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Rita Lee tem Build Up de volta em um vinil azul marmorizado

rita lee build up 400x

Por Fabian Chacur

Aos poucos, a gravadora Universal Music tem feito relançamentos luxuosos em vinil da discografia de Rita Lee. Processo, vale registrar, cujo início foi bem antes da sua prematura partida, no último dia 8 de maio. Desta vez, o álbum escolhido é Build Up, que em 1970 equivaleu ao primeiro item da cantora e compositora paulistana como artista-solo, quando ainda era integrante dos Mutantes.

Duas particularidades certamente deixarão os colecionadores bastante a fim de adquirir essa reedição do álbum inicial da querida e saudosa Tia Rita. Uma é o fato de o LP ter uma prensagem em vinil azul marmorizado. A outra é resgatar a capa dupla da ínfima primeira tiragem original do LP, que em todas as reedições posteriores viria sempre com uma capa simples.

A faixa mais conhecida deste trabalho é José, versão em português assinada por Nara Leão para Joseph, do saudoso cantor e compositor grego radicado na França Georges Moustaki (1934-2013), que tocou bastante em rádios. Outro destaque é uma releitura bem roqueira de And I Love Her, dos Beatles.

Saiba mais sobre esse relançamento aqui.

José (Joseph)– Rita Lee:

Rita Lee, 75 anos, a rainha do rock e da alegria em geral

Rita Lee 1980-400x

Por Fabian Chacur

Rua Joaquim Távora, Vila Mariana, São Paulo. Ali, uma certa Rita Lee Jones viveu e foi criada em sua infância e adolescência. Uma das filhas mais ilustres do bairro de onde eu também vim. Curiosamente, no entanto, só fui conhecê-la pessoalmente no centro de São Paulo, mais precisamente no dia 12 de maio de 1987, em entrevista coletiva realizada no Hilton Hotel para divulgar o recém-lançado álbum Flerte Fatal.

Eu usava uma camiseta amarela do The Cure, e não só peguei um autógrafo dela como também tirei uma foto ao seu lado. Foi uma entrevista até calma, embora tivesse um clima pesado no ar por causa de uma crítica sobre o álbum no qual o polêmico Luis Antonio Giron ironizou a artista, definindo o seu momento de carreira como uma “menopausa criativa”. Grosseria pura, que ela acabou tirando de letra.

Tive mais uma ou duas oportunidades de entrevistá-la nos anos seguintes, uma delas no antigo Palace, também com direito a registros fotográficos. Sempre simpática, franca e sem rodeios.

E estive em 1991 no apartamento em que ela morava na época, ao lado da Praça Buenos Aires, na região central de São Paulo, mas para entrevistar não ela, mas seu parceiro de vida, o grande músico Roberto de Carvalho, um dos caras mais simpáticos e gentis que já tive a honra de conhecer nesse meio de pessoas nem sempre tão gentis e simpáticas.

Todas essas recordações rondam a minha cabeça nesta triste terça-feira (9), quando foi divulgada a partida dessa icônica Rita Lee, aos 75 anos. Ela lutou bravamente contra um câncer, e estava entre os seus entes queridos na hora da despedida. Uma figura que já estava eternizada na história da nossa cultura como um todo, mas que agora sai de cena, para tristeza geral.

Fiz uma geral em sua trajetória quando do lançamento da caixa Rita, há alguns anos (leia aqui), Mas vale ressaltar algumas das marcas registradas dessa artista tão peculiar e tão genial.

Rita se tornou nacionalmente conhecida integrando os Mutantes, um dos grupos mais criativos e marcantes da história do rock brasileiro. Ao sair da banda, no qual era uma coadjuvante de luxo para os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista, mergulhou em uma carreira solo na qual pôs pra fora toda a sua personalidade inquieta, genial e irreverente.

Com o Tutti-Frutti e depois tendo como seu braço direito o também parceiro de vida Roberto de Carvalho, Rita construiu uma discografia na qual o rock foi misturado com r&b, folk, pop, jazz e MPB com uma assinatura própria repleta de irreverência, bom humor, sarcasmo e astúcia.

Sua galeria de hits foi enorme, e seus shows no início dos anos 1980 ajudaram a abrir as portas para os mega-espetáculos de rock no Brasil, com apresentações em ginásios e estádios e produções sofisticadas. Sem o estouro de Rita Lee, a Blitz certamente não teria estourado e aberto as portas para a geração roqueira dos anos 1980.

Além disso, Rita também mostrou que as mulheres tinham o direito de arrombar a festa e tomar conta da coisa toda em termos de sucesso. Sem Rita Lee, o Brasil fica ainda mais triste e careta, embora felizmente viva novamente dias de esperança. Que sua obra linda e pra cima possa nos ajudar a dar a volta por cima e voltarmos a ser um Brasil com S. Saudade da nossa eterna ovelha negra!

Lá Vou Eu– Rita Lee:

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