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The Rolling Stones anunciam Angry e Hackney Diamonds

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Por Fabian Chacur

Esta véspera de feriado no Brasil veio com uma ótima surpresa para os fãs de classic rock. Já está disponível nas plataformas digitais Angry, o 1º single a ser divulgado do aguardadíssimo álbum Hackney Diamonds, que marca o retorno dos Rolling Stones ao universo dos trabalhos só de composições inéditas após 18 anos de A Bigger Bang (de 2005).

Hackney Diamonds está programado para sair em diversos formatos no dia 20 de outubro via Universal Music. Serão 12 novas composições, gravadas em diversos estúdios localizados nos EUA, Londres e Nassau (nas Bahamas). O trabalho terá provavelmente a participação especial de ninguém menos do que Paul McCartney e Ringo Starr, o que será confirmado em breve.

O álbum também marca a primeira colaboração da agora sessentona banda com o produtor e músico Andrew Watt, conhecido por seus trabalhos ao lado de Pearl Jam, Iggy Pop e Elton John, e ganhador de um Grammy como melhor produtor do ano em 2021

Angry, o single, é o que se poderia esperar de uma música para abrir a divulgação de um álbum dessa banda icônica. Trata-se de um rock básico, com riffs certeiros e andamento compassado na melhor tradição de Mick Jagger e Keith Richards. Na segunda audição você já está cantando o refrão junto com eles. Tipo da canção feita para ninguém ficar bravo…

O clipe é muito divertido. Dirigido por François Rousselet, tem como estrela a bela atriz norte-americana Sydney Sweeney, conhecida por seus trabalhos em séries como The White Lotus, Euphoria e The Handmaid’s Tale. Ela incorpora uma roqueira vestida a caráter e passeando pelas ruas em um carrão conversível olhando versões animadas de antigos outdoors com imagens dos Stones dos anos 1960 pra cá.

Angry (clipe)- The Rolling Stones:

Robbie Robertson, 80 anos, um dos integrantes do The Band

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Por Fabian Chacur

The Band foi uma das bandas mais incríveis e seminais da história do rock. Em sua fase áurea, entre 1968 e 1977, produziu um trabalho consistente, sólido e no qual seus 5 integrantes tinham participação ativa. Nesta quarta-feira (9), perdemos mais um deles, o guitarrista e principal compositor, Robbie Robertson. Ele nos deixou aos 80 anos, vítima de uma doença não revelada por seu empresário, Jarred Levine.

Nascido em Toronto, Canadá, em 5 de julho de 1943, Robertson foi uma espécie de menino prodígio do rock. Aos 16 anos, não só já integrava a banda de apoio do roqueiro americano radicado no Canadá Ronnie Hawkins como ainda tinha duas músicas gravadas por ele. E esse grupo de apoio acabou sendo o berço do que viria a ser o The Band.

Após deixar Hawkins para tentar a própria sorte, a partir de 1964, o grupo se envolveu com ninguém menos do que Bob Dylan, acompanhando-o com variações na formação entre o fim de 1965 e meados de 1966 no início da fase mais roqueira daquele artista. Em 1967, Dylan se recuperou de um grave acidente de moto e eles gravaram juntos músicas que só seriam lançadas oficialmente em 1975 no seminal álbum The Basement Tapes.

Poucos grupos poderiam usar um nome tão aparentemente arrogante, The Band (a banda), sem soar como pretensiosos, e esse quinteto podia se dar a esse luxo sem sustos. Além de Robbie, que era o guitarrista e seu principal compositor, tínhamos um talentoso multi=instrumentista, Garth Hudson (agora, o único do grupo ainda entre nós) e três grandes vocalistas e músicos.

Levon Helm (1940-2012), o único norte-americano do time, tinha uma voz mais áspera, além de tocar bateria. Rick Danko (1942-1999), o baixista, era o rei das harmonizações vocais, e Richard Manuel (1943-1986) tinha uma linda voz e também tocava piano.

Juntos, eles criaram uma sonoridade que poderia ser definida de forma muito abrangente por country soul, pois mistura de forma extremamente original rock, soul music, country, folk e música americana tradicional. Nas composições de Robertson, ele usava temas como religiosidade, fé e as culturas americana e canadense.

Quando Music From Big Pink saiu, em 1968, conquistou rapidamente a crítica especializada, o público e os colegas músicos, especialmente gente do gabarito de Eric Clapton e George Harrison, trazendo músicas marcantes como The Weight, que virou uma espécie de cartão de visitas do grupo, além de ter sido incluída em várias trilhas de filmes.

Além de gravar as músicas de Robertson, The Band também registrou várias músicas de Bob Dylan e fez alguns covers muito bacanas em seus anos de ouro. Eles ainda arrumaram tempo para uma nova parceria com o autor de Blowin’ In The Wind em 1974, que rendeu um álbum de estúdio, Planet Waves, e um ao vivo simplesmente espetacular, Before The Flood.

Em 1976, Robertson decidiu que havia chegado a hora de sua banda encerrar a sua trajetória, não sem antes realizar um último show, registrado por Martin Scorsese e gerando o excelente filme The Last Waltz (1978- exibido no Brasil como O Último Concerto de Rock).

Como legado, deixaram álbuns incríveis como o já citado Music From Big Pink e também pelo menos The Band (1969), Stage Fright (1970) e outro álbum ao vivo simplesmente matador, Rock Of Ages (1972). Se bem que qualquer um dos discos desse período merece ser ouvido com carinho, pois são todos no mínimo ótimos.

Das composições de Robbie Robertson gravadas pelo The Band, podemos citar como exemplos de excelência maravilhas do naipe de Chest Fever, Acadian Driftwood, Up On Creeple Creep, The Shape I’m In, The Night They Drove Old Dixie Down e Rag Mama Rag, só pra começo de conversa. Ouça essas e tente não querer ouvir muitas outras…

O The Band voltaria à ativa nos anos 1980, mas sem Robbie Robertson, que preferiu se dedicar à carreira-solo, compondo trilhas incidentais para diversos filmes de Martin Scorsese, entre os quais The Colour Of Money (A Cor do Dinheiro-1987), que emplacou o hit It’s In The Way That You Use It, interpretado por seu parceiro nesta composição, Eric Clapton.

Robertson lançou discos solo muito elogiados pelos críticos e com resultados comerciais aceitáveis, como Robbie Robertson (1987- com participações de U2 e Peter Gabriel), Storyville (1991) e How To Become a Clayrvoyant (2011), este último com participações de Eric Clapton, Steve Winwood, Trent Reznor e Tom Morello e atingindo o 13º posto nos EUA, sua melhor performance fora do The Band.

The Weight (ao vivo em Woodstock)- The Band:

Randy Meisner, 77 anos, um dos fundadores do grupo Eagles

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Por Fabian Chacur

Em 1977, os Eagles viviam o seu auge em termos de popularidade. Um de seus integrantes, no entanto, não conseguia segurar a onda. Era o baixista e também vocalista Randy Meisner, que em setembro daquele ano surpreendeu a todos ao sair da banda. Desde então, ele se manteve ativo, como veremos a seguir, mas esse momento mágico não se repetiria mais. Ele nos deixou nesta quarta-feira (26) aos 77 anos, vítima de problemas pulmonares.

Nascido no estado de Nebraska, nos EUA, em 8 de março de 1946, Randall Herman Meisner virou fã de rock and roll ao ver Elvis Presley na TV. Com o tempo, aprendeu a tocar baixo e integrou pequenas bandas. Com a The Poor, gravou alguns singles, participou de um filme estelado por Jack Nicholson e abriu um show de Jimi Hendrix, tudo isso em meados de 1967 e 1968.

Com o fim do Buffalo Springfield, que ficou famosa com o hit For What It’s Worth e revelou Neil Young e Stephen Stills, outros dois integrantes do grupo, Richie Furay e Jim Messina, resolveram montar uma nova banda, e Randy foi convidado a entrar no time. Era o Poco, grupo que se solidificou como um dos mais populares do chamado country rock. Logo após participar do álbum de estreia, Pickin’ Up The Pieces (1969), Meisner saiu fora, substituído por Timothy B. Schmit. Guarde este nome.

Não faltou trabalho para o nosso amigo neste período pós-Poco. Ele integrou a banda de apoio de Rick Nelson, a Stone Canyon Band, com quem fez vários shows e gravou os álbuns In Concert At The Troubador, 1969 (1970) e Rudy The Fifth (1971). Ele também participou, tocando baixo, dos álbuns Sweet Baby James (1970), de James Taylor, e Singer of Sad Songs (1970), do astro country Waylon Jennings.

Aí, a sorte grande bateu na sua porta. Ele foi convidado a tocar na banda de apoio da então emergente cantora Linda Ronstadt, e conheceu dessa forma Don Henley, Glenn Frey e Bernie Leadon. No finalzinho daquele 1971, ele e os novos amigos resolveram deixar aquele emprego e montar a sua própria banda. Nascia, assim, Eagles, uma das bandas mais populares do rock.

Nesses 6 anos com a banda, Meisner gravou os álbuns Eagles (1972), Desperado (1973), On The Border (1974), One Of These Nights (1975) e Hotel California (1976), que venderam milhões de cópias e geraram turnês intermitentes com direito a todas as tentações que a estrada proporciona.

Além de tocar baixo e fazer vocais de apoio, Meisner também compôs e fez o vocal principal nas músicas Take It To The Minute, Try and Love Again, Is It True?, Take The Devil, Tryin’, Certain Kind Of Fool e Too Many Hands. Ele fez o vocal principal em Most Of Us Are Sad (composição de Glenn Frey) e Midnight Flyer (de Paul Craft) e duetou com Don Henley em Saturday Night. Ufa!

Dessas todas, o seu principal hit foi certamente Take It To The Minute, de 1975, na qual tinha uma performance brilhante no vocal. No entanto, ele não gostava de ficar no centro dos holofotes, e isso, aliado ao fato de se sentir estafado e com saudades da família o levaram a tomar a inesperada decisão de deixar a banda no seu auge.

Adivinhe quem entrou no lugar dele? Foi exatamente aquele nome que eu pedi pra você deixar anotado, o de Timothy B. Schmit. Não foi for acaso que, anos depois, ao receber seu troféu do Rock and Roll Hall of Fame, em 1998, Schmit fez questão de agradecer a Meisner por essas oportunidades.

Randy marcou presença também em 5 das 15 faixas do álbum Eagles Live, lançado em 1980 e que trazia gravações ao vivo registradas em shows realizados pela banda em 1976 (ainda na fase com o seu baixista original) e em 1980 (com Timothy no seu lugar).

Logo ao sair dos Eagles, Randy Meisner iniciou a carreira-solo em 1978 com um autointitulado álbum que passou batido. One More Song (1980) teve repercussão muito melhor, atingindo o posto de nº 50 nos EUA e emplacando os hits Deep Inside My Heart (dueto com Kim Carnes) e Hearts On Fire, que no formato single chegaram respectivamente ao n º22 e nº 19.

Randy Meisner (1982) o manteve bem cotado na cena rock, chegando ao nº94 nos EUA e trazendo como destaques as faixas Strangers (Elton John e Gary Osbourne), que ele cantou em dueto com a cantora Ann Wilson, do grupo Heart, Never Been In Love (atingiu o posto de nº 28 na parada de singles) e Tonight, composição de Bryan Adams e Jim Vallance.

Em 1985, criou a banda Black Tie ao lado de dois outros músicos famosos, James Griffin (ex-integrante do grupo Bread) e Billy Swan (cantor pop-country que emplacou em 1974 o hit I Can Help. Lançaram um álbum sem grande repercussão.

Recordando o passado de glórias, Randy Meisner participou de uma retomada da formação original do Poco, que rendeu o álbum Legacy (1989), nº 40 na parada pop ianque e incluindo os hits Call It Love e Nothin’ To Hide (composição de Richard Marx).

A partir daqui, a carreira de Randy tomou um rumo mais obscuro. Ele afirmou ter ficado magoado ao não ser cogitado para integrar os Eagles em seu retorno triunfal em 1994, mas a banda optou por manter a formação de sua fase 1977-1980 com Timothy B. Schmit. No entanto, participou com os antigos colegas na entrada da banda no Rock and Roll Hall Of Fame em 1998, com direito a tocarem ao vivo Hotel California e Take It Easy.

Em 2013, ele foi convidado a participar da turnê History Of The Eagles, mas teve de recusar devido a problemas de saúde que o acompanharam desde os anos 1970. Randy também teve problemas mentais e psicológicos, certamente amplificados devido à trágica morte de sua esposa, Lana, em 2016, que atirou em si própria com um rifle de forma acidental.

Take it To The Minute (live)- Eagles:

Mick Jagger: 80 anos dos lábios mais famosos do rock and roll

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Por Fabian Chacur

Em 1970, o designer britânico John Pasche criou um símbolo que se tornou um dos ícones mais famosos e facilmente identificáveis de todos os tempos. Esse logo surgiu para representar uma então já mundialmente famosa banda de rock, baseando-se em uma das marcas registradas de seu integrante mais destacado. E esse cidadão, um certo Mick Jagger, completou 80 anos de idade nesta quarta-feira (26) com símbolo da eterna juventude.

O cantor, músico e compositor que criou os Rolling Stones junto com o também icônico Keith Richards em 1962 equivale a uma verdadeira façanha ambulante. Afinal de contas, não são muitos os profissionais que podem se gabar de se manter relevantes e cultuado por milhões de pessoas durante seis longas décadas, onde milhares de artistas e grupos surgiram e sumiram de cena como que por passe de mágica.

Jagger se tornou o template do vocalista de banda de rock, com sua presença de palco energética, carismática e repleta de cumplicidade com as plateias. Tive a honra de ver os três shows dos Stones em janeiro de 1995 no Hollywood Rock em São Paulo, no estádio do Pacaembu, e fiquei impressionado com a capacidade do cidadão em verdadeiramente reger as plateias. Poder que ele mantém até os dias de hoje.

Grande cantor e performer, ele também possui no currículo a coautoria de alguns dos maiores clássicos do rock and roll, maravilhas do porte de (I Can’t Get No) Satisfaction, Jumpin’ Jack Flash, Start Me Up, Brown Sugar, Miss You, The Last Time e Street Fighting Man, entre dezenas de outros.

Como todos sabem (ou deveriam saber), só talento artístico não possibilita uma permanência tão grande, e Mick Jagger soube usar seu tino para os negócios como forma de se manter firme na cena cultural, além de multiplicar sua fortuna. E sua sacada de gênio ocorreu quando ele e Richards resolveram criar a Rolling Stones Records (RS Records) em 1970.

De forma inteligente, a RS Records criou como padrão assinar contratos de parceria com grandes gravadoras que se incumbiriam da prensagem, divulgação e distribuição dos discos que lançariam. Mas o pulo do gato era sempre realizar compromissos com prazo pré-determinado, sendo que, quando encerrados, Jagger e Richards levavam consigo todo o acervo que tivessem criado em cada período.

Dessa forma, e também graças ao sucesso dos álbuns e singles que lançaram, os Stones enriqueceram ainda mais a cada novo contrato de distribuição, tendo passado por Atlantic, EMI, Sony/CBS, Virgin e Universal Music. Sempre com direito a relançamentos e reaproveitamento de material antigo de modo inteligente e lucrativo. Mick virou o real Tio Patinhas do rock.

Jagger também soube manter a sua forma física, o que lhe permite até hoje esbanjar energia nos palcos, com poucos e raros momentos de problemas de saúde. Até as marcas do tempo aparentes em seu corpo se mostram verdadeiras provas de um vencedor que soube enfrentar os inúmeros desafios apresentados aos artistas para se manterem na crista das ondas.

O cantor dos Rolling Stones também desenvolve uma carreira solo que, se não teve tanto sucesso como a de sua banda, ainda assim mostrou que ele poderia sobreviver dignamente dessa forma, se quisesse. Mas é fato que Jagger e Richards amam esse tal de rock and roll e amam fazer isso juntos, tanto que vem aí um novo álbum da banda, mesmo após a perda do baterista Charlie Watts. E novos shows. Yeah, yeah, yeah, wow!

Brown Sugar– The Rolling Stones:

The Captain and Me- The Doobie Brothers (1973)

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Por Fabian Chacur

Quando chegou à cidade de San Jose, na Califórnia, em 1968, Tom Johnston tinha como projeto desenvolver uma carreira como cantor, compositor e guitarrista de rock. Cinco anos depois, ele podia se considerar um vencedor. Após lançar dois álbuns, sua banda, The Doobie Brothers, despontava como uma das mais bem-sucedidas formações do rock americano naquela época (leia mais sobre eles aqui).

Naquele 1973, o novo desafio dos Doobies era manter a onda de sucesso gerada pelo icônico single Listen To The Music e pelo álbum Toulouse Street (1972). Isso, em meio a inúmeros shows e apresentações em TVs e rádios. Diante de tal cenário, Johnston e seu principal colega de banda, o também cantor, compositor e guitarrista Patrick Simmons, tiveram de mostrar muito jogo de cintura para conseguir material à altura de tal missão.

Para felicidade geral de todos, o entrosamento da formação que estreou no LP anterior se mostrou excelente. Tiran Porter (baixo e vocais) deu imensa consistência musical à banda, assim como os dois ótimos bateristas/percussionistas Michael Hossack e John Hartman, seguindo uma tendência de dois bateras em uma mesma banda criada inicialmente pelos Allman Brothers e mesmo Santana.

Como armas secretas adicionais, a banda trouxe como músicos de apoio para este álbum o tecladista Bill Payne, integrante da cultuada banda Little Feat, e o guitarrista Jeff Skunk Baxter, então tocando com o Steely Dan. De quebra, contaram com a programação de sintetizadores de Malcolm Cecil e Robert Margouleff, os mesmos que trabalhavam na época com Stevie Wonder.

Com essa escalação e também com a produção de Ted Templeman, que estreou com tudo na profissão em Toulouse Street e acabaria se tornando um dos grandes do setor, o grupo soube solidificar suas marcas registradas: vocalizações personalizadas, diversificação rítmica e o perfeito encaixe entre os riffs e a guitarra rítmica de Johnston com o dedilhado delicado de Simmons no violão e guitarra.

Resultado: The Captain and Me, o 3º LP dos Doobies, levou a banda pela primeira vez ao top 10 americano entre os álbuns mais vendidos, atingindo a posição de nº 7. Trata-se do ponto mais alto dessa fase inicial do grupo, e até hoje é considerado por muitos como o seu melhor trabalho. Vale uma análise faixa a faixa deste disco antológico.

Natural Thing (Tom Johnston) (ouça aqui)

Os timbres originais de teclados gerados pela programação de Cecil e Margouleff aparecem com muito destaque nesta faixa, com os sintetizadores Arp tocados por Johnston e Simmons. Com um refrão matador e uma levada um pouco mais pop, esta canção traz uma das marcas dos Doobies, que são letras positivas e pra cima, com versos do tipo “todos buscam ser amados, é a coisa natural”. Bela abertura de álbum!

Long Train Runnin’ (Tom Johnston) (ouça aqui)

Precisando de material urgente para o disco, Johnston resgatou um rascunho de música que ele havia apelidado de Osborn. Ouvindo sugestões de Ted Templeman, ele criou uma letra fazendo uma espécie de metáfora da vida como uma “longa viagem de trem”, com o refrão perguntado “sem amor, onde estaríamos agora?”. De quebra, foi criado um clima de rock latino, com ênfase em percussão e guitarra rítmica. Resultado final: um dos maiores hits da banda, que atingiu o nº8 nos EUA no formato single.

China Grove (Tom Johnston) (ouça aqui)

Mostrando mais uma vez seu grande talento em escrever rocks energéticos e diretos, Tom Johnston aumenta o peso na sua guitarra, com um efeito saturado inconfundível. De quebra, aproveita o enorme talento de Bill Payne para uma presença de destaque do piano, aliado a mais um daqueles refrões contagiantes. Resultado: outro single de sucesso, que chegou ao 15º lugar na parada ianque e entrou pra sempre no set list dos shows da banda.

Dark Eyed Cajun Woman (Tom Johnston) (ouça aqui)
Como forma de diversificar um pouco o clima sonoro, Johnston desta vez investe no blues homenageando B.B.King (especialmente o seu marcante hit The Thrill Is Gone). A roupagem ficou linda graças ao inspirado arranjo de cordas assinado por Nick De Caro, que trabalhou com James Taylor, Arlo Guthrie e Fleetwood Mac, entre outros.

Clear As The Driven Snow (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Em sua primeira composição neste álbum, Patrick Simmons assume o vocal principal e fala, na letra, sobre o perigo do consumo de drogas, especialmente a cocaína. A canção começa com um clima folk, e depois investe em variações rítmicas energéticas que abrem espaço para solos e demonstram a extrema qualidade dos músicos desta grande banda. Esta faixa encerra de forma marcante o lado A do vinil.

Without You (The Doobie Brothers) (ouça aqui)

Creditada aos cinco integrantes do grupo naquela época, trata-se de um rockão pesado que faz uma homenagem ao The Who, e é outro momento daqueles em que a banda se permite improvisar de forma sólida e criativa. Bill Payne se incumbe do órgão e o produtor Ted Templeman também participa nos vocais de apoio. Os solos são simplesmente maravilhosos, de uma simplicidade e contundência exemplares.

South City Midnight Lady (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Depois da virulência da faixa anterior, Patrick Simmons nos oferece essa linda canção folk-rock romântica, com direito a outro arranjo inspirado de cordas de Nick Caro e o piano de Bill Payne, além dos sintetizadores arp dando um tempero. Outro ponto arrepiante é a slide guitar a cargo de Jeff Skunk Baxter, que no ano seguinte seria oficializado como integrante dos Doobies, onde ficaria até o início de 1979.

Evil Woman (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Patrick Simmons mostra que também sabe escrever rocks pesados, embora o vocal principal aqui traga Tom Johnston como protagonista. Temos não creditados vocais femininos no refrão, bem adequados se levarmos em conta que a letra fala sobre uma mulher muito, muito má mesmo!

Busted Down Around O’Connelly Corners (James Earl Luft) (ouça aqui)

A única faixa não escrita por um dos integrantes da banda é na verdade um curto e delicado (além de lindo) tema de violão acústico executado com maestria por Patrick Simmons e seus dedilhados inspirados.

Ukiah (Tom Johnston) (ouça aqui)

Com uma levada shuffle, a mesma usada pelo grupo brasileiro Capital Inicial em seu hit Música Urbana, de 1986 (ouça aqui), esta canção balançada traz lindos solos de Tom Johnston e inspiradas passagens de piano de Bill Payne.

The Captain and Me (Tom Johnston) (ouça aqui)

Um álbum tão bom não poderia ser encerrado de qualquer jeito, e a faixa-título se incumbe da tarefa com perfeição, trazendo um início folk e uma progressão que a impulsiona rumo a uma pegada percussiva final de tirar o fôlego. Outra performance magistral de Johnston e também dos vocais de apoio, uma das marcas registradas do som dos Doobies.

Toulouse Street e The Captain And Me marcaram tanto a trajetória dos Doobies que foram executados na íntegra no icônico Beacon Theatre, em Nova York, em 15 e 16 de novembro de 2018, performances que geraram em 2019 o álbum/DVD Live From The Beacon Theatre (leia a resenha aqui).

The Captain and Me– The Doobie Brothers (ouça o álbum em streaming):

Tina Turner, 83 anos, uma diva poderosa rumo à eternidade

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Por Fabian Chacur

Existe um olimpo destinado às grandes divas da música, e poucas são as suas integrantes. Tina Turner certamente é uma delas. E, infelizmente, ela nos deixou em termos presenciais nesta quarta-feira (24) aos 83 anos, vítima de uma longa doença não detalhada por seus entes queridos. E nem importa mesmo saber. O duro é perder mais alguém desse porte, tão pouco tempo depois de Rita Lee. Ao completar 80 anos, fiz o texto abaixo em sua homenagem. Fica como meu tributo neste momento para alguém que quebrou cada barreira mesmo!

É infalível. Toda vez que ouço a bela introdução da música What’s Love Got To Do With It as lágrimas começam a brotar dos meus olhos. Tem a ver com a emotividade que herdei da minha saudosa mãe, mas também pode ser explicado pelo significado dessa incrível canção escrita por Terry Britten e Graham Lyle. Ela marca o momento em que Tina Turner, em 1984, atingiu o primeiro lugar na parada americana de singles e sacramentou uma das mais espetaculares voltas por cima da história da música.

Aos 45 anos de idade na época, essa verdadeira guerreira superava quase dez anos de uma luta intensa para recuperar sua relevância no cenário da música, após sair literalmente sem nada de um turbulento casamento musical e pessoal com o talentoso, mas detestável e truculento Ike Turner, com quem conviveu por quase duas décadas. O que essa mulher sofreu nas mãos desse sujeitinho ultrapassa os limites do humanamente suportável.

Mas Anna Mae Bullock, que nasceu em 26 de novembro de 1939, não só suportou como teve a coragem de dar um basta naquela situação. Além do lado pessoal, também tinha a ditadura musical, que o marido barra pesada lhe impunha. Tudo bem, ele foi muito importante para que aquela jovem e ingênua garota de Nutbush, Tennessee, conseguisse aparecer com sucesso no cenário da música, no finalzinho dos anos 1950.

Com shows eletrizantes e gravações valorizadas por sua voz potente, Ike & Tina Turner se tornaram uma das atrações mais empolgantes do circuito da soul music nos anos 1960. No entanto, a partir da segunda metade dos anos 1960, o formato de seus shows e gravações foi ficando mais padronizado, e só mesmo a incrível energia da cantora conseguia atrair o público.

Percebendo esse potencial imenso e mal utilizado, o genial produtor Phil Spector propôs trabalhar com Tina em um trabalho-solo, que Ike autorizou sem muita convicção. O resultado foi a incrível River Deep Mountain High (1966), uma das grandes gravações protagonizadas por ela. A repercussão abaixo do esperado no mercado americano deu uma arrefecida nessa promissora carreira-solo.

Até 1976, Ike & Tina Turner tiveram bons momentos em termos de shows e discos, mas não é de se estranhar que o maior sucesso desse período tenha sido uma impressionante releitura de Proud Mary, do Creedence Clearwater Revival. Tina queria ter a liberdade de cantar o que quisesse. E essa liberdade veio quando a violência de Ike tomou proporções tamanhas que só restou à artista sair fora, com a roupa do corpo e não muito mais.

Demorou um pouco para conseguir um rumo, mas contou com a ajuda de amigos famosos como os Rolling Stones e Rod Stewart, para quem abriu shows. A entrada em sua vida do empresário Roger Davies, no início de 1980, marcou o momento em que as coisas começaram a se encaminhar de forma positiva. E, em 1984, enfim aquele projeto de megadiva do rock se concretizou. E veio com tudo, para tirar o atraso com juros e correção monetária sonora.

A partir de então, todos sabem o que aconteceu. Novos hits, como Private Dancer, Typical Male, Paradise Is Here e dezenas de outros, milhões de discos vendidos, shows em estádios pelos quatro cantos do mundo (Brasil inclusive, com direito a Pacaembu e Maracanã lotados, em 1988) e as pernas mais elogiadas da cena pop como uma espécie de bônus em meio a tanto talento artístico e musical.

Tina Turner virou um dos exemplos mais fortes do poder da mulher, e de como a violência doméstica em relações afetivas é um câncer que precisa ser combatido de forma veemente. Ela sofreu, mas sobreviveu, e colheu os mais belos frutos. Nada mais merecido. Viva essa maravilhosa Acid Queen! E que venham novas lágrimas ao ouvir What’s Love Got To Do With It. São lágrimas de felicidade e admiração!

Paradise is Here (live)– Tina Turner:

The Beatles 1962-66 e The Beatles 1967-70 (Apple-1973)

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Por Fabian Chacur

Em abril de 1973, quando as coletâneas duplas The Beatles 1962-1966 (ouça aqui) e The Beatles 1967-1970 foram lançadas, vivíamos tempos muito diferentes dos atuais. Portanto, para falar dessas compilações e de sua importância na história da banda mais bem-sucedida de todos os tempos em termos comerciais e criativos, é inevitável uma boa análise do cenário da época em termos de indústria fonográfica e do próprio Fab Four.

A traumática separação dos Beatles havia ocorrido há apenas três anos, mas muita coisa ocorreu naquele curto período de tempo.

Para começo de conversa, tivemos o início da conscientização por parte do público e crítica de que aqueles menos de dez anos de trajetória da banda tinham sido absolutamente sensacionais, com direito a um legado incrível em termos musicais e comportamentais.

A força daqueles quatro filhos de Liverpool, Inglaterra, que viraram cidadãos do mundo, repetiu-se em suas performances nas carreiras individuais. Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e até mesmo o subestimado por alguns Ringo Starr logo emplacaram grandes sucessos sem a banda, algo extremamente incomum no universo da música pop. Único, até.

Nesse curto período entre 1970 e 1973, hits como Maybe I’m Amazed, My Sweet Lord, Another Day, Mother, Imagine, It Don’t Come Easy, Uncle Albert/Admiral Halsey, Back Off Boogaloo e Give Me Love (Give Me Peace on Earth), só para citar alguns dos gravados pelos quatro em suas vidas musicais pós-separação, os mantiveram no topo do universo pop.

Tal fato criou uma situação curiosa. Para fãs mais jovens, era difícil acreditar que aqueles caras já tinham um extenso currículo de sucessos prévios, antes de lançarem as músicas que os conquistaram. E surgiu a frase que era atribuída a fãs de McCartney e de seu grupo dos anos 1970: “você quer me dizer que o Paul McCartney fez parte de outra banda antes dos Wings?”.

E a explicação para esse aparente desconhecimento era relativamente simples. Até aquele momento, não existiam coletâneas de sucessos que dessem uma geral na carreira dos Beatles.

As coisas mais parecidas com isso tinham sido a compilação britânica (saiu no Brasil) A Collection Of Beatles Oldies But Goldies (1966), e a americana (também saiu por aqui) Hey Jude (1970), interessantes, mas incompletas e sem muito critério em suas seleções de faixas.

Como os álbuns dos Beatles foram lançados em versões muito diferentes pelos quatro cantos do mundo até 1967, quando Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band iniciou os lançamentos unificados em termos globais, também era difícil encontrar esses discos nas lojas, naquele período pós-separação da banda. Isso, mesmo com suas canções ainda tocando muito nas rádios.

A gravadora Apple só caiu na real de que estava perdendo dinheiro quando um selo pirata lançou em 1972 nos EUA Alpha Ômega, box com 4 LPs e 60 músicas dos Beatles (com direito a algumas das carreiras solo) que, acredite se quiser, era divulgada em comerciais na TV. Naquele momento, ficou claro que algo precisava ser feito para atender essa demanda.

E o projeto não poderia ter sido melhor desenvolvido. Ao invés de lançar um único álbum, eles se renderam ao fato de que o ideal seria fazer algo o mais abrangente possível, que pudesse ser uma boa porta de entrada no universo da obra dos Beatles. Separar as coletâneas em duas fases foi brilhante, a inicial, de 1962 a 1966, e a pós-fim das turnês, de 1967 a 1970.

The Beatles 1962-1966 traz 26 faixas, enquanto The Beatles 1967-1970 ofereceu ao público 28 canções. Os dois álbuns, lançados no formato de LPs duplos, traziam como atrativo adicional envelopes protegendo os discos com as letras de todas as canções, algo que os discos dos Beatles só passaram a ter também a partir do Sgt. Pepper’s (e nem todos!).

Para as capas, outra tirada brilhante. Eles aproveitaram uma ideia surgida para o que seria o álbum Get Back (que acabou virando Let It Be). Na capa do 1962-66, usaram um outro take da sessão de fotos da capa do LP Please Please Me (1963), e na do 1967-70, um registro feito em 1969 pelo mesmo fotógrafo, Angus McBean, no mesmo local, a sacada do prédio onde ficava a sede da EMI em Londres, com os novos visuais deles.

Diante de tantas canções de sucesso a serem escolhidas, alguns critérios aparentemente foram usados. No álbum vermelho (1962-66), ficaram de fora os covers que os Fab Four gravaram até 1965, como Twist and Shout e Roll Over Beethoven, e as canções compostas e/ou interpretadas por George Harrison como solista. As 26 musicas levam a assinatura Lennon-McCartney.

Se no álbum vermelho só uma música (Yellow Submarine) tem Ringo como vocal principal, o álbum azul (1967-70) inclui mais uma com o baterista (Octopus’s Garden, de autoria dele, por sinal) e quatro compostas e interpretadas por George Harrison- While My Guitar Gently Weeps, Here Comes The Sun, Old Brown Shoe e Something.

Outra provável diretriz seguida é o fato de que todas as canções, com as possíveis exceções de The Ballad of John & Yoko e Old Brown Shoe, são grandes sucessos em paradas de sucesso e em execução nas rádios.

Com tudo perfeito- embalagem, escolha de repertório e mesmo a divulgação, que ressaltava o fato de serem as primeiras coletâneas abrangentes e oficiais da banda- criou-se uma grande expectativa em torno do desempenho comercial das mesmas. Que foi amplamente premiada.

The Beatles 1962-1966 chegou ao 3º lugar na parada americana, enquanto The Beatles 1967-1970 foi ainda além, liderando a parada ianque em 26 de maio de 1973. Os Fab Four voltavam ao topo após três anos.

Foi a partir dali que o acervo de gravações dos Beatles começou a ser reaproveitado e a render ainda mais do que nos tempos da Beatlemania.

Se no período entre 1973 e 1992 isso ainda ocorreu de uma forma um pouco mais tímida, os relançamentos e novidades referentes à banda renderam e ainda rendem milhões à gravadora Universal Music (atual detentora dos direitos desses fonogramas) e aos músicos e seus herdeiros.

Curiosidade: The Beatles 1967-1970 ficou uma semana no 1º lugar na parada dos EUA, e foi sucedido por Red Rose Speedway, de ninguém menos do que Paul McCartney & Wings, que manteve a posição de liderança por três semanas. Adivinhem quem o destronou? O ex-colega de banda George Harrison, que com seu Living In The Material World assegurou a primeira posição por cinco semanas.

Essas coletâneas marcaram tanto que foram reeditadas no formato CD, a primeira vez em 1993, no formato caixinha e reproduzindo o conteúdo da embalagem original, e em 2010, desta vez no modo digipack e com o acréscimo de um encarte trazendo um bom texto com informações (algumas incorretas)e fotos adicionais.

The Beatles 1962-1966 foi o primeiro álbum duplo que comprei na vida, quando tinha apenas 12 aninhos de idade, e me lembro de que as rádios de São Paulo tocavam as músicas dos Beatles naquele período como se fossem lançamentos, às vezes seguidas por faixas de John, Paul, George e Ringo em suas carreiras individuais. Como não virar um fã também?

The Beatles 1967-1970- The Beatles (ouça em streaming):

The Kinks lançam uma boa coletânea celebrando 60 anos

Por Fabian Chacur

Como forma de celebrar os 60 anos de carreira dos Kinks, uma das bandas mais importantes da história do rock, serão lançadas duas coletâneas, disponíveis nas gloriosas plataformas digitais e também no exterior em CDs e LPs duplos (saiba mais aqui). A primeira delas acaba de sair, com suas faixas selecionadas pelos integrantes Ray e Dave Davies e Mick Avory.

As versões físicas das coletâneas trazem encartes luxuosos com fotos e textos sobre cada uma das faixas escritas por Ray, Dave e Mick, além de fotos. As versões contidas nesses álbuns foram remasterizadas a partir das fitas originais lançadas anteriormente. As canções aparecem em sequências temáticas com direito a hits, faixas essenciais de álbuns e lados B.

Eis as faixas de Kinks 60- The Journey- Part 1

CD1

SONGS ABOUT BECOMING A MAN, THE SEARCH FOR ADVENTURE, FINDING AN IDENTITY AND A GIRL:
1. YOU REALLY GOT ME (UK#1, 1964)
2. ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT (UK#2, 1964)
3. IT’S ALL RIGHT (1964)
4. WHO’LL BE THE NEXT IN LINE (1965)
5. TIRED OF WAITING FOR YOU (UK#1, 1965)
6. DANDY (GERMANY#1, 1966)
7. SHE’S GOT EVERYTHING (1968)
8. JUST CAN’T GO TO SLEEP (1964)
9. STOP YOUR SOBBING (1964)
10. WAIT TILL THE SUMMER COMES ALONG (1965)
11. SO LONG (1965)
12. I’M NOT LIKE EVERYBODY ELSE (1966)
SONGS OF AMBITION ACHIEVED, BITTER TASTE OF SUCCESS, LOSS OF FRIENDS, THE PAST COMES BACK AND BITES YOU IN THE BACK-SIDE:
13. DEAD END STREET (UK#5, 1966)
14. WONDERBOY (1968)
15. SCHOOLDAYS (1975)
16. THE HARD WAY (1975)
17. MINDLESS CHILD OF MOTHERHOOD (1969)
18. SUPERSONIC ROCKET SHIP (UK#2, 1972)
19. I’M IN DISGRACE (1975)
20. DO YOU REMEMBER WALTER? (1968)

CD2
DAYS AND NIGHTS OF A LOST SOUL, SONGS OF REGRET AND REFLECTION OF HAPPIER TIMES:
1. TOO MUCH ON MY MIND (1966)
2. NOTHIN’ IN THE WORLD CAN STOP ME WORRYIN’ ‘BOUT THAT GIRL (1965)
3. DAYS (UK#2, 1968)
4. LAST OF THE STEAM-POWERED TRAINS (1968)
5. WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE (1965)
6. STRANGERS (1970)
7. IT’S TOO LATE (1965)
8. SITTING IN THE MIDDAY SUN (1973)
A NEW START, A NEW LOVE, BUT HAVE YOU REALLY CHANGED? STILL HAUNTED BY THE QUEST AND THE GIRL:
9. WATERLOO SUNSET (UK#2, 1967)
10. AUSTRALIA (1969)
11. NO MORE LOOKING BACK (1975)
12. DEATH OF A CLOWN (UK#3, 1967)
13. CELLULOID HEROES (1972)
14. ACT NICE AND GENTLE (1967)
15. THIS IS WHERE I BELONG (1967)
16. SHANGRI-LA (1969)

Veja vídeos dos Kinks relativos às coletâneas:

George Harrison, 80 anos, o beatle quieto, místico e genial

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Por Fabian Chacur

Pode uma música mudar o destino de uma pessoa? Para ser mais específico: pode uma canção de outro autor dar a um músico a passagem rumo ao estrelato? A resposta é sim, e existem inúmeros exemplos. No caso de George Harrison, que se estivesse entre nós completaria 80 anos neste sábado (25), a resposta é Raunchy. Foi graças a esse tema instrumental lançado pelo guitarrista norte-americano Bill Justis em 1957 que o aniversariante de hoje entrou em uma então obscura banda de Liverpool.

A história é essa. Em março de 1958, o grupo The Quarrymen, que tinha como líder John Lennon e há pouco havia incluído também Paul McCartney, buscava um guitarrista-solo. McCartney sugeriu seu colega de escola George Harrison, e disse a Lennon que o amiguinho tocava Raunchy, uma das favoritas do chefão da banda, nota por nota, de forma perfeita.

Lennon pagou pra ver, e ficou besta ao ver aquele molequinho de 15 anos executando essa música com perfeição. Segundos após encerrar sua performance, Harrison foi admitido nos Quarrymen, que em 1960 se tornariam The Beatles. O grupo nunca a gravou oficialmente, e quando preparavam o documentário Anthology (1995), Paul, George e Ringo Starr a tocaram (ouça e veja aqui, e a versão de Bill Justis aqui).

Esse primeiro momento de Harrison no Quarrymen daria pistas do que seria a sua carreira como músico. Ele admitiu em inúmeras entrevistas durante os seus 58 anos de vida que não se considerava um virtuose, e que precisava se dedicar bastante para conseguir conceber seus solos, harmonias e canções. O resultado, no entanto, o colocou muito acima de inúmeros guitarristas com aparentemente mais fluência no instrumento do que ele. Que, obviamente, também tinha muito talento.

Essa perseverança do cantor, compositor e músico britânico pode ser percebida na sua trajetória nos Beatles. Basta comparar, por exemplo, Don’t Bother Me (ouça aqui), primeira composição dele gravada pelos Beatles (no álbum With The Beatles, de 1963), com Something (ouça aqui), lançada em 1969 no álbum Abbey Road. Que evolução absurda!

George desenvolveu um jeitão de solar sempre com muita categoria e simplicidade, criando um estilo facilmente identificável e que continua sendo emulado até hoje. Sempre sem jogar notas fora, apostando no bom gosto e, com o tempo, trazendo como marca registrada um estilo de slide guitar que pode ser considerado um dos mais copiados de todos os tempos (Lulu Santos foi um desses seguidores).

Se progrediu muito como músico e compositor, Harrison também aprendeu a usar a sua voz doce e encantadora com o decorrer dos anos. De uma espécie de “irmão mais novo” de Lennon e McCartney, ele logo precisava de mais espaço para suas composições, e isso é uma das explicações mais lógicas para o fim dos Beatles. Duas músicas por álbum era muito pouco pra ele.

Ele já havia lançado dois álbuns solo enquanto ainda beatle, os muito interessantes Wonderwall (1968) e Electronic Sounds (1969). Com a separação da banda, deu vasão à sua imensa produção represada com o antológico All Things Must Pass (1970- ouça aqui), repleto de grandes canções e mostrando a força dele enquanto artista solo.

Harrison mergulhou na cultura oriental a partir de 1965, incentivado pelo amigo David Crosby, e sua performance na cítara em Norwegian Wood (This Bird Has Flown) (ouça aqui), de 1965, de John Lennon e faixa de Rubber Soul (1965), dava pistas do que viria.

A performance de George Harrison como artista solo foi das melhores. Sua produção foi relativamente pequena, especialmente a partir de 1982, mas nos proporcionou maravilhas como All Things Must Pass e também Living In The Material World (1973, o meu favorito, ouça aqui), o swingado 33 1/3 (1976- ouça aqui) e o ótimo George Harrison (1979- ouça aqui).

E vale lembrar também do supergrupo Travelling Wylburys, que ele formou com os amigos Bob Dylan, Roy Orbison, Tom Petty e Jeff Lynne, que gerou dois belíssimos álbuns, lançados em 1988 e 1990.

Embora tenha toda uma aura de paz em torno dele, George Harrison foi um ser humano como todos nós, com prós e contra, e o documentário Living In The Material World, de Martin Scorsese (leia a resenha aqui) mostra de forma aberta as suas contradições.

No entanto, o que ficou, e que ficará para todo o sempre, é a maravilhosa herança musical deste artista genial, que se considerava não muito mais do que um operário da música, mas que, no entanto, construiu uma obra simplesmente essencial para quem ama a boa música. Ele certamente está na sua Crackerbox Palace, e um dia todos nos encontraremos lá, onde o amor é verdadeiro. Até lá! E viva Raunchy!

Crackerbox Palace (clipe)- George Harrison:

The Rolling Stones lançam mais um trabalho gravado ao vivo

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Por Fabian Chacur

Nos últimos anos, os Rolling Stones estão lançando uma extensa série de registros ao vivo da banda em várias fases de sua longa carreira. Agora, chegou a vez de Grrr Live!, disponível nas plataformas digitais e também em vários formatos físicos: LP triplo em vinil preto, LP triplo em vinil branco (exclusivo Indies), LP triplo em vinil vermelho (exclusivo d2c), CD duplo, DVD + CD duplo, BluRay + CD duplo (saiba mais aqui). As versões Blu-ray e digital têm som com Dolby Atmos.

Grrr Live! foi gravado durante a turnê 50 & Counting Tour, que entre 2012 e 2013 celebrou os 50 anos de estrada do grupo liderado por Mick Jagger e Keith Richards. O registro predominante neste lançamento ocorreu em 15 de dezembro de 2012 nos EUA em Newark, New Jersey. Essa apresentação teve transmissão na época em pay-per-view, mas agora temos uma nova versão reeditada e com áudio remixado.

Um dos principais atrativos fica por conta das participações especiais de estrelas da música como Bruce Springsteen, The Black Keys, Gary Clarke, John Mayer, Lady Gaga e o ex-guitarrista dos Stones, Mick Taylor.

Eis as faixas de GRR Live!:

CD 1

Get Off Of My Cloud
The Last Time
It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)
Paint It Black
Gimme Shelter (with Lady Gaga)
Wild Horses
Going Down (with John Mayer and Gary Clark Jr)
Dead Flowers
Who Do You Love? (with The Black Keys)
Doom And Gloom
One More Shot
Miss You
Honky Tonk Women
Band Introductions

CD2

Before They Make Me Run
Happy
Midnight Rambler (with Mick Taylor)
Start Me Up
Tumbling Dice (with Bruce Springsteen)
Brown Sugar
Sympathy For the Devil
You Can’t Always Get What You Want
Jumpin’ Jack Flash
(I Can’t Get No) Satisfaction

Wild Horses (live)- The Rolling Stones:

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