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Tag: novembro 2020

Chico Lobo esbanja talento e gentileza em Alma e Coração

chico lobo alma e coracao

Por Fabian Chacur

Neste árido e complicado 2020, há quem considere o Brasil um caso perdido, entre lutas políticas insanas, falta de uma luz no fim do túnel e a consolidação de problemas sérios que oprimem e judiam violentamente a população menos bem aventurada em termos financeiros. É em meio a essa desesperança que o álbum Alma e Coração (Kuarup), do cantor, compositor e violeiro mineiro Chico Lobo, nos traz uma mais do que necessária dose de lirismo, arte e esperança, espalhadas por suas 13 canções. Um verdadeiro bálsamo eficaz e gentil.

Com 56 anos de idade muito bem vividos, Lobo começou a tocar seu instrumento musical de preferência aos 14 anos. O primeiro CD, No Braço Dessa Viola, veio em 1996. Este é o de Nº26, entre trabalhos solo e com outros artistas, e marca uma trajetória repleta de parcerias bacanas, shows no Brasil e no exterior, dois DVDs, um livro, o apoio a vários projetos bacanas e uma inquietude eterna.

Alma e Coração está disponível nas plataformas digitais e também em uma belíssima edição em CD no formato digipack com direito a encarte luxuoso, prova de que nada supera as versões físicas enquanto prova concreta de um trabalho consistente e cujo teor artístico transborda de cada nota tocada e cantada por este grande artista.

Sabe aquele espírito poético e cordial que a gente imagina ter sumido de cena do brasileiro em geral? Pois o nosso amigo mineiro, oriundo de São João Del Rei, prova que isso ainda existe. Aquele clima do ser convidado a ir à casa de um amigo, tomar um cafezinho, comer um pão de queijo e jogar conversa qualificada fora. Este álbum nos remete precisamente a esse lado bacana do nosso povo que precisa ser resgatado em meio a tanta sandice.

Com a pandemia comendo solta, Chico soube rapidamente se adaptar ao novo momento, tanto que conseguiu gravar este álbum valendo-se de um esquema de cooperativa com seus músicos, que realizaram suas partes no trabalho a partir de estúdios caseiros. E isso também valeu para os convidados especiais, algo constante em sua carreira.

Acima de tudo, Alma e Coração é um trabalho centrado em canções, e o nosso querido amigo mineiro usa sua afiada viola para ressaltar cada parte delas, sem cair em virtuosismos desnecessários que por ventura pudessem tirar o foco desejado. Ele e os músicos que o acompanharam souberam criar uma moldura sonora ideal para cada uma das composições incluídas no álbum, com um resultado impecável.

Pela primeira vez em sua carreira, Chico Lobo optou por lançar previamente cinco das canções de um de seus álbuns pela via digital, o que permitiu ao público ir descobrindo aos poucos o seu conteúdo. Uma dessas músicas foi a encantadora Nós, que conta com a delicada e deliciosa voz de Roberta Campos. Luiz Carlos Sá, um dos inventores e mestres do rock rural, marca presença em outra pérola preciosa deste CD, Sonhos.

Criativo e sem se limitar a um único caminho musical, Chico mistura folk, rock rural, o chamado “som caipira” e elementos da música nordestina e latino-americana, entre outros ingredientes, para nos proporcionar um som doce, amistoso e com letras líricas e repletas de uma esperança tão necessária para todos os de alma sensível.

Sagrado em Meu Olhar, com participação do talentoso paulista de Jundiaí Drigo Ribeiro, a definidora faixa que dá nome ao álbum, a inspirada Povos da América e a encantadora Própria História, na qual se destaca outro parceiro constante, Tatá Sympa, são outros momentos de destaque de um álbum acima de tudo necessário para os fãs de boa música. O título não mente, tem mesmo muita alma e coração neste novo disco do Chico Lobo.

Alma e Coração (clipe)- Chico Lobo:

Pitty investe no pop eletrônico em seu single dançante Na Tela

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Por Fabian Chacur

Pitty é uma artista inquieta e criativa. Em seu novo single, ela mais uma vez explora novos caminhos musicais, com um resultado que certamente surpreenderá muitos fãs. Na Tela, a nova canção, tem um beat bem dançante e fortes elementos eletrônicos, e certamente trará comparações com o trabalho de Anitta, embora tenha a assinatura própria da estrela baiana.

Composta logo na fase inicial da quarentena gerada pelo novo coronavírus, ela se inspirou nas relações virtuais exigidas pelo afastamento social, e na curiosidade que isso traz. “Fiquei imaginando um roteiro inspirado nisso. Primeiro veio o groove do refrão, uma coisa rítmica e percussiva, gosto de brincar com ritmo nas palavras”, explicou a cantora em comunicado à imprensa.

Com a música esboçada, ela procurou o músico e produtor Daniel Weksler, que se incumbiu de criar uma batida adequada ao que se imaginava realizar. É o primeiro trabalho conjunto deles. Como forma de manter um tempero rock presente, o guitarrista da banda da artista, Martin, foi convocado para cumprir essa missão, que realizou com a categoria de sempre.

A direção do ótimo clipe ficou a cargo de Fernando Mencocini, com quem Pitty já havia trabalhado anteriormente em Ninguém É De Ninguém. “Ele apresentou um roteiro bastante sensorial, uma viagem para esse olhar para dentro que o distanciamento traz”, explica a cantora.

Na Tela (clipe)- Pitty:

Antonio Adolfo mergulha no universo sonoro do Bituca

antonio adolfo bruma capa-400x

Por Fabian Chacur

Com mais de 50 anos de estrada, Antonio Adolfo é uma espécie de músico-vinho, pois parece ficar melhor a cada ano. Pianista, compositor e arranjador com um extenso currículo (leia mais sobre ele aqui), nos últimos anos se tornou ainda mais produtivo, lançando novos álbuns em intervalos cada vez menores. E um melhor do que o outro. O mais recente é o sublime BruMa Celebrating Milton Nascimento, lançado em CD e nas plataformas digitais.

Desta vez, o músico carioca de 73 anos optou por mergulhar no universo musical de Milton Nascimento, que ele conheceu ainda em 1967, quando o Bituca de Três Pontas tornou-se conhecido nacionalmente ao participar com destaque do 2º Festival Internacional da Canção (FIC). Do songbook generoso e repleto de momentos geniais do astro nascido no Rio e criado em Minas Gerais, selecionou nove pérolas lançadas originalmente entre 1967 e 2002.

A obra de Milton traz como marca registrada uma fusão originalíssima das várias vertentes da música popular brasileira com rock, jazz, soul e ainda mais, com uma originalidade ímpar. Nos anos 1980, por exemplo, o curador de um festival de música precisava dar um rótulo para cada artista que participaria do evento. Quando chegou a vez do nosso astro, não teve dúvida ao denominar o estilo daquele artista brasileiro como “Milton”. Bem isso.

Consciente de tal fato, Adolfo soube explorar o rico universo melódico e harmônico do artista abordado, ampliando de forma criativa e bem concatenada caminhos sugeridos por algumas daquelas canções, tornando-as peças instrumentais únicas que, no entanto, mantém de forma elogiável o DNA original concebido pelos autores. Você as ouve, curte e muito a nova roupagem, mas reconhece cada uma delas, algo nada fácil de se realizar.

Antonio Adolfo é um pianista sublime, com aquele toque delicado e swingado nas teclas que sempre explora timbres personalizados e envolventes. Como arranjador, o cara é um mestre de primeira grandeza, sabendo como poucos organizar os instrumentos participantes e dando a eles funções principais e acessórias com um cuidado digno de um ourives musical. As partes de metais, por exemplo, são sempre encantadoras.

Generoso, ele sabe abrir espaços para seus acompanhantes, enquanto dá um show no seu instrumento. O time escalado para seus álbuns é invariavelmente estrelado, e este aqui tem como destaques os fantásticos Jessé Sadoc (flugelhorn e trumpete), Jorge Helder (contrabaixo), Marcelo Martins (sax tenor e flauta), Cláudio Spiewak (guitarra e violão) e Rafael Barata (bateria), esbanjando técnica e sensibilidade como poucos.

A roupagem estilo jazz brasileiro dada a Fé Cega, Faca Amolada, a pegada percussiva de Caxangá e o clima intimista imprimido a Cais e Encontros e Despedidas são bons exemplo do bom gosto de Antonio Adolfo na exploração da musicalidade da obra do nosso querido Bituca. BruMa, cujo título é uma homenagem a Brumadinho e Mariana, tem tudo para agradar desde os fãs de música mais sofisticada até aqueles que curtem uma trilha sonora agradável como pano de fundo sonoro. Easy Listening? Lovely Listening, isso, sim!

Ouça BruMa Celebrating Milton Nascimento em streaming:

Biquini Cavadão lança single com a releitura de clássico de Cazuza

biquini cavadão 2020

Por Fabian Chacur

Em agosto, o Biquini Cavadão participou de uma live feita em prol da Sociedade Viva Cazuza ao lado de outros artistas. Eles escolheram a música Todo Amor Que Houver Nessa Vida, lançada no álbum Barão Vermelho (1982) e relida posteriormente por Cazuza em definitiva versão ao vivo no álbum O Tempo Não Para- Cazuza Ao Vivo (1989). A gravação acaba de ser disponibilizada nas plataformas digitais, além de ter um clipe com imagens caseiras de Bruno Gouveia e Carlos Coelho.

Esse lançamento é justificado por Bruno em comunicado à imprensa: “Faltava uma semana para o meu filho nascer e busquei fazer uma homenagem à chegada de Leonardo” – disse o cantor da banda carioca. “Gostamos tanto do resultado que resolvemos disponibiliza-la como single da banda”.

O single coincide com o início das gravações de um novo álbum de inéditas do Biquini, que está previsto para sair em 2021 e com produção a cargo do experiente Paul Ralphes, ex-integrante do grupo britânico Bliss e conhecido por seus trabalhos com Kid Abelha, Skank e Engenheiros do Hawaii, entre outros.

Todo Amor Que Houve Nessa Vida (clipe)- Biquini Cavadão:

Mariza grava um álbum com dez músicas de Amália Rodrigues

mariza canta amalia 400x

Por Fabian Chacur

Um gênero musical só se eterniza quando novos artistas se dedicam a ele. E este é o caso do fado. Principal gênero musical oriundo de Portugal, essa modalidade musical repleta de passionalidade e sentimento atravessa gerações e se mantém por aí. Isso ocorre graças a artistas como Mariza, cantora portuguesa que há 20 anos ajuda a renovar e divulgar mundialmente esta musicalidade. Ela acaba de lançar o single Lágrima, divulgado por um belo clipe, prévia do álbum Mariza Canta Amália, que chegará às plataformas digitais no próximo dia 20.

O novo álbum de Mariza é uma homenagem ao maior nome da história do fado, a inesquecível Amália Rodrigues (1920-1999), cujo centenário está sendo celebrado este ano. O trabalho reúne dez músicas do repertório da icônica cantora e compositora, que não só ajudou a consolidar esse gênero musical como também lhe abriu horizontes, não se limitando apenas aos cânones originais, orientação seguida com categoria pela pupila.

Gravado no Brasil e em Lisboa, o disco conta com a produção de Jaques Morelenbaum, músico brasileiro com o qual a cantora portuguesa trabalha desde 2005. Além dele, músicos do gabarito de Cristóvão Bastos (piano) e Jorge Helder (baixo) também marcaram presença nas gravações.

Presença constante no Brasil, onde tem um fã-clube fiel, Mariza explica a motivação de ter, pela primeira vez, gravado um álbum só com músicas de sua maior inspiração: “Foi o melhor jeito que achei para prestar minha homenagem a Amália, e agradecê-la pelo legado e inspiração que ela nos deu”.

Lágrima (clipe)- Mariza:

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