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Ave Sangria anuncia álbum para breve e lança single de estúdio

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Por Fabian Chacur

A banda Ave Sangria durou pouco em sua primeira encarnação, na metade inicial da década de 1970. No entanto, marcou época com seu único trabalho de estúdio, autointitulado, lançado em 1974 pela gravadora Continental e em poucas semanas tirado de cena pela censura da ditadura militar. Graças a muita procura do público jovem via internet, três integrantes da formação original trouxeram o grupo de volta à ativa a partir de 2014, e agora nos proporcionam um single gravado em estúdio, Dia a Dia, amostra do álbum que pretendem lançar ainda este semestre, com título já escolhido, Vendavais.

Esta canção saiu pela primeira vez no álbum póstumo ao vivo Perfumes Y Baratchos (2014), registro de um show derradeiro realizado em 1975. A nova versão de estúdio mostra muito vigor e eletricidade. Marco Polo (vocal e composições), Almir de Oliveira (vocal, guitarra-base e composições) e Paulo Rafael (guitarra-solo e viola) agora tem a seu lado Juliano Holanda (baixo e vocais), Gilu Amaral (percussão) e Júnior do Jarro (bateria e vocais).

O novo álbum do Ave Sangria trará Dia a Dia e mais dez outras composições, em trabalho gravado no Rio de Janeiro, embora a banda seja uma das grandes representantes da psicodelia pernambucana. O guitarrista Paulo Rafael ficou conhecido após sair deste grupo como braço direito do conterrâneo Alceu Valença, participando de seus trabalhos mais emblemáticos. Ele também gravou três álbuns solo e integra a Primavera Nos Dentes (leia sobre eles aqui), que lançou um CD em 2017 com releituras de músicas dos Secos & Molhados.

Dia a Dia– Ave Sangria:

Yellow Submarine será exibido em Sampa com entrada gratuita

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Por Fabian Chacur

Se você é beatlemaníaco ou fã de cultura pop (ou as duas coisas) e mora em São Paulo, uma ótima notícia. Neste sábado (8), às 17h, será exibido o filme Yellow Submarine (1968), de George Dunning e estrelado por aquele célebre grupo de Liverpool. Detalhe: com resolução digital 4K e trilha remixada em surround 5.1 stereo. E melhor: com entrada gratuita. O local será o Cine Olido (avenida São João, nª 473- República- fone 0xx11-2899-7370).

Lançado em plena era psicodélica, esta animação em longa-metragem tem como cenário Pepperland, uma cidade repleta de cores, música e muito amor. Até que são invadidos pelos abomináveis blue meanies. Como salvar a pátria? Simples: chamando John, Paul, George e Ringo, que, viajando em um adorável submarino amarelo, incumbem-se de vencer os inimigos e restaurar a felicidade antes reinante. Detalhe: com muita música boa na trilha sonora, tipo All Together Now, It’s Only a Northern Song, It’s All Too Much e Yellow Submarine, entre outras. Diversão garantida em 90 viajantes minutos.

Na abertura, será exibido o curta-metragem Make It Soul (2018), ambientado em Chicago em 1965, no Teatro Regal, tendo como mestres de cerimônia e apresentadores ninguém menos do que James Brown e Solomon Burke, dois mestres da black music. São apenas 15 minutos, mas certamente muita coisa boa vai rolar, especialmente em termos musicais.

Essa adorável e bem-vinda exibição gratuita será promovida pelo Animage- Festival Internacional de Animação de Pernambuco, cuja mais recente edição, a 9ª de sua existência, foi realizada em Recife no último mês de outubro, e no qual essa edição incrementada em termos técnicos de Yellow Submarine foi exibida.

Veja o trailer de Yellow Submarine:

Marty Balin, cantor da banda Jefferson Airplane, nos deixa

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Por Fabian Chacur

Em 1978, uma das canções da trilha internacional da novela global O Pulo do Gato me conquistou por completo. Era Count On Me, do grupo americano Jefferson Starship, maravilhosa balada rock que tinha como destaque a bela interpretação de um de seus cantores, Marty Balin. Esse incrível vocalista, compositor e fundador de outra banda seminal, a Jefferson Airplane, nos deixou nesta quinta-feira (27), aos 76 anos. Uma enorme perda para o rock.

A morte de Balin foi anunciada nesta sexta-feira (28) por sua esposa, Susan Joy Balin, sem que as causas tenham sido reveladas. O artista sofreu em 2016 um ataque cardíaco que lhe deixou sequelas. A parceira, com quem teve duas filhas, divulgou um belo texto sobre o parceiro:
“Marty e eu dividimos o mais profundo amor- ele frequentemente chamava isso de nirvana-e era mesmo. Éramos todos envolvidos pelo seu amor, e sua presença estará para sempre comigo”.

Martyn Jerel Buckwald, que adotou em 1962 o nome artístico Marty Balin, nasceu em 30 de janeiro de 1942. Ele inicialmente enveredou pela música folk, mas aos poucos se envolveu com o rock. Em 1965, fundou em San Francisco o clube The Matrix, e lá surgiu a semente do que seria uma das bandas mais importantes da história do rock, a Jefferson Airplane, que teve início quando ele conheceu o cantor, compositor e músico Paul Kantner (que nos deixou em 2016, leia aqui)

O primeiro álbum do grupo saiu em 1966. No ano seguinte, seu segundo trabalho, Surrealistic Pillow, ganhou as paradas de sucesso e levou ao resto do mundo o rock psicodélico. Na banda, Marty era a voz mais apaixonada, normalmente compondo canções de amor como It’s No Secret e Today. A combinação de seus vocais com os de Kantner e da incrível Grace Slick deram à banda um material muito rico, que complementado por Jorma Kaukonen (guitarra), Spencer Dryden (bateria) e Jack Casady (baixo) gerou ouro puro.

Em 1970, no entanto, Balin preferiu seguir outros rumos, e largou o Airplane, que, não por acaso, entrou em uma fase de altos e baixos que culminou com o seu fim, lá pelos idos de 1973. No entanto, no ano seguinte, Kantner e Slick resolveram criar uma nova banda, agora intitulada Jefferson Starship, e Marty entrou nela quando seu primeiro álbum já estava praticamente pronto. Só que o grande hit daquele LP foi precisamente a faixa dele, Caroline.

Até o fim dos anos 1970, o Starship virou uma máquina de hits, entre os quais Miracles e a minha amada Count On Me. Em 1981, já fora da banda, Marty Balin iniciou a sério uma carreira-solo, que já no primeiro álbum rendeu um belo hit, a bela canção Hearts, de autoria do mesmo autor de Count On Me (Jesse Barish), que atingiu o oitavo posto na parada americana de singles. Mas seu sucesso comercial individual parou por aí.

O Jefferson Airplane e o Jefferson Starship teriam breves retornos com Balin nos anos 1980 e 1990, e o artista também investiu em lançamentos individuais, sendo que o último, The Greatest Love, saiu em 2016. Vale lembrar que Marty Balin era um grande performer ao vivo, e sofreu um terrível ataque em 1969 durante o show do Airplane no malfadado festival de rock de Altamont, capitaneado pelos Rolling Stones nos EUA e de triste memória.

Count On Me– Jefferson Airplane:

After Bathing At Baxter’s- Jefferson Airplane (1967- RCA)

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Por Fabian Chacur

Com seu segundo álbum, Surrealistic Pillow (leia sobre ele aqui), que atingiu o 3º posto na parada americana e gerou os megahits Somebody To Love e White Rabbit, o Jefferson Airplane chegou ao primeiro escalão do rock americano, nos primeiros meses de 1967. O rock oriundo de San Francisco, Califórnia (EUA) ganhava a preferência dos fãs do gênero.

Fazer sucesso não é fácil, mas mantê-lo equivale a tarefa ainda mais difícil. Para conseguir tal feito, muitos recorrem à repetição de fórmulas, com medo de errar. No caso do Airplane, eles simplesmente ignoraram quaisquer tipos de receios, e mergulharam de cabeça no que pensavam ser o caminho mais certo para a sua trajetória artística. Se o público entendesse, muito bem. Senão, a vida seguiria em frente. E foi exatamente o que eles fizeram.

O grupo americano surgiu em 1965 como um combo de folk rock, trazendo também elementos de country, blues e pop. Esse script apareceu com força no primeiro álbum deles, Jefferson Airplane Takes Off (1966). Com a saída da cantora Signe Anderson e do baterista Skip Spence e as respectivas entradas de Grace Slick e Spencer Dryden para substitui-los durante o processo de criação de Surrealistic Pillow, as coisas mudariam de forma.

Em Pillow, com Slick e Dryden ainda se entrosando com o time, temos um trabalho de transição, com o folk rock ainda se mostrando predominante e com canções em formatos mais concisos. Mas a psicodelia entrava em cena, com seus efeitos de gravação, acordes diferentes e variações no andamento nas canções. Era questão de tempo que, se tivesse coragem, esse grupo investisse em uma sonoridade ainda mais ousada e fugindo de quaisquer amarras estilísticas. Não deu outra.

Com influências jazzísticas e muito mais experiente do que seu antecessor (Skip Spence, que, na verdade, nem baterista era, tanto que saiu para montar sua própria banda, a Moby Grape, empunhando a guitarra, cantando e compondo), Dryden se entrosou feito luva com os também criativos Jorma Kaukonen (guitarra-solo) e Jack Casady (baixo). A sólida guitarra-base de Paul Kantner e o eventual piano de Grace completavam o time com perfeição.

Curiosamente, a proposta mais ousada da banda não deve ter calado fundo no vocalista Marty Balin, pois ele, mais próximo de um formato convencional (embora ótimo) de compor, assina apenas uma das músicas do álbum, Young Girl Sunday Blues. Prevalecem neste setor Paul Kantner e Grace Slick, com a trinca Kaukonen/Casady/Dryden tomando a liderança nos momentos instrumentais.

After Bathing At Baxter’s saiu no final de 1967 e equivale ao trabalho mais psicodélico e inesperado da discografia do JA. Seu repertório se divide em cinco suítes, sendo uma das sementes para o que viria a ser o rock progressivo posteriormente.

O álbum abre com Streetmasse, dividida em três “movimentos”, digamos assim: o vibrante rock The Ballad Of You & Me & Pooneil, com direito a vocalizações incisivas, a absolutamente experimental e repleta de efeitos e momentos dignos de música concreta A Small Package Of Value Will Come To You, Shortly, e a apaixonada Young Girl Sunday Blues, único momento de vocal solo de Marty Balin.

The War Is Over traz duas partes. Martha é uma envolvente mistura de rock, latinidade e, pasmem, bossa nova, com um tempero psicodélico contido nos solos hipnóticos de Jorma. Wild Time completa a “suíte” com um pique roqueiro incendiário e vocais incisivos.

Hymn To An Older Generation nos oferece duas canções bem distintas entre si. The Last Wall Of The Castle é um rock mais convencional que caberia perfeitamente em Surrealistic Pillow. Já Rejoyce figura entre os momentos mais intensos e sofisticados de Grace Slick, com direito a variações rítmicas que vão de valsa ao jazz, melodia intrincada e letra inspirada no célebre poeta James Joyce.

Com o nome How Suite It Is, entram em cena o delicioso rock Watch Her Ride, no qual a voz de Paul Kantner se destaca, e a instrumental e absolutamente psicodélica Spare Chaynge, na qual durante mais de 9 minutos Dryden, Casady e Kaukonen demonstram sua capacidade como músicos, em uma verdadeira odisseia psicodélica das mais viajantes.

Intitulada Shizoforest Love Suite, a parte final do álbum nos traz outra canção fantástica de Grace Slick, Two Heads, que recicla com muita habilidade o clima oriental de White Rabitt rumo a outros rumos, e se encerra com Won’t You Try/Saturday Afternoon, com suas vocalizações cruzadas de forma aliciante e uma letra no melhor estilo flower power, uma das obras-primas de Paul Kantner.

Embora tenha algumas canções que podem ser ouvidas fora de seu contexto original, After Bathing At Baxter’s funciona melhor quando ouvido do começo ao fim, como se fosse uma verdadeira sinfonia psicodélica roqueira. Mesmo em um momento no qual o público parecia mais aberto a novidades musicais, o álbum não passou do número 17 na parada ianque, vendendo bem menos do que seu badalado antecessor.

No entanto, tornou-se um dos pontos mais altos do rock psicodélico, provando que, sim, vale a pena arriscar, mesmo que isso possa causar algum prejuízo financeiro, que a banda americana recuperaria pouco depois, com sobras. Mas isso a gente conta depois…

Leia outras matérias relacionadas ao Jefferson Airplane aqui:

After Bathing At Baxter’s- Jefferson Airplane (em streaming):

O Violeta de Outono faz show em SP com formação original

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Por Fabian Chacur

O Violeta de Outono, um dos grupos mais relevantes da cena paulistana da segunda metade dos anos 1980 e ainda hoje na ativa, dará um belo presente aos seus fãs. No dia 27 de maio, às 21h30, no Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- Pompeia- fone 0xx11- 3871-7700), o grupo fará um show único no qual sua formação original se reunirá após mais de dez anos. A apresentação marca o relançamento de seu primeiro álbum, de 1987, agora em versão remasterizada.

A banda paulistana surgiu lá pelos idos de 1985, quando Fábio Golfetti (vocal e guitarra) e Cláudio Souza (bateria) saíram da banda Zero e resolveram partir para um novo projeto. Com a adição do baixista Angelo Pastorello, eles fizeram seu primeiro show em dezembro de 1985, no mitológico Teatro Lira Paulistana. Em março de 1986, fariam a primeira de uma série de apresentações no Sesc Pompeia. Naquele mesmo ano, lançaram o seu primeiro EP, pelo selo Wop Bop, cuja repercussão foi tão boa que os levou rumo a uma grande gravadora.

Eles receberam o convite do Plug, selo exclusivo de rock criado pela gravadora BMG-Ariola, e estrearam por lá com Violeta de Outono (1987). O álbum conseguiu ótima repercussão perante o público roqueiro, com um rock psicodélico e autoral com influências progressivas e músicas como Outono e Dia Eterno, e também uma incrível releitura para Tomorrow Never Knows, dos Beatles.

O trio lançou em 1989 Em Toda Parte, e logo a seguir saíram do selo Plug. A partir dos anos 1990, o grupo passou por várias trocas em sua formação, com Fábio sendo o único a se manter de forma constante. Vale lembrar que Angelo Pastorello se tornou um dos fotógrafos mais bem-sucedidos no Brasil na área de moda.

O mais recente álbum de inéditas do Violeta de Outono, intitulado Spaces, saiu em outubro de 2016, e nele Mr. Golfetti tem a seu lado Gabriel Costa (baixo), Fernando Cardoso (teclados) e José Luiz Dinóia (bateria). Os ingressos para o show da formação clássica do grupo no Sesc Pompeia custarão de R$ 6,00 a R$ 20,00.

Outono– Violeta de Outono:

Surrealistic Pillow faz 50 anos como um marco psicodélico

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Por Fabian Chacur

Um bom disco de estreia que vendeu muito pouco, duas alterações importantes na formação e certamente o olhar atento da gravadora RCA Records (hoje, Sony Music), não muito afim de encarar outro fracasso comercial. Eis o clima envolvendo o lançamento de Surrealistic Pillow, o segundo álbum do grupo americano Jefferson Airplane, que chegou às lojas americanas em fevereiro de 1967.

A banda criada em 1965 pelo cantor e compositor Marty Balin na cidade de San Francisco vivia um momento de transição. Paul Kantner (vocal, guitarra e composições), Jack Casady (baixo) e Jorma Kaukonen(guitarra) procuravam substitutos para duas posições importantes. A boa vocalista Signe Toly Anderson preferiu largar o mundo do rock para criar o seu primeiro filho ao lado de um ativista político, afastando-se dos shows e da estrada para isso.

A saída de Skip Spence era previsível. Afinal de contas, não se tratava de um baterista de fato, e sim de cantor e compositor. Balin cismou que o cara seria o seu baterista, e durante um tempo, isso se materializou. Só que Spence era muito talentoso, e decidiu partir para montar a sua própria banda, a Moby Grape, que se tornaria cultuada no cenário do psicodelismo, e depois investiria em uma carreira-solo.

Jefferson Airplane Takes Off equivale a uma boa estreia, mostrando uma banda bem entrosada com uma sonoridade na linha do folk-country-rock e elementos do então emergente psicodelismo. Em alguns momentos, soavam muito próximos ao som do The Mamas & The Papas, um dos grandes sucessos do rock naquele momento. Mas as duas baixas ajudariam sua sonoridade a tomar rumos próprios e mais originais.

Como baterista, entrou no time Spencer Dryden, mais velho do que os outros integrantes e com forte formação jazzística. Nos vocais, uma surpresa: Grace Slick, que era a cantora de uma banda que tentava rivalizar com o Airplane na cena de San Francisco, a Great Society. Quando recebeu o convite para trocar de time, a cantora, compositora e pianista não pensou duas vezes. Ela sabia que teria muito mais chances de atingir o estrelato com o outro time.

Se Dryden se encaixou feito luva com Jorma e Casady, dois músicos com grandes recursos técnicos, Grace se mostrou ideal para impulsionar a banda rumo ao primeiro time do rock americano. Carismática, vozeirão e de uma beleza agressiva, ela de quebra ainda trouxe duas músicas do repertório do Great Society, a de sua autoria White Rabbit e Somebody To Love, de seu ex-cunhado Darby Slick. Bingo!

Foram exatamente essas duas canções que abriram as portas das paradas de sucesso para o JA. Lançada em single em abril de 1967, Somebody To Love atingiu o 5º posto na parada ianque e se tornou um dos hinos do chamado Verão do Amor. Por sua vez, White Rabbit virou um marco do psicodelismo, com seu andamento inspirado no Bolero de Ravel e letra baseada em Alice no País das Maravilhas. Saiu como single em junho daquele ano e chegou ao 8º lugar nos charts.

Embora excelentes, essas canções são apenas a ponta do iceberg aqui analisado. Surrealistic Pillow é uma das obras primas do rock psicodélico, e um dos campeões de vendagem nesse segmento roqueiro. Traz como característica canções mais concisas do que a média do estilo, mas com muita invenção e diversidade, além de uma performance vocal e instrumental dignas de uma banda do seu porte.

Além do incrível entendimento entre Dryden, Casady e Kaukonen, o Airplane trazia como armas o fato de ter três grandes vocalistas (com Jorma como uma espécie de D’Artagnan, cantando vez por outra). A voz potente de Grace se encaixou feito luva com a interpretação apaixonada e intensa de Marty Balin, e com o vocal de alcance médio, mas muito bem colocado, de Paul Kantner. Um trio de forte calibre.

O álbum possui várias colorações sonoras. She Has Funny Cars e 3/5 Of a Mile in 10 Seconds são dois rocks incisivos. My Best Friend (de Skip Spence) e How Do You Feel (do obscuro Tom Mastin) são as que mais se assemelham ao estilo do álbum de estreia, e são boas. O lirismo de Balin se manifesta na intensa Today e na introspectiva e dolorida Comin’ Back To Me. Jorma esbanja técnica e categoria na instrumental Embryonic Journey, que é só ele no violão e nada mais.

D.C.B.A-25 mostra Paul Kantner e Grace Slick terçando vozes, eles que acabaram se tornando um casal durante os anos de ouro do Airplane. O álbum se encerra com a vibrante Plastic Fantastic Lover, conduzida por uma levada compassada de bateria e uma linha de baixo genial, sendo que o vocal meio falado de Balin pode ser considerado como uma espécie de pré-rap. Não sei como nenhum artista dessa área pensou em regravá-la, tão óbvio é se associar seu pioneirismo nessa direção.

Surrealistic Pillow tornou o Jefferson Airplane popular, atingindo o 3º lugar na parada americana e abrindo os caminhos para que a banda se tornasse uma das mais cultuadas naqueles anos de ouro do rock, com direito a participações marcantes nos festivais de Monterey (1967), Woodstock e Altamont (ambos em 1969). Abriria as portas para discos ainda melhores, mas isso fica para uma futura resenha.

Surrealistic Pillow- Jefferson Airplane (em streaming):

Lindo Sonho Delirante é livro com um padrão internacional

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Por Fabian Chacur

Conheci o Bento Araújo quando ele trabalhava na mitológica e saudosa Nuvem Nove Discos, ponto de encontro para se conseguir os melhores CDs, DVDs, LPs e outros itens relativos a música e também para se conviver com grandes figuras ligadas a esta cena. Lá se vão uns 20 anos, mais ou menos. E quanta coisa se passou desde então… Até chegarmos a esse seu primeiro livro, o incrível Lindo Sonho Delirante- 100 Discos Psicodélicos do Brasil. Que bela trajetória!

Durante esses anos incríveis, ele se formou em jornalismo, comprou inúmeros livros, discos e quetais, criou o histórico Poeira Zine em 2003 e esteve envolvido em diversos projetos bacanas ligados à música. Seu trabalho sempre teve como marcas a busca pelas informações corretas, a troca de figurinhas com pessoas importantes para a música no Brasil e principalmente uma paixão sem limites por seu objeto de estudo. Além, é claro, de um texto impecável.

Seu primeiro livro chega em momento de maturidade pessoal, e isso reflete no conteúdo. Viabilizado com financiamento coletivo a partir do site Catarse, Bento não mediu esforços para que o seu trabalho tivesse o mesmo altíssimo padrão daqueles lançamentos americanos e ingleses que possui em seu rico acervo. Nivelou por cima, o que certamente deve ter dificultado um bocado a realização desse verdadeiro “sonho maluco do seo Bento”. Mas valeu a pena!

Lindo Sonho Delirante- 100 Discos Psicodélicos do Brasil é uma publicação deslumbrante a partir de sua apresentação visual, simplesmente perfeita em termos de edição, diagramação, capa etc. Uma de suas grandes sacadas é o fato de ser uma edição bilíngue português-inglês, o que certamente a torna bem atraente para os fãs de música dos quatro cantos do planeta.

A concepção do conteúdo é simples. Bento compilou 100 lançamentos, entre compactos simples, compactos duplos e LPs de vinil lançados por artistas brasileiros entre 1968 e 1975 e que se encaixam dentro do conceito de uma psicodelia musical à moda brasileira. Cada verbete traz textos concisos, informativos e opinativos sobre os lançamentos, com direito a reprodução de suas respectivas capas e relação de músicas.

Os títulos escolhidos trazem desde figurinhas carimbadas da nossa música como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes e Secos & Molhados até obras raríssimas de nomes obscuros como Marconi Notaro, Loyce & Os Gnomos e Liverpool, além de alguns inesperados para a maioria das pessoas, como João Donato e Ronnie Von. O livro mostra como o estilo psicodélico foi adaptado pelos músicos no Brasil e ganhou uma cara própria, original e marcante.

Lógico que algumas escolhas podem ser contestadas, enquanto outros ausentes certamente mereceriam estar aqui (tipo um Tim Maia Racional Volume 1, por exemplo), mas isso é totalmente secundário, pois não há como agradar a todos em uma seleção desse tipo. Uma dica é que você vez por outra encontra pequenas, mas importantes, diferenças entre os textos em português e em inglês, com direito a informações adicionais. Leia os dois, portanto.

O texto de introdução faz uma bela contextualização do universo musical abrangido por Bento Araújo, além de justificar seus critérios de escolha. Lindo Sonho Delirante (título de uma música gravada por Fábio, aquele do hit Stella e amigo do Tim Maia) é publicação essencial para quem curte ler sobre música brasileira, e coloca uma baita responsabilidade nas costas do autor: como lançar um próximo livro com este mesmo altíssimo nível? Mas não se assustem se esse cara atingir esse objetivo…

Mais informações sobre o livro aqui .

Lindo Sonho Delirante (LSD)- Fábio:

Bento Araújo e crowdfunding para concretizar o seu sonho

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Por Fabian Chacur

Crowdfunding é uma palavra complicada para explicar uma coisa simples: vaquinha virtual. É o que esse tipo de ação busca, arrecadar dinheiro para viabilizar projetos culturais com pessoas que se interessem por eles. E é exatamente o que Bento Araújo está fazendo atualmente para tentar obter a verba que precisa para produzir e lançar seu 1º livro, Lindo Sonho Delirante- 100 Discos Psicodélicos do Brasil (1968-1975).

Até o dia 16 de agosto, o site catarse (entre aqui) abriga a campanha para a concretização do projeto deste talentoso jornalista, crítico musical, pesquisador e músico. Até o dia em que este post foi escrito, ele já havia conseguido contabilizar R$ 37.650,00, sendo que sua meta mínima é de R$ 45.000,00. Ou seja, pelo andar da carruagem, a obra irá se concretizar, para felicidade de quem gosta de livros sobre a nossa riquíssima música brasileira. Saiba como colaborar e os respectivos valores, além de outros detalhes, no link do Catarse.

Bento Araújo trabalhou em lojas de discos como a saudosa Nuvem Nove até iniciar seu bem-sucedido Poeira Zine. A publicação durou de 2003 até recentemente, gerando 69 edições e se tornando verdadeira referência em relação ao rock e à música brasileira de qualidade, especialmente as raridades. Ele também teve diversas matérias publicadas em órgãos de imprensa como O Estado de S.Paulo, Folha de São Paulo, revista Rolling Stone e vários outros.

Com 228 páginas coloridas, tamanho 21 centímetros de altura por 19.5 de largura e edição bilíngue português/inglês, o livro (cujo título dá, não por acaso, a sigla LSD, alucinógeno sempre relacionado ao cenário psicodélico) traz resenhas e informações detalhadas sobre 100 discos brasileiros psicodélicos, indo desde trabalhos conhecidos como Tropicália Ou Panis Et Circencis (de 1968, considerado por Bento o marco zero da cena psicodélica tupiniquim) até Paêbiru (1975, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, o título mais recente incluído).

O elenco de artistas selecionados é amplo, trazendo obras de Mutantes, Daminhão Experiença, A Bolha, Casa das Máquinas, Arthur Verocai, João Donato, Marcos Valle e outros. Também temos um texto dando uma geral nessa cena e contextualizando o gênero dentro do panorama nacional e mundial. Tipo da publicação que tem tudo para se tornar clássica, levando-se em conta o alto nível do trabalho de Araújo. O preço do livro deve girar em torno de R$ 95,00, inicialmente comercializado apenas pelo autor. Saiba mais no link do catarse.

Arthur Verocai- LP em streaming (1972):

Tropicália ou Panis Et Circences em streaming (1978):

Paêabirú- Lula Cortez e Zé Ramalho (1975) em streaming:

Signe Anderson nos deixa no mesmo dia de Paul Kantner!

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Por Fabian Chacur

A vida às vezes nos prega umas peças duras de serem aceitas. No dia 28 de janeiro de 2016, ou seja, há apenas cinco dias, lamentei profundamente a morte de Paul Kantner, fundador de uma de minhas bandas favoritas, a Jefferson Airplane (leia aqui). Pois aquele dia ainda teve outra surpresa lamentável para mim. Só agora fiquei sabendo que outro integrante da mesma banda se foi na mesma data de Kantner. Trata-se de Signe Anderson, a primeira vocalista do grupo. Dá para encarar?

Signe Toly Anderson morreu no mesmo dia 28 de janeiro de 2016 em que Paul Kantner se foi, e com a mesma idade. Ambos nasceram em 1941 e faleceram com 74 anos, sendo que o criador do Airplane fazia aniversário no dia 12 de março, e a cantora no dia 15 de setembro. Ela, que durante a vida teve de lutar contra vários e sérios problemas de saúde, incluindo um câncer ainda nos anos 1970, foi vítima de problemas envolvendo seus pulmões.

Nascida em Seattle e criada em Portland, Oregon, Signe começou seu envolvimento com a música cantando folk e jazz em bandas locais. Ela foi convidada a entrar no Jefferson Airplane quando a banda nem havia ainda sido batizada, em 1965, para ser o grupo residente do bar Matrix, em San Francisco, e provou que tinha muito carisma e uma voz deliciosa e versátil. Em pouco tempo, a banda se destacou no cenário da Bay Area.

Em 1966, o grupo americano lançou seu álbum de estreia, Jefferson Airplane Takes Off, e nele a presença de Signe era marcante. Seus solos vocais em Chauffeur Blues e And I Like It, com fortes pitadas de blues, e na melódica Come Up The Years, com uma vocalização folk e melódica que lembra a dos The Mamas And The Papas, ela mostrou que tinha tudo para se tornar uma das cantoras mais badaladas do rock. Até que….

Ela casou em 1965 e teve sua primeira filha em 1966. Com o tempo, ficou claro que ela não conseguiria cuidar adequadamente da sua garotinha e assumir o posto de cantora de uma das bandas mais solicitadas do rock da época, e em julho anunciou aos colegas que sairia do time. Um pedido do empresário Bill Graham a manteve com eles até outubro, mais precisamente até o dia 15 de outubro.

Naquele dia, Signe fez seus dois derradeiros shows com o Airplane, e um deles foi gravado e lançado apenas em 2010 com o título Live At The Fillmore Auditorium 10/15/1966, como parte da série Collectors Choice Music Live da Sony Music. No dia seguinte, Grace Slick, ex-cantora do grupo The Great Society, assumiu o seu posto, e nos meses seguintes o grupo se tornou um dos mais populares do rock psicodélico.

Enquanto isso, a jovem mamãe voltou para Oregon, cantando com o grupo Carl Smith And The Natural Gas Company, na qual se manteve até os anos 1970. Era uma banda pequena e local, que lhe permitia cuidar da sua menina. E logo viria outra filha. Ainda naqueles anos, teve de lutar contra um câncer, mas felizmente se safou, mas a saúde sempre lhe pregou peças, nos anos que se seguiriam.

Alguns sortudos tiveram a chance de ver canjas eventuais dadas por Signe Anderson com o Jefferson Starship, o Hot Tuna e a KBC Band, o máximo que ela se aproximou novamente do mainstream do rock. Em deliciosa entrevista concedida em 2010 à radialista Iris Harrison (ouça aqui ), Signe se mostrou jovial e nada arrependida de sua decisão. “Você tem de ver as prioridades em sua vida, o que de fato importa, e a minha filha precisava de mim”, comenta, sobre sua saída do Airplane.

Jefferson Airplane: Live at The Fillmore Auditorium 10/15/66 Signe’s Farewell (conheça as músicas incluídas no CD):

1.”Jam” (Signe Anderson, Paul Kantner, Marty Balin, Jorma Kaukonen, Jack Casady, Spencer Dryden)
2.”3/5 of a Mile in 10 Seconds” (Balin)
3.”Runnin Round This World ” (Balin, Kantner)
4.”Tobacco Road” (John D. Loudermilk)
5.”Come Up The Years” (Balin, Kantner)
6.”Go To Her” (Kantner, Irving Estes)
7.”Fat Angel” (Donovan Leitch)
8.”And I Like It” (Balin, Kaukonen)
9.”In the Midnight Hour” (Wilson Pickett, Steve Cropper)
10.”Goodbye To Signe 1″ (Balin)
11.”Chauffeur Blues” (Lester Melrose)
12.”High Flyin’ Bird” (Billy Edd Wheeler)
13.”Goodbye To Signe 2″ (Bill Graham)

Chauffeur Blues– Jefferson Airplane:

And I Like It– Jefferson Airplane:

Come Up The Years– Jefferson Airplane:

Paul Kantner: como eu virei fã do incrível Jefferson Airplane

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Por Fabian Chacur

Mais uma vez faço um post doloroso aqui em Mondo Pop. Meus ídolos andam dando adeus ao mundo em doses muito grandes, nos últimos tempos. Desta vez, foi Paul Kantner, cantor, guitarrista e compositor americano, criador de uma de minhas bandas favoritas, a Jefferson Airplane. Ele nos deixou nesta quinta-feira (28), vitima de falência múltipla de órgãos, após ter tido um ataque cardíaco no início desta semana. Perda mais do que lamentável.

Em 1978, como parte integrante da trilha sonora da novela global O Pulo do Gato, a música Count On Me fez sucesso no Brasil. Ao comprar esse LP, tive contato pela primeira vez com uma música do que chamaria de “Família Airplane”. Com a nave mãe, ou seja, o Jefferson Airplane, só fui ter contato lá pelos idos de 1982-1983. E foi graças ao amigo jornalista Ayrton Mugnaini Jr., em duas ações decisivas por parte dele.

A primeira foi me vendendo, a preço módico, raras edições da seminal revista brasileira Rock, dos anos 70, com biografias bacanas de várias bandas, entre elas a Jefferson Airplane. Ao ler sobre eles, fiquei curioso para saber como era o som dos caras, e o Mug, de forma generosa, emprestou-me os dois Lps que tinha do grupo americano, After Bathing At Baxter’s e Volunteers. Aí, como diria o poeta, danou-se. Vício!.

O próximo passo foi ir nos sebos da vida atrás desses dois discos e também dos outros do JA. Foi duro, visto que apenas o primeiro saiu por aqui, e era até mais raro do que os importados. Aos poucos, completei a coleção, lá pelos idos de 1985. Nem é preciso dizer que, na onda, acabei também indo atrás de vários trabalhos do Jefferson Starship e de outras configurações musicais envolvendo integrantes do JA.

Paul Kantner era uma espécie de mestre zen da banda, que criou em 1965 em San Francisco com o também genial cantor e compositor Marty Balin. Desde o início, a sonoridade dos caras apontava para novos rumos em termos sonoros, embora tenha começado mais próximo do folk rock com boas harmonias vocais a la Byrds e The Mamas And The Papas. O 1º disco, Jefferson Airplane Takes Off (1966), apontava nessa direção.

Naquele mesmo ano, duas trocas na formação se mostraram decisivas na orientação musical do grupo. A boa cantora Signe Anderson deixou a carreira musical, e foi substituída por Grace Slick, até então vocalista do grupo Great Society e que trouxe com elas as músicas White Rabbit e Somebody To Love. A outra alteração veio com a saída do adaptado baterista Skip Spence (que depois montaria a ótima banda Moby Grape, tocando guitarra e cantando).

Se Kantner era o compositor intelectualizado e ligado a ficção científica e temas do gênero, Marty Balin era paixão pura, especialmente na hora de cantar. Grace tornou-se a parceira ideal para harmonizar com os outros dois, em combinações vocais ácidas, ardidas e repletas de beleza. Mas que atingiam o auge graças ao acompanhamento instrumental de seus colegas de time: Jack Casady (baixo) e Jorma Kaukonen (guitarra).

Unidos ao novo baterista, Spencer Dryden, com suas influências jazzísticas, Casady e Kaukonen acresceram ao som do Airplane uma imprevisibilidade matadora. Isso, sem cair em uma maluquice completa. Som psicodélico de primeira, provavelmente o melhor feito no cenário musical americano. E Surrealistic Pillow (1967), seu segundo álbum, os levou aos primeiros lugares da parada ianque.

After Bathing At Baxter’s veio ainda em 1967, e é provavelmente o meu álbum favorito de rock psicodélico, levando ainda mais longe as ousadias do álbum anterior e entrando em uma fusão sonora que inclui até elementos de bossa nova, dá pra encarar? Nunca vou me esquecer da primeira vez que ouvi esse álbum. E que fique registrado: nunca me vali de drogas para ouvir os discos do grupo. Desnecessários esses aditivos para apreciar música tão ousada e boa.

Em 1968, veio Crown Of Creation, espécie de síntese da concisão de Pillow com a piração de Baxters, gerando outro trabalho clássico. E em 1969, era a vez do engajado Volunteers, com sua enfurecida faixa título e maravilhas como Wooden Ships (parceria de Paul Kantner com os amigos David Crosby e Stephen Stills), mantendo a aeronave nas alturas da qualidade musical. De quebra, suas participações nos festivais de Monterey (1967) e Woodstock (1969) os projetaram ainda mais perante os roqueiros mais antenados.

Vale ainda citar o álbum ao vivo Bless Its Pointed Little Head, lançado em 1969 e um belo registro dessa fase áurea do Airplane, com direito a versões turbinadas e aceleradas de seus hits e também algumas faixas inéditas na interpretação do grupo, como a deliciosa Fat Angel, de Donovan Leich, e The Other Side Of This Life, do grande compositor Fred Neil, o autor da célebre Everybody’s Talking, trilha do filme Midnight Cowboy e gravada por Harry Nilson.

Aí, veio a tempestade. Inicialmente com a participação da banda no desastrado festival de Altamont, promovido em 1969 pelos Rolling Stones nos EUA, no qual Marty Balin foi atacado em pleno palco. Parecia o prenúncio de tempos não muito bons. E para a banda não foram mesmo. Balin saiu fora, Spencer Dryden também, e quando voltou, em 1971, o Airplane não era mais o mesmo. Lançou dois discos de estúdio irregulares (Bark, de 1971 e Long John Silver, de 1972) e o ao vivo Thirty Seconds Over Winterland (1973) e saíram de cena.

Em 1970, no entanto, surgia a semente do que viria a ser o futuro de Paul Kantner. Ele resolveu aproveitar um período de parada do Airplane e gravou e lançou naquele mesmo ano o primeiro disco solo, Blows Against The Empire, com temática de ficção científica, ótimas músicas como Mau Mau (Amerikon), Have You Seen The Stars Tonite? e A Child Is Coming e participações especiais de gente como Grace Slick, Jack Casady, Jerry Garcia, Mickey Hart e David Freiberg.

O álbum veio creditado a Paul Kantner e Jefferson Starship, nome de certa forma brincando com a temática futurista das canções incluídas nele. Mas esse nome acabou sendo escolhido por Kantner para a banda que sucederia o Airplane. Antes, Kantner lançaria álbuns em dupla com a então esposa Grace Slick e também um com o casal e o músico David Freiberg. Seria o embrião para o que viria a seguir.

Com uma proposta um pouco mais pop, mas não menos roqueira, o Jefferson Starship lançou seu primeiro álbum em 1974, Dragonfly, com boa repercussão e músicas bacanas como Ride The Tiger, uma das grandes composições de Paul Kantner. Dos tempos do Airplane, sobraram Kantner, Slick e, na última hora, Balin. O álbum seguinte, Red Octopus, chegou ao primeiro lugar na parada americana, façanha que a nave original só conseguiu nas paradas de singles.

Até o início dos anos 80, o Jefferson Starship continuou frequentando as paradas de sucesso, com hits como Count On Me e Jane. Até que Paul Kantner resolveu sair fora do time, que a partir dali virou Starship, mantendo apenas Grace Slick dos bons tempos e emplacando hits mais pop como We Built This City e Sarah.

Enquanto isso, Paul Kantner montou uma nova banda com dois ex-colegas de Airplane, a KBC Band, ao lado de Marty Balin e Jack Casady. Rendeu um único (e bacana) disco em 1986. Aí, em 1988, a surpresa: a volta do Airplane com sua formação clássica (sem Spencer Dryden), para o lançamento de um único disco (autointitulado) e nada muito além disso. Paul Kantner voltou a ficar mais visível a partir de 1992.

Foi naquele ano que ele reviveu a marca Jefferson Starship, inicialmente com o nome adicional The Next Generation. Shows vieram, com participações de antigos colegas da família Airplane, como Grace Slick, Jack Casady e Marty Balin. Em 1999, lançaram o ótimo CD Windows Of Heaven, incluindo faixas como a empolgante I’m On Fire, de Paul Kantner e participação destacada de Grace Slick nos vocais. O último CD de inéditas, Jefferson’s Tree Of Liberty, saiu em 2008.

Em 2013, o Jefferson Starship esteve no Brasil e tocou no Manifesto Bar, em São Paulo, no dia 8 de agosto. Na formação, além de Paul Kantner, outro conhecido: David Freiberg, que integrou o Airplane em sua fase final e o Starship nos anos 1970. Infelizmente, o ingresso caro me impediu de ver o show. Ah, se arrependimento matasse…

Ouça Blows Against The Empire- Paul Kantner e Jefferson Starship:

Wooden Ships– Jefferson Airplane:

Ride The Tiger– Jefferson Starship:

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