarque (vocal e guitarra), Joan Bedin (baixo) e Daniely Simões (bateria) apresenta um rock energético e ardido, com nítidas influências de punk, grunge e hard rock. Deus Picio traz faixas bem bacanas, entre as quais Just Mad (veja o clipe aqui) e Mexico. Uma estreia das mais promissoras do tipo rock na veia.

No show, que não por acaso será realizado no Dia Internacional do Rock, as garotas mostram as músicas do álbum de estreia (ouça em streaming aqui ) e também os singles Buda e High, lançados em 2018. A abertura do show fica por conta da também ótima banda Violet Soda (leia mais sobre aqui), que atualmente divulga o seu novo EP, intitulado Tangerine.

Mexico (clipe)- The Mönic:

Carole King: 75 anos de ótima e brilhante trajetória musical

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Por Fabian Chacur

A primeira vez que ouvi a voz de Carole King na vida foi provavelmente quando It’s Too Late tocou muito nas rádios brasileiras, lá pelos idos de 1971. Mas o contato mais próximo ocorreu em 1973, quando meu saudoso irmão Victor comprou um compacto simples dela, trazendo as músicas Corazón de um lado e Believe in Humanity do outro. Pronto. Não parava mais de tocar aquele raio daquele disco. Ela ganhava mais um fã, entre os seus milhares (milhões?) em todo o mundo.

Miss King chega aos 75 anos nesta quinta-feira (9) como um dos grandes marcos da presença feminina na história do rock e da música pop. Essa cantora, compositora e pianista americana nasceu no dia 9 de fevereiro de 1942, e iniciou sua trajetória musical ainda adolescente. Nessa época, era amiga de dois jovens e ainda desconhecidos músicos, Paul Simon e Neil Sedaka. Este último não só teve um namorico com ela, como também compôs o hit Oh! Carol em sua homenagem.

Nessa época (fim dos anos 1950), era bastante comum o que se denominou de “canções-resposta”, ou seja, uma música respondendo à temática de outra, e Carole King gravou sua estreia como intérprete em 1959, com Oh! Neil. Na mesma época, conheceu o letrista Gerry Goffin, que se tornou não só seu parceiro de composições como de vida, mesmo. Eles ficaram casados entre 1959 e 1968.

Em termos musicais, Goffin & King virou uma verdadeira grife pop, assinando hits como Up On The Roof, The Loco-Motion, Chains, Will You Love Me Tomorrow, One Fine Day, Going Back, Pleasant Valley Sunday e (You Make Me Feel Like) A Natural Woman, gravadas por artistas do porte de Aretha Franklin, Beatles, The Drifters, The Monkees, The Byrds e inúmeros outros. De tanto ouvir elogios à sua voz nas demos que enviava aos artistas que gravavam suas composições, a moça resolveu dar a cara para bater e assumir uma carreira como intérprete.

Em 1968, seu casamento com Gerry Goffin se acabou, e ela criou ao lado dos músicos Charles Larkey (com que se casou a seguir) e Danny Kortchmar a banda The City, que lançou em 1968 um excelente e pouco ouvido álbum, Now That Everything’s Been Said. Em 1970, saía o ótimo Writer, 1º álbum solo, do qual participou um amigo recente que se tornou outro parceiro bacana, ninguém menos do que James Taylor.

Em 1971m essa parceria renderia belos frutos aos dois músicos. James Taylor se tornaria o verdadeiro astro maior do chamado bittersweet rock com o estouro do álbum Mud Slide Slim And The Blue Horizon, cuja faixa de maior sucesso, You’ve Got a Friend, é uma composição de Carole King, que participa do álbum. Por sua vez, a descendente de judeus enfim conseguiu um sucesso à altura de seu imenso talento, com o estouro de Tapestry.

Considerado um dos melhores discos de todos os tempos independente de gênero musical, Tapestry é uma verdadeira aula de música pop, com fortes doses de soul music, rock, folk, latinidade e country, com direito a belas melodias, letras confessionais e uma voz simplesmente deliciosa. Empurrado pelo incrível single It’s Too Late, dolorido retrato de uma separação entre um casal, o disco chegou ao topo da parada americana.

A partir daí, a carreira-solo de Carole King se tornou imensa, com direito a mais dois álbuns no topo da parada americana (Music, no mesmo 1971, e Wrap Around Joy, em 1974) e hits deliciosos como Jazzman, Corazón, Believe in Humanity e inúmeros outros.

A partir da década de 1980, sua produção discográfica tornou-se um pouco mais esparsa e sem o sucesso comercial de antes, mas a qualidade não caiu, vide os ótimos City Streets (1988) e Colour Of Your Dreams (1993), este último com direito a participação especial de Slash, do Guns N’ Roses, e o hit Now And Forever.

Em 1990, por sinal, Carole King esteve no Brasil pela primeira e por enquanto única vez para shows, tendo se apresentado em São Paulo no extinto Olympia. Não estive no show, mas participei da entrevista coletiva com ela, que se mostrou de uma simpatia impressionante. A ponto de ter tido uma reação bem-humorada a um jornalista desinformado que lhe perguntou sobre o seu “casamento” com James Taylor. “A Carly Simon chegou antes”, brincou.

Na ativa de forma tranquila desde então, ela voltou ao topo das paradas em 2010, quando lançou um histórico álbum gravado ao vivo com James Taylor, Live At The Troubadour (também disponível em DVD), que chegou ao quarto lugar na parada americana e os mostrou de volta ao histórico palco do Troubador, em Los Angeles, onde tocaram no início dos anos 70, pouco antes de estourarem.

Sem exageros ou radicalismos, Carole King teve presença atuante e decisiva na abertura de maiores espaços para as mulheres no universo do rock, abrindo as portas para inúmeras colegas que vieram depois. As belas canções que compôs fazem parte do songbook da música pop, que será relido eternamente. Afinal, o que é bom, é para sempre!!!

Corazón- Carole King:

Girlie Hell esbanja garra e um talento inato em Hit And Run

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Por Fabian Chacur

Para tocar bem o nosso amado rock and roll é preciso uma somatória de talento, garra, personalidade e perseverança que nem todos conseguem ter. A banda brasileira Girlie Hell possui esses elementos de forma generosa em seu DNA, e a prova é seu novo single, intitulado Hit And Run e lançado em compacto de vinil pelo selo Monstro Discos. Uma porrada!

Com sete anos de carreira, a banda feminina é integrada por Bullas Attekita (vocal e guitarra solo), Júlia Stoppa (guitarra base), Fernanda Simmonds (baixo) e Carlo Pasquali (bateria). No currículo, vários singles e o CD cheio Get Hard! (2012), que recebeu bons elogios quando de seu lançamento. Agora, chega a vez de duas novas canções.

Hit And Run, que traz uma capa sensacional no melhor estilo graphic novel e chega ao mercado em vinil vermelho de sete polegadas, inclui duas faixas. Gunpowder, no lado A, conta com riffs poderosos e variados, bons achados melódicos, vocais endiabrados e pique digno de um Soundgarden da vida. De tirar o fôlego do ouvinte.

No lado B, Till The End é um pouco mais crua, embora também tenha suas sutilezas disponíveis para quem souber descobri-las, entre elas um final falso. O bacana é que as duas faixas são pesadas, mas não caem em clichês ou formatos rígidos, mostrando que a banda foge do risco de se prender a fórmulas castradoras ou limitadoras.

Na verdade, o novo single deste ótimo quarteto só tem um problema: nos deixa com vontade de ouvir mais. Como a banda informa que já está compondo as músicas para um próximo álbum, vale a pena ficar atento e esperar. Se o novo material vier com a mesma pegada e urgência deste Hit And Run, os fãs do melhor rock pesado irão se dar muito bem.

Gunpowder – Girlie Hell:

Till The End– Girlie Hell:

Cherie Currie lançará CD solo após 34 anos

Por Fabian Chacur

Após a boa repercussão obtida pelo filme The Runaways-As Garotas do Rock (2010), sua ex-vocalista, Cherie Currie, retomou o entusiasmo para seguir sua carreira musical.

A cantora está gravando o que será o seu primeiro trabalho solo desde 1978, quando lançou Beauty Is Only Skin Deep, cuja capa ilustra este post.

Além dele, ela também lançou em 1980 um álbum em parceria com a irmã Marie, Messin’ With The Boys, além de uma coletânea com o trabalho das duas, Young And Wild (1998).

A produção do álbum, ainda sem título divulgado, está a cargo de Matt Sorum, ex-baterista do Guns N’ Roses e do The Cult. Estão previstas participações especiais de Billy Corgan (Smashing Pumpkins), Slash (Ex-Guns N’ Roses) e da banda The Veronicas.

Nascida em 30 de novembro de 1959, Cherie Curry ficou famosa ao integrar, entre 1975 e 1977, o pioneiro grupo de rock feminino The Runaways, do qual também saíram rumo à fama as cantoras e guitarristas Joan Jett e Lita Ford, hoje bem-sucedidas artistas solo.

Currie é coautora do maior hit da banda, Cherry Bomb, e gravou com elas os álbuns The Runaways (1976), Queens Of Noise (1977) e Live In Japan (1977).

Além de lançar o álbum solo e o em dupla com a irmã, Cherie também atuou como atriz em filmes como Foxes (ao lado de Jodie Foster) e em séries de TV. Sérios problemas causados pelo consumo de drogas atrapalharam bastante sua carreira.

Ela é autora da autobiografia Neon Angel, na qual foi baseado o interessante e recomendável filme The Runaways – As Garotas do Rock, estrelado por Kristen Stewart (como Joan Jett) e Dakota Fanning (como Cherie Currie).

Veja Cherry Bomb ao vivo com as Runaways em 1977:

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