Por Fabian Chacur

Às vezes, vale a pena dar uma sacudida na poeira para reavaliar coisas antigas que passaram batidas por nós. Vou ser sincero: nos anos 80, não dei lá muita bola para João Penca & Seus Miquinhos Amestrados.

Não que eu os detestasse. Nada disso. Simplesmente não ligava muito para eles, focando minhas atenções em outros contemporâneos do rock brasileiro da época, como Titas, Paralamas, Capital Inicial, RPM etc.

Outro dia, passando pela Fnac Paulista, vi uma coletânea dos caras, Hot 20 (lançada pela Sony Music), e dei uma olhada no repertório de 20 músicas. De cara, percebi que precisava reavaliar aquilo. Comprei na hora.

Ao ouvir inúmeras vezes aquele conteúdo delicioso, finalmente descobri que a merda fede. Ou melhor, que chocolate é gostoso. Ou melhor ainda, o óbvio ululante: os caras fizeram muita coisa boa em sua fase áurea.

O coquetel sonoro do grupo que tem como núcleo Bob Gallo (vocal), Avellar Love (vocal) e Selvagem Big Abreu (vocal e guitarra) é o rock dos anos 50 em sua vertente mais dançante e divertida.

Além dessa influência, com direito a vocais no melhor estilo doo-wop, eles também incluíram pitadas da new wave que predominava nos anos 80 e do escracho típico do brasileiro. Deu liga.

Os maiores sucessos da banda continuam soando bacanas em pleno 2010, como prova essa coletânea sensacional, um belo resumo do que eles fizeram de melhor.

Maravilhas descompromissadas e divertidas como Lágrimas de Crocodilo, Pop Star, Papa Uma Ma (Papa Oom Mow Mow), Matinê no Rian, Banana Split e Psicodelismo Em Ipanema, só para citar algumas, são uma delícia de se ouvir.

Mesmo as versões regravadas de Telma Eu Não Sou Gay (cujo vocal original era de Ney Matogrosso) e Psicodelismo Em Ipanema ficaram bem competitivas, por mais que eu sinta saudades das originais.

O João Penca, do qual também fizeram parte Leandro (autor ou coautor de vários de seus sucessos) e Leo Jaime, era o grupo ideal para se contratar com o objetivo de animar bailinhos roqueiros a la anos 50.

Aliás, baterei na madeira: ainda é. O trio, que hoje conta com o apoio de Dôdo Ferreira (baixo), Ricardo Palmeira (guitarra) e Sérgio Mello (bateria) prepara-se para gravar seu primeiro DVD.

Eles farão um show no dia 18 de dezembro no mitológico Circo Voador, no Rio, para cumprir tal tarefa. Tem tudo para ser um belo show.

Já estão confirmadas as participações especiais de Eduardo Dussek, com quem eles gravaram o clássico álbum Cantando no Banheiro (1982), e o eterno miquinho Leo Jaime.

Rock para quem quer dançar, se divertir e esquecer da vida, da Dilma, do Serra… Diversão pura garantida ou seu mau humor de volta!