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Por Fabian Chacur

Sheryl Crow esteve no Brasil pela primeira vez em novembro de 1995. Seu álbum de estreia, o maravilhoso Tuesday Night Music Club (1993), havia saído por aqui sem grande estardalhaço, e a moça veio para abrir os shows de Elton John no Brasil. Estive na coletiva de imprensa concedida pela cantora em São Paulo, no Maksoud Plaza, e apareço em uma foto meio bizarra com ela. Ao ver sua performance, ficou claro para mim que esta artista, que nesta sexta (11) completa 60 anos de idade, tinha potencial para ir muito, mas muito longe mesmo na cena musical. Eu estava certo.

Cantora, compositora e musicista, Sheryl não apareceu da noite pro dia, e pavimentou o seu caminho tocando em bares e depois atuando em bandas de apoio de outros artistas. Nessa seara, seu momento de maior destaque ficou por conta de ter sido vocalista de apoio na turnê Bad, de Michael Jackson, entre 1987 e 1989. Ela ficava nos holofotes em cada apresentação quando fazia as vezes de Siedah Garrett na música I Just Can’t Stop Loving You, encarando o dueto com o Rei do Pop sem o menor vacilo.

Mesmo demonstrando tanto talento, Sheryl demorou para lançar um trabalho solo. Seu álbum de estreia só saiu em 1993, o brilhante Tuesday Night Music Club. Dois anos antes, um álbum pronto foi colocado de lado, do qual apenas uma faixa veio à tona na trilha de um filme. Mas valeu a espera. A então já trintona esbanjou talento em uma mistura de rock, country, folk, soul e pop que gerou hits como All I Wanna Do e Strong Enough, com o álbum atingindo o 5º posto na parada americana. Esse foi o repertório de seus primeiros shows no Brasil.

A partir dessa estréia, a moça se consolidou como uma artista completa, sem nunca se desviar radicalmente dos caminhos que nos apresentou nesse disco de estreia. Sempre acompanhada por músicos do primeiro escalão, Sheryl Crow é daquelas artistas que sabem o que fazer quando sobem nos palcos, cantando muito e tocando com categoria. Nunca apelou nem se valeu de recursos cênicos mirabolantes em seus shows. Som na caixa e muita garra e talento, sempre.

Nesses anos todos, ela fez parcerias bacanas com artistas como Stevie Nicks, Eric Clapton, Keith Richards e muitos outros, e mostrou também ser boa para reler repertório alheio, como suas belas covers de Mother Nature’s Sun (dos Beatles) e The First Cut Is The Deepest (de Cat Stevens) provam de forma veemente. E ela voltou ao Brasil de forma triunfal em 2001, participando com destaque do Rock in Rio.

Inteligente, linda, articulada, discreta e sempre defendendo causas bacanas, Sheryl Crow chega aos 60 anos de idade mais relevante do que nunca, com novos álbuns e shows e uma trajetória brilhante que parece estar bem longe de terminar. Ela felizmente superou problemas de saúde que teve nos idos de 2006, e se mostra pronta para nos oferecer novas canções maravilhosas como Soak Up The Sun, Strong Enough, The Na-na Song e tantas outras.

Soak Up The Sun (clipe)- Sheryl Crow: