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Por Fabian Chacur

Na ativa desde a década de 1960, o pianista, produtor, compositor e arranjador Antonio Adolfo faz parte da elite da música desde sempre. No setor música instrumental, então, é daqueles que não erram uma. Para felicidade de quem segue sua brilhante carreira, a partir de 2005 ele engatou uma terceira marcha em termos de produtividade fonográfica, lançando desde então 10 CDs, sendo três deles em parceria com a filha, a ótima Carol Saboya. Seu novo álbum, Tropical Infinito, é outra aula de swing, bom gosto e criatividade.

Nada disposto a dormir sobre os louros do passado, Antonio Adolfo sempre traz novidades em seus trabalhos. Tropical Infinito tem como surpresa o uso de metais, algo que ele não fazia em sua discografia desde o álbum Viralata, lançado em 1979.

Participam do CD três craques dos sopros no Brasil. São eles Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcelo Martins (sax tenor e soprano) e Serginho Trombone (trombone). Eles somam forças com Leo Amuedo (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria e percussão) e André Siqueira (percussão), além do dono da festa, no piano e arranjos. Um verdadeiro timaço, que entra em cena e goleia mesmo!

Como habitualmente, Adolfo improvisa e abre espaços para seus músicos improvisarem sem, no entanto, cair no mero tecnicismo ou em sonoridades excessivamente intrincadas que só façam sentido para os próprios músicos. Aqui, quem manda é a música, com cada melodia e cada harmonia sendo desenvolvidas com requinte e dando ao ouvinte um prazer absoluto em suas audições.

A entrada dos metais na mistura deu ao álbum uma sonoridade brejeira, meio de gafieira, com um forte tempero de samba, bossa nova e jazz. E o legal é que temos no repertório cinco clássicos do jazz, que ganharam novas roupagens que, sem roubar suas características essenciais, as renovaram: Killer Joe e Whisper Not (ambas de Benny Golson), Stolen Moments (Oliver Nelson), Song For My Father (Horace Silver) e All The Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein).

Além dessas, quatro composições de Antonio Adolfo foram incluídas, duas inéditas (Yolanda Yolanda, homenagem à sua mãe, Yolanda Maurity, a primeira mulher violinista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e Luar da Bahia) e duas já gravadas anteriormente (Cascavel, em 1979, e Partido Leve, em 1994). Elas se encaixaram feito luva no espírito deste novo trabalho do autor de Sá Marina.

Outro aspecto altamente elogiável dos CDs desse brihante músico carioca é o cuidado com a apresentação visual deles. Este novo traz novamente capa digipack dupla e um design impecável assinado por Julia Liberati, que aproveita com finesse as belíssimas ilustrações de Bruno Liberati. Tipo do combo “embalagem perfeita para conteúdo perfeito”. Coisa fina, como se dizia antigamente.

Quem encara música instrumental como “algo difícil de se ouvir” deveria ouvir urgente Tropical Infinito. Se depois dessa audição continuar com a mesma opinião. é de se lamentar até o fim dos tempos…

Killer Joe– Antonio Adolfo:

Yolanda Yolanda– Antonio Adolfo:

Song For My Father– Antonio Adolfo: