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Robbie Robertson, 80 anos, um dos integrantes do The Band

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Por Fabian Chacur

The Band foi uma das bandas mais incríveis e seminais da história do rock. Em sua fase áurea, entre 1968 e 1977, produziu um trabalho consistente, sólido e no qual seus 5 integrantes tinham participação ativa. Nesta quarta-feira (9), perdemos mais um deles, o guitarrista e principal compositor, Robbie Robertson. Ele nos deixou aos 80 anos, vítima de uma doença não revelada por seu empresário, Jarred Levine.

Nascido em Toronto, Canadá, em 5 de julho de 1943, Robertson foi uma espécie de menino prodígio do rock. Aos 16 anos, não só já integrava a banda de apoio do roqueiro americano radicado no Canadá Ronnie Hawkins como ainda tinha duas músicas gravadas por ele. E esse grupo de apoio acabou sendo o berço do que viria a ser o The Band.

Após deixar Hawkins para tentar a própria sorte, a partir de 1964, o grupo se envolveu com ninguém menos do que Bob Dylan, acompanhando-o com variações na formação entre o fim de 1965 e meados de 1966 no início da fase mais roqueira daquele artista. Em 1967, Dylan se recuperou de um grave acidente de moto e eles gravaram juntos músicas que só seriam lançadas oficialmente em 1975 no seminal álbum The Basement Tapes.

Poucos grupos poderiam usar um nome tão aparentemente arrogante, The Band (a banda), sem soar como pretensiosos, e esse quinteto podia se dar a esse luxo sem sustos. Além de Robbie, que era o guitarrista e seu principal compositor, tínhamos um talentoso multi=instrumentista, Garth Hudson (agora, o único do grupo ainda entre nós) e três grandes vocalistas e músicos.

Levon Helm (1940-2012), o único norte-americano do time, tinha uma voz mais áspera, além de tocar bateria. Rick Danko (1942-1999), o baixista, era o rei das harmonizações vocais, e Richard Manuel (1943-1986) tinha uma linda voz e também tocava piano.

Juntos, eles criaram uma sonoridade que poderia ser definida de forma muito abrangente por country soul, pois mistura de forma extremamente original rock, soul music, country, folk e música americana tradicional. Nas composições de Robertson, ele usava temas como religiosidade, fé e as culturas americana e canadense.

Quando Music From Big Pink saiu, em 1968, conquistou rapidamente a crítica especializada, o público e os colegas músicos, especialmente gente do gabarito de Eric Clapton e George Harrison, trazendo músicas marcantes como The Weight, que virou uma espécie de cartão de visitas do grupo, além de ter sido incluída em várias trilhas de filmes.

Além de gravar as músicas de Robertson, The Band também registrou várias músicas de Bob Dylan e fez alguns covers muito bacanas em seus anos de ouro. Eles ainda arrumaram tempo para uma nova parceria com o autor de Blowin’ In The Wind em 1974, que rendeu um álbum de estúdio, Planet Waves, e um ao vivo simplesmente espetacular, Before The Flood.

Em 1976, Robertson decidiu que havia chegado a hora de sua banda encerrar a sua trajetória, não sem antes realizar um último show, registrado por Martin Scorsese e gerando o excelente filme The Last Waltz (1978- exibido no Brasil como O Último Concerto de Rock).

Como legado, deixaram álbuns incríveis como o já citado Music From Big Pink e também pelo menos The Band (1969), Stage Fright (1970) e outro álbum ao vivo simplesmente matador, Rock Of Ages (1972). Se bem que qualquer um dos discos desse período merece ser ouvido com carinho, pois são todos no mínimo ótimos.

Das composições de Robbie Robertson gravadas pelo The Band, podemos citar como exemplos de excelência maravilhas do naipe de Chest Fever, Acadian Driftwood, Up On Creeple Creep, The Shape I’m In, The Night They Drove Old Dixie Down e Rag Mama Rag, só pra começo de conversa. Ouça essas e tente não querer ouvir muitas outras…

O The Band voltaria à ativa nos anos 1980, mas sem Robbie Robertson, que preferiu se dedicar à carreira-solo, compondo trilhas incidentais para diversos filmes de Martin Scorsese, entre os quais The Colour Of Money (A Cor do Dinheiro-1987), que emplacou o hit It’s In The Way That You Use It, interpretado por seu parceiro nesta composição, Eric Clapton.

Robertson lançou discos solo muito elogiados pelos críticos e com resultados comerciais aceitáveis, como Robbie Robertson (1987- com participações de U2 e Peter Gabriel), Storyville (1991) e How To Become a Clayrvoyant (2011), este último com participações de Eric Clapton, Steve Winwood, Trent Reznor e Tom Morello e atingindo o 13º posto nos EUA, sua melhor performance fora do The Band.

The Weight (ao vivo em Woodstock)- The Band:

Mick Jagger: 80 anos dos lábios mais famosos do rock and roll

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Por Fabian Chacur

Em 1970, o designer britânico John Pasche criou um símbolo que se tornou um dos ícones mais famosos e facilmente identificáveis de todos os tempos. Esse logo surgiu para representar uma então já mundialmente famosa banda de rock, baseando-se em uma das marcas registradas de seu integrante mais destacado. E esse cidadão, um certo Mick Jagger, completou 80 anos de idade nesta quarta-feira (26) com símbolo da eterna juventude.

O cantor, músico e compositor que criou os Rolling Stones junto com o também icônico Keith Richards em 1962 equivale a uma verdadeira façanha ambulante. Afinal de contas, não são muitos os profissionais que podem se gabar de se manter relevantes e cultuado por milhões de pessoas durante seis longas décadas, onde milhares de artistas e grupos surgiram e sumiram de cena como que por passe de mágica.

Jagger se tornou o template do vocalista de banda de rock, com sua presença de palco energética, carismática e repleta de cumplicidade com as plateias. Tive a honra de ver os três shows dos Stones em janeiro de 1995 no Hollywood Rock em São Paulo, no estádio do Pacaembu, e fiquei impressionado com a capacidade do cidadão em verdadeiramente reger as plateias. Poder que ele mantém até os dias de hoje.

Grande cantor e performer, ele também possui no currículo a coautoria de alguns dos maiores clássicos do rock and roll, maravilhas do porte de (I Can’t Get No) Satisfaction, Jumpin’ Jack Flash, Start Me Up, Brown Sugar, Miss You, The Last Time e Street Fighting Man, entre dezenas de outros.

Como todos sabem (ou deveriam saber), só talento artístico não possibilita uma permanência tão grande, e Mick Jagger soube usar seu tino para os negócios como forma de se manter firme na cena cultural, além de multiplicar sua fortuna. E sua sacada de gênio ocorreu quando ele e Richards resolveram criar a Rolling Stones Records (RS Records) em 1970.

De forma inteligente, a RS Records criou como padrão assinar contratos de parceria com grandes gravadoras que se incumbiriam da prensagem, divulgação e distribuição dos discos que lançariam. Mas o pulo do gato era sempre realizar compromissos com prazo pré-determinado, sendo que, quando encerrados, Jagger e Richards levavam consigo todo o acervo que tivessem criado em cada período.

Dessa forma, e também graças ao sucesso dos álbuns e singles que lançaram, os Stones enriqueceram ainda mais a cada novo contrato de distribuição, tendo passado por Atlantic, EMI, Sony/CBS, Virgin e Universal Music. Sempre com direito a relançamentos e reaproveitamento de material antigo de modo inteligente e lucrativo. Mick virou o real Tio Patinhas do rock.

Jagger também soube manter a sua forma física, o que lhe permite até hoje esbanjar energia nos palcos, com poucos e raros momentos de problemas de saúde. Até as marcas do tempo aparentes em seu corpo se mostram verdadeiras provas de um vencedor que soube enfrentar os inúmeros desafios apresentados aos artistas para se manterem na crista das ondas.

O cantor dos Rolling Stones também desenvolve uma carreira solo que, se não teve tanto sucesso como a de sua banda, ainda assim mostrou que ele poderia sobreviver dignamente dessa forma, se quisesse. Mas é fato que Jagger e Richards amam esse tal de rock and roll e amam fazer isso juntos, tanto que vem aí um novo álbum da banda, mesmo após a perda do baterista Charlie Watts. E novos shows. Yeah, yeah, yeah, wow!

Brown Sugar– The Rolling Stones:

Tom Verlaine, 73 anos, líder da seminal banda rocker Television

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Por Fabian Chacur

Existem bandas que vendem milhões de discos e arrebatam multidões no mundo todo, e várias delas são realmente maravilhosas. Temos também outras que, embora não consigam resultados comerciais dos melhores, tornam-se seminais e muito influentes. Os americanos do Television se encaixam feito luva na segunda descrição. Seu líder, o cantor, compositor e guitarrista Tom Verlaine, nos deixou neste sábado (28) aos 73 anos, deixando um legado importante e dos mais consistentes na história do rock.

Thomas Miller (seu nome de batismo) nasceu em 13 de dezembro de 1949, e inicialmente gostava mais de outras sonoridades, especialmente o jazz. Ele passou a curtir rock ao ouvir os Rolling Stones, mas o jazz sempre esteve por perto, especialmente no quesito improvisações, algo que ele usaria sempre.

Ao lado do amigo, o baixista Richard Hell, e do baterista Billy Ficca, ele criou a banda Neon Boys. que se desfez em 1973. Pouco tempo depois, no entanto, voltou, com o acréscimo do guitarrista Richard Lloyd e um novo nome, Television. O primeiro single veio em 1975, quando Richard Hell já havia sido demitido do time e substituído por Fred Smith. Little Johnny Jewel (Parts 1 & 2) (ouça aqui), que impressionava pela sua originalidade.

Sediada em Nova York, a Television fez sua fama tocando em clube como o CBGB, o mesmo que revelou nomes seminais do rock como The Ramones, Talking Heads e Blondie, entre outros. O seu som trazia alguns elementos do punk, entre eles a garra e a urgência, mas com uma qualidade de execução muito acima da média, e com ecos de bandas como o Velvet Underground.

Outro elemento importante que atraiu as atenções para a banda era a qualidade das letras do seu líder, que pinçou o seu nome artístico do poeta simbolista francês Paul Verlaine (1844-1896). Após testes em gravadoras como a Arista (indicados por Patti Smith, que namorou e depois se tornou grande amiga de Verlaine) e Atlantic, assinaram com o selo Elektra.

O álbum de estreia, Marquee Moon, saiu em fevereiro de 1977, e encantou especialmente o público britânico. Nick Kent, crítico badaladíssimo na época, escreveu uma resenha altamente elogiosa de duas páginas e com direito à capa do jornal onde escrevia, o New Musical Express. Resultado: passou batido nas paradas americanas, mas chegou ao 28º posto no Reino Unido.

Marquee Moon é considerado um dos melhores álbuns de estreia da história do rock, além de ser citado como influência por músicos de bandas como U2, Echo & The Bunnymen, R.E.M. e inúmeras outras. Entre suas faixas, vale destacar as incríveis See No Evil (ouça aqui), Friction (ouça aqui) e a intrincada e envolvente faixa-título (ouça aqui).

O álbum foi coproduzido por Verlaine com Andy Johns, conhecido por seus trabalhos com Led Zeppelin e Rolling Stones, e gravado num período de pouco mais de uma semana. Johns inicialmente queria impor a eles a sonoridade de bateria de John Bonham, do Led, mas logo a banda o fez entender que aquilo não era o ideal para eles, e o resultado foi um som mais cru e centrado nas guitarras.

Em abril de 1978, saiu Adventure, o 2º álbum do quarteto, e a sonoridade um pouco mais polida levou alguns apressados a considerarem esse trabalho inferior ao anterior. No entanto, há quem o considere até melhor, entre os quais eu me incluo. Aliás, conheci essa banda com este álbum, que ouvi pela 1ª vez em 1987, pinçando-o do acervo da editora Imprima, onde trabalhei.

Considero Adventure uma verdadeira obra-prima, que concilia rocks e canções mais lentas e outras experimentais com muita precisão. Destaques ficam para o sensacional rock compassado a la Velvet Underground Glory (ouça aqui), a linda canção Days (ouça aqui) e as pesadas Foxhole (ouça aqui) e Ain’t That Nothin’ (ouça aqui).

Repleto de ótimas canções abrilhantadas pelas guitarras entrelaçadas de Verlaine e Lloyd e pela cozinha rítmica sólida e segura de Ficca e Smith, o álbum novamente não deu à banda um bom resultado comercial em seu país natal, mas arrebentou no Reino Unido, conseguindo um excelente nº 7 por lá. Naquele momento, eles já haviam feito shows na Inglaterra, além de abrir apresentações de Peter Gabriel.

No entanto, desentendimentos entre os integrantes da banda levaram a uma separação precoce em julho de 1978. O grupo voltaria à ativa em 1992, quando lançaria seu 3º e último álbum de estúdio, com o título Television e lançado pela Capitol Records. A faixa Call Mr. Lee teve clipe exibido na MTV, mas o álbum, embora ótimo e muito elogiado, não vendeu bem.

O Television também teve ao menos três discos ao vivo lançados. Um deles, The Blow-Up, registro de um show captado em 1978, saiu inicialmente em 1982 no formato fita cassete, chegando ao formato CD posteriormente, sendo que chegou ao Brasil em 2001 pela gravadora Trama como CD duplo.

A partir daí, a banda se reuniu em algumas ocasiões para shows, incluindo a apresentação no festival All Tomorrow’s Parties na Inglaterra, em 2001, e no Tim Festival, no Brasil, em 2005.

Richard Lloyd saiu de vez da banda em 2007, substituído por Jimmy Ripp, que tocou com Mick Jagger, Jerry Lee Lewis e outros. E foi com ele que o Television se apresentou em São Paulo em 7 de julho de 2011.

Além do trabalho com o grupo, Tom Verlaine lançou por volta de 10 álbuns solo, além de participar de gravações e shows de vários outros artistas, entre as quais a antiga namorada Patti Smith.

Ele, aliás, também participou em 2005 em Londres do show celebrando os então 30 anos do lançamento do álbum de estreia da cantora e compositora americana, Horses (1975), gravação lançada na edição comemorativa em CD duplo que trazia versão remasterizada do álbum e a versão ao vivo.

Call Mr. Lee (clipe)- Television:

Neil Young divulga uma nova faixa com o grupo Crazy Horse

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Por Fabian Chacur

No dia 18 de novembro, será lançado World Record, novo álbum de Neil Young & Crazy Horse, parceria que, entre idas e vindas, já ultrapassa as cinco décadas de existência. Como forma de divulgar previamente o trabalho, duas de suas 10 faixas já foram divulgadas previamente. Inicialmente, tivemos a suave e country-jazz Love Earth (veja o clipe aqui).

Agora, chegou a vez de Break The Chain, um blues rock ardido e compassado no melhor estilo de Neil Young (vocal e guitarra) e seus colegas Nils Lofgren (guitarra), Billy Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria). O álbum foi gravado no estúdio Shangri-la, situado em Malibu, na Califórnia (EUA), e conta com a produção de Young em parceria com o célebre Rick Rubin.

Break The Chain (clipe)- Neil Young & Crazy Horse:

Chicago celebra 55 anos com o álbum Born For This Moment

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Por Fabian Chacur

Em um ambiente tão afeito a mudanças e fins de linha, é surpreendente constatar que o Chicago está completando 55 anos de carreira. Melhor do que isso: ainda ativo e disponibilizando material atual e inédito. A consagrada banda norte-americana acaba de lançar seu álbum de nº 38, Born For This Moment, que a gravadora BMG lança em CD e nas plataformas digitais, e que também terá a sua versão em LP de vinil em outubro.

A atual formação do Chicago traz três de seus criadores. São eles Robert Lamm (teclados e vocais), James Pankow (trombone e arranjos de metais) e Lee Louchlane (trompete e flugelhorn). Completam o time Neil Donell (vocal principal e guitarra), Ray Herrmann (sax, flauta e clarinete), Waldredo Reyes Jr. (bateria), Ramon “Ray” Islas (percussão), Tony Obrohta (guitarra e vocais), Loren Gold (teclados e vocais) e Eric Baines (baixo e vocal).

O som do novo álbum está mais próximo do que eles faziam nos anos 1970, mesclando baladas bacanas como If This Is Goobye (a primeira a ser divulgada e a contar com um clipe) a canções com pegada mais sacudidas como as excelentes Firecracker (ouça aqui) e She’s Right (ouça aqui).

Outro destaque importante do álbum para nós, brasileiros, é a faixa The Mermaid (Sereia de Mar) (ouça aqui), parceria de Robert Lamm com ninguém menos do que Marcos Valle, que já havia trabalhado anteriormente com a banda. Com levada de bossa nova, tem citação de Samba de Verão, clássico de Marcos & Paulo Sérgio Valle.

Como de praxe, os arranjos de metais e vocais estão irrepreensíveis. As 14 canções são bem consistentes, e se não trazem novidades ao som habitual deles, não cai em mera diluição ou repetição banal de glórias passadas. Born For This Moment (ouça a bela faixa-título aqui) flagra uma banda importante em um momento dos mais dignos e competentes.

O Chicago surgiu em 1967 como uma das primeiras bandas de rock a incorporar metais à sua formação habitual. Com uma mescla de rock, jazz, r&b, música latina e até elementos eventuais de música erudita, eles estouraram nos anos 1980 com canções como Saturday In The Park, Happy Man, 25 Or 6 To 4, If You Leave Me Now e Just You ‘N’ Me.

Em 1985, Peter Cetera, baixista que com o tempo se tornou o vocalista de seus principais hits, saiu da banda rumo a uma bem-sucedida carreira-solo. O grupo, no entanto, soube superar essa perda, e continuou a emplacar hits nas paradas de sucesso pelo menos até a metade da década de 1990. O saudoso e excelente percussionista brasileiro Laudir de Oliveira (1940-2017) integrou a banda entre 1973 e 1981.

If This Is Goodbye (clipe)- Chicago:

Graham Nash celebra 80 anos como um roqueiro elegante

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Por Fabian Chacur

Em maio de 2012, tive um dos momentos mais sublimes da minha vida. Vi, na extinta Via Funchal, o show dos meus amados Crosby, Stills & Nash (leia a resenha aqui). Dos três ícones do rock, o que parecia estar mais em forma era Graham Nash, então com 70 anos. Ele completa 80 nesta quarta (2) e mostra que continua firme e forte (veja entrevista dele em dezembro de 2021 aqui). Ele acabou de lançar no exterior um livro com fotos feitas por ele, A Life In Focus: The Photography Of Graham Nash.

Uma forma simples de definir a trajetória musical de Graham Nash é chamá-lo de um roqueiro elegante. Sim, ele é cria da primeira geração que cresceu tendo o rock and roll como a principal influência musical e comportamental. Foi inspirado por esse estilo musical que este cantor, compositor, músico e fotógrafo britânico resolveu se dedicar à música. Inicialmente, foi integrante de um dos mais bem-sucedidos grupos da chamada British Invasion, The Hollies, com suas canções melódicas, bem arranjadas e fortemente próximas da música pop.

Depois de aproximadamente cinco anos com a banda, Nash começou a ambicionar voos mais ambiciosos em termos musicais, que refletiram em faixas dos Hollies como King Midas In Reverse, por exemplo. Durante uma viagem aos EUA em 1968, mais precisamente na casa da cantora Mama Cass (dos The Mammas And The Papas) teve a oportunidade de fazer uma jam session com David Crosby (dos Byrds) e Stephen Stills (do Buffalo Springfield). O entrosamento das vozes foi tão imediato que nenhum dos três teve dúvidas: uma parceria importante nascia ali.

E a ideia era a da liberdade, sem amarras. Tanto que o supergrupo foi intitulado Crosby, Stills & Nash. Seu álbum de estreia, de 1969, é um dos melhores de todos os tempos, com canções maravilhosas e icônicas. Marrakesh Express, de Nash, foi um dos grandes sucessos. No ano seguinte, o trio viraria quarteto com a entrada de Neil Young (outro ex-Buffalo Springfield), e lançaria Dèja Vu (1970), cujo maior hit foi a doce Our House, dedicada por Nash a Joni Mitchell, com quem teve um breve, porém marcante relacionamento afetivo.

Vale lembrar que em agosto de 1969 Crosby, Stills & Nash, em sua segunda apresentação ao vivo (já com Young no time), tiveram grande destaque no mitológico festival de Woodstock, ganhando fama mundial após o lançamento do documentário que imortalizou o evento. Livre para voar musicalmente, Graham Nash passou, a partir da saída dos Hollies, a alternar parcerias com os amigos com trabalhos individuais, com direito a canções românticas e também brados de inspiração política como Military Madness e Chicago.

Além de grande cantor e compositor, o astro britânico sempre encontrou tempo para defender causas ecológicas e políticas das mais justas, mas sem perder a ternura jamais. Dos integrantes do Crosby, Stills & Nash (com ou sem o Young), sempre se mostrou o mais simpático, acessível e tranquilo. Em 1983, até teve um breve retorno com os Hollies, que gerou um álbum de estúdio e alguns shows.

Graham Nash é a prova de que um artista de rock pode ser romântico, doce e delicado, sem no entanto deixar o lado vigoroso e contestador do rock de lado. No momento, dedica-se a lançar livros com fotografias que tirou desde que era criança, uma paixão paralela à da música. Ele promete mais uma publicação para breve. Pena que sua briga com David Crosby há não muito tempo parece ter encerrado para sempre o Crosby, Stills & Nash. Mas, com esses caras, nunca se sabe… Bem, pelo menos pude ver um de seus shows, pena que sem uma companhia essencial a meu lado. Parabéns a ele, com votos de muitos anos mais de vida com saúde, paz e produtividade.

Nota de última hora: em solidariedade ao velho amigo e parceiro Neil Young, Graham Nash também vai tirar as suas músicas da plataforma digital Spotify.

Our House– Crosby, Stills & Nash:

Santana retoma parceria com Rob Thomas após 22 anos

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Por Fabian Chacur

Há 22 anos, Carlos Santana voltou com força total às paradas de sucesso graças a Smooth, parceria dele com o cantor e compositor Rob Thomas (Matchbox 20) que impulsionou o álbum Supernatural (1999) a se tornar o mais bem-sucedido em termos comerciais de sua brilhante carreira. Pois a parceria Santana-Thomas volta após esse tempo todo. Eles colaboraram na faixa Move, já disponível nas plataformas digitais e com cara de novo hit.

Em press-release enviado à imprensa, o genial músico mexicano explica como surgiu essa nova colaboração entre ele e o líder do Matchbox 20: “Move surgiu de maneira muito parecida com a forma como Smooth aconteceu. Foi como se surgisse uma intervenção divina e eu sabia que tinha que gravar com Rob. A música é sobre o despertar de tudo em seu ser. Acenda e ative a si mesmo – você sabe… se mova. Quando Rob e eu trabalhamos juntos, temos um som incrível”.

Move, que traz elementos latinos mas apresenta uma pegada um pouco mais roqueira do que Smooth, também conta com os vocais de apoio do grupo de rock alternativo American Authors. A faixa integrará o novo álbum de Santana, Blessings And Miracles, que a gravadora BMG promete lançar mundialmente no dia 15 de outubro. Outras participações ilustres no disco serão as de Chick Corea, Chris Stapleton, G-Eazy, Diane Warren, Steve Winwood, Rick Rubin, Corey Glover (Living Colour) e Kirk Hammett (Metallica), entre outros.

Move– Santana, Rob Thomas e American Authors:

Dusty Hill, 72 anos, o baixista barbudo do lendário ZZ Top

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Por Fabian Chacur

Nenhuma banda parecia mais inadequada para estourar na MTV do que o ZZ Top nos anos 1980. Três músicos feiosos, tocando rock básico e sem nenhum apelo visual em plena era do tecnopop, da new wave, do r&b eletrônico? Sem chances! No entanto, graças especialmente a seus clipes envenenados, o trio texano conseguiu vender milhões de discos e virar queridinho da emissora musical. Seu baixista, Dusty Hill, infelizmente nos deixou nesta quarta-feira (28) aos 72 anos, segundo informações de seus agora ex-colegas de banda.

O grupo, por sinal, fez há três dias o seu 1º show sem Dusty, que havia alegado problemas nos quadris para não participar da performance na cidade de New Lennox, Illinois (EUA), substituído pelo técnico de guitarras da banda há muitos anos, Elwood Francis. A causa de sua morte não foi revelada, mas ele teria feito a passagem dormindo, segundo o mesmo comunicado oficial da banda.

O grupo iniciou sua trajetória em 1969 em Houston, Texas, e consolidou sua formação clássica no ano seguinte, com Billy F. Gibbons (guitarra e vocal), Dusty Hill (baixo) e Frank Beard (bateria). Seu álbum de estreia, ZZ Top’s First Album, saiu em 1971. O sucesso veio a partir do 3º trabalho, Tres Hombres (1973), que atingiu o 3º lugar na parada americana.

Sua sonoridade, um blues rock com pegada dançante apelidada de boogie, foi aos poucos lhes valendo um público fiel, sempre presentes aos shows energéticos e pra cima. Como marcas registradas, as imensas barbas de Hill e Gibbons, os óculos escuros e os chapéus modelo Stetson.

Nos anos 1980, o trio deu uma renovada no som acrescentando teclados eletrônicos, mas sem deixar de lados as raízes texanas de seu rock. A grande sacada para encarar a “geração MTV” foi a gravação de clipes para divulgar músicas como Legs e Sleeping Bag repletos de mulheres bonitas, motos envenenadas e carrões, além dos cactos típicos do Texas. Dessa forma, o álbum Eliminator (1983) vendeu mais de 10 milhões nos EUA. Afterburner (1985) passou dos 5 milhões de cópias nos EUA.

O grupo marcou presença no filme De Volta Para o Futuro III com a música Doubleback em 1990. A partir daí, passou a gravar de forma mais espaçada, embora seus shows continuassem a atrair grandes plateias. Eles fizeram shows no Brasil em 2010, e seu disco mais recente de estúdio, La Futura, saiu em 2012, e atingiu o 6º posto na parada ianque. Houve uma perspectiva de eles voltarem ao nosso país em 2020 para shows em parceria com o Def Leppard, mas a turnê foi cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus.

Legs (clipe)- ZZ Top:

The Doobie Brothers mostram vídeo de Takin’ It To The Streets

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Por Fabian Chacur

A turnê que celebrará os 50 anos de carreira de uma das melhores bandas da história do rock americano, The Doobie Brothers, já tem data para ser iniciada. Será no dia 22 de agosto, e terá por enquanto duas fases, uma nos EUA e Canadá até outubro e outra na Europa em 20222. A abertura das performances ficará a cargo da ótima The Dirty Dozen Brass Band. A novidade será a participação de Michael McDonald, que integrou a banda entre 1975 e 1982 e que não se apresentava com eles desde 1996. E eles estão se preparando a todo vapor para esses compromissos.

Mesmo durante a quarentena, a atual formação da banda, que tem como integrantes oficiais Tom Johnston (vocal e guitarra), Patrick Simmons (vocal e guitarra) e John McFee (vocal e guitarra), se manteve fazendo gravações por via remota. A mais recente acaba de ser disponibilizada, e inclui McDonald. Trata-se de uma releitura de Takin’ It To The Streets, faixa-título do álbum que marcou a estreia do cantor e tecladista da banda, em 1976. A releitura segue a estrutura original, mas com alguns improvisos bem bacanas.

Desde 2020, o grupo também divulgou outros vídeos registrando versões repaginadas de hits próprios como Listen To The Music (veja aqui) e também um cover de Let It Rain, composição de Eric Clapton, esta última com participação especial de Peter Frampton (veja aqui).

Takin’ It To The Streets (vídeo)- The Doobie Brothers:

David Crosby divulga faixas de For Free, que lançará em julho

david crosby for free cover

Por Fabian Chacur

O intervalo entre os lançamentos de If I Could Only Remember My Name (1971) e Oh Yes I Can (1989), respectivamente o 1º e o 2º álbum-solo de David Crosby é de longos 18 anos. De uns tempos para cá, no entanto, o cantor, compositor e músico americano engatou uma terceira no seu ritmo de gravações. No dia 23 de julho, ele lançará pela gravadora BMG For Free, que será o seu 5º álbum em apenas sete aninhos. E olha que ele completará 80 anos no dia 14 de agosto!

Com produção a cargo de seu filho, o tecladista James Raymond, o álbum traz algumas colaborações bacanas logo a partir de sua capa, um retrato do astro do rock pintado por ninguém menos do que Joan Baez. A faixa-título é um cover de composição lançada pela autora, Joni Mitchell, em 1970, e também registrada em 1973 por um dos grupos de Crosby, os Byrds. Aqui, a canção foi relida em dueto com a cantora e compositora Sara Jarosz (ouça aqui).

Para quem ouvir a deliciosa Rodriguez For a Night e sentir um forte clima do Steely Dan, banda que Crosby considera uma de suas favoritas, não é por acaso. A canção leva a assinatura de Donald Fagen, um dos líderes do icônico grupo americano. Outra participação bacana é de Michael McDonald (ex-The Doobie Brothers) no ótimo country-rock balançado River Rise (ouça aqui). Pela amostra até agora divulgada, o álbum promete.

Rodriguez For a Night– David Crosby:

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