luna_remoto.jpgA primeira vista parece que estamos ouvindo Rubber Soul, ou mesmo uma banda portuguesa. Nada disso, por incrível que pareça ainda se faz um power pop de qualidade por estas terras, mais precisamente da cidade de Itu, no interior paulista. O Luna Remoto mostra em seu primeiro trabalho, o EP O Bônus e o Crochê, que o power pop brasileiro tem motivos de sobra para ficar orgulhoso, e apostar num belo futuro. Primeiro, a julgar pela idade dos garotos, e por se tratar de um primeiro trabalho, eles mostram que têm bala na agulha e todo o potencial para serem uma banda de ponta.

As canções são muito bem construídas, sem espaço para sentimentalismo banal e vazio, rimas fáceis e chavões (como já é praxe em boa parte do rock nacional). Apesar de não haver lugar para experimentalismos, a banda soa coesa, com boas guitarras, e o uso mais do que apropriado do teclado em algumas músicas.

“Quantos dias você chorou? Pois aqui tudo alagou em lágrimas afundaram os meus soldados” assim começa a ótima Herói de plástico, a minha favorita no EP. Uma canção singela, dançante, marcante e candidata a TOP 10 de qualquer parada de sucesso, um legítimo exemplo de como uma canção power pop deve ser.

Outro grande momento é O menino que fazia cometas. Impossível ficar indiferente a sua letra, melodia e harmonia. Apesar de sua letra curta, a banda conseguiu criar no instrumental toda uma atmosfera que é capaz de emocionar e captar a atenção até daquele ouvinte mais distraído e insensível.

Sensibilidade, bom gosto musical e qualidade técnica não faltam ao Luna Remoto. Só espero que eles tenham fôlego (e repertório) para continuarem na estrada. Ela será muito longa para eles.