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Nelson Sargento, 96 anos, alta patente do samba e da vida

nelson sargento

Por Fabian Chacur

Espécie de incubadoras de grandes nomes da nossa música popular, as escolas de samba geraram, especialmente nas suas décadas iniciais, dos anos 1920 aos anos 1960, algumas figuras simplesmente adoráveis. Não só em termos de talento artístico, mas também pela postura, simpatia e sabedoria. Muitos nomes poderiam exemplificar tal descrição- Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola etc. Uma das melhores figuras dessa distinta linhagem de criadores culturais nos deixou na manhã desta quinta-feira (27). Nelson Sargento, 96 anos, nos deixa como herança uma obra de grande valor e a lembrança de uma figura humana admirável.

O samba esteve desde sempre na vida deste carioca nascido no dia 25 de julho de 1924. Até os 12 anos, morou no morro do Salgueiro, para, então, mudar-se com a mãe para outro morro famoso, o da Mangueira. Seguindo os passos do compositor Alfredo Português, começou a ficar conhecido no meio dos sambistas ao lançar, em 1955, Cântico à Natureza, um dos sambas-enredo que faria durante sua trajetória musical.

Estreou em disco participando do importante álbum coletivo Rosa de Ouro (1965), e a partir daí esteve presente em outros trabalhos desse gênero e também lançou discos solo. Em um deles, lançou sua composição mais famosa, Agoniza Mas Não Morre, belíssima profissão de fé na permanência do samba enquanto representação viva da cultura brasileira, e que chegou às paradas na gravação de Beth Carvalho em 1978.

Parcerias em shows, discos e composições com outros nomes seminais do samba foram habituais na vida de Nelson Sargento, com nomes do gabarito de Cartola, Carlos Cachaça, Paulinho da Viola, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Daniel Gonzaga (filho de Gonzaguinha) e Elton Medeiros. Ele também foi artista plástico e escreveu dois livros, Prisioneiro do Amor e Um Certo Geraldo Pereira.

Sempre calmo e simpático, ele exalava conhecimento de causa e simpatia em suas entrevistas e shows. Falso Amor Sincero, Século do Samba e Acabou Meu Sossego são outras pérolas de seu acervo de mais de 400 composições. Felizmente, ao contrário de outros sambistas da sua geração, ele conseguiu colher as flores em vida, sendo elogiado e acarinhado por seus colegas e pelo público mais antenado. Já está fazendo muita falta nesses dias tão cinzentos.
Agoniza Mas Não Morre– Nelson Sargento:

Péricles Cavalcanti celebra 30 anos de Canções com shows

pericles cavalcanti 2 por diego ciarlariello

Por Fabian Chacur

Em 1991, Péricles Cavalcanti já tinha uma boa estrada como compositor, tendo escrito, entre outros um hit clássico de Gal Costa, Negro Amor, versão de It’s All Over Now, Baby Blue (Bob Dylan) feita com Caetano Veloso. No entanto, foi só naquele ano que ele enfim lançou seu primeiro álbum solo. E é para celebrar os 30 anos de Canções que o artista está exibindo shows especiais em seu canal no Youtube (o link está aqui), em todos os sábados de março e abril, sempre às 18h.

Acompanhado por Pipo Pegoraro (teclados, guitarra, baixo e MPC), Cláudio Faria (trompete) e Marcelo Monteiro (sax e flauta), Péricles mostra versões renovadas de músicas de Canções, além de algumas dos outros álbuns que o cantor, compositor e músico carioca de 73 anos gravou desde então. Entre outras, teremos Príncipe das Marés, Eu Queria Ser Cássia Eller, Blues e Meu Bolero, sendo que esta última ele gravou em seu álbum de estreia tendo a participação especial do amigo e parceiro Caetano Veloso.

Os shows tem como local um palco preparado no Estúdio Loop, em São Paulo, com cenário criado pelo arquiteto Ícaro Villaça inspirado pela capa do LP, registrada pelo premiado fotógrafo Bob Wolfenson. Além de Caetano e Gal, também gravaram músicas de Péricles nomes como Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Gilberto Gil e Cássia Eller. Canções valeu a ele o prêmio de melhor compositor pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Ouça o álbum Canções em streaming:

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