Mondo Pop

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Sylvia Patricia se apresenta certeira em Existe Amor em SP

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Por Fabian Chacur

Nesses 16 anos de existência de Mondo Pop, Sylvia Patricia é uma das artistas com maior número de posts por aqui. Nada mais merecido. Afinal de contas, essa excelente cantora, compositora e musicista baiana nos oferece um trabalho consistente, inspirado e de uma alma pop encantadora (leia mais sobre ela aqui). E a moça não deixa a peteca ir ao chão, como prova o seu novo EP, Existe Amor em SP, já disponível nas plataformas digitais.

A coisa já começa boa logo no título, uma brincadeira com o título de Não Existe Amor em SP, do Criolo. Só que, aqui, a sigla SP não se refere a São Paulo, a cidade, e sim a ela própria, Sylvia Patricia, valendo-se de um apelido carinhoso com que sua mãe e amigos mais próximo se referem a ela.

Temos aqui seis músicas excelentes. E o começo não poderia ser melhor. País, Que País? poderia ser definida como um forte tapa com luva de pelica na terrível situação pela qual passa o nosso país atualmente, no qual violência, indiferença e miséria predominam por todos os cantos.

Sylvia faz um protesto sem cores partidárias, e acerta na mosca, em uma canção contagiante, com força poética comparável à de Brasil (Cazuza/Nilo Romero/George Israel), por exemplo.

Solos de Jazz une a cantora baiana a um amigo de longa data, o cantor, compositor e tecladista Nico Rezende, que fez o arranjo musical para a primeira gravação dela, Lady Pank, lançada em 1985 na coletânea com vários artistas Rock In Brazil, lançada pela antiga gravadora RCA. Aqui, os dois esbanjam categoria, afinidades e entrosamento, em uma deliciosa balada r&b que esbanja sensualidade e classe.

Estrela Manhã (Sylvia Patricia/Paulinho Boca de Cantor/Jota Velloso/Carlô de Itapuã) foi gravada originalmente em 1981 por Paulinho Boca de Cantor em dueto com Baby Consuelo no álbum Valeu, mas por razões que não valem a pena serem resgatadas agora, não foi creditada a Sylvia, erro histórico enfim corrigido em versão que conta com a participação do próprio Paulinho nesta balada de clima latino.

Parceria de Sylvia com Monica Milllet, Beat Chic (Ilê Ifê) cativa pelo clima dançante, enquanto Vinho e Terroir (parceria com Danilo Pinheiro, músico brasileiro radicado na Espanha), faz uma envolvente mescla de folk com drum ‘n’ bass. A balada rock C’Est La Vie fecha o repertório com categoria.

Em um Brasil melhorzinho, Existe Amor em SP já estaria estourando nas paradas de sucessos com sua sonoridade pop classuda e suas canções bacanas, sendo que País, Que País? já teria se transformado em um verdadeiro hino contra esses tempos sombrios. Bem, ainda dá tempo. Faça a sua parte e ouça esse trabalho, você certamente irá me agradecer.

Ouça o EP na íntegra aqui.

País, Que País? (clipe)- Sylvia Patricia:

Nila Branco lança Lilith e fará um show em São Paulo em novembro

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Por Fabian Chacur

Nila Branco lançou o seu primeiro álbum em 1998. Desde então, conseguiu conquistar um público fiel e obter sucesso nos quatro cantos do país (leia mais sobre ela aqui). Mais ativa do que nunca, ela lançou recentemente o seu 10º trabalho, Lilith, com 10 canções que se dividem entre composições próprias e obras de Sylvia Patricia, Laura Finocchiaro, Karine Bizinoto, Juliana Lima e Tainá Pompeo.

O tema básico do álbum fica por conta de um olhar sobre o universo feminino a partir de vários ângulos, com uma sonoridade bem diversificada e pop, incluindo até um momento altamente dançante, a deliciosa Amor é… (Sylvia Patricia). O trabalho está disponível nas plataformas digitais e também em CD físico.

Aproveitando o retorno gradual das atividades presenciais na área cultura, Nila programou um show em São Paulo para mostrar o seu novo repertório e também dar uma geral em seus sucessos. O espetáculo está marcado para o dia 19 de novembro no Teatro UMC (Avenida Imperatriz Leopoldina, nº 550- Vila Leopoldina- fone 0xx11-3832-9100).

Amor é…– Nila Branco:

Sylvia Patricia mescla Brasil e latinidade no seu belo EP Piel

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Por Fabian Chacur

Há exatos 30 anos, Sylvia Patricia lançou um disco autointitulado pela gravadora Sony Music. A partir dali, esta cantora, compositora e instrumentista baiana desenvolveu uma carreira impecável, com direito a discos de estúdio deliciosos, um DVD ao vivo retrospectivo de primeira linha e shows sempre encantadores. Como forma de celebrar essas três décadas de muita qualidade e coerência artística, ela nos oferece o EP Piel (Speciarias Musicais), outra delícia auditiva.

Quem acompanha Mondo Pop há mais tempo sabe que tenho um carinho todo especial pela obra de Sylvia Patricia (leia mais matérias sobre a artista aqui). E não é para menos. Ouvir sua voz calorosa e doce vicia, aquele tipo de vício que não tem contra-indicação. Afinal, nada melhor do que prazer auditivo intenso.

Piel (pele, em castelhano) é uma espécie de cartão de visitas do lado mais latino da sonoridade de Sylvia. Temos aqui seis faixas. Besame Mucho, grande clássico da música latina escrito pela compositora mexicana Consuelo Velásquez nos anos 1940 e regravada até, pasmem, pelos Beatles, aparece em duas releituras no melhor estilo bossa nova, uma com letra em português e outra com alguns versos em catalão escritos pelo músico dessa origem Daniel Cros.

Un Beso, de Sylvia em parceria com Paulo Rafael, também é oferecida em duas gravações diferentes, ambas em castelhano. Uma é a versão original, lançada originalmente no álbum No Rádio da Minha Cabeça (2006), e a outra se trata de um remix feito pelo baiano DJ Titoxossi. Ambas são calientes e com uma levada bem espanhola, bem flamenca.

Lançada originalmente em 2014 em outro EP, De Vuelta (Sylvia Patricia-Cecelo Froni) reaparece agora em uma versão denominada Rio-Barcelona Mix.

A faixa mais interessante é Resistiré (Carlos Toro e Manuel de La Calva), da trilha sonora do filme Ata-me (1989), de Pedro Almodóvar. Sylvia já a havia regravado em seu álbum Andante (2010), mas nesta nova versão ele teve uma bela sacada: acrescentou trechos do clássico disco I Will Survive (Dino Fekaris-Freddie Perren), estouro mundial em 1979 na voz da americana Gloria Gaynor. Como as músicas tem boas semelhanças entre si, ficou um mix dos mais encantadores.

Este novo EP funciona como um delicioso aperitivo para quem estava sedento por novas gravações de Sylvia Patricia, e também pode ser um bom cartão de apresentação ou porta de entrada para novos fãs.

Resistiré– Sylvia Patricia:

Sylvia Patricia esbanja classe em belo DVD comemorativo

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Por Fabian Chacur

Sylvia Patricia surgiu no cenário musical brasileiro em 1989 graças ao lançamento de seu álbum de estreia, que chegou com o aval de nomes do porte de Cazuza e Caetano Veloso (que depois até gravaria com ela em 1992, no CD Curvas & Retas). Vinte e cinco anos depois, a cantora, compositora e musicista baiana se aprimorou ainda mais, como prova o excelente DVD/CD Sylvia, comemorativo dessa trajetória e lançado por seu selo Speciarias Musicais em parceria com o Canal Brasil. Especiaria musical de fato.

O som de Sylvia Patricia é um hibrido com tempero próprio contendo rock, pop, MPB, música latina e folk, só para citar algumas influências contidas na mistura. A cereja no bolo é sua voz, suave, envolvente e sempre bem colocada. Sua “baianidade” é muito sutil, sendo ela muito mais uma cidadã do mundo em termos musicais do que qualquer outra coisa. De quebra, sabe se acompanhar de bons músicos.

Nesses anos todos, gravou pouco (seis álbuns, sendo um ao vivo), mas sempre bem. No currículo, também temos um DVD, Sessão Extra, lançado em 2009 em parceria com o pianista Fernando Marinho e no qual sai do seu repertório habitual. Ou seja, este Sylvia é de direito seu primeiro DVD solo, e é repleto de pontos positivos.

Logo de cara, o repertório dá uma geral em sua trajetória com 13 faixas, sendo uma delas a inédita (e ótima) Quisera. A seleção traz desde clássicos do primeiro álbum como Marca de Amor Não Sai e Cenas de Violência e Tensão como canções um pouco mais recentes, do naipe de Lady Pank e Amor É…(Amor é Foda).

O time que a acompanha é de primeira linha, formado por Cesinha (bateria, bandolim e bateria eletrônica), Marcus Nabuco (guitarra, guitarra semiacústica, violões de aço, nylon e 12 cordas e sax), Fernando Nunes (baixo, programações, vocais e direção musical) e André Valle (guitarra, violão de aço e nylon), além da própria Sylvia nos violões de aço e nylon, ukulelê e guitarra. Um time entrosado e com fome de bola.

Temos algumas participações bacanas. A percussionista e cantora Lan Lan, que tocou com Cassia Eller, está em Cenas de Violência e Tensão (voz e pandeiro) e De Vuelta (bongô). Marcio Lomiranda (piano Rhodes e clarinete) e Paulo Rafael (violão aço) estão em Quero Outra Vez, Beto Saroldi briha no sax soprano solo em Outro Inverno, e Zelia Duncan se encaixa feito luva no vocal em dueto na faixa Meus Olhos.

A gravação do trabalho foi feita ao vivo em um estúdio carioca em clima descontraído no qual Sylvia mostra que sua voz se mantém cativante, assim como seu swing e suavidade. Entre as músicas, temos em vídeo breves comentários dela sobre a carreira, com algumas cenas de sua carreira enxertadas aqui e ali. Só faltou ao DVD um making of mais elaborado. De resto, um trabalho digno dessa comemoração.

Amor é… (videoclipe)- Sylvia Patricia:

Sua Mãe, Uma TV e um Gato (ao vivo)- Sylvia Patricia:

Quero Outra Vez (clipe)- Sylvia Patricia:

Cenas de Violência e Tensão (clipe original)- Sylvia Patricia:

Crendice– Sylvia Patricia e Fernando Marinho (DVD Sessão Extra):

Sylvia Patricia esbanja categoria em Andante

Por Fabian Chacur

Sylvia Patricia é presença garantida em Mondo Pop. E não é de graça. A moça está na estrada desde os anos 80, e tem entre seus fãs o saudoso Cazuza, Caetano Veloso e Nelson Motta, entre muitos outros.

A moça, que é cantora, compositora e violonista, acaba de lançar seu sexto álbum, Andante. E o alto nível habitual se manteve, para felicidade de seus fãs, que não são milhões, mas tem algo em comum: muito bom gosto.

Com sua voz macia e de timbre inconfundível, Sylvia costuma ter no folk pop com tempero brasileiro sua marca registrada. Andante ao mesmo tempo a mantém nessa linha e amplia horizontes.

O álbum soa como uma espécie de viagem musical pelo universo latino em diversos rumos. Haja Yoga, que abre o CD, equivale a uma espécie de releitura peculiar e a seu modo do estilo swingado de Jorge Ben Jor, especialmente da música Bebete Vãobora.

As Contas, que na letra faz um trocadilho impagável entre as do Senhor do Bonfim e aquelas que a gente é obrigado a pagar mensalmente, segue uma levada drum ‘n’ bossa,  e cativa logo em seus primeiros momentos.

Agua e Sal é uma versão em português de sucesso em italiano de Mina e Celentano, e curiosamente soa bastante como o estilo folk pop que sempre marcou o trabalho da talentosa baianinha. Ela reaparece como faixa bônus no final do CD, mas em remix dançante que ficou bem interessante.

Depois das Seis é um tango com direito a bandoneón. Lady Pank, apesar do título, é uma bossa pop cuja letra equivale a uma declaração de amor. Essa levada se repete em Meus Olhos, composição dela em parceria com Kal Venturi que foi gravada por Zélia Duncan em seu disco de estreia (Outra Luz), há 20 anos, quando ainda usava o nome artístico Zélia Cristina.

Samba da Janela, que tem participação especial de Armandinho Macedo no bandolim, é um sambalanço delicioso que revela a ginga de Sylvia no mais brasileiro dos ritmos.

Vibe do Bem possui fortes influências do som de Sade Adu, com aquele swing sutil, romântico e negro até a medula. Sem soar como cópia ou caricatura, que fique bem claro. Influência é influência.

Resistiré, que foi tema do filme Ata-me, de Pedro Almodóvar, é bem bacana, no melhor estilo pop castelhano, mas tem um refrão que curiosamente lembra bastante I Will Survive, eterno sucesso disco de Gloria Gaynor, até mesmo no título.

O primeiro sucesso da carreira de Sylvia Patricia foi Marca de Amor Não Sai, versão de Is It Ok I Call You Mine?, de Paul McCrane e tema do filme Fama.

Como forma de resgatar esse talento em verter músicas alheias para o português, ela desta vez pegou I Saw The Light, sucesso nos anos 70 c0m o autor, o americano Todd Rundgren, e fez a versão Eu Vi O Sol, que ficou deliciosa e também merece virar sucesso.

No geral, Andante é um álbum com sabor internacional e tempero brasileiro, no qual Sylvia Patricia prova pela milésima vez que merecia ser mais conhecida em sua terra natal. Confira, você vai me agradecer.

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