bryan adams live wembley 1996

Por Fabian Chacur

Em 1996, Bryan Adams era um dos artistas mais populares do mundo. Seu mais recente álbum, 18 Til I Die, ocupava o primeiro posto na parada britânica, e vendia muito em diversos outros países. Foi nesse clima, no dia 27 de julho daquele ano, que o roqueiro canadense se apresentou para aproximadamente 70 mil pessoas no lendário estádio de Wembley, em Londres. Agora, enfim o show chega ao formato DVD no Brasil, com o título Wembley 1996 Live. Um registro histórico e incrível.

Para começo de conversa, são 143 minutos de show durante os quais o cantor, compositor e músico se vale apenas de ótima aparelhagem de som, iluminação discreta e cinco músicos. Entreter uma multidão em um estádio valendo-se apenas e tão somente de música não é coisa para qualquer artista. Hoje em dia, torna-se cada vez mais raro. Pois o nosso personagem dá conta da tarefa com carisma, talento e habilidade, sem apelar ou cair no vulgar.

Sua banda de apoio é absurdamente boa, a começar do guitarrista-solo Keith Scott, que o acompanha desde meados de 1982 e está com ele até hoje, com suas intervenções sempre precisas e sem jogar notas foras. Mickey Curry (bateria), Tommy Mandel (teclados e piano), Dave Taylor (baixo) e Danny Cummings (percussão) são os outros craques que se mostram prontos para quaisquer desafios, ajudando Adams a segurar a plateia o tempo todo.

Esse show é uma prova mais do que concreta de como são desinformados aqueles que classificam o autor de Heaven como “apenas um cantor romântico”. Em seus shows pelo mundo afora, o rock and roll básico e melódico sempre come solto, com direito a muita energia. Para que vocês possam ter uma ideia, a primeira balada, Have You Ever Really Loved a Woman?, aparece como sétima música do show, quando o espetáculo já conta com meia hora de duração.

Bryan Adams não é um daqueles artistas inovadores, ou criadores de novos rumos para o rock ou coisa assim. Ele soube estudar os grandes nomes do rock dos anos 50, 60 e 70 e tirar boas lições de suas obras. A partir dali, criou o seu jeito próprio de compor, tocar e cantar, que se não revolucionou nada, certamente ajudou a injetar energia positiva e muita emoção em fãs dos quatro cantos do planeta. E, porque não, influenciar muitos artistas que vieram depois dele.

Com uma voz potente e belíssima, ele encara tanto rockões como The Only Thing That Looks Good On Me Is You, Kids Wanna Rock e She’s Only Happy When She’s Dancin’ como power balllads matadoras como Heaven, It’s Only Love, Somebody e All For Love. Sua empatia com o público é tão grande que praticamente não precisa chama-los para cantar juntos, o que às vezes até o surpreende, algo captado pelas câmeras.

O repertório generoso traz 24 músicas, com direito a várias de 18 Til I Die e de seus trabalhos anteriores, além de alguns covers bacanas, entre os quais Wild Thing (The Troggs). Os arranjos seguem as gravações originais de estúdio, com direito a algumas brincadeiras legais, como Keith Scott brincando com os amplificadores e gerando microfonia e solos incríveis durante a música Touch The Hand, por exemplo.

O show é repleto de momentos legais, entre os quais temos a participação da estrela americana Melissa Etheridge fazendo as vezes de Tina Turner na impactante It’s Only Love. Outra parte marcante é quando o grupo sai do palco principal e toca cinco músicas em um palquinho colocado no meio do povão. Na hora em que apresentam a última música naquele espaço (She’s Only Happy When She’s Dancin’), um montão de gente sobe para dançar com o ídolo.

No palco principal, em sua parte de trás, foi instalada uma arquibancada na qual dezenas de sortudos puderam ver o show de pertinho. Wembley 1996 Live é uma dessas provas de poder de fogo que poucos artistas no mundo podem se gabar de ter. E Bryan Adams, que se mantém ativo de forma admirável, tem em seu currículo um acontecimento como esse. Podem até ser apenas “tolas canções de amor” as que ele canta/compõe. Mas o que há de errado nisso, como diria Paul McCartney?

Heaven (live Wembley 1996)- Bryan Adams: