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Manifesto (1979), o álbum que iniciou nova fase do Roxy Music

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Por Fabian Chacur

Em 1979, o Roxy Music completava três anos longe de cena. Seu último álbum de estúdio até então, Siren (1975), foi divulgado por uma turnê que rendeu o esplêndido álbum ao vivo Viva! (1976). Depois, o silêncio. Portanto, não faltou alegria aos inúmeros fãs da banda britânica quando Manifesto chegou às lojas em março daquele ano. Um retorno à altura de um grupo que já havia feito muita coisa boa em seu produtivo primeiro período na ativa.

Concebido pelo estudante de artes Bryan Ferry, seu cantor e principal compositor, o Roxy Music trouxe em seu DNA o espírito da experimentação pop. Ou seja, a criação de um som aberto a fusões e misturas com várias tendências do rock, como o básico, o progressivo, o psicodélico, o hard etc e também o rhythm and blues, o soul, o funk, a música eletrônica, o jazz e os standards americanos. Tudo com uma classe e um refinamento extremo, mas sem fugir exageradamente do perfil pop. O famoso conceito dos “biscoitos finos para as massas” do brasileiro Oswald de Andrade se encaixa feito luva para definir o resultado dessa simbiose roqueira.

O núcleo básico do grupo traz, além de Ferry, Andy Mackay (sax e oboé) e Phil Manzanera (guitarra), com Paul Thompson (bateria) completando o time fixo. Brian Eno (teclados e efeitos sonoros) participou dos dois primeiros álbuns, mas acabou trombando com o líder da banda, e saiu fora rumo a uma carreira solo incrível e também para se tornar um consagrado produtores musical.

Com o então jovem tecladista Eddie Jobson no posto de Eno, o Roxy Music gravou mais três álbuns de estúdio e um ao vivo entre 1973 e 1976, firmando-se no cenário rocker, especialmente o britânico e o europeu. Além de uma musicalidade própria inovadora e cativante, o Roxy trazia como marcas o visual fashion de seus integrantes e a classe de Bryan Ferry como cantor, influenciado pelos crooners de jazz e pelos intérpretes da ala mais soft do soul.

Durante os três anos que o Roxy ficou fora de cena, Bryan Ferry lançou mais três álbuns solo (ele já tinha gravado outros dois paralelamente ao trabalho com a banda). Quando ele resolveu se reunir novamente com Manzanera, Mackay e Thompson, trouxe como ponto de partida a sonoridade de duas músicas de Siren (1975), as sacudidas Love Is The Drug e Both Ends Burning. Vivíamos o auge da era da disco music, e o grupo inglês soube se valer de sua influência sem cair em oportunismo ou mero pastiche. Deu super certo.

Nessa linha pra cima, Angel Eyes e Dance Away foram as faixas que impulsionaram o álbum rumo às primeiras posições das paradas de sucesso internacionais. Também dançante, mas com uma batida mais sensual, Ain’t That Soul ajuda a manter o baile animado, assim como os pop-rocks Cry Cry Cry e My Little Girl.

Com uma introdução instrumental hipnótica de influência oriental de 2,5 minutos, Manifesto é uma faixa título absurda de boa em seus mais de 5 minutos de duração total, uma espécie de carta de intenções do que seria o álbum, uma escolha perfeita para abrir um disco tão icônico.

Trash, um rock nervoso com leve pegada punk, mostra a capacidade da banda de pegar um som que estava em voga naquele momento e transformá-lo em algo totalmente diferente. Com belos riffs de guitarra, a rock-soul Still Falls The Rain tem um clima que lembra o do álbum Siren. O clima introspectivo e levemente progressivo marca Stronger Through The Years , com direito a belos solos dos músicos. E o LP é encerrado por uma balada delicada e viajante, Spin Me Round. O início perfeito de um período mágico na carreira dessa banda.

Mais curiosidades e considerações sobre Manifesto:

*** Manifesto foi o álbum do Roxy Music a atingir o posto mais alto na parada americana, o número 23, mas não o mais bem vendido. Avalon (1982), embora só tenha chegado ao número 53, com o decorrer dos anos acabou ultrapassando a marca de um milhão de cópias vendidas por lá, recebendo o prêmio de disco de platina por isso.

*** A versão inicial de Angel Eyes tinha uma levada de power pop. Na hora de lançar o single, o grupo e a gravadora optaram por investir em uma regravação com levada disco, que ganhou rapidamente o público. Dessa forma, apenas a tiragem inicial de Manifesto traz Angel Eyes no estilo rocker, sendo substituída nas tiragens posteriores pela disco version. Isso também ocorreu com Dance Away, embora neste caso as diferenças entre as gravações sejam mais sutis.

*** Vocês devem ter notado que não citei o nome de baixistas nesta matéria até o presente instante. É que o Roxy Music teve como marca, em sua carreira, o fato de ter tido inúmeros músicos entrando e saindo, nesse posto. Em Manifesto, cuidaram dessa função Gary Tibbs e Alan Spenner. Outros baixistas que tocaram com o Roxy, durante sua carreira: Rick Willis, John Wetton (depois, famoso com o grupo Asia), Sal Maida, John Gustafson, John Porter, Rick Kenton e Graham Simpson (ufa!).

*** Manifesto foi gravado em estúdios ingleses e americanos. A parte ianque do álbum conta com a participação de músicos bem legais, entre os quais Rick Marotta (bateria), Steve Ferrone (bateria), Richard Tee (piano), Melissa Manchester (vocais) e Luther Vandross (vocais). A participação dos dois outros bateristas não foi por acaso: Paul Thompson não curtia a parte mais dançante dessa fase do Roxy, e saiu do grupo após a turnê de divulgação deste álbum.

*** Quem marca presença no álbum, tocando teclados, é o cantor, compositor e multi-instrumentista britânico Paul Carrack. Então ainda desconhecido, ele faria muito sucesso nas décadas de 1980 e 1990 integrando como vocalista os grupos Squeeze e Mike+The Mechanics. É dele a voz principal de hits incríveis desses grupos como Tempted e Over My Shoulders, só para citar dois deles.

*** As capas dos discos do Roxy sempre foram comparáveis às de revistas de moda, por serem muito sofisticadas e incluírem modelos famosas. A de Siren, por exemplo, trouxe no papel de uma sereia ninguém menos do que Jerry Hall, que depois seria durante anos a esposa de Mick Jagger. Quem ajudava na criação era um amigo de Ferry, o fashion designer Antony Price. No caso de Manifesto, temos uma festa com direito a muitos modelos, serpentina e confetes.

*** Saiu em 2008, inclusive no Brasil (pela extinta ST2) Live In America, CD gravado ao vivo durante a turnê de lançamento de Manifesto. O registro ocorreu em um show realizado no dia 12 de abril de 1979 no Rainbow Music Hall, em Denver, Colorado (EUA). São 13 faixas, sendo 6 delas do álbum que estavam divulgando. Muito, mas muito bom mesmo, com os quatro (Ferry, Manzanera, Mackay e Thompson) apoiados por Gary Tibbs (baixo) e David Skinner (teclados).

Ouça Manifesto na integra, em streaming:

This Was, do Jethro Tull, é relançado em versão luxuosa

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Por Fabian Chacur

Em outubro de 1968, chegava às lojas This Was, o álbum de estreia do Jethro Tull. Como forma de celebrar os 50 anos desse importante trabalho, a Warner lança no Brasil This Was- 50th Anniversary Edition em dois formatos. O físico, um CD simples, traz a versão remasterizada em estéreo por Steven Wilson e seis faixas bônus, enquanto nas plataformas digitais está disponibilizada uma versão equivalente a um álbum triplo e recheada de conteúdo bacana e raro, para deleite dos fãs.

Gravado entre junho e agosto de 1968, o trabalho de estreia do grupo britânico traz em sua formação Ian Anderson (vocal e flauta), Mick Abrahams (guitarra e vocal), Glenn Cornick (baixo) e Clive Bunker (bateria). Trata-se do único álbum de estúdio do Jethro Tull no qual uma faixa, no caso Move On Alone, não é cantada por Anderson, e sim por Mick Abrahams, que por sinal sairia do time pouco tempo após o lançamento deste disco.

Aliás, uma das marcas de This Was é exatamente a sua sonoridade, mais próxima do blues, do rhythm and blues e até do jazz. Com a saída de Abrahams e a entrada de Martin Barre, o Tull se encaminhou rumo a um som mais próximo do rock progressivo, com fortes influências da música folk britânica e guitarras mais próximas do hard rock. Song From Jeffrey é provavelmente a música mais conhecida do álbum, incluida em algumas ocasiões nos set lists de shows da banda. O disco atingiu o 10º lugar na parada britânica, e equivale a um belo início de trajetória desta banda tão importante.

O conteúdo reservado apenas ao formato digital no Brasil traz gravações ao vivo feitas pela banda em 1968 exclusivamente para a rádio BBC de Londres, algumas raridades como Christmas Song e Love Story, e também a versão original do áudio em estéreo lançada na época e uma versão remasterizada em mono. No exterior, esse material está disponível no formato físico em uma box set com três CDs, encarte especial com fotos e informações e coisas do gênero.

Confira as faixas de That Was: 50th Anniversary Edition:

Disco Um: Steven Wilson Stereo Remix *** também na versão física

“My Sunday Feeling”
“Some Day The Sun Won’t Shine For You”
“Beggar’s Farm”
“Move On Alone”
“Serenade To A Cuckoo”
“Dharma For One”
“It’s Breaking Me Up”
“Cat’s Squirrel”
“A Song For Jeffrey”
“Round”
faixas-bônus:
“Love Story”
“A Christmas Song”
“Serenade To A Cuckoo” (Take 1)*
“Some Day The Sun Won’t Shine For You” (Faster Version)*
“Move On Alone” (Flute Version)*
“Ultimate Confusion”*

Disco Dois

“So Much Trouble” (BBC Sessions)
“My Sunday Feeling” (BBC Sessions)
“Serenade To A Cuckoo” (BBC Sessions)
“Cat’s Squirrel” (BBC Sessions)
“A Song For Jeffrey” (BBC Sessions)
“Love Story” (BBC Sessions)
“Stormy Monday” (BBC Sessions)
“Beggar’s Farm” (BBC Sessions)
“Dharma For One” (BBC Sessions)
“A Song For Jeffrey” (Original Mono Mix)
“One For John Gee” (Original Mono Mix)
“Someday The Sun Won’t Shine For You” – Faster Version (Original Mono Mix) *
“Love Story” (Original Mono Mix)
“A Christmas Song” (Original Mono Mix)
“Sunshine Day”
“Aeroplane”
“Blues For The 18th”
“Love Story” (1969 US Promo Single Stereo Mix for FM Radio Airplay)
US FM Radio Spot #1
US FM Radio Spot #2

Disco Três

“My Sunday Feeling” (Original Stereo Mix)
“Some Day The Sun Won’t Shine For You” (Original Stereo Mix)
“Beggar’s Farm” (Original Stereo Mix)
“Move On Alone” (Original Stereo Mix)
“Serenade To A Cuckoo” (Original Stereo Mix)
“Dharma For One” (Original Stereo Mix)
“It’s Breaking Me Up” (Original Stereo Mix)
“Cat’s Squirrel” (Original Stereo Mix)
“A Song For Jeffrey” (Original Stereo Mix)
“Round” (Original Stereo Mix)
“My Sunday Feeling” (2008 Remastered Version – Mono)
“Some Day The Sun Won’t Shine For You” (2008 Remastered Version – Mono)
“Beggar’s Farm” (2008 Remastered Version – Mono)
“Move On Alone” (2008 Remastered Version – Mono)
“Serenade To A Cuckoo” (2008 Remastered Version – Mono)
“Dharma For One” (2008 Remastered Version – Mono)
“It’s Breaking Me Up” (2008 Remastered Version – Mono)
“Cat’s Squirrel” (2008 Remastered Version – Mono)
“A Song For Jeffrey” (2008 Remastered Version – Mono)
“Round” (2008 Remastered Version – Mono)

This Was- Jethro Tull (álbum completo em streaming):

David Bowie terá caixa de singles em vinil com 9 gravações raras

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Por Fabian Chacur

As redes sociais dedicadas a divulgar o trabalho do saudoso David Bowie anunciaram uma bela novidade para seus fãs, especialmente para os colecionadores mais ávidos por raridades. Será lançada em breve, infelizmente só no exterior, Spying Through a Keyhole-Demos And Unreleased Songs. Trata-se de uma caixa contendo singles de 7 polegadas, os antigos compactos simples de vinil, contendo nove gravações inéditas em formato físico registradas pelo genial cantor, compositor e músico britânico nos idos de 1967 e 1968.

Lançada pelo selo Parlophone (hoje distribuído pela Warner Music), a caixa traz canções inéditas como Love All Around (de onde foram extraídos os versos que deram nome ao trabalho) e versões demo de In The Heat Of The Morning, por exemplo, ótima canção da fase inicial do astro britânico que possui trechos que posteriormente inspirariam um hit massivo dele, Ziggy Stardust.

O principal gancho para este projeto foram os 50 anos do lançamento de Space Oddity, que aparece em duas versões diferentes, uma demo que parecer ser a primeira gravação feita deste clássico, e outra na qual Bowie a interpreta junto com John Hutch Hutchinson, que integrou o trio Feathers ao lado do astro inglês e também tocou com ele nos anos 1970. A qualidade técnica das gravações, segundo informes da própria gravadora, não é perfeita, mas vale pela raridade.

Eis o repertório completo: Mother Gray, In The Heat Of The Morning, Goodbye 3D (Threepennny Joe), Love All Around, London Bye, Ta-Ta, Angel, Angel Grubby Face- Version 1, Angel, Angel Grubby Face- Version 2, Space Oddity- demo excerpt e Space Oddity-demo+alternative lyric (com John Hutch Hutchinson).

Essas canções foram disponibilizadas por um curto período de tempo em dezembro de 2018 nas plataformas digitais. A gravadora afirma que essas canções serão lançadas futuramente em outros formatos, mas não especificou quais e quando esses lançamentos ocorrerão.

In The Heat Of The Morning (BBC Sessions)- David Bowie:

David Bowie em um CD duplo gravado ao vivo em tour de 78

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Por Fabian Chacur

Welcome To The Blackout (Live London ’78) é um CD duplo inédito de David Bowie gravado ao vivo durante sua turnê Isolar II realizada entre março e dezembro de 1978 e lançado no Brasil pela Warner em formato físico. Como já havia saído naquela época um álbum duplo ao vivo registrado na mesma tour, Stage, a pergunta inicial é: seria este novo lançamento indicado apenas aos colecionadores mais fanáticos e a completistas de plantão? A resposta é um solene e categórico não.

Logo de cara, vale a pena levar em conta as datas em que esses álbuns foram gravados. Stage é oriundo de shows realizados em 28 e 29 de abril e 5 e 6 de maio de 1978 em Filadélfia, Boston e Providence, nos EUA, quando tínhamos por volta de 20 shows realizados da Isolar II Tour. Welcome To The Blackout saiu de registros feitos nos dias 30 de junho e 1º de julho daquele mesmo ano, em Earls Court, Londres, com mais de 50 shows da turnê já feitos. Ou seja, este último álbum traz um show mais bem concatenado.

O set list de Welcome To The Blackout é basicamente o mesmo dos shows de 1978, enquanto o de Stage traz uma ordem de músicas bem diferente. Vale registrar que a reedição em CD de Stage lançada em 2005 apresenta pela primeira vez o set list original das apresentações ao vivo, sendo que a recentemente lançada caixa A New Career in a New Town (1977–1982) traz as duas versões desse álbum em seu conteúdo.

A Isolar II Tour mostrava um David Bowie investindo na sonoridade eletrônica, experimental e um pouco mais introspectiva do que em eras anteriores de sua trajetória, cujas marcas são exatamente os dois álbuns que ele lançou em 1977, Low e Heroes, e cujos repertórios são a base dos set list de Welcome To The Blackout. Completam o repertório diversas músicas de Ziggy Stardust (1972) e algumas outras pinçadas dos outros álbuns, devidamente adequadas à sonoridade daquela turnê.

Como de praxe em toa a trajetória de Bowie, a banda de apoio é excepcional, trazendo como destaques os guitarristas Adrian Belew e Carlos Alomar, o tecladista Roger Powell e o baterista Dennis Davis. Um time afiado, que criou uma moldura sonora tensa, urbana, claustrofóbica e metódica, mais do que adequada à performance estupenda de Bowie como cantor, apostando bem nas regiões mais graves de sua voz.

Das 24 músicas apresentadas, algumas delas instrumentais (como Warszawa e Sense Of Doubt), destacam-se as sublimes Heroes, Beauty And The Beast, Sound And Vision, Fame, Blackout e Station To Station, assim como uma hipnótica e insana releitura de Alabama Song (de Kurt Weill e Bertold Brecht, da década de 1920 e regravada pelos Doors em 1967). Mas, a rigor, não há uma única música fraca ou irregular.

Welcome To The Blackout (Live London ’78) flagra um dos maiores gênios da história do rock em um momento de criação fervilhante, no qual suas performances ao vivo se mostravam absolutamente essenciais para se ter uma ideia total da qualidade de seu trabalho. Ah, e mais uma vantagem deste álbum em relação a Stage: a capa, muito mais expressiva. O encarte traz belas fotos em preto e branco e uma resenha do show publicada na época. Para ouvir uma, duas, três, mil vezes.

Welcome To The Blackout-Live London ’78- ouça em streaming:

Robert Plant:70 anos de idade com Led Zeppelin e bem mais

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Por Fabian Chacur

Em 1968, o ex-cantor do obscuro grupo Band Of Joy recebeu um convite irrecusável. Jimmy Page, guitarrista que havia se tornado famoso no cenário musical como músico de estúdio e integrante da última formação do celebrado The Yardbirds, ofereceu ao vocalista em questão uma vaga em sua nova banda. A resposta positiva equivale ao pontapé inicial rumo ao estrelato do sujeito em questão, um certo Robert Plant, que celebrou 70 anos de idade nesta segunda (20) ainda ativo e relevante.

Quando a banda de Page e Plant lançou seu álbum de estreia, em janeiro de 1969, rapidamente se transformou em uma das formações mais celebradas e icônicas do rock. Em seus 12 anos de existência, o Led Zeppelin vendeu milhões de discos, lotou estádios, superou a perseguição da crítica especializada de então e provou que o rock pesado podia ter horizontes musicais mais amplos e criativos do que alguns roqueiros mais radicais poderiam imaginar.

Com sua voz potente, capaz de alcançar agudos poderosos e também desempenhar muito bem nas regiões mais graves, Robert Plant ainda trazia como atrativos uma postura de palco extremamente eficiente e muito talento como compositor. Sua versatilidade como cantor ajudou o quarteto, que tinha também os brilhantes John Paul Jones (baixo e teclados) e John Bonham (bateria), a mergulhar em sonoridades distintas, criativas e repletas de prazer auditivo.

Não é qualquer cantor que pode se meter a cantar em uma mesma banda rocks pesados como Communication Breakdown, Celebration Day e Whole Lotta Love, blues ardidos e poderosos como Since I’ve Been Loving You, You Shook Me e I Can’t Quit You Baby, canções folk como Tangerine e híbridos como a folk-rock-soul Over The Hills And Far Away e a balada pesada Stairway To Heaven. E isso só para citar algumas das vertentes desenvolvidas pelo grupo…

Com o fim do Zeppelin em 1980, Robert Plant poderia facilmente ter se tornado um daqueles artistas que passa a viver do seu passado de glória. Mas isso não ocorreu. Em 1982, dava início a uma produtiva carreira solo com o lançamento do álbum Pictures At Eleven. Rapidamente se firmou na nova opção de carreira, e em momento algum caiu na tentação de fazer só um pastiche da antiga banda, mesmo não abandonar o rock.

Hits dos anos 1980, como a fortemente influenciada pelo tecnopop Little By Little, o rockão Tall Cool One, a belíssima balada Ship Of Fools e a vigorosa Hurting Kind (I’ve Got My Eyes On You) ilustram bem essa nova fase de sua carreira, ajudando-o a ser o bem-sucedido Robert Plant, e não “apenas” o ex-cantor do Zeppelin.

Com o tempo, retomou sua paixão pelo folk e pelo country e investiu em consistentes trabalhos nesses segmentos, dos mais o mais bem-sucedido em termos artísticos e de vendagens foi o excelente álbum Raising Sand (2007), gravado em dupla com a cantora, compositora e musicista americana Alison Krauss e que lhe rendeu cinco troféus Grammy (incluindo o de álbum do ano), algo que não havia conseguido em sua época de Led Zeppelin.

Nessa abertura por projetos diferenciados, ele foi em 1984 o vocalista principal do EP The Honeydrippers Volume One, no qual releu ao lado de amigos como Jimmy Page, Jeff Beck e Nile Rodgers cinco clássicos do r&b, entre eles a deliciosa balada Sea Of Love, que acabou se transformando em seu maior hit em termos comerciais fora do Zepp.

O mérito de Robert Plant é ainda maior se levarmos em conta que ele teve problemas com as cordas vocais em alguns momentos dessa trajetória, inclusive nos tempos de Zeppelin. Felizmente, conseguiu se recuperar, embora tenha passado a se concentrar um pouco mais nos registros vocais mais graves, sempre de forma inspirada e deliciosa.

Os fãs do Led Zeppelin sempre sonharam com um retorno do grupo, mesmo sem o saudoso baterista John Bonham, cuja morte em setembro de 1980 causou o fim da banda. No entanto, eles só deram algumas poucas oportunidades para saciar as saudades de todos: em 1985, no Live Aid, em 1988, no aniversário de 40 anos da Atlantic Records, e em 2007, com um show completo em Londres registrado e lançado posteriormente em DVD, Blu-ray e CD.

Page e Plant também proporcionaram aos fãs o lançamento de dois álbuns em dupla, No Quarter (1994) e Walking Into Clarksdale (1998). A turnê de divulgação do primeiro os trouxe ao Brasil em janeiro de 1996, em shows no Rio e em São Paulo durante a última edição do festival Hollywood Rock.

Robert Plant cantou no Brasil pela primeira vez em janeiro de 1994, no Rio e em São Paulo, como atração do festival Hollywood Rock. Nessa ocasião, tive a oportunidade de participar da entrevista coletiva concedida por ele em São Paulo no hotel Maksoud Plaza, na qual ele se mostrou simpático e bem-humorado, brincando que ele sempre se mantinha com o visual “carneirinho”, por causa da cabeleira cacheada.

Nessa mesma ocasião, consegui que ele me autografasse a coletânea em vinil Ten For Forty Seven. Lembro que dei a ele a contracapa para o autógrafo, e ele não reconheceu de pronto o álbum, olhando a seguir para a capa e comentando “ah, é Ten For Forty Seven…”.

Seu mais recente trabalho, o CD Carry Fire, saiu em outubro de 2017 e conseguiu ótimo resultado comercial e bons elogios por parte da crítica especializada. Ele foi acompanhado novamente pela banda the Sensational Space Shifters. Em março de 2015, vi o show deles no Lollapalooza Brasil, e fiquei impressionado com a ótima performance de Plant em termos vocais. Feliz 70 anos, mestre!

Tall Cool One (clipe)- Robert Plant:

The Who tem álbum duplo ao vivo lançado no Brasil em CD

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Por Fabian Chacur

Excelente notícia para os fãs do melhor classic rock e também do formato físico musical. A Universal Music acaba de lançar no Brasil, no formato CD duplo e também nas plataformas digitais, o álbum Live At The Fillmore East 1968, do The Who, que no exterior possui uma terceira versão, a de LP de vinil triplo. Este trabalho nunca havia saído pela via oficial anteriormente.

Esse flagra da formação clássica da célebre banda britânica ocorreu no histórico Fillmore East, situado em Nova York, mais precisamente no Lower East Side de Manhattan. Dois shows foram realizados naquele final de semana, mas só o do dia 6 de abril de 1968, o segundo deles, teve registro na íntegra. A restauração de áudio e mixagem ficou a cargo do hoje renomado engenheiro de som Bob Pridden, que na época era um dos roadies do quarteto inglês.

O repertório de 14 faixas traz músicas dos álbuns lançados pelo The Who até então (o mais recente era The Who Sell Out, de dezembro de 1967) com alguns covers bem bacanas, como C’mon Everybody (Eddie Cochran) e Fortune Teller (Allen Toussaint). A versão longa de My Generation, que a partir dali se tornaria um cavalo de batalha clássico do grupo, também merece destaque, e encerra o álbum.

TRACKLIST- Live At Fillmore East 1968:

Disco 1

1. Summertime Blues

2. Fortune Teller

3. Tattoo

4. Little Billy

5. I Can’t Explain

6. Happy Jack

7. Relax

8. I’m A Boy

9. A Quick One

10. My Way

11. C’mon Everybody

12. Shakin’ All Over

13. Boris The Spider

Disco 2

1. My Generation

My Way/C’mon Everybody– The Who:

Welcome To The Blackout, de Bowie, chega ao Brasil em CD

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Por Fabian Chacur

Lançado no exterior no dia 21 de abril deste ano apenas no formato álbum triplo de vinil, o disco ao vivo Welcome To The Blackout (Live London ’78), de David Bowie, agora também já está disponível para o público brasileiro através da Warner Music, mas como CD duplo e digitalmente. O material traz 24 músicas gravadas ao vivo nos dias 30/6 e 1º/7 de 1978 em Earls Court, em Londres, com produção de Tony Visconti e mixagem feita em 1979 pelo próprio Bowie com David Richards.

O álbum inclui gravações realizadas no mesmo período das incluídas no ao vivo Stage, lançado originalmente em 1978. A diferença básica fica por conta do país onde os registros deste trabalho mais antigo se concretizaram, nos EUA, mais precisamente em shows ocorridos nas cidades de Filadélfia, Boston e Providence entre o fim de abril e o início de maio de 1978. O repertório de ambos é semelhante.

Bowie, nessa turnê, estava lançando na estrada seus ousados discos Low e Heroes, ambos de 1977, e que mesclam rocks intensos e eletrônicos com faixas instrumentais inspiradas no krautrock de Kraftwerk e nos experimentalismos de Brian Eno, que por sinal participou ativamente da criação, produção e gravação desses dois álbuns. A mescla desse repertório com clássicos de sua carreira é bastante interessante. A banda, bastante afiada, traz como destaque a dupla de guitarristas, Carlos Alomar e Adrian Belew, que se completam com precisão.

Eis as faixas de Welcome To The Blackout (Live In London ’78):

CD 1:

1. WARSZAWA – 06:27
2. HEROES – 07:33
3. WHAT IN THE WORLD – 04:01
4. BE MY WIFE – 02:45
5. THE JEAN GENIE – 06:34
6. BLACKOUT – 03:42
7. SENSE OF DOUBT – 03:25
8. SPEED OF LIFE – 02:37
9. SOUND AND VISION – 03:10
10. BREAKING GLASS – 03:31
11. FAME – 03:52
12. BEAUTY AND THE BEAST – 04:58

CD 2:

1. FIVE YEARS – 06:08
2. SOUL LOVE – 02:51
3. STAR – 02:30
4. HANG ON TO YOURSELF – 02:39
5. ZIGGY STARDUST – 03:24
6. SUFFRAGETTE CITY – 03: 50
7. ART DECADE – 03:08
8. ALABAMA SONG – 03:58
9. STATION TO STATION – 11:08
10. TVC 15 – 04:17
11. STAY – 06:58
12. REBEL REBEL – 03:51

Welcome To The Blackout-David Bowie (em streaming):

Mixed Up, do The Cure, sai no Brasil em formato remaster

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Por Fabian Chacur

Em 1990, Robert Smith surpreendeu muita gente ao lançar o álbum duplo em vinil e simples em CD Mixed Up, que trazia remixes com pegada mais dançante e eletrônica de algumas das canções mais conhecidas de seu grupo, o The Cure. Atualmente revisando itens de seu extenso catálogo, o cantor, compositor e músico britânico nos oferece uma versão remasterizada desse trabalho, que chega às lojas brasileiras em CD simples.

Mixed Up continha em sua versão original 12 faixas no LP de vinil e 11 no CD, com direito a hits como Lullaby, Hot Hot Hot!, Close To Me e Lovesong com roupagens totalmente diferentes, além de uma faixa inédita, a ótima mezzo pesadona mezzo dançante Never Enough, que teve direito a clipe e fez um sucesso considerável.

Além do formato standard, que é o disponibilizado no Brasil, também sairá no exterior uma deluxe edition com três álbuns: o CD original remasterizado, um segundo com raros remixes lançados originalmente entre 1982 e 1990 e um terceiro, intitulado Torn Down, com 16 novas remixagens feitas pelo próprio Robert Smith de outras músicas do The Cure, como Shake Dog Shake, Cut Here e A Night Light This.

Never Enough– The Cure:

Disco ao vivo do Led Zeppelin será relançado em setembro

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Por Fabian Chacur

Outro lançamento muito bacana relacionado ao rock chegará ao mercado musical no dia 7 de setembro, mesma data prevista para Egypt Station, de Paul McCartney. Trata-se de uma versão remasterizada do álbum The Songs Remain The Same, lançado originalmente em 1976 e trilha sonora do filme homônimo do Led Zeppelin. Esse trabalho será disponibilizado em vários formatos, e sairá em um dia histórico para o seminal quarteto britânico.

Em 7 de setembro de 1968, ocorreu a primeira apresentação ao vivo da então novíssima banda do guitarrista Jimmy Page, que tinha a seu lado os então ainda desconhecidos John Paul Jones (baixo e teclados), Robert Plant (vocal) e John Bonham (bateria). Naquela ocasião, o time usou o nome The New Yardbirds, surgindo das cinzas da histórica banda Yardbirds, que revelou Eric Clapton, Jeff Beck e o próprio Page.

Pouco tempo depois, o quarteto passaria a se chamar Led Zeppelin, uma sugestão que teria sido dada por Keith Moon, baterista do The Who. A trajetória dessa incrível banda todos sabem como foi, com direito a milhões de discos vendidos em todo o mundo, a criação de um estilo próprio fundindo heavy/hard rock, folk music, progressivo, soul, pop e ainda mais, e shows lotados e antológicos, tornando-se uma das lendas da história do que hoje é denominado de classic rock.

O filme The Song Remains The Same (que foi exibido na época no Brasil com o peculiar título Rock É Rock Mesmo) tem como material base gravações feitas durante os três superlotados shows que o Zeppelin fez em julho de 1973 no histórico Madison Square Garden, em Nova York. A versão remasterizada da trilha que sairá no dia 7 de setembro segue a reedição de 2007, que trouxe como atrativo seis faixas-bônus em relação ao lançamento original de 1976.

Ainda não foram confirmadas quais versões do relançamento deste álbum serão disponibilizadas no Brasil, o que a gravadora Warner promete fazer em breve. O pacote mais caro e aparentemente mais atraente para o fã mais fanático é o Super Deluxe Boxed Set, que trará o filme completo e a trilha pela primeira vez em um mesmo pacote. A versão em vinil com direito a 4 lps trará uma mudança na sequência original de faixas para permitir que os 29 minutos de Dazed And Confused estivessem na íntegra em um único lado de vinil.

The Song Remains The Same- The Rain Song (live)- Led Zeppelin:

The Beatles in India: filme vai ser lançado ainda este ano

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Por Fabian Chacur

Em fevereiro de 1968, os Beatles viajaram para Rishikesh, na Índia, com o intuito de estudar meditação transcendental com o guru local Maharishi Mahesh Yogi, que eles haviam conhecido em uma viagem do indiano pela Inglaterra no ano anterior. Essa curiosa passagem da trajetória da banda britânica é o tema do documentário The Beatles in India, que segundo informações da revista britânica Uncut, deve ser lançada mundialmente por volta de outubro.

Paul Saltzman é um fotógrafo e cineasta canadense que tinha 23 anos quando teve a oportunidade de conhecer os Beatles na Índia, por absoluta coincidência. Convidado a conviver com eles naquela experiência, fez fotos e filmagens que registaram aquele momento de redescoberta do quarteto britânico. Seu documentário dá uma geral na viagem, e mostra os registros e também as músicas que, compostas lá, acabariam integrando o célebre Álbum Branco (cujo título de fato é simplesmente The Beatles), lançado naquele mesmo 1968.

Com mais de 300 filmes no currículo, entre documentários e dramas, Paul Saltzman tem em seu currículo o badalado Prom Night In Mississipi (2008), e também integra projetos humanitários. Uma exposição permanente de suas fotos dos Beatles na Índia tem como local um espaço no John Lennon Airport, em Liverpool, Inglaterra. Ele lançou dois livros com reproduções de suas célebres fotos, The Beatles in Rishikesh (2000) e The Beatles in India (2006), este último em edição limitada.

Dear Prudence (c/cenas do grupo na Índia)- The Beatles:

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