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E os EUA foram invadidos pelos Beatles

Por Fabian Chacur

No dia 7 de fevereiro de 1964, teve início uma verdadeira invasão aos EUA, protagonizada por quatro jovens oriundos da cidade britânica de Liverpool. A recepção oferecida a eles no aeroporto de Nova York era uma pequena prévia do que ocorreria no dia 9 daquele mesmo mês, quando a banda formada por eles- The Beatles-tocou ao vivo no The Ed Sullivan Show, uma espécie de Silvio Santos local.

Cinquenta anos depois, fica evidente a importância dessa primeira visita dos Fab Four aos EUA. Durante duas semanas, o grupo conseguiu consolidar sua presença nas paradas de sucesso americanas, tornando-se o primeiro nome britânico a emplacar discos nos primeiros lugares dos charts de lá. Melhor ainda: tornaram-se um verdadeiro culto, abrindo as portas para outros conterrâneos.

No início, o empresário da banda, Brian Epstein, teve de superar o pouco interesse inicial da gravadora Capitol, subsidiária da EMI/Parlophone britânica no mercado ianque. Em 1963, o pequeno selo Vee Jay foi quem lançou alguns títulos do quarteto, sem grande sucesso. Mas no final daquele ano, a Capitol resolveu arriscar ao ouvir o espetacular single I Want To Hold Your Hand. Belo gesto, como ficaria claro pouco tempo depois.

Como forma de melhor divulgar os Beatles no mercado americano, Epstein viabilizou uma turnê promocional de duas semanas por lá, com direito a apresentações no Ed Sullivan Show. A expectativa era positiva, mas ninguém iria imaginar que mais de 70 milhões de pessoas iriam ver aquele primeiro programa, no dia 9 de fevereiro de 1964, quando I Want To Hold Your Hand já ocupava o primeiro posto entre os singles mais vendidos por lá.

Aquela primeira transmissão que teve como sede Nova York seria seguida por outras em Miami, por um show em Washington e também por diversas entrevistas para emissoras de rádio e TV. Na rádio, o grande embaixador da beatlemania seria o badalado DJ Murray The K, que se tornou amigo deles e também teve sua audiência alavancada por participações exclusivas dos roqueiros em seus programas.

Pautados em cima da hora pela britânica TV Granada, os irmãos americanos Albert e David Maysles seguiram a banda desde a sua chegada aos EUA. O que inicialmente era para ser apenas um registro para a televisão acabou virando um documentário pilotado pelos Maysles, nos quais é possível mergulhar na intimidade dos quatro jovens músicos naquele seu momento decisivo em termos de popularidade.

A entrevista coletiva concedida pelos Beatles no aeroporto em Nova York é um claro flagrante de como os jornalistas de então não tinham a menor ideia do que estava acontecendo, ao fazer perguntas imbecis do tipo “vocês usam perucas?” ou “vocês são carecas?”. A sorte é que o refinado humor britânico dos quatro sempre oferecia respostas muito melhores do que se poderia esperar em função das questões idiotas que lhes eram oferecidas.

Ver cenas do único show feito por eles para o público em geral nessa visita, em Washington, é no mínimo curioso. Em um ginásio preparado para lutas de boxe e competições do gênero, os Beatles tinham de mudar sua disposição no palco a cada nova música, para que cada setor do público pudesse vê-los de frente por algum tempo. Três amplificadores e dois microfones eram o seu “arsenal” técnico para serem ouvidos em meio a uma gritaria ensurdecedora dos fãs.

Ao voltarem para a Inglaterra no dia 21 de fevereiro, John, Paul, George e Ringo estavam cientes de que uma importantíssima batalha estava ganha por eles. O sucesso avassalador no mercado americano ecoou pelo resto do mundo, que rapidamente vestiu a camisa dos garotos de Liverpool e os transformou em um dos maiores fenômenos de popularidade de todos os tempos. Provavelmente o maior.

Disponível em DVD com direito a quase uma hora de extras, o documentário The First U.S. Visit é a melhor forma de se ver como foi essa impressionante invasão em uma era na qual os recursos de divulgação eram infinitamente menores do que nos dias que se sucederam, sem internet, celulares, redes de TV poderosas e departamentos de marketing repletos de ferramentas promocionais a seu dispor.

Lógico que nada disso seria possível se não fosse o incrível talento e capacidade de trabalho dos Fab Four, que embora muito jovens já estavam na estrada há uns bons anos naquele momento. Quando essa chance de conquistar o mercado ianque chegou, eles estavam muito bem preparados para isso, além de contarem com um repertório repleto de músicas capazes de mantê-los no topo.

Última nota: o selo brasileiro Jam Records lançou em 2013 o CD The Beatles Live In Washington 1964, com belíssima apresentação visual e nove faixas que teriam sido gravadas ao vivo naquele show histórico em Washington.

As músicas são: Roll Over Beethoven, From Me To You, I Saw Her Standing There, I Wanna Be Your Man, Please Please Me, ‘Til There Was You, She Loves You e uma última, intitulada Beatle Beat, que é instrumental e não tem nada a ver com Beatles, certamente gravada por algum grupo de estúdio anônimo. A qualidade de áudio não é lá uma maravilha, mas pelos R$ 10 que paguei nas Lojas Americanas, está de bom tamanho e vai para a minha coleção.

Veja o making of de The U.S. First Visit:

New é Paul McCartney em plena forma

Por Fabian Chacur

Em 1986, o excelente Roberto Muggiati escreveu uma bela resenha na saudosa e extinta revista Somtrês do então recém-lançado álbum Press To Play, de Paul McCartney. No texto, o jornalista e escritor tocou em um ponto nevrálgico na hora de se analisar um trabalho de alguém que, na época, já era uma lenda viva: como fugir da comparação de suas obras passadas e avaliar as novas com justiça?

Ele concluía a análise daquele ótimo e injustiçado álbum do Macca dizendo, de forma bem inteligente, que aquele era um excelente álbum daquele novo artista de new wave, um tal de Paul McCartney. Pois 27 anos se passaram, o ex-Beatle viu seu peso artístico aumentar ainda mais e continua sendo obrigado a competir com o seu passado. Só que ele faz isso da forma certa, e New, o novo álbum de inéditas que acaba de lançar, é a prova cabal disso.

Aos 71 anos de idade, McCartney não perdeu a jovialidade, e sempre está disposto a experimentar novos rumos em sua carreira, seja ao trabalhar com novos profissionais, tentar novas sonoridades ou mergulhar em rumos incomuns. Sem, no entanto, se descaracterizar ou tentar ser outro cara que não aquele alegre, talentoso e criativo sujeito que integrou os Fab Four “all those years ago”.

Se muita gente não dá a devida atenção aos trabalhos que o Macca lançou desde que os Beatles saíram de cena, em 1970, azar deles. Aliás, eu adoraria um dia ver um show no qual ele deixasse de lado os clássicos da melhor banda pop de todos os tempos e nos oferecesse apenas obras dos Wings e de sua prolífica trajetória individual. Seria lindo! Sei que não vai acontecer, mas sonhar é preciso.

O legal é que, aparentemente, Paul não liga para esse desinteresse que parte do seu fã-clube tem em relação ao seu trabalho pós-beatle. Continua trabalhando duro, com prazer e sempre nos oferecendo o que ele pode de melhor. Acerta muito, e quando erra, é sempre por razões nobres, e nunca devido a tentativas de ser comercial demais, ou de fazer concessões demais, ou de dar uma de “moderninho demais”. Ele se diverte, sempre, e nos diverte por tabela.

New é um disco simplesmente delicioso, no qual ele troca figurinhas com gente importante da música pop atual, como Paul Epworth, produtor, compositor e músico que tem no currículo parcerias com Adele nos megahits Rolling In The Deep e Skyfall. A dobradinha assina dois petardos do novo álbum, a vigorosa faixa de abertura Save Us e o single matador Queenie Eye, aquele em cujo clipe temos uma festa de celebridades.

Também estão em cena na produção gente como Giles Martin (filho de George Martin, o produtor dos Beatles), Mark Ronson (produtor de Amy Winehouse e filho de Mick Ronson, o guitarrista dos Spiders From Mars de David Bowie) e Ethan Johns (filho de Glynn Johns, produtor de The Who, Rolling Stones, The Eagles e tantos outros, e ele próprio produtor de Kings Of Leon, Crosby Stills & Nash, Kaiser Chiefs etc). Entre os músicos, temos os integrantes de sua atual e ótima banda de apoio.

O repertório da edição de New lançada no Brasil, a Deluxe, traz 15 faixas, sendo três delas incluídas como bônus (Scared, a última, entrou de forma “secreta”, pois não é listada no encarte ou na contracapa do álbum). Os climas variam, indo de rock eletrônico energético a baladas folk ou até um envolvente blues mais rústico (Get Me Out Of Here).

Os fãs dos Beatles certamente vão tirar o lenço e deixar cair boas lágrimas ao ouvir a balada folk Early Days, na qual Paul relembra seus primeiros tempos no universo musical de uma forma lírica como só ele sabe fazer. New, a faixa título, é pura energia, Hosanna é som pop com tempero caprichado, e por aí vai. E vai bem. Cada audição nos dá mais prazer.

O segredo é esse. Quando você for ouvir o novo álbum de Paul McCartney, esqueça de tudo o que ele já fez e tente se ater apenas ao presente, como nos ensinou em 1986 o grande Roberto Muggiatti. Dessa forma, fica fácil entender o porque esse cara é quem ele é: um gênio que não se cansa de nos proporcionar novas pérolas pop de altíssimo quilate, mesmo sem precisar, tendo em vista tudo o que já fez de bom. Tem artistas por aí que dariam um braço para ter em suas discografias um álbum como esse New. E nunca terão. Nunca terão!

Veja o clipe de Queenie Eye, de Paul McCartney:

Johnny Marr e seu belo CD solo The Messenger

Por Fabian Chacur

No ano em que irá comemorar 50 anos de idade, Johnny Marr enfim resolve encarar um momento solo. Em seus mais de 30 anos de carreira musical, o guitarrista, cantor e compositor britânico dedicou seus esforços a grupos próprios e a trabalhos alheios. Desta vez, ele nos oferece The Messenger, 1º trabalho individual. E se deu muito bem.

Considerado um dos melhores guitarristas e compositores da história do rock, Johnny Marr entrou para a história inicialmente como integrante dos Smiths. Tendo como parceiro o cantor Morrissey, ele compôs grandes clássicos e gravou álbuns e singles inesquecíveis com a banda, entre 1982 e 1987.

Depois do fim daquele grupo, integrou bandas como Electronic, Pretenders, The The, Modest Mouse e The Cribs e gravou e/ou fez shows com nomes do gabarito de Pet Shop Boys, Talking Heads, Bryan Ferry e muitos outros. Ele também liderou a banda Johnny Marr And The Healers, o mais próximo que esteve até então de ser um artista solo.

The Messenger (lançado no Brasil pela Warner) é um álbum compacto, sem exageros nem ambições exageradas. Trata-se de um trabalho de rock melódico, repleto de boas canções e centrado em torno delas. Marr não abriu mão de seu principal talento, que é o de adornar com raro bom gosto e muita criatividade as belas canções que escreve.

Um tempero de Smiths surge em alguns faixas, especialmente na que abre o álbum, a ótima The Right Thing Right, que lembra um pouquinho Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before (título que se torna irônico pela comparação), mas sem cair no plágio ou na autoreferência preguiçosa.

I Want The Heartbeat é um rockão bem sacudido, enquanto Lockdown cativa pela intensidade, riff perfeito de guitarra, bela melodia e um refrão certeiro. A faixa-titulo traz leves toques psicodélicos, e uma letra irônica, que afasta de si a pretensão de ser “um mensageiro”, ou seja, um “profeta pop” ou coisa do gênero.

Sun And Moon, com seu riff a la Kinks, e o rockão com letra descabelada Word Starts Attack são outros bons momentos de um álbum sem excessos nem sobras. Outro mérito de Marr é se valer com categoria de sua voz de timbre comum e pequena extensão, tornando-a muito mais agradável do que poderia se esperar.

The Messenger é um trabalho extremamente bem formatado, no qual fica fácil entender o porque Johnny Marr continua sendo tão influente entre as novas bandas. Poucos músicos conseguem ter um estilo tão marcante e usá-lo de forma tão sensata e com tanta habilidade como ele, que não poderia ter estreado melhor como artista solo.

Ouça The Messenger, com Johhny Marr:

Peter Gabriel conta história de So em DVD

Por Fabian Chacur

Em 1986, Peter Gabriel era um artista que possuia um público fiel e cuja discografia atraia fãs mais sofisticados e intelectualizados. Vendia discos de forma razoável, mas não era daqueles que lideravam as paradas de sucesso. Havia quem só o conhecesse como ex-vocalista do Geneis, banda inglesa que deixou em 1975.

Naquele ano, no entanto, esse cenário mudaria de forma radical. Com o estouro do single Sledgehammer e do álbum no qual foi incluído, So, o cantor, compositor e músico britânico estourou em termos mundiais, ponteando até mesmo a difícil e disputada parada americana.

O DVD So- The Definitive Authorised Story Of The Album, novo título da série Classic Albums, conta como Gabriel concebeu e gravou o seu álbum mais bem-sucedido em termos comerciais, e cuja qualidade artística é também refinada e muito bem realizada.

A parceria entre Gabriel e o produtor Daniel Lanois, a importância da participação de músicos como Jerry Marotta, Laurie Anderson, Tony Levin e Manu Katché, as gravações feitas em um estúdio montado pelo astro em um local tipicamente campestre na Inglaterra e a concepção de cada faixa são apresentadas com muitos detalhes.

Outro ponto explorado é a importância do videoclipe de Sledgehammer, que se valeu de modernos recursos visuais e cuja exibição constante na MTV ajudou a multiplicar sua popularidade perante o público jovem, além de gerar a demanda para a criação de clipes para outras canções de So como Big Time, Red Rain e Don’t Give Up.

A mistura sonora proposta por Gabriel, que funde rock, funk, soul, ritmos africanos e experimentalismo, conseguiu mesclar inovações a um formato passível de ser apreciado pelo público médio sem afastar aqueles que seguiam sua carreira solo desde o seu início, em 1977. O famoso “juntar a fome com a vontade de comer”.

A revelação mais curiosa do documentário é o fato de que Peter Gabriel pensava inicialmente na cantora country-pop e atriz Dolly Parton para gravar em dueto com ele a canção Don’t Give Up, tarefa que acabou sendo desempenhada com brilhantismo por Kate Bush. Como ficaria essa música na voz da intérprete de Nine To Five?

O documentário é completado por mais de 35 minutos adicionais na seção de extras, com direito a entrevistas expandidas e o making of do clipe Sledgehammer. Mais um belo lançamento dessa seminal série Classic Albums, uma verdadeira enciclopédia em formato DVD de alguns dos mais importantes álbuns da história do rock.

Clipe de Sledgehammer, de Peter Gabriel:

Veja o trailer do documentário sobre o álbum So:

Mumford & Sons triunfam no Grammy 2013

Por Fabian Chacur

O Mumford & Sons abocanhou o principal troféu da 55ª edição do Grammy, o Oscar da música, entregue na noite deste domingo (10) nos EUA. A promissora banda britânica levou na categoria Álbum do Ano com o seu excelente Babel (leia crítica aqui), em uma noitada com boas notícias para a música popular em geral.

Na categoria Record Of The Year (Single do Ano, dedicada ao produtor e ao autor da música premiada), por exemplo, venceu a deliciosa canção pop Somebody That I Used Know, do belga Gotye, em dueto com a cantora Kimbra. Gotye também faturou na categoria Best Alternative Music Album, com Making Mirrors. Gotye compõe e produz suas músicas, e tem forte veia pop.

Embora meio exageradinho, o som pop do trio Fun., oriundo de Nova York, é bacana e também mereceu levar nas categorias Revelação do Ano e Canção do Ano (com We Are Young), embora eu preferisse a contagiante e grudenta Call Me Maybe, de Carly Rae Jepsen. E Adele levou seu sétimo troféu (o único no qual concorreu este ano) com a versão ao vivo de Set Fire To The Rain, no quesito Performance Pop Solo. De quebra, ela entregou o troféu do Mumford & Sons.

Se não faturaram nas categorias principais, os rappers Jay-Z e Kanye West e o grupo Black Keys levaram três troféus cada em suas respectivas praias (rap e rock), enquanto Paul McCartney representou a geração dos anos 60 ao ganhar, com seu álbum Kisses On The Bottom (leia a crítica aqui) como Melhor Álbum Pop Tradicional.

A cerimônia, como de costume, foi repleta de apresentações musicais, e algumas foram realmente marcante. A cantora country Carrie Underwood (egressa do American Idol), por exemplo, arrasou em Blow Away, com direito a um efeito especial inédito em cerimônias desse tipo: várias imagens foram projetadas em seu vestido de forma arrebatadora.

O cantor Frank Ocean, que acabou fracassando nas categorias principais (levou em Best Urban Contemporary R&B Album), também teve seu momento de alta tecnologia ao emergir de um vídeo exibido no telão, cantar como se estivesse correndo dentro do mesmo e depois retornar ao vídeo, de forma simplesmente mágica. Pena que tenha esbanjando nervosismo em sua performance, com a voz nitidamente tremendo…

O Mumford & Sons participou do arrepiante tributo ao saudoso Levon Helm (do The Band-leia sobre ele aqui), uma das baixas da música em 2012. Além do grupo, estiveram na performance de The Weight feras como Elton John, Mavis Staples, T-Bone Burnett e a cantora do grupo Alabama Shakes. Stanley Clarke e Chick Corea também brilharam em um breve medley de Take Five e Blue Rondo a La Turk, homenagem a Dave Brubeck (leia sobre ele aqui).

O habitualmente recluso Prince esteve presente para entregar o troféu Record Of The Year, e elogiou os vencedores, Gotye e Kimbra, que devolveram os elogios de forma bastante emocionada. O show terminou com uma sensacional homenagem a Adam Yauch (MCA), dos Beastie Boys (leia sobre ele aqui), reunindo o rapper e ator LL Cool J (que também atuou como apresentador da cerimônia de entrega dos Grammys), Chuck D (líder do Public Enemy) e Tom Morello (guitarrista do Rage Against The Machine).

Mumford & Sons no programa de David Letterman:

Documentário mostra o genial George Martin

Por Fabian Chacur

Há exatos 50 anos, um jovem produtor britânico resolveu contratar uma ainda mais jovem banda de Liverpool que havia sido recusada por literalmente todos os seus concorrentes, incluindo a matriz do conglomerado do qual seu humilde selo Parlophone fazia parte, a EMI. Houve até quem o ironizasse. Gostaria de ver a cara desses detratores hoje…

Graças a essa decisão arriscada, o tal produtor, Sir George Martin, deu a primeira e decisiva chance para que os Beatles pudessem exibir seu talento. Nos anos seguintes, eles não só dominariam o mundo como se tornariam o mais importante grupo de música da história, seja qual for o seu estilo musical. Beatles For Ever!

Para quem deseja saber um pouco mais sobre a vida desse profissional incrível e ser humano aparentemente adorável, acaba de sair por aqui, via ST2, o documentário Produced By George Martin, que saiu este ano e foi exibido por aqui na edição 2012 do festival de documentários musicais In-Edit.

Nele, temos o relacionamento entre ele e os Beatles como tema principal, incluindo entrevistas recentes com Paul McCartney e Ringo Starr ao lado do mestre. Mas a trajetória desse verdadeiro mito da música nascido no Reino Unido em 3 de janeiro de 1926 é apresentada em toda a sua amplitude, indo além de “apenas” relacionar sua vida com os Fab Four.

Do início como estudante de música aos tempos da 2ª Guerra Mundial, o emprego como produtor na EMI, a conquista do cargo de diretor artístico do selo Parlophone, a produção de discos de comédia com o ator Peter Sellers e a descoberta de John, Paul, George e Ringo estão aqui. Também temos outros momentos marcantes de seu extenso currículo.

Entre eles, o trabalho de Martin com grupos como America, Mahavishnu Orchestra, Jeff Beck e outros, a criação de seu próprio estúdio, o Air, a forma como a versão caribenha, situada na ilha de Montserrat, foi devastada por uma dessas terríveis manifestações da natureza, e de como ele luta contra a surdez. O relacionamento com o filho, o também produtor Gilles, é outro foco bacana da atração bancada pela BBC.

Além do filme, o DVD traz como atratativo 52 minutos de material adicional, o que torna a experiência de conhecer um pouco da vida de George Martin ainda melhor. Meu amigo Raul Bianchi teve a honra de conhecer esse cara pessoalmente, quando Sir George Martin veio ao Brasil. É para se roer de inveja! Mas ao menos temos este DVD para minorar nosso prejuízo…

Veja o trailer de Produced By George Martin:

The Cult lançará seu novo álbum em maio

Por Fabian Chacur

A banda The Cult, uma das melhores da década de 1980 e repleta de bons momentos nos anos posteriores à sua fase inicial, lançará um novo álbum em breve. Mais precisamente, no dia 22 de maio de 2012.

Intitulado Choice Of Weapon, o trabalho será o primeiro gravado em estúdio desde Born Into This (2007), e contou com a produção de Chris Goss, que já trabalhou com o Queens Of The Stone Age, e do veterano Bob Rock, que trabalhou com Deus e o mundo, além da própria banda britânica.

O primeiro single a ser divulgado é For The Animals, e o vocalista Ian Astbury, que fará 50 anos de idade no dia 12 de maio, afirmou ao New Musical Express que considera um dos álbuns mais pesados da carreira do grupo, que só mantém de seu início o cantor e também o guitarrista Billy Duffy.

Depois do início como Southern Dead Cult e Dead Cult, o The Cult se firmou com dois álbuns seguidos e sensacionais, Love (1985), mais psicodélico, e Electric (1987), com forte influência do hard rock.

Eles lançaram outros trabalhos bacanas depois, especialmente Sonic Temple (1989), e se apresentaram algumas vezes no Brasil.

Ian Astbury também esteve por aqui em 2004 ao lado de dois ex-integrantes dos Doors, o tecladista Ray Manzarek e o guitarrista Robbie Krieger, interpretando com categoria os hits da banda do saudoso Jim Morrison.

Saiba os nomes das músicas de Choice Of Weapon:

Honey From a Knife
Elemental Light
For The Animals
Life & Death
The Wolf
Amnesia
Lucifer
Wilderness Now
A Pale Horse
This Night in the City Forever

Veja o clipe de She Sells Sanctuary, do The Cult:

Pyromania – Def Leppard (1983 – Mercury)

Por Fabian Chacur

Criado na segunda metade dos anos 70 na cidade de Sheffield, na Inglaterra, o Def Leppard foi um dos grupos de ponta da chamada New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM), do qual também faziam parte o Iron Maiden e o Saxon, entre outros.

A banda liderada pelo vocalista Joe Elliott e pelo baixista Rick Savage acabou se tornando a campeã de vendas desse movimento, um verdadeiro fenômeno de proporções mundiais.

Tal condição surgiu quando do lançamento de seu terceiro álbum, Pyromania (1983), recentemente relançado no formato CD no Brasil pela Universal Music.

Nesse trabalho, a formação clássica do grupo se consolidou, incluindo, além de Elliott e Savage, os guitarristas Steve Clark e Phil Collen e o baterista Rick Allen. Pete Willis, que foi substituído por Collen, despediu-se do time aqui, já na condição de ex-integrante.

Pyromania consolida a parceria do quinteto britânico com o produtor Robert John Mutt Lange, conhecido por trabalhos com AC/DC. Foreigner e inúmeros outros, que iniciou a parceria com o DL em seu álbum anterior, High ‘N’ Dry (1981).

Essa banda inglesa possui vários méritos, sendo os principais backing vocals simplesmente perfeitos, canções com refrãos matadores, instrumental conciso e potente e um cantor carismático.

O estouro de Pyromania nos Estados Unidos, país no qual atingiu o segundo lugar entre os álbuns mais vendidos (atrás apenas de Thriller, de Michael Jackson) abriu as portas para o heavy metal oitentista nas paradas de sucesso.

As dez músicas deste disco são no geral ótimas, mas a energia contagiante de Rock Rock (Till You Drop), a agitada fusão pop-metal de Photograph e Too Late For Love e a perfeição absoluta da fulminante Foolin’ podem ser destacados como momentos mais arrepiantes.

A perfeição de Pyromania no sentido de sintetizar um estilo de heavy metal que aliou com sabedoria senso melódico, energia, simplicidade sofisticada e guitarras ardidas de timbres marcantes acabou influenciando praticamente todos os que vieram depois nessa mesma praia.

Bon Jovi, Motley Crue, Poison, Cinderella e Ratt podem ser consideradas apenas algumas das inúmeras bandas que devem tributo a este impecável Pyromania.

Tipo do álbum perfeito para esfregar na cara de quem acha o heavy metal rotulado pejorativamente de “heavy cosmetical” ou “hair metal” totalmente descartável e sem discos decentes. Esse aqui é sensacional!

Veja o clipe de Foolin’, do Def Leppard:

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