Mondo Pop

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Mart’nália faz deliciosa viagem pela obra de Vinicius de Moraes

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Por Fabian Chacur

Há artistas que possuem uma forte assinatura autoral naquilo que fazem. Mart’nália integra esse restrito grupo a partir de sua voz, que consegue conciliar um registro mais áspero com uma doçura que você reconhece logo nos primeiros segundos de suas interpretações. Versátil, ela é cantora, compositora, musicista, produtora… Com 32 anos de carreira discográfica, ela dedica o seu novo álbum a um dos repertórios mais nobres da música brasileira. O título entrega o conteúdo: Mart’nália Canta Vinícius de Moraes, lançamento da Biscoito Fino que já está disponível em CD e nas plataformas digitais.

Este novo trabalho de Mart’nália começou bem logo na escolha de seus produtores, o saudoso baixista Arthur Maia e o guitarrista Celso Fonseca. Essa dupla talentosíssima soube arregimentar músicos que, junto com eles, foram capazes de dar conta de uma sonoridade centrada na música brasileira, mas com uma fluência jazzística e apego às sutilezas elegantes.

A escolha do repertório equivale a uma significativa amostra do que melhor o nosso amado Poetinha fez em sua carreira no mundo da música popular, trazendo exemplares de suas parcerias com Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra e Hermano Silva. De quebra, temos a voz do próprio abrindo e fechando o CD, com seu tom agradável e mais afinado do que quem não conhece a sua história pode imaginar. Poeta, sim, e dos bons, mas um vocalista bastante respeitável, sem ser um Pavarotti, obviamente.

Com seu estilo próprio e descontraído, Mart’nália aproveita essa roupagem bacana imprimida às músicas de Vinícius para dar a elas releituras elegantes, reverentes e respeitosas, mas sem cair na mera repetição, armadilha em que alguns intérpretes caem quando ficam diante de canções tão clássicas e tão icônicas como essas contidas neste trabalho.

Além do homenageado, temos as participações de Maria Bethânia recitando o Soneto do Corifeu, interpolado em Eu Sei Que Vou Te Amar, a cantora italiana radicada na França Carla Bruni em versão bilíngue de Insensatez, e de Toquinho na sua parceria com Vinícius Tarde em Itapoã. A irreverência de A Tonga da Mironga do Kabuletê e Maria Vai Com As Outras, o ode à saudade de Onde Anda Você, o lirismo de Minha Namorada, é um clássico atrás do outro.

Mart’nália Canta Vinícius de Moraes é o tipo do tributo que esse grande nome da cultura brasileira merece, um verdadeiro banho de sensibilidade, talento e respeito. Difícil ser mais elegante e swingada do que Mart’nália foi com essas canções tão maravilhosas, que refletem o melhor de um país que a gente ama e respeita mais do que nunca. Cultura é isso!

Onde Anda Você– Mart’nália:

João Bosco faz show no Rio ao lado de Hamilton de Holanda

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Por Fabian Chacur

João Bosco e Hamilton de Holanda se conhecem há um bom tempo, e volta e meia tocam juntos. Após apresentação este ano no Montreux Jazz Club, na Suíça, os amigos voltam à cena no Rio, para shows nesta sexta (2) e sábado (3) às 19h e domingo (4) às 18h na Caixa Cultural Rio de Janeiro- Teatro da Caixa Nelson Rodrigues (av. República do Chile, nº 230- Centro- fone 0xx21- 3509-9600)- ingressos de R$ 15,00 a R$ 40,00.

Com Hamilton no bandolim e João nos vocais e violão, no melhor formato duo, essas feras da nossa música mostram todo o seu talento em músicas marcantes de Bosco como Linha de Passe, Nação e Coisa Feita e em clássicos da nossa musica do porte de Isso é Brasil (Ary Barroso), Milagre (Dorival Caymmi) e Vatapá (Dorival Caymmi), além de outras assinadas por Paulinho da Viola e Milton Nascimento. O show intitula-se Eu Vou Pro Samba, e tomara que vire CD, DVD etc.

Com 42 anos de idade, o carioca Hamilton de Holanda é um dos grandes nomes do bandolim da atualidade, posto em que se mantém firme nos últimos 20 e poucos anos. Além de belos discos solo, ele também gravou ao lado de Diogo Nogueira, André Mehmari, Yamandu Costa e Hermeto Pascoal, entre outros, tendo como marca registrada a sua forma ousada e criativa de tocar seu instrumento musical.

Quanto a João Bosco, falar o que de um dos grandes mestres da nossa música? Caminhando para 50 anos de carreira, este cantor, compositor e exímio violonista criou uma sonoridade composta por samba, bolero, samba-canção, música africana, cubana, jazz e latinidades mil, compondo ao lado de Aldyr Blanc, Paulo Emilio e o filho Francisco Bosco, entre outros. É capaz de cativar multidões valendo-se só de violão e voz.

João Bosco e Hamilton de Holanda no Montreux Jazz Club, 2018:

Zeca Pagodinho/Bethânia em uma turnê por seis capitais

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Por Fabian Chacur

Zeca Pagodinho é um fã declarado de Maria Bethânia, e se sentiu honrado com a participação da cantora em seu DVD/CD Quintal do Pagodinho (2016). A parceria progrediu, e agora será a vez de uma pequena turnê, intitulada De Santo Amaro a Xerém e com início marcado para o dia 7 de abril no Classic Hall, em Recife (PE). Veja o descontraído vídeo no qual a dupla anuncia seis shows por capitais brasileiras aqui.

O roteiro, assinado pelos dois amigos, incluirá alguns dos inúmeros sucessos de seus respectivos repertórios e também algumas músicas que eles nunca interpretaram anteriormente em seus shows e álbuns. Nenhuma dessas músicas ainda foi divulgada e nem sabemos como será a estrutura do espetáculo em si, mas dá para esperar muita coisa boa das trajetórias vitoriosas dos dois.

A banda será composta pelos experientes Paulão Sete Cordas (violão de sete cordas), Jaime Alem (violão), Romulo Gomes (baixo), Marcelo Costa (percussão), Jaguara (percussão), Esguleba (percussão), Paulo Galeto (cavaquinho) e Vitor Motta (sax e flauta), velhos conhecidos dos protagonistas do espetáculo desde já histórico.

A impressão que se tem é que o formato acústico deverá ser bastante privilegiado, assim como o lado percussivo e o samba, ritmo sempre presente na discografia deles. E tomara que vire DVD/CD/Blu-ray…

Eis as datas e locais dos shows da turnê De Santo Amaro a Xerém:

– 7/4- Recife (PE)- Classic Hall

– 14/4- Salvador (BA)- Concha Acústica

– 21/4- Rio de Janeiro (RJ)- KMs de Vantagens Hall

– 5/5- Belo Horizonte (MG)- KMs de Vantagens Hall

– 19/5- São Paulo (SP)- Citibank Hall

– 30/5- Brasília (DF)- Centro de Convenções Ulisses Guimarãoes

Zeca e Bethânia no DVD Quintal do Pagodinho:

Joyce Cândido faz show no RJ para celebrar a sua carreira

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Por Fabian Chacur

Em 2006, Joyce Cândido lançou Panapaná, seu primeiro CD. Desde então, esta cantora, compositora e pianista viu seu currículo aumentar bastante, com o direito a vários lançamentos, shows no Brasil e exterior e a ter fãs ilustres como Chico Buarque, João Bosco, Jorge Aragão, Milton Nascimento e Bibi Ferreira. Ela celebra essa década com show nesta terça (12) no Rio às 21h no Theatro Net Rio (rua Siqueira Campos, nº 143- Copacabana- fone 0xx21-2147-8060), com ingressos a R$ 60,00 (balcão) e R$ 80,00 (plateia).

Joyce Cândido é daquelas raras artistas que procurou se preparar de forma consistente para desenvolver o seu talento inerente. Ela estudou piano em Marília (SP) e se formou em música na Universidade Estadual de Londrina (PR), cidade na qual residia quando lançou o seu disco de estreia. Logo a seguir, mudou-se para Nova York, onde estudou canto, dança e teatro no Broadway Dance Center, além de cantar no circuito de bares daquela cidade americana.

Ao voltar ao Brasil, gravou o CD O Bom e Velho Samba Novo (2011). Em 2013, saiu o DVD/CD O Bom e Velho Samba Novo- Ao Vivo, com participações especiais de João Bosco, Elza Soares, Toninho Geraes e Carlinhos de Jesus. O EP O Que Sinto (2015), o CD Imaginidade (2017) e o recém-lançado single Fino Trato são seus outros lançamentos. Ela também participou do sambabook de Jorge Aragão.

Em sua apresentação no Theatro Net Rio, Joyce dará uma geral em seu repertório, concentrado basicamente em samba e MPB, e contará com as participações especiais de Badi Assad, Toninho Geraes, Fabiano Salek, Alceu Maia, Rildo Hora e Carlinhos de Jesus, entre outros. Boa oportunidade para se conferir essa talentosa artista de 34 anos.

Cê Pó Pará (ao vivo)- Joyce Cândido:

Antônio Carlos & Jocafi fazem show com Ithamara Koorax

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Por Fabian Chacur

O público carioca terá o privilégio de conferir nesta sexta-feira (17) às 20h um encontro muito bacana entre integrantes de duas gerações da música brasileira. A dupla Antônio Carlos & Jocafi irá fazer um show no qual terão a seu lado a cantora Ithamara Koorax. O show vai ocorrer no Blue Note Rio (avenida Borges de Medeiros, nº 1.424- Lagoa- Rio- fone 0xx21- 3799-2500), com ingressos custando de R$ 40,00 a R$ 250,00.

Chega a ser ridículo pensar, hoje em dia, que os baianos Antônio Carlos & Jocafi eram encarados de forma bastante negativa pela crítica especializada em música durante a fase áurea de sucesso desses caras, durante os anos 1970. Afinal de contas, o trabalho deles conseguiu aliar de forma extremamente competente apelo popular com grande qualidade artística e musical, um samba-pop de primeira linha.

Eles estouraram com músicas como Você Abusou, interpretada ao vivo até por Stevie Wonder, Desacato (destaque no Festival Internacional da Canção de 1971), Mudei de Ideia, Toró de Lágrimas, Opus 2, Minhas Razões e Jesuíno Galo Doido, além das incríveis trilhas sonoras para as novelas O Primeiro Amor (1972) e Supermanoela (1974).

Além de dar uma geral em seus grandes sucessos, a dupla também promete mostrar uma música inédita, Lívia, baseada em personagem do livro Mar Morto, de Jorge Amado. Eles já haviam escrito anteriormente uma canção homenageando uma obra do autor baiano, o hit Dona Flor e Seus Dois Maridos, lá pelos idos de 1974-75. A parceria com Ithamara Koorax, consagrada cantora de MPB, jazz e bossa com fama internacional, promete ser bem bacana.

Dona Flor e Seus Dois Maridos– Antônio Carlos & Jocafi:

Xande de Pilares retorna com uma enxurrada de canções

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Por Fabian Chacur

Três anos se passaram desde que Xande de Pilares lançou Perseverança, seu primeiro álbum solo. Nesse período, ele se consolidou de vez no meio do samba, após ter sido integrante do grupo Revelação entre 1992 e 2014. Agora, ele volta, e com tudo, com um novo CD. Trata-se de Esse Menino Sou Eu, que esbanja fome de bola, especialmente pelo fato de trazer 17 canções, algo não muito comum nos lançamentos atuais.

Chega a ser curioso saber que, quando o cantor, compositor e músico carioca saiu do Revelação, ele pensou em largar mão de tudo. “Recebi muitos conselhos do Jorge Aragão, da Leci Brandão, do pessoal do Salgueiro, do Prateado, do Leandro Sapucahy, da minha mãe, eles não me deixaram desistir, e me fizeram acreditar no meu trabalho”, relembra, em entrevista a Mondo Pop.

Após a ótima repercussão do primeiro trabalho individual, ele preferiu preparar com calma um sucessor de Perseverança, algo que tem a ver com o seu jeito de ser. “Não sou um cara apressado em nada. Não estou preocupado com resultados imediatos, quero fazer história. Vide o Noel Rosa, que viveu pouco e se foi há muito tempo, mas cujo trabalho está aí até hoje”. A música Tem Que Provar Que Merece, uma das melhores do álbum, fala exatamente sobre isso, essa disposição de lutar para conseguir concretizar seus sonhos.

O seu som traz elementos das raízes do samba, mas sem se fechar a outras influências. “Não me submeto a mudanças. Procuro me adaptar e evoluir, mas sem deixar de ser eu. O samba está sempre aí, e respeito os outros estilos musicais”. Aliás, ele justifica o grande número de canções exatamente a essa vontade de investir em material de qualidade. “Tinha muitas músicas boas, a seleção inicial de repertório trazia umas 50, então não dava para deixar tanta coisa de fora”.

A explicação de Xande fica ainda mais clara quando ele revela que lançará um segundo volume de Esse Menino Sou Eu em um futuro não muito distante, com direito a mais 18 músicas e a participações especiais de nomes como Maria Rita e Seu Jorge, entre outros. Um DVD, que será o primeiro sem o Revelação, também está previsto para 2018.

Esse Menino Sou Eu, em seu primeiro volume, traz participações especiais de Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, André Renato e a mãe de Xande, Maura Helena. “Conhecer o Zeca e me tornar seu amigo foi um dos maiores presentes que o Arlindo Cruz me deu, pois foi ele quem me aproximou dos meus ídolos; o André Renato é filho do Sereno, do Fundo de Quintal, e sempre vi um grande potencial nele, tem um estilo de cantar bem próprio”.

A faixa Mãe é uma das mais emocionantes. “Esse disco fala muito da minha vida, e nessa faixa homenageio a minha mãe, que me influenciou muito musicalmente e que tem muita importância para mim, foi emocionante gravar ao lado dela”. Aliás, uma das coisas que Xande mais curte é trabalhar em equipe. “Vida compartilhada é muito melhor, música é você interagir com os outros, é aí que as coisas saem”.

Ele também aponta a importância do consagrado e experiente produtor Prateado na concretização desse novo projeto. “Nossa parceria fluiu muito no estúdio, também compusemos músicas juntos. Sempre quis trabalhar com ele, mas como sou muito tímido, espero sempre o momento certo para concretizar essas parcerias. Temos os mesmos gostos musicais, é um cara incrível”.

Aliás, o que não falta no currículo de Xande é parceria. Só com Zélia Duncan ele já compôs 17 músicas, sendo que 3 já foram gravadas por ela. Ele também destaca outros nomes importantes. “A Maria Rita virou minha irmã, ela gravou três músicas minhas. E também busco relação com os músicos das antigas, respeito muito eles, fui criado assim”.

Além de composições inéditas dele e de outros autores, o ex-cantor do Revelação também escolheu a dedo algumas canções para regravar, dos repertórios de Benito di Paula, Jorginho do Império e Djavan. “Alegre Menina, por exemplo, foi lançada na trilha da novela Gabriela, em 1975, com o Djavan; ela soa natural, me dá uma grande emoção, pois me transporta para a minha infância”.

Além de todos os projetos previstos para o futuro próximo, ele também gostaria de regravar músicas de Roberto Carlos e Jorge Ben Jor. Desde último, ele até já sabe qual seria a escolhida. “Amo o álbum A Tábua de Esmeraldas (1974), e especialmente a faixa A Minha Teimosia é Uma Arma Pra Te Conquistar, essa seria muito legal de regravar”.

Tem Que Provar Que Merece– Xande de Pilares:

Zeca Pagodinho/Seu Jorge em um show único em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Dois grandes nomes da música popular brasileira estarão em São Paulo nesta sexta-feira (30) a partir das 23h30 no Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795- Barra Funda- call center 0xx11-2027-0777), com ingressos de R$ 40,00 a R$ 250,00. São eles Zeca Pagodinho e Seu Jorge. Uma união repleta de ritmo, malemolência, inúmeros hits e uma amizade bacana mantida há um bom tempo por esses dois sambistas de primeira linha.

Zeca Pagodinho tornou-se conhecido inicialmente como compositor de hits para artistas do porte de Beth Carvalho. A partir de 1986, ganhou fama nacional graças a seus sambas bem-humorados, românticos e inspirados nas raízes do gênero, embora sem nunca se furtar a elementos inovadores. Em seu repertório, hits do porte de Judia de Mim, Vai Vadiar, Coração em Desalinho, Verdade e Deixa a Vida Me Levar, que o tornaram o nome mais popular do samba atualmente.

Já Seu Jorge fez fama inicial cantando no grupo Farofa Carioca, para, logo a seguir, investir em carreira solo que o tornou conhecido no Brasil e também internacionalmente. Versátil, ele vai de samba, samba-rock, soul, pop e outros elementos musicais, além de ter uma sólida carreira como ator. O seu set list de sucessos também vai longe, incluindo Burguesinha, Carolina, Amiga da Minha Mulher e muitos outros.

A noitada no Espaço das Américas promete ser das boas. Primeiro, teremos os shows individuais de cada artista, repletos de músicas legais. Depois, eles se unirão no palco para uma seleção musical não divulgada previamente, mas que certamente terá o bom gosto e a categoria dos dois a garantir a festança. Tem tudo para varar a noite… Vale lembrar que o evento faz parte do projeto Versão Brasileira, que viabiliza parceria do naipe desta aqui.

Meu Parceiro– Seu Jorge e Zeca Pagodinho:

Débora Watts lança seu 1º CD autoral com um show no Rio

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Por Fabian Chacur

Depois de cantar clássicos da MPB durante muitos anos nos EUA, Débora Watts resolveu se dedicar a composições próprias, processo que teve início em 2013. A cantora e agora também autora vem ao Brasil para mostrar o repertório de seu primeiro CD com músicas de sua autoria, Um Samba Ao Contrário. O show será realizado no Rio de Janeiro nesta terça-feira (6) às 21h no Bar Semente (rua Evaristo da Veiga, nº 149- Lapa- fone 0xx21), com ingressos a R$ 20,00.

Natural de Saquarema (RJ), Débora mora nos EUA desde 1993. Por lá, recebendo incentivo de seu marido, o pianista John Allen Watts, passou a se apresentar em locais como o Brooklyn Museum e o Flushing Town Hall, acompanhada por músicos de lá e interpretando pérolas do samba, MPB, bossa nova e baião. Quando resolveu escrever suas próprias canções, teve como inspiração craques como Chico Buarque, Edu Lobo, Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim e Noel Rosa, entre outros.

Um Samba ao Contrário traz 14 músicas feitas por Débora, nas quais uma sonoridade acústica marca presença em canções que vão do samba ao chorinho, passando por maxixe, valsinha e até bolero. No repertório, destaques para as canções Vampiros, O Vento e a Flor, Vou Te Contar Um Segredo, A História de Nós Dois e Calma.

No show no Rio, ela será acompanhada por Rogério Caetano (violão de 7 cordas), Luis Barcelos (bandolim e cavaquinho), Guto Wirtti (baixo acústico), Rafael Barata (bateria) e Kiko Horta (acordeon), boa parte dos músicos que marcaram presença no álbum, gravado no Rio por Carlos Fuchs no estúdio Tenda da Raposa e mixado/masterizado nos EUA por David Darlington, que possui um Grammy em seu currículo.

Vampiros– Débora Watts:

Almir Guineto, belo craque do samba, nos deixa aos 70 anos

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Por Fabian Chacur

Lá pelos idos de 1998, eu era colaborador da extinta revista Cavaco, especializada em samba, e tive a oportunidade de entrevista Almir Guineto no apartamento onde ele morava na época, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. De forma hospitaleira, o cara me ofereceu um suco. Como estava um calor daqueles, tomei rapidinho, e ele me ofereceu outra dose logo a seguir, com a frase clássica: “toma mais, porque por esse preço…”. Essa figuraça infelizmente nos deixou nesta sexta-feira (5), aos 70 anos.

Almir Guineto nasceu no Rio de Janeiro em 12 de julho de 1946, e é cria do Salgueiro. Nos anos 1970, no entanto, também passou a frequentar a sede do Bloco Cacique de Ramos, onde se enturmou e fez amizade com figuras emergentes do porte de Zeca Pagodinho, Ubirany, Bira Presidente e outros do mesmo porte. No fim daquela década, ele integrou por um curto período de tempo dois grupos. O primeiro foi os Originais do Samba, de Mussum e Cia, fundado pelo seu irmão Chiquinho e que gravou algumas de suas composições.

O Grupo Fundo de Quintal completa a dobradinha. Guineto marcou presença no primeiro álbum desse verdadeiro Butantã do samba (só tinha e só tem cobras), Samba é No Fundo de Quintal (1980). Vale lembrar que ele foi a rigor o músico que introduziu o banjo no samba, uma das várias inovações geradas pelo Fundo de Quintal. Ou seja, fica difícil qualificar o trabalho dele como “samba de raiz”, pois, embora tivesse forte ligação com as tradições deste gênero musical, ele no entanto apostou nas inovações e ajudou-o a progredir ainda mais.

Em 1981, fez muito sucesso com a música Mordomia, que defendeu no Festival MPB-Shel de 1981, da Globo, faixa de destaque de seu primeiro álbum solo, O Suburbano, lançado naquele mesmo ano pela efêmera divisão brasileira da gravadora K-Tel. Em 1985, estourou com Jiboia, e depois com Caxambu e diversas outras, em seus trabalhos individuais, sempre com sua voz grave e repleta de swing e personalidade, ora apostando no bom humor, ora no romantismo.

Grande amigo de Zeca Pagodinho, ele inclusive gravou em 1999 um autointitulado álbum pela Universal Music graças à indicação do parceiro. Ótimo interprete, ele no entanto teve mais sucesso como compositor, tendo sido parceiro na autoria de maravilhas do porte de Coisinha do Pai, Corda no Pescoço, Pediu ao Céu e inúmeras outras, gravadas por Beth Carvalho, Alcione, Zeca e outras feras do samba. Almir foi vítima de problemas renais crônicos, agravados por diabetes. Uma dessas perdas mais do que lamentáveis. Que descanse em paz!

Mordomia– Almir Guineto:

Livros MPBambas trazem um elenco de ótimas entrevistas

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Por Fabian Chacur

Tempo em TV vale ouro. Por isso, frequentemente entrevistas gravadas para esse veículo de comunicação costumam trazer apenas uma parte do conteúdo obtido nos papos com os alvos de suas matérias. Os dois volumes de MPBambas- Histórias e Memórias da Canção Brasileira, de autoria de Tarik de Souza e editados pela Kuarup, tem como nobre objetivo preencher uma dessas lacunas inevitáveis, e o faz de forma brilhante.

Um profissional como Tarik de Souza deveria dispensar apresentações prévias, mas como estamos no Brasil, vale falar um pouco dele. Trata-se de um jornalista especializado em música brasileira na ativa há quase 50 anos, com currículo recheado de passagens por órgãos de imprensa bacanas e autor de inúmeros livros que fazem parte das bibliotecas de quem se interessa por informações musicais consistentes e oferecidas com texto sempre impecável ao leitor.

De 2009 a 2014, Tarik apresentou no Canal Brasil o programa televisivo MPBambas, no qual trazia um grande nome da música brasileira por edição para entrevistas deliciosas. Como cada episódio comportava apenas 27 minutos de conteúdo, sobrou muita coisa boa, que ficaria apenas na memória de quem teve a honra de participar dos bate-papos. Mas Paulo Mendonça, um dos comandantes do Canal Brasil, sugeriu ao jornalista a edição em livro desse material, e graças à sua batalha, e à parceria com a Kuarup, gravadora que também enveredou pelo lançamento de livros, a ideia se tornou realidade.

Organizadas em dois volumes vendidos separadamente, as entrevistas foram divididas em 14 por exemplar, curiosamente como se fossem um disco de vinil. A abrangência dos entrevistados impressiona, pois focaliza desde monstros sagrados bem conhecidos do grande público, como Milton Nascimento, Gal Costa e Beth Carvalho, até craques musicais menos divulgados do que mereceriam, tipo Getúlio Côrtes, Billy Blanco, Sueli Costa e Doris Monteiro.

Cada entrevista é uma verdadeira viagem dentro do universo musical do personagem escolhido. Como as transcrições são integrais, elas nos possibilitam a oportunidade de conhecer características particulares de cada um deles. Tarik vem sempre com a lição de casa prontinha, e faz perguntas pertinentes e buscando esclarecer dúvidas sobre o trabalho de cada um deles, nada mais adequado para um formato do tipo enciclopédia musical brasileira audiovisual.

Quem não curte detalhes e minúcias deve ficar longe de MPBambas, os livros. Quem, no entanto, deseja descobrir muito sobre cada entrevistado, terá seu desejo saciado de forma generosa, além de deparar com fatos importantes e inusitados de cada um deles. Fofocas, boatos tolos e idiotices do gênero não entraram em cena, felizmente. Ao fim de cada leitura, você percebe que tomou contato com gente profunda, importante e que fez da arte suas vidas.

Os livros ganharam ainda mais importância pelo triste fato de que diversos dos entrevistados infelizmente partiram para o outro lado do mistério, tempos após terem concedido suas entrevistas ao programa de TV. Desta forma, viraram registros ainda mais fundamentais. Duvido que você encontre papos mais densos e registrados em livros com os hoje saudosos Dominguinhos, Paulo Vanzolini, Inezita Barroso, Billy Blanco e Ademilde Fonseca do que estes aqui.

Uma das grandes sacadas de Tarik foi uma entrevista com Chico Anysio sobre a sua rica faceta de compositor musical, que muita gente boa infelizmente desconhece. Ou de mostrar a cara de Getúlio Côrtes, autor de hits eternos como Negro Gato, O Gênio, Uma Palavra Amiga e tantos outros. MPBambas-Histórias e Memórias da Canção Brasileira Volumes 1 e 2 é para ler, reler e consultar, além de obrigatórios para estudantes e profissionais de jornalismo.

O Gênio/Pega Ladrão/ Negro Gato (ao vivo)- Getulio Côrtes:

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