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Denise Emmer lança single/clipe e resgata álbum inédito de 1992

denise emmer 2 - Credito- G. Gerhardt

Por Fabian Chacur

Há quem só se lembre do nome de Denise Emmer por causa de Allouette (ouça aqui), bela canção em francês que foi incluída na trilha da novela Pai Herói (de 1979, hoje disponível no Globoplay) e também vendeu muito no formato compacto simples. Pois podemos dizer que essa faixa é apenas uma referência mínima, se levarmos em conta o tamanho da obra desta cantora, compositora, poeta e musicista carioca. Mais ativa do que nunca, ela nos traz diversas novidades a serem devidamente degustadas.

Talento é a marca da família de Denise, filha dos dramaturgos e novelistas Janete Clair e Dias Gomes e irmã dos ótimos músicos Alfredo e Guilherme Dias Gomes. Ela lançou 22 livros (vários deles premiados no Brasil e no exterior), e possui uma discografia repleta de títulos interessantes e de grande qualidade artística. Alguns deles foram há pouco disponibilizados pela primeira vez nas plataformas digitais. São eles Pelos Caminhos da América (1980), Canto Lunar (1983), Cinco Movimentos e um Soneto (1995) e Mapa das Horas (2004), antes lançados apenas em formatos físicos como LPs e CDs.

Além deles, ela também nos proporcionou Cantiga do Verso Avesso, álbum gravado em 1992 e que permanecia inédito até agora. É um trabalho delicado, com arranjos de Alain Pierre e o violoncelo do consagrado Jaques Morelenbaum, que tocou e gravou com Tom Jobim e Caetano Veloso, entre muitos outros. O disco apresenta influências da música renascentista e também da ibérica, com direito a muita delicadeza e elementos acústicos.

Não satisfeita, Denise Emmer também nos oferece uma belíssima canção inédita, lançada no formato single e com um clipe a divulgá-la. Setembro Antigo foi composta por ela a partir do poema de Álvaro A. de Faria. Ela, que canta e toca instrumentos como flauta, violão, violoncelo e teclados, é acompanhada nesta gravação pelos constantes parceiros Alain Pierre (arranjos, violões, teorba e vocais) e Jaques Morelenbaum (violoncelo). Uma canção encantadora.

Setembro Antigo (clipe)- Denise Emmer:

Alfredo Dias Gomes esbanja sutilezas em Jazz Standards

alfredo dias gomes 400x

Por Fabian Chacur

O jazz entrou de vez na vida de Alfredo Dias Gomes aos 16 anos, quando ele teve aulas com o saudoso baterista e percussionista americano Don Alias (1939-2006). Com esse músico, que tocou com gênios da música do porte de Miles Davis, David Sanborn, Joni Mitchell e Herbie Hancock, ele aprendeu os macetes básicos dessa nobre vertente musical. Agora, mergulha de vez nessa seara em Jazz Standards, lançado em CD físico e também disponível nas plataformas digitais, no qual relê com desenvoltura standards jazzísticos do primeiro calibre.

Nascido em 1960 na cidade do Rio de Janeiro, Alfredo possui uma longa trajetória no mundo da música que teve início quando ele era ainda um adolescente, no fim dos anos 1970. Nos últimos tempos, preferiu se dedicar ao próprio trabalho na música instrumental, sempre próximo do jazz rock com elementos rítmicos da música brasileira, algo bem exemplificado por seu trabalho anterior, o excelente Solar (leia a resenha aqui aqui).

O repertório do álbum é composto por nove músicas escritas por monstros sagrados do jazz. São eles Miles Davis, John Coltrane, Dizzy Gillespie, Duke Ellington, Freddie Hubbard, Wayne Shorter e Ray Noble. São temas nada simples de serem tocados e que exigem perícia e habilidade nas sutilezas por parte dos músicos, mas de uma beleza expressiva que pode ser apreciada mesmo por neófitos neste gênero musical.

Cherokee, Seven Steps To Heaven, Lazy Bird, Red Clay, Solar (a de Miles Davis, não a que deu título ao álbum anterior de Alfredo), Giant Steps, A Night In Tunisia, Caravan e Footprints foram escolhas certeiras para um trabalho deste porte, pois fazem parte do songbook dos clássicos do gênero e não são opções tão óbvias.

Para encarar essas pérolas do jazz americano, o baterista carioca escalou um timaço composto por Jessé Sadoc (trompete), Widor Santiago (sax tenor), Jefferson Lescowich (baixo) e Lulu Martin (teclados,seu parceiro desde os tempos dos Heróis da Resistência, nos anos 1980). Entrosadíssimo, este grupo incorpora o repertório com categoria, com espaço para todos se sobressaírem e acrescentar cores marcantes à sonoridade final.

Jazz Standards equivale a uma bela incursão no maravilhoso mundo do jazz, conduzida por quem entende do assunto e tem prazer em fazer isso. Um belo presente que Alfredo Dias Gomes dá a ele e aos fãs da melhor música, no ano em que completa 60 anos de idade.

Ouça Jazz Standards em streaming:

Alfredo Dias Gomes funde MPB e jazz instrumental no álbum Solar

solar capa alfredo dias gomes 400x

Por Fabian Chacur

Alfredo Dias Gomes iniciou sua carreira no final dos anos 1970, ainda muito jovem. E começou com tudo, sendo o baterista da banda do incrível Hermeto Pascoal, conhecido pelo rigor com que arregimenta seus músicos de apoio. Com o tempo, atuou com inúmeros grupos e artistas, entre os quais Heróis da Resistência, Ivan Lins, Lulu Santos, Ritchie e Sergio Dias, só para citar alguns. Desde 1993, o músico carioca se concentra em sua carreira-solo, que acaba de render mais um novo e belo fruto, o álbum Solar, disponível nas plataformas digitais e também em CD.

Duas características marcam este trabalho. Uma é o fato de Alfredo ter a seu lado apenas mais um músico, Widor Santiago, que se incumbe dos sopros (sax e flauta). De resto, temos ele na bateria e também nos teclados, baixos e composições. A outra fica por conta de um mergulho em sonoridades brasileiras, especialmente de ritmos nordestinos, que se misturam ao jazz durante as oito faixas do álbum, com um resultado dos mais agradáveis.

O título Solar, que também dá nome a uma das faixas do disco, é bem feliz para retratar o clima geral deste trabalho. É um álbum para cima, bom de se ouvir, energético, no qual as sutilezas são oferecidas ao ouvinte de forma inteligente, sem cair no formato hermético que por vezes a música instrumental acaba seguindo em função da virtuosidade dos músicos envolvidos. Aqui, tanto Alfredo quanto Widor Santiago solam com categoria e esbanjam técnica, mas sem cair em tecnicismos ególatras.

A faixa Viajante é a mais antiga do repertório, e tem uma história bacana. Ela foi escrita por Alfredo em 1980, atendendo ao pedido de sua mãe, ninguém menos do que a novelista Janete Clair. A música foi gravada originalmente por Dominguinhos e entrou na trilha sonora da novela global Coração Alado (1980-1981). Agora, enfim recebe versão de seu autor. Trata-se de uma espécie de baião, com bela ênfase rítmica e melodia redonda e gostosa. Aliás, vale lembrar que seu pai é o também novelista-e também saudoso- Dias Gomes.

Se a pegada brasileira predomina em Viajante, na faixa título e em Corais, o jazz clima anos 1950 marca a incrível Smoky, enquanto o jazz rock permeia Alta Tensão e Trilhando. Com sotaque latino, El Toreador foi escrita em 1993 para a trilha sonora da peça teatral homônima de Janete Clair. E Finale encerra o CD com classe. No geral, Solar mostra Alfredo Dias Gomes à vontade como músico e compositor, proporcionando ao ouvinte muito prazer auditivo.

Ouça Solar, de Alfredo Dias Gomes, em streaming:

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