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Por Fabian Chacur

Conheci Rolando Boldrin através da maravilhosa Tema Pra Juliana, canção incluída na trilha da novela Os Inocentes (1974), da qual minha saudosa mãe Victoria gostava tanto que o meu não menos saudoso irmão Victor comprou o compacto simples para ela. Desde então, sempre o admirei e muito. Ele infelizmente nos deixou nesta quarta-feira (9), aos 86 anos de idade, após dois meses internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Lógico que o currículo desse grande nome da cultura brasileira vai bem além dessa linda musica. Nascido em 22 de outubro de 1936 em São Joaquim da Barra (SP), ele foi cantor, compositor, músico, poeta, ator, apresentador de TV e um dos maiores divulgadores da cultura popular da história desse país.

Boldrin atuou como ator em novelas de sucesso dos anos 1960, 1970 e 1980, entre as quais O Direito de Nascer, As Pupilas do Senhor Reitor, Mulheres de Areia, Os Inocentes, A Viagem e Roda de Fogo, todas em suas versões originais. No cinema, brilhou no filme Doramundo (1978), de João Batista de Andrade, só para citar um dos mais significativos.

E ele também gravou diversos discos bacanas. Mas foi como apresentador de programas de TV que ele realmente deu vasão a todo o seu talento. Ele não só apresentava, como interagia de forma deliciosa com os seus entrevistados, e também recitava poemas populares, cantava e nos dava aulas de brasilidade de verdade. Vê-lo em ação nessas atrações era delicioso e hipnótico, pois você não conseguia mudar de canal enquanto ele estivesse em cena. Lógico que se você tivesse apreço pela nossa cultura.

O mais recente deles, Sr. Brasil, ficou no ar na TV Cultura entre 2005 e agora. Outros foram Som Brasil (na Globo), Empório Brasileiro (na Band) e Empório Brasil (no SBT). A essência de todos era muito semelhante, com artistas dos quatro cantos do Brasil, desde os mais famosos até os mais desconhecidos, mas todos com algo em comum: muito talento, que Boldrin não fazia concessões a modismos ou figurinhas da moda.

Este ano, a TV Cultura exibiu um documentário sobre a sua trajetória artística, Eu, a Viola e Deus, dirigido pelo mesmo João Batista de Andrade de Doramundo. Ficar sem Boldrin, seus deliciosos causos e seus convidados talentosos será tão duro como a falta que a nossa amada Gal Costa, que se foi hoje também, faz. Que dia amargo!

Tema Pra Juliana– Rolando Boldrin: