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Por Fabian Chacur

Andrey Gonçalves é um contrabaixista brasileiro radicado há oito anos nos EUA. Nesse período, investiu forte no aprimoramento de seu talento natural, estudando muito e também gravando e fazendo apresentações ao vivo ao lado de nomes do porte de Frank Gambale, Chuchito Valdés, Ben Sollee e também com algumas orquestras. De quebra, tocou em 27 discos e produziu 5. Diante dessa atividade toda, não é de se estranhar que tenha iniciado um projeto próprio. Trata-se de Nocturnal Geometries, seu primeiro álbum solo, lançado em CD e também disponibilizado nas plataformas digitais.

A semente desse trabalho surgiu quando Andrey estudava com seu professor de composição, Jim Pugh, que foi mestre de Chick Corea e outros do mesmo alto gabarito. Ele mergulhou fundo nas diversas possibilidades sonoras dentro de um ambiente de jazz com tempero latino-brasileiro, e foi dessa experiência que aos poucos surgiram as 7 faixas que integram este seu Nocturnal Geometries.

O passo seguinte foi montar uma banda que desse conta de ajudá-lo a concretizar tal projeto, e a escolha se mostrou certeira. Além dele próprio no contrabaixo, temos aqui Kurt Reeder (piano), Andy Wheelock (bateria), Robert Brooks (saxofone tenor), Robert Sears (trompete) e Ethan Evans (trombone). Um time que não demorou a se entrosar de forma impecável, adicionando tempero e swing às composições de Andrey e aos arranjos de Ethan Evans.

O resultado final é um álbum de jazz instrumental moderno, fluente, com espaços para que todos os músicos envolvidos demonstrem seus talentos particulares, mas sempre em função de um todo predominante. Generoso, Andrey não permite que o contrabaixo (acústico e elétrico) seja o instrumento principal, embora saiba se valer de suas intervenções como solista com categoria. Um trabalho coletivo da mais fina estampa.

O clima é leve e fluente, embora com várias demonstrações de consistência e talento por parte dos músicos. Mas Nocturnal Geometries foge do estereótipo de “música para músicos”, na qual a complexidade de acordes, arranjos e performances técnicas afoga a musicalidade mais natural. Aqui, o ouvinte mais sofisticado encontrará alimento, mas também aquele que busca apenas se divertir ouvindo música bonita.

O clima varia de momentos mais sacudidos a outros introspectivos, com destaque para a faixa que abre o álbum, Quadrad, e também Anna And The Moon e The Tree Of All Inventions. Vale também destacar a belíssima capa. Com Nocturnal Geometries, Andrey prova que esses anos em solo norte-americano não só foram muito bem aproveitados como geram a expectativa de muito mais no decorrer dos próximos anos.

Ouça Nocturnal Geometries, de Andrey Gonçalves, em streaming: