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Universal Music Brasil inaugura canal de venda direta ao público

rita lee caixa de cds-400x

Por Fabian Chacur

Com o verdadeiro colapso ocorrido nesta década no mercado musical, especialmente no relativo à comercialização de produtos físicos como CDs, DVDs e LPs de vinil, tornou-se cada vez mais difícil encontrar lojas dedicadas a este tipo de produto no Brasil. Como forma de atender aos fãs de música que não se contentam com as plataformas digitais e desejam algo mais, a Universal Music Brasil lançou nesta quarta (26) sua plataforma de venda direta ao consumidor (entre aqui ).

A loja virtual disponibiliza não só produtos de áudio e vídeo, mas também itens relacionados como camisetas, moletons, canecas, almofadas, quadros e pôsteres, entre outros. O número de produtos disponíveis ainda é relativamente pequeno, mas já bastante significativo para um projeto em sua fase inicial, e investe em artistas dos mais diversos segmentos musicais.

Nessa primeira etapa de seu lançamento, a plataforma traz produtos licenciados dos seguintes artistas: Charlie Brown Jr., Zeca Pagodinho, The Rolling Stones e Guns N´ Roses, uma área dedicada à venda de vinil, CDs e DVDs exclusivos, além da loja oficial da badalada turnê de retorno da dupla Sandy & Junior.

“Acreditamos muito que o “físico” não acabou, apenas se transformou. Com o lançamento dessa nova plataforma inovadora, reafirmamos o nosso compromisso com os nossos artistas, apresentando produtos de alta qualidade e colecionáveis para os seus fãs”, explica Paulo Lima, o atual presidente da gravadora Universal Music no Brasil.

Os preços são bem variados, podendo ser considerados um pouco salgados em relação aos discos de vinil, mas mesmo assim não distantes do que se encontra no atual cenário brasileiro. O positivo é o fato de que esses valores podem ser parcelados em até 6x. Os preços mais atrativos são os dos CDs e DVDs, especialmente as caixas retrospectivas de artistas como Rita Lee, Os Paralamas do Sucesso, Sandy & Junior e Ney Matogrosso.

“Com a nova plataforma, a Universal aumenta a oferta de serviços prestados aos artistas e os aproximam ainda mais do seu público, com produtos exclusivos e atendimento diferenciado. E isso é só o começo”, garante Alfridsman Muzzy, CFO e responsável pelo projeto. A plataforma também oferece seus produtos com preços de atacado para que pequenos empresários possam revendê-los.

Fica a torcida para que esse ótimo projeto não esbarre nos problemas de iniciativas anteriores do setor discográfico, que sempre pecavam em relação a atendimento, eficiência na entrega dos produtos e nos preços ao consumidor final. E também para que não seja rapidamente abandonado, que aceite sugestões do público interessado e ofereça cada vez mais produtos.

The Rolling Stones lançarão a nova versão de vídeo de turnê

the rolling stones voodoo lounge capas-400x

Por Fabian Chacur

Pelo andar da carruagem, os fãs de classic rock irão ter de vender um rim ou fazer algum outro tipo de sacrifício similar, se desejarem manter suas coleções atualizadas. O novo lançamento do setor a ser anunciado é Voodoo Lounge Uncut, nova versão, ampliada, restaurada e remasterizada de um vídeo lançado pelos Rolling Stones que registra um show da antológica turnê que divulgou o excelente CD Voodoo Lounge (1994).

O lançamento, feito em parceria pela Universal Music e a Eagle Vision, chegará ao mercado mundial em 16 de novembro em diversos formatos: DVD, blu-ray, DVD+2 CDs, blu-ray+2 CDs, vinil triplo vermelho, vídeo digital, áudio digital e HD digital. Uma edição limitada da versão em vinil trará uma camiseta exclusiva. A má notícia fica para os fãs brasileiros: a Universal Music deve lançar por aqui apenas a versão em DVD.

Gravado em 25 de novembro de 1994 no estádio Joe Robbie, em Miami, o show integrou a turnê de lançamento de Voodoo Lounge, um dos melhores álbuns da carreira do grupo. Foram 134 shows por seis continentes e vistos por aproximadamente 6,5 milhões de pessoas.

Duas efemérides: foi a primeira tour sem o baixista Bill Wyman, que saiu da banda em 1993, e a primeira que passou pelo Brasil, com três shows em São Paulo (27, 28 e 30 de janeiro de 1995, no estádio do Pacaembu) e dois no Rio (2 e 4 de fevereiro de 1995, no estádio do Maracanã).

O repertório traz 27 músicas, sendo quatro delas de Voodoo Lounge, e o show conta com as participações especiais de Bo Diddley, Sheryl Crow e Robert Cray. Temos dez faixas adicionais em relação ao lançamento anterior em vídeo. Como bônus, foram incluídas cinco performances realizadas em um show da mesma turnê, realizado no Giants Stadium, de New Jersey, com músicas que não foram apresentadas em Miami.

Veja o trailer do vídeo aqui .

RELAÇÃO DAS MÚSICAS

1. Whoopi Goldberg Intro
2. Not Fade Away
3. Tumbling Dice
4. You Got Me Rocking
5. Rocks Off*
6. Sparks Will Fly*
7. Live With Me*
8. (I Can’t Get No) Satisfaction
9. Beast Of Burden*
10. Angie
11. Dead Flowers*
12. Sweet Virginia
13. Doo Doo Doo Doo Doo (Heartbreaker)*
14. It’s All Over Now
15. Stop Breakin’ Down Blues
16. Who Do You Love?
17. I Go Wild*
18. Miss You
19. Honky Tonk Women
20. Before They Make Me Run*
21. The Worst
22. Sympathy For The Devil
23. Monkey Man*
24. Street Fighting Man*
25. Start Me Up
26. It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)
27. Brown Sugar
28. Jumpin’ Jack Flash

BONUS DAS PERFORMANCES NO GIANTS STADIUM, EM NEW JERSEY (só em video):

1. Shattered
2. Out Of Tears
3. All Down The Line
4. I Can’t Get Next To You
5. Happy

Veja parte do show de New Jersey da turnê 1994/1995:

Rolling Stones lançam combo com Sticky Fingers ao vivo

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Por Fabian Chacur

Há alguns anos, virou moda no cenário rocker shows com bandas consagradas tocando na íntegra alguns de seus álbuns mais famosos. Os Rolling Stones fizeram isso em 2015, quando tocaram pela primeira e única vez ao vivo o repertório completo de Sticky Fingers. O registro desse evento histórico já está disponível no Brasil, e em vários formatos: DVD+CD, DVD+LP, Blu-Ray+CD e também nas plataformas digitais, tudo via Universal Music.

Com o título Sticky Fingers: Live At The Fonda Theatre 2015, parte integrante da série From The Vault, o combo apresenta o show realizado no dia 20 de maio de 2015 no Fonda Theatre, em Los Angeles. No DVD/Blu-Ray, temos também como bônus entrevistas com os integrantes da banda falando sobre o álbum e três faixas extras.

Lançado em 1971, Sticky Fingers foi o primeiro álbum lançado pelos Stones em seu próprio selo, cujo símbolo é a famosa língua, que desde então se tornou um dos maiores ícones da cultura pop. A capa gerou polêmica, com seu formato de calça jeans com um zíper apresentado em relevo e abrindo, em algumas edições. O toque do célebre artista plástico e ícone da pop art Andy Warhol deu o toque final na coisa toda.

Mas o melhor do disco é mesmo o seu conteúdo musical. Vendendo milhões de cópias e liderando as paradas de sucesso de todo o mundo, traz clássicos do repertório da banda de Mick Jagger e Keith Richard do porte de Brown Sugar, Wild Horses, Can’t You Hear Me Knocking, Sway e Bitch. Um discaço com muito rock, blues e country e considerado por muita gente como o melhor item da discografia desta mitológica banda.

Can You Hear Me Knocking (ao vivo)- The Rolling Stones:

Morre Marku Ribas, fera da black music

Por Fabian Chacur

Para minha imensa tristeza, sou obrigado a divulgar que morreu neste sábado (6) em Belo Horizonte, vítima de um câncer de pulmão, o genial cantor, compositor e músico mineiro Marku Ribas. Ele não resistiu às consequências dessa terrível doença, que o atormentava há uns dois anos, e estava internado no hospital Lifecenter, na capital mineira, desde a última quarta-feira (3). Descanse em paz, fera!

Nascido no dia 19 de maio de 1947 na cidade de Pirapora, no interior de Minas Gerais, Marku Ribas iniciou sua carreira nos anos 60, e pode ser considerado um dos pioneiros da black music brasileira, além de um dos primeiros músicos daqui a investir com qualidade artística no reggae jamaicano, e mesmo a usar dreadlocks. Ele morou durante alguns anos no exterior.

Samba rock, samba funk, soul, jazz, samba, reggae, o cara não impunha limites a seu talento artístico em termos musicais. Entre outras músicas maravilhosas, tem em seu currículo a fantástica Zamba Ben, que Marcelo D2 plagiou para fazer sua Maldição do Samba, sem dar crédito a Marku. Rolou até processo na Justiça por causa disso.

Marku tocou com grandes nomes da música, entre os quais Chico Buarque, Nara Leão, Tim Maia, Emílio Santiago (que também se foi há pouco) e até mesmo os Rolling Stones. Embora não tenha sido creditado e nem tenha ganho por isso, o mestre gravou percussão na faixa Back To Zero, do álbum Dirty Work (1986). Ele também viveu o papel do baterista da banda de Mick Jagger no clipe da música Just Another Night (1984), gravado no Brasil.

O talento de Marku Ribas ia além da música. Ele trabalhou como ator em diversos filmes no Brasil e no exterior, entre eles o delicioso Chega de Saudade, na qual faz o papel de um cantor de banda de bailes ao lado de Elza Soares. Generoso, sempre foi aberto a parcerias com jovens talentos, como a feita com o rapper mineiro Flávio Renegado na insana Mil Grau.

Uma das melhores entrevistas que fiz na minha carreira como jornalista da área musical foi com essa figuraça, em 2009. Inicialmente arredio, ele aos poucos foi abrindo o peito e me contando momentos maravilhosos de sua sensacional trajetória. Dê-me a honra de ler essa entrevista aqui, e você não se arrependerá.

Ouça Zamba Ben, com Marku Ribas:

Veja o clipe de Just Another Night, com Mick Jagger:

Nova turnê dos Rolling Stones promete

Por Fabian Chacur

Se a amostra inicial se concretizar nos próximos meses, a turnê comemorativa dos 50 anos de carreira dos Rolling Stones promete se tornar um dos grandes êxitos dos últimos tempos. Logo no primeiro dia, todos os ingressos para os dois primeiros shows do evento histórico já se esgotaram. Eram em torno de “apenas” 30 mil tíquetes. Uau! E vem mais por aí.

As apresentações estão programadas para ocorrer nos dias 25 e 29 de novembro na gigantesca O2 Arena em Londres. Os dois shows seguintes tem como local selecionado Newark, em Nova Jersey (EUA), e estão agendados para os dias 13 e 15 de dezembro. São as únicas apresentações previstas para 2012, as primeiras da banda em cinco anos.

Ainda não estão definidas as datas, locais e a extensão completa dessa aguardada turnê, mas declarações dos integrantes da banda dão a entender que poderemos ver as pedras rolarem durante muitos meses no futuro próximo. O guitarrista Ron Wood, na premíere mundial do documentário Crossfire Hurricane, realizada nesta quinta-feira (18), em Londres, foi bem direto, em declaração dada à agência de notícas AP:

“Depois que os shows começam, você não consegue parar. E nós não queremos parar”.

Detalhe: os ingressos para os shows em Londres custavam entre 90 e 375 libras, e não deram nem para o começo. O documentário Crossfire Hurricane dá uma geral na carreira da banda, com direito a registros inéditos extraídos dos arquivos da banda e também entrevistas recentes que dão um panorama geral na história das pedras rolantes.

No dia 12 de novembro, chegará às lojas a coletânea Grrr!, em vários formatos, que inclui grandes hits de todas as fases do quarteto liderado por Mick Jagger e Keith Richards, além das inéditas Doom And Gloom e One More Shot, gravadas em agosto deste ano especialmente para esta compilação comemorativa do cinquentenário dos roqueiros.

Ouça Doom And Gloom, nova música dos Rolling Stones:

Morre compositor favorito de Janis Joplin

Por Fabian Chacur

Pobres compositores. Frequentemente, as músicas escritas por eles acabam sendo atribuídas apenas aos intérpretes que as levaram às paradas de sucesso, não a seus autores.

Por isso, muita gente pode nem ligar para a notícia da morte do americano Jerry Ragovoy, divulgada nesta terça (19), mas na verdade ocorrida no dia 13 da semana passada.

Ele foi vítima de complicações decorrentes de um derrame, tinha 80 anos e estava internado em um hospital em Nova York. A notícia foi divulgada por sua viúva, Bev.

Ragovoy, ou com o próprio nome, ou com o pseudônimo Norman Meade, assinou diversos clássicos do rock e da música pop.

Curiosamente, boa parte deles estourou não em sua versões originais, mas em posteriores regravações.

Os Rolling Stones, por exemplo, tornaram famosa Time Is On My Side, enquanto Move Me No Mountain fez sucesso com Chaka Khan.

Sua maior “freguesa” foi Janis Joplin, que releu Piece Of My Heart, Cry Baby, My Baby, Try (Just a Little Bit Harder) e Get It While You Can, não por coincidência incluídas entre os maiores sucessos da eterna rainha do blues rock.

Curiosamente, Ragovoy escreveu uma música especialmente para Miss Joplin, I’m Gonna Rock My Way To Heaven, mas a cantora morreu antes de gravar o disco na qual pretendia incluí-la.

Essa canção só foi interpretada ao vivo em um musical que estreou recentemente nos EUA, One Night With Janis Joplin, e continua inédita em disco.

Outra canção famosa de Ragovoy é Pata Pata, que estourou mundialmente nos anos 60 com a africana Miriam Makeba.

Nascido na cidade de Filadélfia, nos EUA, em 4 de setembro de 1930, Ragovoy teve entre seus parceiros Bert Berns (o célebre autor de Twist And Shout). Ele ganhou um Grammy como produtor por um musical teatral em 1973, e fundou o estúdio Hit Factory, em Nova York, que foi dele entre 1969 e 1975.

Em 2008, o selo britânico Ace lançou a coletânea The Jerry Ragovoy Story: Time Is On My Side, que traz 24 gravações originais de seus grandes sucessos, na voz de intérpretes como Dionne Warwick, Miriam Makeba, Garnet Mimms e The Olympics.

Ouça Time Is On My Side, com os Rolling Stones:

Exile On Main ST em relançamento primoroso

Por Fabian Chacur

Exile On Main ST (1972), um dos melhores álbuns da carreira dos Rolling Stones, está sendo relançado pela Universal Music em uma edição que merece o adjetivo primoroso como definição.

De cara, a embalagem em forma de caixinha, que reproduz com maior fidelidade a vinil duplo original equivale a um belo acréscimo. Mas tem mais. O encarte luxuoso é repleto de fotos e ficha técnica de cada faixa. Só faltou um texto sobre esse trabalho, mas o documentário sobre o álbum que foi exibido em Cannes e sairá em DVD ainda em 2010 suprirá essa falha.

Embora não seja para mim o melhor álbum do grupo liderado por Mick Jagger e Keith Richards (ponho Sticky Fingers, de 1971 e imediatamente anterior a este em tal posto), é um desses clássicos perenes do rock.

Certas características marcam Exile. De cara, é o trabalho da banda mais pontuado pelas influências de blues, country e gospel. A pegada blueseira do guitarrista Mick Taylor, que em 1969 substituiu Brian Jones, certamente teve muita influência nisso. A participação em algumas faixas dos virtuoses no piano Nicky Hopkins e Billy Preston também ajudaram nisso.

A produção mais suja de Jimmy Miller, aquele tipo de profissional que tinha como marca não complicar, simplesmente gravando os músicos e procurando deixá-los à vontade, marca os trabalhos da fase 1969-1973 da banda, uma das melhores (a melhor?) de sua longa trajetória.

Outra influência perene em todo o álbum é a do grupo The Band, que com sua combinação de blues, soul, rock básico, folk e country trouxe o rock de volta às suas raízes, fazendo a cabeça dos Stones, Eric Clapton, George Harrison, Mark Knopfler e inúmeros outros.

Mal comparando, Exile On Main Street é uma espécie de White Album dos Rolling Stones, sem abrir tanto o leque como o álbum dos Beatles mas propondo (e realizando!) viagens sonoras tão diversificadas e profundas quanto a de seus contemporâneos britânicos.

As musicas mais conhecidas do álbum são os singles matadores Happy (que me ganhou quando eu tinha só dez aninhos!) e Tumbling Dice (rock soul da melhor qualidade cujo single integrava a discoteca de Victor Chacur), mas o álbum é uma festa.

Loving Cup, I Just Want To See His Face, Shine a Light (que deu nome ao recente documentário da banda dirigido por Martin Scorsese), Sweet Virginia, é uma paulada atrás da outra, além de releituras de dois clássicos do blues, Stop Breaking Down (do mítico Robert Johnson) e Shake Your Hips (de Slim Harpo).

Antes de ouvir o álbum, li uma resenha que dizia ser a dobradinha de faixas que o abrem, Rocks Off e Rip This Joint, de deixar o cidadão sem fôlego logo de cara. Acredite, são mesmo!

Se a versão remasterizada do material lançado originalmente já seria razão suficiente para comprar o álbum, o CD adicional que traz dez gravações inéditas o torna indispensável. São gravações feitas na época.

Duas faixas são versões alternativas de Loving Cup e Soul Survivor, enquanto Good Time Women é na verdade Tumbling Dice mais rápida e básica, e com diferenças na letra.

As totalmente inéditas receberam alguns poucos acréscimos de estúdio, sendo os mais identificáveis os vocais de apoio de Lisa Fischer e Cindy Myzelle, que não descaracterizaram as canções.

Esse CD bônus soa bastante coeso, o que chega a ser quase um milagre em se tratando de material adicional. A swingada Pass The Winte (Sophia Loren), a balada rasgada a la Beast Of Burden cujo título é Plundered My Soul e a deliciosa So Divine (Alladin Story) poderiam integrar qualquer álbum do grupo, sem ficar devendo coisa alguma.

Esta edição de Exile On Main  ST é a prova concreta de que o formato físico ainda terá muita importância para as gravadoras, pois quem só ouvir as músicas em mp3 só conhecerá uma pequena parte da história.

Minhas lembranças do Pacaembu na música

Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (27), o estádio Paulo Machado de Carvalho, o querido Pacaembu, completa 70 anos de vida. Embora seja um palco mais frequente para os craques de futebol, ele também abrigou grandes shows.

Aliás, o melhor espetáculo que vi nos meus 48 anos de vida foi realizado lá em 1993. Paul McCartney! Um show maravilhoso, o melhor dos três que tive a honra de conferir ao vivo e a cores (os outros foram no Maracanã, no Rio, em 1990). Confesso que só de me lembrar dele cantando Let Me Roll It e My Love nessa performance me deixa emocionado.

E a emoção foi além. Na época, eu trabalhava no jornal Diário Popular, e tive a honra não só de participar da entrevista coletiva do ex-beatle, realizada no Ginásio do Pacaembu, como de fazer a última pergunta da mesma.

Educado, ele respondia as questões olhando diretamente para quem as fazia. Tentem imaginar como me senti com o cara que eu idolatro desde criança ali, falando comigo. Nem anotei nada: sabia que não me esqueceria de suas palavras.

Perguntei a ele quem seria o seu melhor parceiro musical, além de John Lennon. Ele citou nomes de gente com quem trabalhou, como Elvis Costello, Eric Stewart e Denny Layne, mas disse que o melhor de todos foi John Lennon.

Aí, eu contra-argumentei: tirando John, quem teria sido o seu favorito? E a resposta de gênio: “para mim, basta um favorito, e foi John”.

Vi muito mais gente boa lá no estádio onde meu time de coração é o que mais comemorou taças e ganhou partidas (Sociedade Esportiva Palmeiras, caso você por acaso não saiba).

Na primeira edição do finado festival Hollywood Rock realizada lá, em janeiro de 1992, tivemos o primeiro dos diversos shows que o grupo americano Living Colour fez por aqui, e de longe o melhor, sendo considerado o grande destaque do evento.

Seal, que havia lançado apenas o primeiro CD e ainda usava aquelas tranças malucas, também deu um belo show.

Três edições do Monsters Of Rock também tiveram o Paulo Machado de Carvalho como palco, e cobri dois deles, com direito a ver mestres como Alice Cooper, Ozzy Osbourne sem Black Sabbath, Black Sabbath sem Ozzy e o sumido Therapy?, entre outros.

E tivemos também os três shows debaixo de chuva do Hollywood Rock 1995, no qual tocaram Rita Lee, Spin Doctors (banda da qual parece que só eu gosto) e os Rolling Stones, com Mick Jagger dando uma aula de carisma e vitalidade. Três shows espetaculares.

E só para finalizar falando de futebol: o melhor jogo que vi por lá foi Palmeiras 4×0 Portuguesa, pelo Paulistão de 1993, com dois gols de Evair e dois de Edmundo. Mas isso é outra história. Aqui é música! Parabéns, Pacaembu setentão, a casa da música, também!

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