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Tina Turner, os 80 anos de uma rainha da música pop mundial

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Por Fabian Chacur

É infalível. Toda vez que ouço a bela introdução da música What’s Love Got To Do With It as lágrimas começam a brotar dos meus olhos. Tem a ver com a emotividade que herdei da minha saudosa mãe, mas também pode ser explicado pelo significado dessa incrível canção escrita por Terry Britten e Graham Lyle. Ela marca o momento em que Tina Turner, em 1984, atingiu o primeiro lugar na parada americana de singles e sacramentou uma das mais espetaculares voltas por cima da história da música.

Aos 45 anos de idade na época, essa verdadeira guerreira superava quase dez anos de uma luta intensa para recuperar sua relevância no cenário da música, após sair literalmente sem nada de um turbulento casamento musical e pessoal com o talentoso, mas detestável e truculento Ike Turner, com quem conviveu por quase duas décadas. O que essa mulher sofreu nas mãos desse sujeitinho ultrapassa os limites do humanamente suportável.

Mas Anna Mae Bullock, que neste 26 de novembro de 2019 completa 80 anos de idade, não só suportou como teve a coragem de dar um basta naquela situação. Além do lado pessoal, também tinha a ditadura musical, que o marido barra pesada lhe impunha. Tudo bem, ele foi muito importante para que aquela jovem e ingênua garota de Nutbush, Tennessee, conseguisse aparecer com sucesso no cenário da música, no finalzinho dos anos 1950.

Com shows eletrizantes e gravações valorizadas por sua voz potente, Ike & Tina Turner se tornaram uma das atrações mais empolgantes do circuito da soul music nos anos 1960. No entanto, a partir da segunda metade dos anos 1960, o formato de seus shows e gravações foi ficando mais padronizado, e só mesmo a incrível energia da cantora conseguia atrair as atenções do público.

Percebendo esse potencial imenso e mal utilizado, o genial produtor Phil Spector propôs trabalhar com Tina em um trabalho-solo, que Ike autorizou sem muita convicção. O resultado foi a incrível River Deep Mountain High (1966), uma das grandes gravações protagonizadas por ela. A repercussão abaixo do esperado no mercado americano deu uma arrefecida nessa promissora carreira-solo.

Até 1976, Ike & Tina Turner tiveram bons momentos em termos de shows e discos, mas não é de se estranhar que o maior sucesso desse período tenha sido uma impressionante releitura de Proud Mary, do Creedence Clearwater Revival. Tina queria ter a liberdade de cantar o que quisesse. E essa liberdade veio quando a violência de Ike tomou proporções tamanhas que só restou à artista sair fora, com a roupa do corpo e não muito mais.

Demorou um pouco para conseguir um rumo, mas contou com a ajuda de amigos famosos como os Rolling Stones e Rod Stewart, para quem abriu shows. A entrada em sua vida do empresário Roger Davies, no início de 1980, marcou o momento em que as coisas começaram a se encaminhar de forma positiva. E, em 1984, enfim aquele projeto de megadiva do rock se concretizou. E veio com tudo, para tirar o atraso com juros e correção monetária sonora.

A partir de então, todos sabem o que aconteceu. Novos hits, como Private Dancer, Typical Male, Paradise Is Here e dezenas de outros, milhões de discos vendidos, shows em estádios pelos quatro cantos do mundo (Brasil inclusive, com direito a Pacaembu e Maracanã lotados, em 1988) e as pernas mais elogiadas da cena pop como uma espécie de bônus em meio a tanto talento artístico e musical.

Tina Turner virou um dos exemplos mais fortes do poder da mulher, e de como a violência doméstica em relações afetivas é um câncer que precisa ser combatido de forma veemente. Ela sofreu, mas sobreviveu, e colheu os mais belos frutos. Nada mais merecido. Viva essa maravilhosa Acid Queen! Tudo de bom pra ela, sempre. E que venham novas lágrimas ao ouvir What’s Love Got To Do With It. São lágrimas de felicidade e admiração!

What’s Love Got To Do With It (clipe)- Tina Turner:

Banda Marrakesh mostra seu primeiro álbum em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Ao contrário do que alguns eternos apressadinhos adoram repetir mundo afora, o rock não só não morreu como continua por aí, firme e forte. Um bom exemplo brasileiro é a banda curitibana Marrakesh. Na ativa desde 2014, mostra um som melódico, ora etéreo, ora mais ardido, e com muita qualidade. Eles mostram seu primeiro álbum, Cold As Kitchen Floor, lançado pelo selo Balaclava Records, em show nesta terça (22) a partir das 19h no Void General Store SP (rua Martin Carrasco, nº 56- Pinheiros- fone 0xx11-3031-088), com entrada livre.

A atual formação do grupo de Curitiba (PR) traz Bruno Tubino Czarnobay (guitarra e vocal), Lucas Cavallin (guitarra e vocal), Matheus Castella (bateria), Nicholas Novak (baixo) e Thomas Volobodo Berti (synths e beats). Seu primeiro lançamento ocorreu em 2016, o EP Vassiliki, do qual se destaca a faixa Sheer Night. Eles também releram de forma surpreendente Canto de Ossanha, clássico de Baden Powell e Vinícius de Moraes e rara incursão deles por uma música em português.

Cold As Kitchen Floor traz 12 faixas e já está disponível nos serviços de streaming. A faixa Moonhealing está sendo divulgada por um clipe muito interessante dirigido por Fernando Moreira. Também estão na programação desta terça (22) da Void General Store SP o duo português Ermo e o DJ S4v4n4. A banda Marrakesh, que tocou em 2017 em Barcelona, Espanha, voltará a se apresentar em São Paulo neste sábado (26) no festival XXXBórnival, que será realizado na casa de shows Áudio.

Moonhealing (clipe)- Mahakesh:

Malcolm e George Young são desfalques de família rocker

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Por Fabian Chacur

As últimas semanas não foram nada favoráveis à família Young. No último dia 22 de outubro, morreu o músico, produtor e compositor George Young. Neste sábado (18), foi a vez de seu irmão guitarrista e compositor Malcolm Young, que em 1973 fundou ao lado de outro irmão, Angus, o AC/DC, banda na qual se manteve até 2014, quando teve de se retirar por sofrer de demência. O passamento do músico foi comunicado pelo site oficial da banda de origem australiana.

George nasceu em 6 de novembro de 1946 na Escócia, e se mudou com os pais para a Austrália em 1963, sendo que foram com ele Malcolm (nascido em 6 de janeiro de 1953), Angus (13 de março de 1955) e o resto da família. No final de 1964, ele montaria ao lado do holandês radicado na Austrália Harry Vanda a banda The Easybeats, que ficaria conhecida mundialmente graças ao hit de 1966 Friday on My Mind, música posteriormente regravada por David Bowie e Peter Frampton.

Com o fim dos Easybeats, em 1969, surgiu a Vanda & Young, dupla formada pelos ex-colegas de banda dedicada à produção e composições. Em 1973, eles, que haviam se mudado para Londres em 1967, voltaram à Austrália, e firmaram parceria com a Albert Productions. E foi com essa produtora que a banda criada por George e Malcolm naquele mesmo ano começou a trabalhar, uma tal de AC/DC.

Vanda & Young produziram todos os discos lançados pelo grupo entre 1974 e 1978, período durante o qual eles estabeleceriam as bases do que os levaria, a partir de 1979, a atingir o primeiro escalão do rock mundial. Rotulada como banda de hard rock, o AC/DC na verdade gerou uma versão muito peculiar de rock and roll a la anos 1950, blues e rock pesado, na qual a guitarra base de Malcolm funcionava como alicerce da banda, abrindo caminho, com seus riffs poderosos, para os solos do desinibido Angus. Ele sempre se mantinha sério, na dele.

Além do AC/DC, George Young produziu outros artistas, entre eles o cantor e compositor escocês também radicado na Austrália (mas sem parentesco com ele) John Paul Young, que estourou com as canções Yesterday’s Hero (1975) e Love Is In The Air (1978), esta última um clássico perene da disco music. Ele e Vanda também criaram uma banda de estúdio, Flash And The Pan, que fez muito sucesso em 1982 com o hit tecnopop Waiting For a Train.

Malcolm e George Young se reencontrariam em 1988, quando a dupla Vanda-Young produziu o álbum Blow Up Your Video, do AC/DC, e novamente em 2000, quando apenas George se incumbiu da produção do CD Stiff Upper Lip. A partir daí, o irmão mais velho saiu de cena, só voltando às manchetes com o seu recente falecimento, aos 70 anos.

Por sua vez, Malcolm Young deixou o AC/DC em 2014, quando foi anunciado que ele sofria de demência e não conseguia mais se dedicar ao seu instrumento. Em setembro daquele mesmo ano, foi anunciado o seu substituto: ninguém menos do que um irmão mais novo, Stevie (nascido em 1956), que por sinal tinha ficado em seu lugar durante uma turnê pelos EUA em 1988 devido a problemas de Malcolm com as bebidas que o tiraram de cena por uns tempos.

Back in Black– AC/DC:

Sting mergulha em rock e folk no ótimo álbum 57th & 9th

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Por Fabian Chacur

Desde o lançamento de Sacred Love (2003), Sting deixou de lado o pop rock mais explícito em sua carreira solo. Nesse período, lançou trabalhos com faceta erudita ou de folk mais tradicional, como os ótimos If On a Winter’s Night (2009) e The Last Ship (2013), ou mesmo de inspiradas e interessantes releituras sinfônicas de canções de sua autoria em Symphonicities (2010). Mas, agora, é hora de rock, bebê! E chega às lojas o ótimo 57th & 9th. Bem roqueiro, mas com folk na mistura, também.

O título do CD alude a uma esquina localizada em Nova York e próxima dos estúdios em que as gravações ocorreram. No encarte, Sting explica o quanto gosta de andar a pé, especialmente no caminho rumo ao trabalho, pois é nesses momentos que reflete e pensa de forma mais apurada. Como o álbum foi concretizado em um período de três meses, algo rápido para os padrões atuais de estrelas, dá para se imaginar que várias canções possam ter surgido durante esses passeios.

Acompanhado pelo excelente guitarrista Dominic Miller, que é seu braço direito há décadas, além de feras do porte de Vinnie Colaiuta (bateria) e integrantes do grupo The Last Bandoleros, Sting nos oferece dez novas canções que trazem como marca aquela simplicidade sofisticada que sempre marcou a sua obra, indo desde o rock mais básico a canções folk, e um momento com elementos árabes no meio.

A coisa começa a mil por hora, com a contagiante I Can’t Stop Thinking About You, que possui ecos de clássicos do The Police como Truth Hits Everybody e Can’t Stop Losing You. Com um riff poderoso de guitarra, a vibrante 50.000 é uma assumida homenagem a David Bowie, Glenn Frey e Prince, músicos que sabiam como poucos fazer músicas para entreter grandes plateias. One Fine Day, um rock balada, traz letra de inspiração ecológica com abordagem extremamente inteligente.

Não faltam outros momentos excelentes neste álbum. As baladas acústicas na melhor tradição folk Heading South On The Great North Road e The Empty Chair, o rockão estradeiro Petrol Head e a envolvente Inshallah, por exemplo. São canções sempre enfocando temas atuais, como ecologia, relações amorosas e mesmo a crise dos refugiados na Europa, mas sem nunca resvalar na apelação.

A edição lançada no Brasil de 57th & 9th é a Deluxe, o que significa uma capa digipack dupla, encarte luxuoso com ficha técnica completa, letras e textos de Sting sobre as canções e também três faixas adicionais. São elas uma versão mais folk rock de I Can’t Stop Thinking About You (apelidade de LA Version por ter sido gravada em Los Angeles), outra de Inshallah gravada em Berlim e uma ao vivo de Next To You, clássico do The Police, com participação dos The Last Bandoleros.

O álbum atingiu a posição de número 9 ao ser lançada nos EUA em novembro, prova de que Sting continua atraindo a atenção do grande público. Nada mais justo, pois aos 65 anos, idade completada por ele no último dia 2 de outubro, este grande artista prova mais uma vez continuar sendo não só um mero cantor e compositor, mas alguém preocupado em sempre oferecer o melhor aos fãs. Ele já está fazendo shows para divulgar o disco. Tomara que passe por aqui.

50.000– Sting:

Plutão Já Foi Planeta e Lisbela fazem show no Rio Novo Rock

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Por Fabian Chacur

O projeto Rio Novo Rock (RNR) existe há mais de dois anos, com direito a 30 edições, 59 bandas da nova geração do rock, 29 DJs e mais de 12 mil pessoas de público até o momento. Nesta quinta (1º/12), a partir das 20h, será realizada a última edição do ano, com a presença das bandas Plutão Já Foi Planeta (foto) e Lisbela. O local é o Imperator- Centro Cultural João Nogueira (rua Dias da Cruz, nº 170- Meier- RJ- fone 0xx21- 2597-3897, com ingressos a R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira).

Na estrada desde setembro de 2013, a Plutão Já Foi Planeta é de Natal (RN), e tem como integrantes Natália Noronha, Gustavo Arruda, Sapulha Campos, Khalil Oliveira e Vitoria de Santi. Eles já lançaram o CD autoral Daqui Pra Lá (2014) e tiveram em 2016 uma participação destacada no programa global Superstar. Seu som delicado mistura rock, folk, country e MPB de forma ao mesmo tempo melódica e agitada.

Diretamente do estado do Rio de Janeiro (da cidade de São João de Meriti) e com quatro anos de atividade, a banda Lisbela tem em sua escalação Allan Vieira, Thales Zagalia, Ramon Elias, Jader Luiz e Gabriel Luz. Seu mais recente trabalho é o álbum Saudade Que Não Vai Embora, boa amostra de uma sonoridade melódica, ágil e com letras poéticas.

Viagem Perdida– Plutão Já Foi Planeta:

Leonard Cohen e Leon Russell gravaram com Sir Elton John

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Por Fabian Chacur

2016 tem sido um ano absurdamente triste para os fãs de boa música. As perdas são absurdas, e mais duas se somam a tantas outras ocorridas até o momento. São as do cantor, compositor e poeta canadense Leonard Cohen e do cantor, compositor e músico americano Leon Russell, dois artistas que nos deixaram legados de valor incalculável. Ambos tem algo em comum: são ídolos e trabalharam com ninguém menos do que Sir Elton John.

A parceria do autor de Goodbye Yellow Brick Road com Leon Russell ocorreu em 2010, com o lançamento do álbum The Union. Um trabalho histórico por várias razões, entre outras o fato de ter sido o primeiro CD que Elton dividiu inteiro com outro artista, e por ter resgatado de um recente anonimato um grande artista. The Union (leia a crítica de Mondo Pop aqui) equivale a uma verdadeira aula de música, e concretizou o sonho de Elton, que sempre citou Russell como um de seus ídolos e grande influência musical. Chegou ao nº 3 nos EUA. Uau!

O álbum com o fã ilustre ajudou a resgatar Leon Russell. Nascido nos EUA em 2 de abril de 1942, ele se tornou conhecido inicialmente como um excepcional músico de estúdio, tocando piano e teclados em trabalhos de artistas diversos, entre os quais The Beach Boys, Jan & Dean, Bob Dylan e inúmeros outros. O estouro de sua composição Delta Lady, gravada por Joe Cocker, ajudou a abrir caminhos para uma atuação mais destacada como artista solo e sideman.

Como diretor musical e pianista, ele esteve ao lado de Joe Cocker no álbum duplo Mad Dogs And Englishmen (1970), registro de uma turnê que é considerada por gente do alto gabarito de Kid Vinil como uma das mais marcantes da história, e na qual Russell aparece com grande destaque. Ele gravou vários discos solo de sucesso nos anos 1970, e viu canções de sua autoria como Superstar, Delta Lady e a Song For You serem regravadas por inúmeros outros artistas.

Leonard Cohen também entrou na discografia de Elton John na base do dueto. Neste caso específico, em uma única faixa, Turn To Lose, incluída no álbum Duets, no qual o astro britânico gravou canções alheias de sua preferência ao lado de diversos amigos famosos do porte de Little Richard, Don Henley, Gladys Knight e George Michael. Vale lembrar que o astro britânico dos mil óculos participou do álbum tributo Tower Of Song- The Songs Of Leonard Cohen, interpretando I’m Your Man.

Nascido no Canadá em 21 de setembro de 1942, Leonard Cohen iniciou sua carreira no mundo das artes como poeta, tendo lançando seu primeiro livro em 1956 (Let Us Compare Mythologies). Ele entrou no cenário musical em 1967 como álbum Songs Of Leonard Cohen, no qual se sobressaíam suas canções introspectivas, com letras profundas conduzidas por uma voz grave e fora dos padrões do pop-rock da época.

Com o tempo, não se tornou um vendedor de milhões de discos ou teve suas músicas tocando o dia todo nas rádios, mas ganhou um fã-clube fiel, composto por inúmeros nomes famosos. A diversidade desses artistas influenciados por ele pode ser bem exemplificada por dois álbuns celebrando sua obra. Um é I’m Your Fan- The Songs Of Leonard Cohen (1991), que traz astros do rock alternativo como R.E.M., Lloyd Cole, Pixies, John Cale e Ian McCulloch.

Por sua vez, Tower Of Song- The Songs Of Leonard Cohen (1995) inclui um elenco de nomes mais afeitos ao mainstream, do porte de Elton John, Sting, Willie Nelson, Peter Gabriel e Suzanne Vega. Canções como Suzanne, So Long Marianne, Tower Of Song, Bird On The Wire, I’m Your Man e Sister Of Mercy são campeãs de regravações. Hallelujah entrou até em trilha de novela e em reality show musical! Universalidade perde. Seu mais recente álbum, You Want It Darker, saiu há poucos dias, e tem a morte como tema principal.

Born To Lose– Elton John & Leonard Cohen:

“Black Beatles” vira a trilha de memes e traz Paul McCartney

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Por Fabian Chacur

Em 2006, uma dupla americana de hip hop de nome estranho estourou no mundo todo com o single Crazy. Era a Gnarls Barkley. Exatos dez anos depois, outro duo ianque repete a dose, só que desta vez investindo no insólito tanto no nome do grupo como no de seu hit. Trata-se do Rae Sremmurd, que comemora o estouro inesperado do single Black Beatles, o terceiro a ser extraído de seu 2º álbum, Sremmlife2, lançado em agosto deste ano.

A história é relativamente simples e muito rápida. No fim de outubro, surgiu nas redes sociais um novo meme viral, com a hashtag #mannequinchallenge. Trata-se de um grupo de pessoas posando paralisadas, como se fossem manequins. Por alguma razão, a música Black Beatles tornou-se rapidamente a trilha favorita dos videos daqueles que entraram nessa onda de memes, e isso impulsionou o sucesso do single, que já chegou ao 9º lugar nos EUA e pode ir além.

O mais legal é que várias celebridades entraram na brincadeira, incluindo Jon Bon Jovi e até a candidata derrotada à presidência dos EUA Hillary Clinton. O que pouca gente esperava, no entanto, ocorreu nesta quinta-feira (10): ninguém menos do que Paul McCartney, um dos “White Beatles”, entrou na brincadeira e postou um vídeo paradinho defronte seu piano. Veja aqui.

Black Beatles é uma espécie de reggae/raggamuffin, com clima etéreo, refrão grudento e uma letra bem-humorada. O clipe traz uma ou outra referência aos Fab Four, como o show no teto da Apple em 1969 ou a travessia da Abbey Road no mesmo 1969, ou ainda uma reprodução do Bed Peace, ato pela paz realizado por John Lennon e Yoko Ono em uma cama localizada em um hotel no Canadá, e ocorrida em… Sim, você adivinhou, 1969 também.

Integrado pelos irmãos Khalif “Swae Lee” Brown e Aaquil “Slim Jxmmi” Brown e tendo como base a cidade de Atlanta, a dupla criou o seu nome usando a denominação da gravadora que os contratou, a Ear Drummers, ao contrário. Eles tem no currículo dois álbuns, Sremmlife (2015, chegou ao nº 5 nos EUA) e Sremmlife2 (2016, no nº7 nos EUA esta semana). Eles gravaram em 2015 dois singles em parceria com a badalada Nicki Minaj, Throw Sum Mo e No Flex Zone.

Black Beatles– ft. Gucci Mane- Rae Sremmurd:

Magic Numbers retorna a SP para show único em outubro

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Por Fabian Chacur

O quarteto britânico The Magic Numbers já tem data marcada para voltar ao país. Eles se apresentarão em São Paulo no dia 16 de outubro (domingo) às 19h no Cine Joia (praça Carlos Gomes, nº 82- Liberdade- fone 0xx11-3101-1305), com ingressos custando de R$ 110,00 a R$ 220,00. É a única apresentação deles prevista para o Brasil este ano, sendo que o grupo também marcará presença no Personal Fest, na Argentina, ao lado das bandas Cypress Hill, The Vaccines e The Kooks.

A primeira passagem do quarteto integrado pelos irmãos Romeo Stodart (guitarra e vocal) e Michelle Stodard (baixo, teclados e vocal) e Sean Gannon (bateria) e Angela Gannon (vocal e percussão) ocorreu em 2007 no Festival Indie Rock. Em 2013, fizeram uma apresentação simplesmente adorável no Cultura Inglesa Festival, encantando a plateia. Será a primeira vez que eles tocarão por aqui em um show exclusivo, sem outros artistas na line up.

Com 14 anos de carreira, o Magic Numbers atualmente divulga seu mais recente álbum, Alias (2014). Além de músicas deste trabalho, eles também darão uma geral em seus sucessos, entre os quais I See You You See Me, Love Is a Game e Take a Chance. É muito provável que também toquem a boa releitura de You Don’t Know Me, de Caetano Veloso, que fizeram para um disco tributo ao genial astro baiano. Folk, rock, pop e country são influências marcantes no som da banda, que traz belas vocalizações como uma de suas marcas.

Love Is a Game (live)- The Magic Numbers:

I See You You See Me (live)- The Magic Numbers:

Take a Chance– The Magic Numbers:

You Don’t Know Me– The Magic Numbers:

Eric Clapton nos traz mistério e belas canções em I Still Do

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Por Fabian Chacur

Logo de cara, I Still Do, novo álbum de Eric Clapton, propõe um desafio aos fãs. Nos créditos de músicos que participaram do trabalho, está listado como violonista e vocalista na faixa I Will Be There um certo Angelo Mysterioso. Os fanáticos por Beatles sabem que um pseudônimo quase idêntico (L’Angelo Mysterioso) foi usado em 1968 por George Harrison em sua participação especial na faixa Badge, do grupo Cream, do qual Eric Clapton era um dos integrantes.

Nem é preciso dizer que isso criou um frisson em torno da mídia especializada. Seria I Will Be There uma faixa gravada antes da morte do ex-Beatle (em 2001) e somente resgatada agora por Clapton, um grande amigo do autor de Something? A verdade é que o astro britânico se recusa a revelar quem é o artista que se valeu desse pseudônimo. E surgiram novos candidatos. Um é Dhani Harrison, filho de George.

Outro candidato é o astro pop Ed Sheeran, que por sinal participou do show de Clapton no dia 13 de abril no Budokan Hall, no Japão, interpretando exatamente essa música. E aí? Bem, a voz não parece a de Dhani, estando mais próxima do timbre de Sheeran. Seja como for, a assessoria de Clapton garante que ele não irá revelar quem é o tal “anjo misterioso”. E quer saber? O importante é que I Will Be There, uma espécie de folk-ska-reggae-balada, é linda!

Essa canção serve como bom chamariz para I Still Do, que atingiu o sexto lugar nas paradas dos EUA e do Reino Unido em sua semana de lançamento, algo habitual na carreira deste genial cantor, compositor e guitarrista britânico. Trata-se de um trabalho “Clapton per se”, ou seja, sem novidades ou influências diferenciadas do que estamos habituados. Temos várias variações de blues, tempero rock e folk, um pouco de pop, e por aí vai. E vai bem. O tal do bife com fritas bem feito.

O mais legal é a sutileza da coisa. A voz de Clapton está cada vez mais apurada e deliciosa, sem toda essa potência mas repleta de paixão. Cercado por músicos que o acompanham há muitos anos, como Andy Fairweather Low, Simon Climie, Chris Stainton e Henry Spinetti, o cara desliza sua guitarra com a categoria de quem sabe todos os atalhos para chegar ao ponto G dos seus ouvintes. São 12 faixas deliciosas.

O repertório traz apenas duas canções assinadas por Clapton, a quase pop Catch The Blues e a ótima Spiral. Entre os autores, alguns dos favoritos do ex-integrante do Blind Faith e Derek And The Dominoes, como Bob Dylan, JJ Cale e Robert Johnson. O clima vai do blues ardido em Alabama Woman Blues, que abre o álbum, à quase jazzística e delicada I’ll Be Seeing You, que pôe fim à festa. Tipo do álbum muito bom de se ouvir, descomplicado e simples.

Em entrevista recente, o músico afirmou que está sofrendo de neuropatia periférica, que lhe provoca dormência e dores nas mãos e nos pés, dificultando, portanto, o seu trabalho. Como ele já está com 71 anos, nos resta torcer para que Eric Clapton possa domar essas dificuldades físicas e continue em cena, fazendo shows pelo mundo e gravando discos deliciosos como este I Still Do. Se isso é “apenas mais do mesmo”, eu amo esse “mais do mesmo”!

I Will Be There– Eric Clapton e “Angelo Mysterioso”:

Catch The Blues– Eric Clapton:

Can’t Let You Do It– Eric Clapton:

Stones In My Passway– Eric Clapton:

Larry Carlton, um dos craques da guitarra, faz show em SP

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Por Fabian Chacur

Não é qualquer um que pode ser considerado uma espécie de guitarrista dos guitarristas, e o americano Larry Carlton se encaixa feito luva nessa descrição.  Na estrada desde os anos 1970, ele se apresenta em São Paulo no dia 19 de julho no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema- fone 0xx11-5095-6100), com ingressos de R$ 190,00 a R$ 270,00. Tipo do evento imperdível para quem curte jazz rock da melhor qualidade.

Nascido em 2 de março de 1948, Larry Carlton começou a ficar conhecido no meio musical como integrante da banda de jazz e soul The Crusaders, com quem tocou de 1971 a 1977. Em 1978, com o álbum Larry Carlton, incrementou uma carreira solo das mais significativas, que lhe rendeu 19 indicações ao Grammy, o Oscar da música, sendo que ele foi o vencedor em quatro ocasiões.

Como músico de estúdio, Carlton participou de mais de 100 álbuns que ganharam discos de ouro e de platina, gravados por astros do calibre de Michael Jackson, Steely Dan, Barbra Streisand, Billy Joel, Quincy Jones, Joni Mitchell e The Four Tops, só para citar alguns. O seu solo na música Kid Charlemagne, do Steely Dan (do álbum The Royal Scam, de 1976), sempre entra nas listas dos melhores de todos os tempos, tal a sua expressividade e criatividade.

Além do trabalho como session man e artista solo, ele também gravou e fez shows com outros guitarristas, notadamente Robben Ford, Lee Ritenour e Steve Lukather (do grupo Toto). No Bourbon Street, Larry será acompanhado por uma banda formada por Jota Morelli (bateria), Daniel Meza (baixo) e Colo Silva (teclados), além dele próprio pilotando sua célebre Gibson 1969 modelo ES-335. Ele, por sinal, lança seus discos por um selo próprio, o 335 Records.

Smiles And Smiles To Go– Larry Carlton:

Minute By Minute– Larry Carlton:

Kid Charlemagne– Steely Dan (solo: Larry Carlton):

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