Por Fabian Chacur

Completando dez anos de existência, a Virada Cultural chega a um impasse, após sua edição 2014, realizada nos dias 17 e 18 de maio em vários pontos da cidade de São Paulo, tendo sua região central como principal local. A pergunta básica a ser feita é a seguinte: será que vale a pena ter shows durante a madrugada em condições precárias de segurança, higiene e organização?

A ideia dessa sem dúvida bela festa popular é permitir ao cidadão curtir grandes atrações culturais de graça e em locais bacanas que em sua maioria normalmente não são ocupados com essa intenção. Já tivemos momentos muito bons nesses anos todos, mas as últimas edições infelizmente enfatizaram a má organização e o descalabro da violência, que acaba afastando muita gente de cena por justificado medo de entrar nas estatísticas negativas de bobeira.

Neste ano, tivemos inúmeros arrastões, assaltos e consumo exacerbado de drogas. Esse clima pesado acabou motivando o cancelamento de diversos shows. De quebra, o imprevisível (uma violenta chuva de granizo) acabou encerrando o evento antes da hora, privando-nos de ver atrações inéditas por aqui como a lendária cantora americana Martha Reeves, revelada pela Motown Records nos anos 60 com hits como Dancing In The Streets e Nowhere To Run.

Não faltou esforço por parte do policiamento, mas ficou claro que a quantidade de profissionais em ação não era suficiente para coibir a baderna instaurada em alguns momentos. Fica claro que o período da madrugada torna-se um verdadeiro episódio ao vivo da série televisiva The Walking Dead, com “zumbis descontrolados” ameaçando as pessoas a qualquer momento e sem dó nem piedade.

O mais sensato seria, nas próximas edições, suprimir o período de shows entre a meia-noite e as oito da manhã do domingo, quem sabe antecipando o início no sábado para tipo 14h (hoje é as 18h), como forma de abrigar um número suficiente de atrações para manter a grandeza do evento, mas em uma configuração um pouco mais segura. Seja como for, do jeito que está, definitivamente não dá. Com a palavra, o sr. prefeito Fernando Haddad.

Cidadão Instigado tocando The Dark Side Of The Moon (Pink Floyd):