Por Fabian Chacur

Phil Collins é um dos grandes talentos da história da música pop. Grande baterista, excelente vocalista e compositor talentoso, ele brilhou tanto no Genesis, grupo no qual entrou em 1970, como em produtiva carreira solo.

Em 2004, o astro britânico resolveu dar um fim às turnês solo para ficar mais tempo ao lado da família. O DVD duplo (e Blu-ray simples) Live At Montreux 2004, lançado (s) no Brasil pela ST2, é o registro de um dos shows dessa última tour de Collins, realizado no mitológico festival de jazz de Montreux, na Suíça, em 7 de julho daquele ano.

Acompanhado por uma banda excelente com direito a metais e tudo, da qual se destacam o baixista Leland Sklar (que tocou durante anos com James Taylor), Daryl Stuermer (guitarrista, tocou com o Genesis e na carreira solo de Collins) e Chester Thompson (baterista que tocou com ele na carreira solo e também nos shows do Genesis), Collins dá boa geral em seus sucessos como astro solo.

Ele toca bateria apenas em algumas músicas, mas dá um show de vocais e carisma em canções como Something Happened On The Way To Heaven, Against All Odds, In The Air Tonight (provavelmente a melhor versão ao vivo já registrada dessa canção), Take Me Home, Easy Lover, Sussudio e Another Day In Paradise.

O espetáculo é a prova da expressividade da obra de Phil Collins como artista pop, pois oferece a seus fãs qualidade musical, um trabalho acessível e longe da banalidade. Todo crítico isento deveria valorizar o trabalho desse artista, independente do alto teor pop de sua produção musical. Nem sempre vanguarda é sinônimo de qualidade e sucesso é sinônimo de porcaria.

Como extra, temos aqui uma bela surpresa. Trata-se do registro feito em 1996, em outra edição do festival de Montreux, da apresentação da Phil Collins Big Band, na qual ele passa a maior parte do espetáculo tocando bateria e no qual conta com a regência de ninguém menos do que Quincy Jones, além de ter músicos como Nathan East, David Sanborn, Ralph Sharon e a participação especialíssima de Tony Bennett.

O repertório mistura músicas da carreira solo de Collins e também alguns clássicos do Genesis, com espaços para standards do jazz. Os arranjos são fluentes e bem distintos das gravações originais, e o desempenho do músico inglês como baterista é impecável.

Em um contexto basicamente instrumental e jazzístico, músicas como Two Hearts, That’s All, Invisible Touch e Hand In Hand ganharam novas e surpreendentes roupagens. Temos também o belo standard de jazz There’ll Be Some Changes Made, na qual Tony Bennett mostra o porque é uma das lendas vivas do jazz.

Live At Montreux 2004 é uma bela amostra do enorme talento de Phil Collins, e merece ser visto não só por seus milhões de fãs, como também por aqueles que torcem o nariz ao ouvir falar seu nome por puro preconceito.

In The Air Tonight, ao vivo em Montreux, com Phil Collins:

Another Day In Paradise, ao vivo em Montreux, com Phil Collins: