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Herman Rarebell conta suas memórias com os Scorpions

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Por Fabian Chacur

De 1977 a 1995, Herman Rarebell foi o baterista de uma das bandas de maior sucesso da história do hard/heavy metal e que colocou a Alemanha no mapa desse gênero musical em termos mundiais, os Scorpions. Ele conta as histórias sobre esse período de sua carreira e também outras memórias bem bacanas sobre o antes e depois no livro Scorpions-Minha História em uma das Maiores Bandas de Todos os Tempos (Panda Books), que este crítico comprou a módicos R$ 10,00. Bom negócio!

A trajetória do baterista alemão nascido em 18 de novembro de 1949 é repleta de momentos interessantes, e ele nos conta tudo, com o auxílio do jornalista Michael Krikorian, de uma forma repleta de bom humor e sem cair na linearidade. Entre um acontecimento e outro, Rarebell dá suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, incluindo muita coisa sobre relações afetivas e sexuais e a vida de um rocker na estrada.

Quando entrou nos Scorpions, a banda já estava há seis anos na estrada, com sucesso apenas mediano. Não por acaso, a partir de sua integração no time, a partir do álbum Taken By Force (1977), as coisas foram melhorando. Uma curiosidade é saber que o músico foi selecionado pelo grupo alemão em Londres, onde Rarebell morou durante uns bons anos, tocando e participando de gravações em estúdios na cidade britânica.

Graças a seu melhor conhecimento da língua inglesa, Rarebell logo se tornou um dos principais letristas da banda, e colaborou para a composição de hits marcantes como Blackout e Rock You Like a Hurricane, entre outros. Nos anos 1980, os Scorpions entraram no primeiro time do rock internacional, e Herman Ze German (seu apelido) teria participação decisiva para que isso ocorresse, com seu carisma e talento.

A ascensão da banda, o relacionamento entre eles, a importância do produtor Dieter Dierks, as turnês, a passagem pelo Brasil no primeiro Rock in Rio em 1985, sua fase como artista solo pós 1995, está tudo lá, com detalhes bem bacanas. O texto às vezes fica “viajante” demais, mas não a ponto de atrapalhar quem deseja saber mais sobre ele e os Scorpions. Se encontrar a preço bacana, pode pegar sem susto.

Blackout– Scorpions:

Rock You Like a Hurricane– Scorpions:

Take It As It Comes– Herman Rarebell:

Lemmy no Brasil, seus filmes e mais sobre o lendário rocker

Lemmy-400x

Por Fabian Chacur

10 de março de 1989, uma sexta-feira. Foi nesse dia que ocorreu, em um hotel situado na avenida São João, em São Paulo, a primeira entrevista coletiva concedida à imprensa brasileira pelo grupo inglês Motorhead. Seu líder, o cantor, compositor e baixista Lemmy Kilmister, infelizmente nos deixou nesta segunda-feira (28), apenas quatro dias após completar 70 anos de idade. Mais um gênio da música nascido em 1945 que se foi.

Na entrevista coletiva, estavam presentes os integrantes do grupo naquela época, que eram Lemmy, Philty Animal Taylor (o baterista, que também nos deixou em 2015, aos 61 anos, no dia 11 de novembro), Wurzel (guitarra, outro já falecido, em 2011, aos 61 anos) e Phillip “Wizzo” Campbell (guitarra, agora o único ainda vivo daquela line up da banda). Os músicos foram relativamente monossilábicos, mas simpáticos, e atenderam a todos, incluindo esse crítico, que possui seu exemplar de Rock ‘N Roll autografado pelos quatro.

O primeiro show do Motorhead ocorreu no dia seguinte, 11 de março de 1989, no Ginásio do Ibirapuera. Minha lembrança é de ter saído de lá completamente surdo, de tão alto que foi a performance de Lemmy e sua turma. O repertório (veja abaixo) trazia cinco faixas do então mais recente álbum da banda, Rock ‘N Roll (1987), mais três de Orgasmatron (1986), ambos lançados no Brasil pela gravadora independente Rock Brigade Records, duas de Overkill e o clássico máximo Ace Of Spades, que encerrou o show.

Vale lembrar que várias bandas brasileiras atuaram abrindo o espetáculo (entre elas, o Vodu do amigo e baixista André Pomba Cagni), o que causou em determinado momento um tumulto com direito ao público invadindo o palco e a polícia tendo de intervir. Felizmente, deu tudo certo. No segundo show, no entanto, realizado no dia 12 de março no mesmo local, após duas músicas (Doctor Rock e Stay Clean) o equipamento deu pau. Imaginem a confusão.

No fim das contas, o público que veria o Motorhead nesse segundo show teve a chance de fazê-lo no dia 20 de março, só que desta vez no Projeto SP, que ficava então na rua dr. Sérgio Meira, na Barra Funda. Antes, o então quarteto tocou em Porto Alegre (Gigantinho, dia 15 de março) e no Rio de Janeiro (Maracanãzinho- dia 18 de março). Desde então, o Motorhead veio ao Brasil várias vezes, incluindo o Rock in Rio de 2011.

Essa primeira passagem da banda por aqui foi tão marcante que gerou até mesmo uma música, a ótima Going To Brazil, lançada em 1991 no álbum 1916 e desde então uma das presenças mais constantes em seus shows pelo mundo afora. Segundo o site Setlist, especializado em repertórios de shows, essa música é a quinta mais tocada pela banda em seus shows. Foram 847 execuções, contra 1062 de Ace Of Spades, 990 de Overkill, 945 de Metropolis e 929 de Killed By Death.

Lemmy Kilmister nasceu na Inglaterra em 24 de dezembro de 1945. Ele tocou em bandas pouco conhecidas e foi, durante cerca de três meses, roadie de Jimi Hendrix. No início dos anos 1970, tornou-se baixista e eventual cantor da banda Hawkwind, na qual se destacou. Em 1975, após gravar com eles uma canção chamada Motorhead, foi demitido do time. O limão, no entanto acabou virando…caipirinha!

Com os músicos Larry Wallace (guitarra) e Lucas Fox (bateria), Lemmy montou o grupo batizado com o título de sua música gravada pelo Hawkwind. Gravou um disco com eles, que no entanto foi recusado pela gravadora United Artists e só lançado em 1979. O baixista e cantor não desanimou, e com Fast Eddie Clark (guitarra) e Philty Animal Taylor (bateria), montou uma nova versão de sua banda, que estreou em disco em 1977 com um disco homônimo.

Com sua mistura de rock básico a la anos 1950, heavy metal e até punk, o Motorhead foi crescendo em popularidade no Reino Unido a cada novo lançamento, e virou mania com Ace Of Spades (1980), que bateu no quarto lugar da parada de lá, e o impactante ao vivo No Sleep Til Hammersmith (1981), que chegou ao topo dos charts britânicos.

Após o lançamento de Iron Fist (1982), Fast Eddie Clarke saiu da banda, e o grupo teria algumas alterações de formação nos anos seguintes. Phillip Wizzo Campbell entrou em 1984 para não sair mais. Animal saiu entre 1984 e 1987, voltando para gravar Rock ‘N Roll (1987) e ficando até 1992, substituído por Mikkey Dee. O guitarrista Wurzel entrou no time em 1984 e ficou nele até 1995, sendo que com sua saída o Motorhead voltou a ser um power trio, como no começo.

Embora fizesse um som bem pesado e agressivo, Lemmy era um cara incrivelmente sociável, e não demonstrava preconceitos musicais. Ele gravou com artistas de outros grupos e estilos, como o grupo feminino Girlschool, o rapper Ice T, o amigão Ozzy Osbourne, o cantor Whitfield Crane (da banda Ugly Kid Joe), o baterista Slim Jim Phantom (dos Stray Cats) e Brian May, do Queen. Este último participou do mais recente álbum do Motorhead, Bad Magic.

Lemmy teve também seus momentos cinematográficos. Em 1986, fez o papel de Spider na hilária comédia de humor negro britânica Eat The Rich (no Brasil, Comendo os Ricos). O filme, que conta com participações relâmpago e especiais de famosos como Paul McCartney e Bill Wyman, traz seis músicas do Motorhead em sua trilha: Eat The Rich, Build For Speed, Nothing Up My Sleeve, Doctor Rock, Orgasmatron e On The Road (live), quatro delas do então recém-lançado álbum Orgasmastron.

Outra passagem pelo cinema ocorreu no filme Airheads, comédia meio sem graça na qual faz uma participação especial e cuja melhor coisa é mesmo a música Born To Raise Hell, uma inusitada parceria que reuniu o Motorhead, o rapper Ice T (cujo lado roqueiro aflorou na banda Body Count) e o cantor Whitfield Crane (da banda de hard rock Ugly Kid Joe).

Em 2010, foi lançado o documentário Lemmy: 49% Motherfucker, 51% Son of a Bitch, no qual os fãs tiveram a oportunidade de conhecer mais de perto esse grande rocker. Mesmo doente, Lemmy levou adiante a turnê comemorativa dos 40 anos de carreira da banda, e se não conseguiu se apresentar aqui em São Paulo em abril, foi até o fim no resto dos shows. O último ocorreu no dia 11 de dezembro em Berlim.

Set list do show do Motorhead no Brasil em 11 de março de 1989:

1.Doctor Rock

2. Stay Clean

3. Traitor

4. Metropolis

5. Dogs

6. I’m So Bad (Baby I Don’t Care)

7. Stone Deaf in the U.S.A.

8. Built for Speed

9. Just ‘Cos You Got the Power

10. Eat the Rich

11. Orgasmatron

12. Killed by Death

Encore:

13. Ace of Spades

Eat The Rich– Motorhead:

Orgasmatron– Motorhead:

Going To Brazil– Motorhead:

Ace Of Spades– Motorhead:

Please Don’t Touch– Motorhead & Girlschool:

Motorhead– Hawkwind (1975):

Motorhead (live)- Motorhead:

Girlie Hell esbanja garra e um talento inato em Hit And Run

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Por Fabian Chacur

Para tocar bem o nosso amado rock and roll é preciso uma somatória de talento, garra, personalidade e perseverança que nem todos conseguem ter. A banda brasileira Girlie Hell possui esses elementos de forma generosa em seu DNA, e a prova é seu novo single, intitulado Hit And Run e lançado em compacto de vinil pelo selo Monstro Discos. Uma porrada!

Com sete anos de carreira, a banda feminina é integrada por Bullas Attekita (vocal e guitarra solo), Júlia Stoppa (guitarra base), Fernanda Simmonds (baixo) e Carlo Pasquali (bateria). No currículo, vários singles e o CD cheio Get Hard! (2012), que recebeu bons elogios quando de seu lançamento. Agora, chega a vez de duas novas canções.

Hit And Run, que traz uma capa sensacional no melhor estilo graphic novel e chega ao mercado em vinil vermelho de sete polegadas, inclui duas faixas. Gunpowder, no lado A, conta com riffs poderosos e variados, bons achados melódicos, vocais endiabrados e pique digno de um Soundgarden da vida. De tirar o fôlego do ouvinte.

No lado B, Till The End é um pouco mais crua, embora também tenha suas sutilezas disponíveis para quem souber descobri-las, entre elas um final falso. O bacana é que as duas faixas são pesadas, mas não caem em clichês ou formatos rígidos, mostrando que a banda foge do risco de se prender a fórmulas castradoras ou limitadoras.

Na verdade, o novo single deste ótimo quarteto só tem um problema: nos deixa com vontade de ouvir mais. Como a banda informa que já está compondo as músicas para um próximo álbum, vale a pena ficar atento e esperar. Se o novo material vier com a mesma pegada e urgência deste Hit And Run, os fãs do melhor rock pesado irão se dar muito bem.

Gunpowder – Girlie Hell:

Till The End– Girlie Hell:

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