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Humberto Gessinger esbanja personalidade em novo álbum

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Por Fabian Chacur

Participei, em 1986, do que deve ter sido a primeira entrevista coletiva da carreira dos Engenheiros do Hawaii, realizada na denominada “sala de lazer” da gravadora BMG, em São Paulo. O grupo divulgava seu álbum de estreia, Longe Demais das Capitais. Tenho fotos do evento, por sinal. O que mais me chamou a atenção, na época, foi o vocalista e então guitarrista da banda, um certo Humberto Gessinger, citar entre as suas principais influências Pink Floyd e Rush.

Não fazia sentido, se levássemos em conta a sonoridade pop-rock, com elementos de ska, que aquele primeiro trabalho revelava, com os hits Toda Forma de Poder, Sopa de Letrinhas e Longe Demais das Capitais. Estaria ele brincando com os jornalistas, ou mesmo dando a entender de que gostava de uma coisa, mas fazia outra na hora do trabalho? Ficou a dúvida no ar.

Que se encerrou de forma categórica no ano seguinte (1987), com o lançamento de A Revolta dos Dândis, segundo LP do trio que agora trazia Humberto no baixo e vocal, Carlos Maltz ainda na bateria e o jovem veterano Augusto Licks na guitarra, substituindo o baixista Marcelo Pitz. Ali, essas fontes se mostravam de forma cristalina, em uma mistura de rock progressivo, folk e pop-rock ousada e personalizada e temperada por letras inteligentes.

Desde então, muita água passou por debaixo da ponte. Mudaram formatos de se comercializar música, mudaram as gravadoras (muitas acabaram, na verdade), mudaram estilos, mudaram ídolos… Humberto Gessinger, no entanto, manteve-se fiel ao universo musical que escolheu para si, seja como líder dos Engenheiros do Hawaii, integrante do duo Pouca Vogal ou, a partir de 2013, como artista-solo.

Não Vejo a Hora, que a gravadora Deck disponibilizou em CD, LP de vinil, fita cassete e nas plataformas digitais, é o segundo álbum de estúdio completo que Gessinger lança nos últimos seis anos, sucedendo Insular (2013). Nesse meio-tempo, nos ofereceu singles e trabalhos ao vivo bem bacanas, além de shows lotados pelos quatro cantos do país.

Este novo álbum traz onze canções, sendo cinco só dele e seis assinadas com os parceiros Tavares, Felipe Rotta, Nando Peters (duas), Bebeto Alves (um dos monstros sagrados do rock gaúcho) e Duca Leindecker (do grupo Cidadão Quem e parceiro de Humberto no Poca Vogal).

Em oito, atua o power trio integrado por Gessinger (vocal, teclados e baixo), Felipe Rotta (guitarra) e Rafael Bisogno (bateria), e em três, estão em cena Gessinger (viola caipira, violão e voz), Nando Peters (baixo) e Paulinho Goulart (acordeon), com abordagem acústica. Duas formações coesas e certeiras.

Para quem procura novidades escandalosas ou novos rumos sonoros, Não Vejo a Hora pode soar como um “mais do mesmo”, ou “variações sobre um mesmo tema”. E é mesmo, pois o ex-líder dos Engenheiros do Hawaii não abre mão de seus conceitos musicais e poéticos (a tal de “zona de conforto”) neste álbum. E quer saber? Ele está absolutamente certo nessa opção.

Nem sempre mudar de rumo significa algo bom ou positivo em termos artísticos. Aliás, com uma certa frequência, pode gerar frutos nada interessantes, especialmente se a motivação levar em conta objetivos comerciais ou mesmo de tentar agradar a crítica especializada. Convicção e personalidade são elementos muito importantes para quaisquer profissionais, e estão entre os grandes méritos do autor de Infinita Highway.

Atuar dentro de um mesmo universo sonoro não significa, no entanto, necessariamente se repetir de forma tediosa e sem imaginação. Não Vejo a Hora é uma prova disso. Nele, Humberto Gessinger se vale de suas armas habituais com muita inspiração, inteligência e sutileza.

A forma como Gessinger compõe se vale de colagens, bricolagens, citações de outros autores, aproveitamento de elementos poéticos e musicais de obras próprias ou alheias e observações do cotidiano e existenciais. Tem muito parentesco com o estilo de Belchior, que por sinal é citado na deliciosa Estranho Fetiche, prima-irmã de Fetiche Estranho, deste mesmo trabalho.

O cantor, compositor e músico gaúcho demonstra um profundo respeito ao seu público, e isso aparece nas sutilezas que cada faixa nos oferece. Audições repetidas nos levam a observar novos detalhes. Nada parece ser por acaso.

Partiu, por exemplo, que abre o disco, dialoga com Missão, sua faixa de encerramento, nessa perspectiva de seguir em frente, sempre, apesar dos pesares. A vida é assim, e só nos resta encará-la da melhor forma possível.

Um Dia de Cada Vez dá outro toque simples, que é de tentar encarar cada problema no seu tempo, um por vez, sem querer abraçar o mundo com os braços, além de observar que “a cada dia sua agonia, seus prazeres também”.

Bem a Fim, com sua sonoridade acústica, traz como grande sacada os versos “a highway to hell faz a curva e vai pro céu quando a resposta vem do outro lado alguém dizendo que está tudo bem”. Viva as parcerias!

Algum Algoritmo é uma divertida divagação sobre um relacionamento afetivo improvável, que no entanto se firma mesmo assim: “somos muito diferentes, improvável par, algoritmo algum ousaria nos ligar”.

Calma em Estocolmo aborda os turbulentos tempos dos dias atuais, repletos de incertezas que Humberto ressalta bem em versos como “o preço da pressa atropela a tua timeline, atrás do troll elétrico só não cai quem já morreu”.

O clima soturno de vigilância totalitária no melhor estilo 1984, de George Orwell, pontua Olhou Pro Lado, Viu.

As canções acústicas e irmãs Fetiche Estranho e Estranho Fetiche trazem como mote os versos “tudo depende da hora, fruto, semente e flor, mas o sonho de mudar o mundo, ao menos muda o sonhador”. Bem por aí: muitos deixam de sonhar, mas outros tantos pegam o bastão e seguem adiante nessas esperanças utópicas, mas necessárias. E mudam, no fim das contas.

Maioral é a minha favorita do álbum, um belo tapa com luva de pelica na cara de quem se acha o máximo, o dono da cocada preta, ou, enfim, o maioral, com versos sensacionais como “um dinossauro e uma ficha telefônica tem o mesmo tamanho pois agora tanto faz, não faz sentido pensar que é o maioral”.

Outro Nada é mais um biscoito fino sonoro escrito por Humberto em parceria com o genial Bebeto Alves, e outro petardo, prova de que não estranharei se em um futuro próximo os dois gravarem um disco juntos. Missão, da dobradinha Gessinger-Leindecker, fecha a tampa arredondando o conceito inicial.

Em termos sonoros, temos canções melódicas, simples e muito bem concatenadas, interpretadas por um cara que está cantando melhor do que nunca, a caminho de completar 56 anos no dia 24 de dezembro. Sabe valorizar cada palavra e o timbre agradável de sua voz, jogando sempre a favor de cada faixa. Craque, é assim que se define alguém assim?

Não Vejo a Hora é uma profissão de fé no formato álbum, pois suas canções podem perfeitamente ser curtidas individualmente, mas fazem muito mais sentido se ouvidas na sequência que nos é oferecida aqui. Um trabalho sólido de um artista que merece ser levado a sério.

Ouça Não Vejo a Hora em streaming:

Los 3 Plantados unem lindas mensagens ao rockão perfeito

Los Três Plantados - foto © Fernanda Chemale

Los Três Plantados – foto © Fernanda Chemale

Por Fabian Chacur

Se a vida te dá um limão, tente fazer dele uma limonada. Seguindo esse sábio ditado, os músicos gaúchos Bebeto Alves, King Jim e Jimi Joe resolveram encarar o desafio de viver com órgãos transplantados com bom humor, criatividade e, para nossa felicidade, rock and roll da mais pura qualidade. O resultado é o incrível CD Alimente a Vida, lançamento viabilizado por financiamento coletivo que une o útil ao agradável com categoria certeira.

O clima pra cima que permeia a união desses músicos já aparece logo no nome com que batizaram seu projeto coletivo, Los 3 Plantados (a versão Los Tresplantados também é válida). Eles só conseguiram se manter vivos graças a transplantes de fígado (dois deles) e rins (um deles). Sacaram a importância daquela milagrosa dose adicional de vida que receberam e se dedicaram ao tema como uma importante missão de conscientização geral.

Os caras envolvidos no projeto são muito importantes na cena roqueira gaúcha. Bebeto Alves é cantor, compositor e toca guitarra, violão e sax, com 40 anos de carreira impecável e discos incríveis no currículo como Canção Contaminada (leia a resenha de Mondo Pop aqui).

King Jim canta, compõe e toca sax, e integrou os Garotos da Rua, uma das grandes bandas do rock gaúcho nos anos 1980 e criadora de clássicos como Gurizada Medonha, Tô de Saco Cheio e Você é Tudo Que Eu Quero. E Jimi Joe, além de cantor, compositor e guitarrista dos bons, também é jornalista e radialista, tendo atuado no Estadão, Bizz e tantos outros órgãos de imprensa da área musical. Seriam eles os Traveling Wilburys gaudérios?

Adianto desde já que Los 3 Plantados conseguiram fugir de um possível didatismo exagerado ou mesmo uma abordagem piegas de assunto tão delicado como o da doação de órgãos. As letras das 12 canções incluídas no álbum abrangem diversos aspectos desse universo, mesclando sensibilidade, inteligência e bom senso como forma de mostrar a todos como é importante a solidariedade entre os seres humanos, e como também é possível abraçar uma vida bem bacana pós-transplante.

Em termos musicais, o som proposto pelo trio traz o rock como denominador comum, mas sem se limitar a um único rumo, colocando na mistura de forma criativa hard rock, folk, rockabilly, música latina, jazz, pop, funk de verdade e sonoridades gauchescas, conseguindo dessa forma um resultado pra lá de universal, mas com o sotaque local bem impresso. Coisa de quem tem talento e sabe juntar as peças desse quebra-cabeça rumo a algo que valha a pena.

Além dos capitães do projeto, o álbum conta com participações especiais de um elenco de músicos do mais alto gabarito, entre os quais Humberto Gessinger, Duca Leindecker, Luis Vagner, Biba Meira, Leandro Schirmer, Luciano Albo, Renato Borghetti, Marcelo Corsetti, Luke Faro e Thomas Dreher, entre outros. Um povo generoso que vestiu a camisa dos Los 3 Plantados com garra e fé.

As músicas são diversificadas e poderosas. Los 3, por exemplo, vai em uma linha acústica de folk latino. Planos exala um clima hard rock na melhor tradição AC/DC. Alimente a Vida é puro jazz tradicional, enquanto Balão de Gás mescla melodia pop com uma levada swingada que é simplesmente deliciosa.

Voo Astral equivale a uma balada rock viajante. INSS, com uma letra bem irônica, soa como George Harrison em sua carreira solo, enquanto a endiabrada Gota é um rockão compassado que ecoa os magníficos Tom Petty And The Heartbreakers. Sensível é o momento mais gauchesco, enquanto O Melhor Instrumento é a Voz fecha o CD com fortes ecos dos Beatles em sua fase psicodélica, lá pelos idos de 1967.

Essencialmente, este álbum é uma energética, criativa e eficiente profissão de fé na vida, uma reunião de três craques gaúchos do rock and roll na qual o bom humor, a generosidade e a sensibilidade à flor da pele geraram um trabalho antológico, que merece ser muito mais conhecido e que tem não só grande mérito temático, como principalmente artístico. Ou, indo direto ao assunto: um discaço de rock and roll gaúcho que você deve ouvir agora!

Uma Gota (clipe)- Los 3 Plantados:

Nenhum de Nós mostra o seu novo EP com um show no Rio

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Por Fabian Chacur

Dos bem-sucedidos grupos brasileiros de rock surgidos na década de 1980, o Nenhum de Nós sempre se mostrou o mais aberto a se valer de influências e parcerias com os outros países latino-americanos, especialmente Argentina e Uruguai. E este último é o mote de seu novo lançamento, o EP Doble Chapa, lançado em formato físico e digital pelo selo Imã Records. Eles tocam no Rio de Janeiro nesta sexta (29) às 21h no Imperator- Centro Cultural João Nogueira (rua Dias da Cruz, nº 170- Meier- fone 0xx21-2597-3897), com ingressos a R$ 25,00 e R$ 50,00.

Doble Chapa é uma expressão usada para denominar quem vive na fronteira gaúcha perto do Uruguai. A banda gaúcha formada por Thedy Corrêa (vocal e violão), Veco Marques (guitarra e violão), Carlos Stein (guitarra e violão), João Vicenti (teclados e acordeon), e Sady Homrich (bateria) resolveu nomear seu novo EP assim pelo interesse que tem nessa troca de informações musicais e culturais com aquele país.

“Fronteiras podem ser legais na medida que abrigam iniciativas culturais marcadas por peculiaridades; misturar estas particularidades para gerar algo novo é o tom desse nosso novo trabalho”, explica Carlos Stein.

O EP traz cinco faixas, todas não menos do que ótimas, sendo que o delicioso rock melódico Uma Vida Ordinária aparece em duas versões, em castelhano e português, ambas com a participação especial de Fede Lima, líder do grupo uruguaio Socio, um dos mais badalados da cena roqueira daquele país. Na bela balada com veia psicodélica Fã de Faith No More, temos outra convidada bem bacana, a ótima cantora uruguaia Lucía Ferreira, da também incensada banda La Tabaré.

A balançada O Aprendiz conta com as rimas espertas do rapper gaúcho Marck B, enquanto Despliega conta com uma levada dançante e percussão latina. A edição física de Doble Chapa é no capricho, com capa dupla digipack de papelão e encarte com letras e ficha técnica.

Além das novidades do novo disco, o grupo, que também conta com a participação do músico convidado Estevão Camargo (baixo e vocais), dará uma geral em seus inúmeros sucessos desses 31 anos de carreira, entre os quais Camila Camila, Sobre o Tempo, Vou Deixar Que Você Se Vá e Você Vai Lembrar, só para citar alguns. Shows dessa banda são sempre altamente recomendáveis para os fãs de um rock melódico com influências folk e latinas e letras inteligentes e sensíveis.

Uma Vida Ordinária (clipe)- Nenhum de Nós:


Canção Contaminada, um CD clássico em tempos de trevas

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Por Fabian Chacur

A expressão “rock clássico” era inicialmente usada para denominar trabalhos roqueiros com influência erudita, um sinônimo de rock progressivo. Nos últimos 20 e tantos anos, passou a designar o melhor do rock das décadas de 1950 a 1970, e também artistas atuais influenciados por essa sonoridade de Beatles, Led Zeppelin, Deep Purple e quetais. Ouvir Ohblackbagual Canção Contaminada, álbum capitaneado pelo gaúcho Bebeto Alves, nos remete ao que há de melhor nesse conceito tão amplo e vago.

Com 40 anos de carreira discográfica, o cantor, compositor e músico oriundo de Uruguaiana (RS) nos oferece em sua discografia composta por mais de 25 títulos um trabalho essencialmente roqueiro, mas repleto de outras influências muito bem digeridas, entre as quais o folk, a milonga e as diversas variações da música gaúcha, e a música portenha. Autor da deliciosa 433, um dos destaques do álbum de 1983 de Kleiton & Kledir (aquele que inclui Nem Pensar, Tô Que Tô e Viva), Bebeto é um cara extremamente gregário e aberto a parcerias.

Canção Contaminada é creditado ao Blackbagual, espécie de “alter ego coletivo” que já havia nos oferecido em 2004/2006 o CD/DVD Blackbagualnegoveio. Além de Bebeto (vocal, guitarra e violões), temos no time Rodrigo Reinheimer (baixo e vocais), Marcelo Corsetti (guitarras) e Luke Faro (bateria). Trata-se de um time coeso ao extremo, que esbanja virulência, tesão e qualidade técnica durante todo o álbum.

O conceito em torno do qual o músico gaúcho criou o repertório deste disco é o novo tempo em que vivemos, no qual a ilusão de que o mundo digital/internético nos deixaria mais livres e próximos se tornou um verdadeiro pesadelo que deixa livros futuristas sombrios como 1984 e Admirável Mundo Novo com cara de contos de carochinhas. Mas Bebeto prefere enxergar esperança em meio a uma verdadeira nuvem de poeira escura que nos circunda.

Bebeto é o autor de todas as faixas do álbum, mas se vale de parceiros certeiros em algumas delas. Humberto Gessinger, por exemplo, que já havia composto e gravado com ele em 2014 a incrível Milonga Orientao (ouça aqui), agora retoma a parceria com seu mestre na incrível e virulenta Outro Nada, um dos destaques do álbum.

O excelente cantor e compositor uruguaio Walter Bordoni é o coautor de Quimera e Bajo La Misma Ciudad, que escancaram essa adorável proximidade do som de Bebeto Alves com o rock uruguaio e argentino. E André Bolívar, que conheceu o rocker gaúcho através da internet, é o parceiro na ótima Águas Barrentas.

Nada melhor do que ouvir um CD (também disponível nas plataformas digitais) conciso como este, no qual nenhuma nota está fora do lugar, e nenhuma música está ali para tapar buracos ou encher linguiça. Aqui, meus amigos, é som pra cabeça, como diriam os antigos, petardo atrás de petardo, e quando você vê, já iniciou novamente a audição.

Com um jeitão meio dylaniano, O Espírito Santo abre o álbum com forte sabor folk-rock. É o início de uma verdadeira festa roqueira, que nos oferece maravilhas como a incrivelmente filosófica Religar, a potente Outro Nada, a deliciosa Quimera, a intensa faixa-título, a radiofônica Tira Mancha e o mantra Você, canto de esperança que encerra um álbum brilhante. Do alto de seus 63 anos de pura sabedoria, Bebeto Alves nos mostra que vale a pena perseverar, mesmo em tempos bicudos. Se existe rock clássico no Brasil, este álbum merece tal rótulo.

Canção Contaminada– Bebeto Alves Ohblackbagual:

Humberto Gessinger tocará o Revolta dos Dândis em turnê

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Por Fabian Chacur

Em seu blog oficial, Humberto Gessinger divulgou detalhes de como será a sua turnê 2017. Com o título Desde Aquele Dia, a série de shows terá início no dia 17 de março no Vivo Rio, no Rio de Janeiro. A boa surpresa fica por conta de que a parte inicial dos shows será dedicada à execução na íntegra de A Revolta dos Dândis, álbum dos Engenheiros do Hawaii que completa 30 anos de lançamento. Humberto (vocal e baixo) terá consigo Rafael Bisogno (bateria) e Nando Peters (guitarra).

O cantor, compositor e músico gaúcho promete aos fãs que o material de A Revolta… não seguirá exatamente os arranjos originalmente gravados em 1987, nos estúdios da gravadora BMG em São Paulo. Eventuais teclados devem aparecer aqui e ali. Considerado por alguns o melhor álbum dos Engenheiros, o disco traz maravilhas do naipe de Infinita Highway, Revolta dos Dândis I e II, Refrão de Bolero, Terra de Gigantes e Filmes de Guerra Canções de Amor.

O repertório dos shows também trará canções de outras eras da carreira de Gessinger, e também as faixas de seu novo single, Desde Aquela Noite, que será lançado nos formatos digitais e físico (em vinil). O trabalho reúne três faixas compostas pelo artista gaúcho em parcerias com outros artistas e que ainda não haviam sido gravadas por ele.

O Que Você Faz à Noite, por exemplo, foi escrita com o baixista Dé Palmeira e gravada em 1988 pelo Barão Vermelho no álbum Carnaval. Olhos Abertos, uma parceria dele com os integrantes de então do Capital Inicial, saiu no disco Todos os Lados (1989), da banda oriunda de Brasília. Completa o repertório Alexandria, escrita em dupla com Tiago Iorc e registrada no álbum Troco Likes, do badalado nome do folk-pop-MPB-rock brasileiro atual.

Vale lembrar que A Revolta dos Dândis foi tocada ao vivo na íntegra pela primeira vez em 2013, no estúdio da Mix FM, em São Paulo, como parte do excelente projeto Álbuns Clássicos, no qual bandas importantes do rock brasileiro como RPM, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Ultraje a Rigor e Skank tocavam de cabo a rabo as canções de trabalhos marcantes em suas trajetórias.

A Revolta dos Dândis– Engenheiros do Hawaii (ouça em streaming):

Wander Wildner mostra novo álbum em show em São Paulo

Wander Wildner

Por Fabian Chacur

Indo do punk ao brega e passando por muita coisa no meio disso, Wander Wildner é uma das figuras mais interessantes do rock brasileiro. Na estrada desde os anos 1980, quando era vocalista dos Replicantes, ele volta com um novo álbum, WANCLUB- Música Para Dançar Volume 59, com sua banda Wander Wildner y sus Comancheros. Ele lança o trabalho em São Paulo com show neste sábado (23) às 21h30 na comedoria do Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, nº1.000- Belenzinho- fone 0xx11-2076-9700), com ingressos custando de R$ 6,00 a R$ 20,00.

Com distribuição pela Deck, WANCLUB- Música Para Dançar Volume 59 conta com 20 músicas na versão digital e 14 no formato físico. O repertório saiu de uma escolha do público através do esquema de financiamento coletivo (crowdfunding), e reúne releituras bastante repaginadas de músicas de todas as fases dos mais de 30 anos de carreira deste cantor, compositor e músico gaúcho.

Dos Replicantes, temos Astronauta. Bebendo Vinho, que muita gente conheceu na releitura do Ira!, também está aqui, assim como Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Todo e Um Lugar do Caralho, esta última do saudoso Júpiter Maça e gravada anteriormente por Wildner em 1996. O set list também traz uma inédita Colonos em Chamas, uma das que só pode ser encontrada na versão digital do trabalho.

A afiadíssima banda que acompanha Wildner, a Los Comancheros, traz como destaque o lendário guitarrista e violonista Jimi Joe (Atahualpa Y Os Panquis), também conhecido por sua extensa atuação como jornalista na área musical (Bizz, Estadão etc). Completam o time Gustavo Chaise (baixo), Arthur de Faria (gaita, piano e glockenspiel), Luke Faro (bateria) e Andrio Maquenzi (guitarra).

Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro:

Ouça as músicas de WANCLUB Música Para Dançar Volume 59 em streaming:

Humberto Gessinger retorna com o seu novo single digital

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Por Fabian Chacur

A carreira solo de Humberto Gessinger, iniciada com o álbum InSULar(2013) e prosseguida com o DVD InSULar Ao Vivo (2014) acaba de produzir um novo fruto. Trata-se de um single digital que traz as músicas Pra Ficar Legal (parceria de Gessinger com Paulo Galvão) e Faz Parte (assinada apenas pelo roqueiro gaúcho). O lançamento ficou a cargo do selo Deck.

As músicas foram gravadas no estúdio Soma, com produção a cargo do próprio cantor, compositor e músico gaúcho. Ele as define de forma bem direta. “Essas duas canções dão o tom exato do momento que vivo na estrada, acompanhado por uma galera bacana. Com muitos quilômetros rodados e a nítida impressão de que o melhor ainda está por vir”.

O eterno líder dos Engenheiros no Hawaii se incumbiu de vocal, baixo, teclados, harmônica, guitarra e voz, ladeado por Rafael Bisogno (bateria) e Nando Peters (guitarra). Pra Ficar Legal tem uma pegada pop rock deliciosa que surpreende ao fugir um pouco do padrão sonoro do artista, enquanto Faz Parte desenvolve de forma competente seu bom estilo habitual que tantos fãs conquistou nas últimas décadas.

Pra Ficar Legal– Humberto Gessinger:

Faz Parte– Humberto Gessinger:

Aqui, dos Almôndegas, enfim sai em CD

Por Fabian Chacur

Dos quatro álbuns lançados pelo extinto grupo gaúcho Almôndegas, apenas um teimava em não aparecer no formato CD. Graças ao selo Discobertas, distribuído pela Warner Music, essa lacuna enfim foi preenchida.

Trata-se de Aqui, o segundo álbum do grupo que revelou os irmãos Kleiton e Kledir Ramil. Lançado em 1975 no formato vinil, apenas algumas faixas do disco haviam saído no formato digital, em coletâneas. Uma delas (de 1994), pasmem, com a capa do Aqui, embora só inclua algumas faixas dele. Coisas da indústria fonográfica nacional…

Agora, temos o álbum na íntegra, com capa original, reprodução do encarte, letras e ficha técnica completa. Só faltou mesmo um texto contextualizando o disco dentro da excelente obra da banda, extinta em 1979.

Curiosamente, Aqui traz o maior sucesso da carreira do grupo de rock rural gaúcho, a maravilhosa Canção da Meia-Noite, que se tornou conhecida nacionalmente como tema da novela global Saramandaia.

O disco é uma deliciosa obra na qual o time então integrado pelos irmãos Ramil e também João Batista (baixo elétrico e vocais) e Gilnei Silveira (percussão) investe em uma sonoridade basicamente acústica na qual misturam rock, folk e a música gaúcha tradicional.

Além de Canção da Meia-Noite, escrita pelo guitarrista Zé Flávio, que teve várias músicas de sua autoria gravadas pelo grupo antes de entrar oficialmente no time em 1977, o álbum inclui maravilhas como Haragana, Séria Festa, Elevador, Amor Caipira e Trouxa das Minas Gerais e Gaudêncio Sete Luas.

Os outros álbuns dos Almôndegas são Almôndegas (1975), Alhos Com Bugalhos (1977) e Circo de Marionetes (1978) e saíram no formato CD na década passada, o primeiro pela Warner e os outros dois pela Universal Music. Valem o preço que vocês pagarem neles, pois estão fora de catálogo e só estão disponíveis em sebos e lojas com bons estoques.

Veja clipe com Canção da Meia-Noite, com os Almôndegas:

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