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Elis Regina, 75 anos, uma utopia: o sonho mais lindo iremos sonhar

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Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (17), Elis Regina completará 75 anos. Três quartos de século, quem diria! Afinal de contas, ninguém se esquece do susto que o Brasil tomou naquele 19 de janeiro de 1982, quando a grande cantora foi internada às pressas, ficando em estado de coma durante diversas dolorosas semanas. Parecia o ponto final para alguém que, então, tinha apenas 36 anos. Mas não foi isso o que aconteceu. Tivemos um verdadeiro renascimento.

Tudo bem que a recuperação total da mãe de João Marcello, Maria Rita e Pedro demorou um período significativo, gerando insegurança por parte dos fãs, especialmente por ter se criado um mistério em torno das razões que levaram a artista gaúcha a quase nos deixar de forma tão prematura. Uns bons anos depois, foi revelado o fato de ela ter sido vítima de uma overdose, da qual escapou por um verdadeiro milagre, e pelo empenho dos médicos que a trataram.

Portanto, seu retorno aos palcos, ocorrido em 1985, poucos meses após ter completado 40 anos de idade, tornou-se rapidamente um dos grandes momentos daquele conturbado ano, no qual Tancredo Neves nos deixou antes mesmo de assumir a presidência da República. E surpreendeu a todos, pois foi um espetáculo totalmente intimista, no qual ela foi acompanhada apenas pelo piano de Ivan Lins e pelo violão de João Bosco, dois dos compositores que ajudou a lançar e de quem gravou canções antológicas.

Muito elogiados, aqueles shows geraram um álbum ao vivo, Os Sonhos Mais Lindos- Ao Vivo (1986), e deram início a uma nova fase na trajetória artística da nossa amada Pimentinha. Com a voz intacta e controlada de forma primorosa, Elis se mostrou mais disposta do que nunca a dar a volta por cima, e a partir daquele momento, a música voltou a predominar em sua agenda.

Desde então, a intérprete nos proporcionou momentos muito bacanas em termos artísticos. A ansiedade de lançamentos constantes a deixou, e cada nova turnê e disco de inéditas (ou projetos especiais) de Elis Regina tornava-se um evento, atraindo as atenções da mídia e do grande público.

Citada como influência pela maioria das novas cantoras, ela no entanto não se importou mais em ser uma campeã de vendas ou de ocupar os holofotes da fama o tempo todo, mantendo-se reservada e com entrevistas eventuais e sempre concedidas a jornalistas e apresentadores em que confiava bastante.

Desde sempre, Milton Nascimento diz que compõe suas canções pensando na voz de Elis Regina. Logo, pode-se dizer que até demorou o lançamento de Nada Será Como Antes (1995), álbum que reuniu composições inéditas do Bituca interpretadas pelos dois. Tipo do álbum que já saiu clássico, e que gerou uma série de shows pelo Brasil e também com inúmeras datas no exterior.

Embora tenha continuado fiel a compositores que gravou desde os anos 1960 e 1970, como o próprio Milton, Ivan Lins, João Bosco, Belchior e Tomas Roth, a estrela gaúcha também soube escolher canções oriundas de autores de gerações posteriores à sua, entre eles Lenine, possivelmente seu favorito. Afinal, em 1999 ela dedicou um álbum inteiro a suas composições, o brilhante Normal Só Tem Você e Eu, cujo título foi extraído de versos de sua melhor faixa, Acredite Ou Não, que contou com a participação do autor (Lenine) em dobradinha fantástica.

Elis também se mostrou muito feliz ao ver o envolvimento dos filhos com a música, todos bem-sucedidos e com sucesso comercial e de crítica. Lógico que também se criou a expectativa de algum trabalho que os reunisse, mas isso só ocorreu em 2015, quando a intérprete fez o show Como Nossos Pais e Filhos, depois registrado em CD e DVD no qual o clima entre ela, Maria Rita, João Marcello (que também se incumbiu da produção) e Pedro no palco foi simplesmente delicioso, com direito a uma surpreendente releitura de Pais e Filhos, da Legião Urbana como momento mais emocionante.

Desde o fim daquela consagradora turnê, que durou quase dois anos e se encerrou em 2017, Elis deu sua habitual saída de cena. Não há informações sobre algum evento (show, álbum ou coisa que o valha) para celebrar seus 75 anos, e quem sabe ela, desta vez, prefira soprar as velinhas ao lado dos filhos e dos netos, além dos amigos, discos e livros, e nada mais.

Casa no Campo (ao vivo)- Pedro Mariano e Elis Regina:

Pedro Mariano faz show de sua turnê DNA no Rio de Janeiro

photo by Dani Gurgel | Da Pa Virada

Por Fabian Chacur

Em 2018, Pedro Mariano lançou o DVD/CD DNA (Nau/Lab 344), gravado ao vivo com orquestra no Teatro Alfa, em São Paulo. Desde então, o cantor divulga este trabalho com uma turnê que já passou por diversas capitais brasileiras, com ou sem o acompanhamento orquestral. Desta vez, ele retorna ao Rio de Janeiro para uma apresentação com sua banda neste sábado (2/11) às 21h no Teatro VillageMall (avenida das Américas, nº 3.900- loja 160 do Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos custando de R$ 100,00 a R$ 180,00.

DNA traz quatro músicas inéditas, releituras de canções alheias e também hits dos mais de 20 anos de carreira do filho de Elis Regina e Cesar Camargo Mariano. No show, ele também acrescenta outros sucessos que ficaram de fora deste lançamento. Ele será acompanhado por seus fiéis escudeiros musicais: Conrado Goys (violões e guitarras), Thiago Gomes (bateria), Leandro Matsumoto (baixo) e Marcelo Elias (teclados e direção musical).

Leia entrevista com Pedro Mariano falando sobre DNA e outros temas aqui .

DNA (clipe ao vivo)- Pedro Mariano:

Pedro Mariano lança um novo projeto com orquestra: DNA

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Por Fabian Chacur

Após a bem-sucedida turnê com a qual divulgou seu DVD/CD Pedro Mariano e Orquestra (2014), Pedro Mariano estava preparando um novo álbum gravado em estúdio, quando surgiu a proposta para outro trabalho com acompanhamento orquestral. Foi dessa forma que surgiu DNA, DVD/CD gravado ao vivo no Teatro Alfa, em São Paulo, mais um envolvimento do cantor com esse formato musical tão sofisticado.

Em entrevista exclusiva feita via telefone a Mondo Pop, o intérprete com 43 anos de idade, sendo 23 deles dedicados à música, explica como houve a mudança de foco que gerou seu novo trabalho, detalhes sobre ele e também sua visão da atual cena musical brasileira, e como se manter ativo em um momento tão complicado para todos.

MONDO POP- Sua ideia inicial, após ter lançado Pedro Mariano e Orquestra, era dar continuidade a essa experiência logo a seguir?
PEDRO MARIANO– Na verdade, não. Eu planejava gravar um álbum de estúdio, e já havia começado a planejá-lo. Só que eu havia concebido um novo projeto com orquestra para realizar daqui a algum tempo, e como essas leis de incentivo fiscal te obrigam a solicitar tudo com muita antecedência, foi o que fiz. E a autorização saiu muito antes do que eu esperava, e um patrocinador me perguntou se eu não poderia fazer esse projeto agora.

MONDO POP- Aí, o que era para ser uma coisa virou outra?
PEDRO MARIANO
– Isso. A ideia foi levar o que estávamos fazendo em estúdio para esse formato de orquestra, só que de uma forma diferente. No primeiro projeto, levei tudo para o ambiente orquestral. Neste, fiz o contrário, a orquestra veio até mim. O outro era mais classudão, mais tradicional. Este novo tem mais a ver com o meu som. E trabalhar com orquestra pode ter diversos formatos. Eu me inspirei muito nos feitos pelo Sting, pelo Metallica e pelo Peter Gabriel. As possibilidades são quase infinitas. Acho que isso não termina aqui.

MONDO POP- Como você compara um projeto com o outro, em termos de realização?
PEDRO MARIANO
– O primeiro DVD/CD orquestral foi marcante por diversos aspectos. Senti-me muito confortável para fazer este segundo, sendo que tudo foi muito complexo da primeira vez.

MONDO POP- O espírito geral do trabalho se manteve? Qual era a essência de tudo?
PEDRO MARIANO
– Pensava em reunir canções que tivessem como tema de onde você veio e para onde você quer ir, que tocassem no tema de uma forma introspectiva, analítica, emocional e psicológica. Tinha a música DNA (Edu Tedeschi) há uns cinco anos. Aí, o Jair Oliveira me mandou seis novas composições, e vi que uma delas, Labirinto, tinha a ver com algo que uma pessoa próxima a mim estava vivendo.

MONDO POP- Além dessas duas, temos mais duas inéditas. Como você faz normalmente a seleção de músicas para seus trabalhos?
PEDRO MARIANO
Alguém Dirá (Pedro Altério e Pedro Viáfora) e Enfim (Daniel Carlomagno) são as outras inéditas, e normalmente parto das composições inéditas para iniciar um trabalho. Também busco canções conhecidas inéditas na minha voz, pois ter músicas que as pessoas já conhecem no repertório sempre ajuda a esquentar as plateias, só canções inéditas deixa tudo meio monótono. E neste trabalho também incluí algumas do anterior, que mudaram muito durante a turnê de lançamento, e eu queria registrar essas novas roupagens.

MONDO POP- Como foi para você gravar o dueto virtual com sua mãe, Elis Regina, em Casa No Campo, contracenando com o vídeo?
PEDRO MARIANO
– Eu tinha lançado essa música como single no ano passado. Quando gravo shows ao vivo, gosto de fazer o show de forma contínua, não curto ficar regravando, só mesmo quando ocorre algum problema técnico. Mas Casa No Campo eu tive de fazer umas duas ou três vezes, por causa da sincronia com o vídeo. Foi emocionante.

MONDO POP- Você iniciou a sua carreira no auge de vendas dos CDs, vendendo mais de cem mil cópias de um deles (Voz no Ouvido-2000), que te rendeu um disco de ouro. Muita coisa mudou desde então. Como você encara o cenário atual?
PEDRO MARIANO
– Não se consome música como antigamente. Em termos de receita, isso te limita, e tem outros problemas que não falam a língua da música que te atrapalham bastante. A internet te abre caminhos, não sei se isso é para o bem ou para o mal, pois muitas dessas perguntas que surgiram nesses últimos anos não tem uma resposta clara. Tem artistas se posicionando bem com as plataformas digitais, que, como sabemos, não pagam nada.

MONDO POP- Qual é a vantagem de estar inseridos nelas, então?
PEDRO MARIANO
– Elas te dão notoriedade, mas você na verdade não sabe se dá certo. Minhas músicas mais bem-sucedidas no Spotify, por exemplo, são as que lancei de dez anos para cá. As pessoas procuram as coisas mais contemporâneas, e é o que as plataformas oferecem a elas. O que me preocupa é a forma como as pessoas tem consumido música, não acompanham mais os artistas, suas ramificações. Ninguém procura a informação, tem muito “mais do mesmo”.

MONDO POP- Como será a divulgação de DNA, em termos de shows? Todos os shows da turnê serão acompanhados por orquestra?
PEDRO MARIANO
– Faço shows com vários formatos (voz e piano, banda, orquestra etc) porque o barco tem de seguir. Na turnê anterior, fiz shows acompanhado por orquestras locais, mas o custo não caiu tanto como seria de se imaginar.

MONDO POP- Você lançou DNA pelo seu selo, o Nau, em parceria com a gravador LAB 344. Como avalia essa experiência de ter o próprio selo nos últimos anos, depois de ter sido contratado de gravadoras grandes?
PEDRO MARIANO
– O meu selo está sendo muito produtivo. Tenho bons parceiros. Quero sempre continuar fazendo meus trabalhos no meu tempo, do jeito que quero. Era difícil, continua difícil, mas esse nunca foi o foco. Vou sentindo o clima, não planejo nada nem para daqui a seis meses. Continuo lançando CDs e DVDs, mas o formato físico virou mais um portfólio do que um produto de consumo, tem mais um efeito emotivo, é um presente que você pode autografar.

De Peito Aberto (do DVD DNA)- Pedro Mariano:

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