Demorei bastante para resenhar The Next Day, primeiro trabalho de inéditas de David Bowie após 10 longos anos nos quais se imaginava termos perdido de vez o Thin White Duke. O álbum está há mais de um mês nas lojas brasileiras, em bela edição de luxo com direito a 17 faixas, três a mais do que a versão comum.
E qual a razão de tanta demora? É que eu fiz questão de ouvir muito e muito o álbum antes de escrever sobre ele. E quer saber? Valeu a pena. Dessa forma, posso cravar, sem medo de errar, que The Next Day é não só um dos melhores trabalhos do genial cantor, compositor e músico britânico, como tem tudo para ser eleito o melhor lançamento de 2013. E quem diz isso é alguém que tem todos os álbuns do cara, os ouviu muito e não baba ovo para todos. Opinião de fã, sim, mas fã consciente dos altos e baixos de seu ídolo.
No Reino Unido, o álbum entrou direto no primeiro lugar. No disputado mercado americano, vendeu 85 mil cópias na semana de lançamento no fim de março e atingiu o segundo lugar, melhor posto já obtido por um álbum de David Bowie no mercado americano. Station To Station (1976- nº3) e Let’s Dance (1983- nº4) haviam sido os melhores resultados anteriores do roqueiro britânico. Os fãs estavam ávidos por novas músicas do autor de Heroes.
A boa expectativa criada pelos dois singles lançados previamente, a melancólica e tocante balada Where Are We Now? e o rockão The Stars (Are Out Tonight) se confirmou por completo. The Next Day é, acima de tudo, um álbum recheado de grandes canções.
O clima musical traz boas referências de sua produção do fim dos anos 70, especialmente do álbum Scary Monsters (1980), com uma poderosa fusão de climas misteriosos, guitarras nervosas, boas melodias e uma diversidade musical que foge da mesmice com grandes resultados. E a voz do astro continua incisiva e com aquele timbre inconfundível.
Os fãs da faceta mais pop de Bowie irão vibrar com as deliciosas Valentine’s Day e Dancing Out In Space, por exemplo. Os mais roqueiros se deliciarão com as vibrantes The Next Day, (You Will) Set The World On Fire e I’d Rather Be High, enquanto quem curte o lado soul do mestre irão se arrepiar com a belíssima You Feel So Lonely You Could Die.
A competência dos músicos participantes (entre os quais a baixista Gail Ann Dorsey, os guitarristas Earl Slick e Gerry Leonard e o baixista Tony Levin) e a produção do velho parceiro Tony Visconti dão ao álbum uma sonoridade ao mesmo tempo vintage e atualizada. Não, Bowie não está se repetindo, e sim aproveitando de forma inteligente elementos já usados por ele antes para criar novas canções relevantes.
A capa, que reaproveita de forma surpreendente a arte do clássico LP Heroes, aparece em belíssima embalagem digipack. Minha única restrição fica em relação ao encarte, com os créditos e letras em letras pequenas e diagramação que dificulta e muito a leitura. Afora isso, The Next Day é um clássico instantâneo que cresce a cada nova audição.
Ouça The Next Day, de David Bowie, na íntegra:
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