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Lô Borges nos dá nova aula de como compor grandes canções

Lô Borges - Muito Além do Fim (álbum)

Por Fabian Chacur

Boas notícias precisam ser muito celebradas nesses dias tão sombrios, e a chegada de uma nova safra de canções compostas pelos irmãos Lô e Márcio Borges, após quase dez anos, é uma delas. Em cinco décadas, eles criaram maravilhas do porte de Tudo Que Você Podia Ser, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Para Lennon e McCartney, só para citar alguns marcos dessa produção. O resultado deste retorno está no sublime álbum Muito Além do Fim, já disponível em CD e nas plataformas digitais.

Aos 69 anos de idade, Lô Borges se mostra cada dia melhor no seu ofício de ourives de canções. Sim, ourives, pois o que produz é tão ou mais precioso do que as caríssimas joias produzidas por esse tipo de profissional. Afinal, como precificar as sensações, emoções e a energia que as composições criadas por este verdadeiro fraldinha do Clube da Esquina nos proporcionam? Tudo sempre com muita delicadeza, sutileza e alma sonhadora e apaixonada.

O núcleo musical do trabalho anterior, o delicioso Rio da Lua (de 2019, leia a resenha aqui) permanece, com Lô solto e inspirado no vocal, piano e violão, o cirúrgico e de raro bom gosto Henrique Matheus na guitarra e o sólido e consistente Thiago Corrêa no baixo, teclados e percussão. O time é completado pelo também ótimo Robinson Matos na bateria.

Esse quarteto se mostra entrosado e capaz de dar belíssimas roupagens a canções que, mesmo só no esquema voz-e-violão, já soariam como clássicas. Sem excessos nem preciosismos, ressaltando possibilidades presentes nas melodias e nas levadas rítmicas ou mesmo sugeridas nos versos. O resultado nos proporciona uma sólida fusão de rock, folk, pop e MPB em geral que honra a frequente citação aos Beatles, célula mater da criação de Lô desde sempre.

Temos aqui 10 canções que primam pela diversidade sutil, diferenciadas ora por um riff de guitarra, ora por uma levada peculiar de violão, ora por um piano muito bem conduzido. É música que vai te dominando e te hipnotizando, fazendo o imenso favor de nos tirar das sombras e do pessimismo rumo a um estado de espírito otimista, esperançoso e de inusitado prazer. E isso, mesmo quando os versos de Márcio agulham as contradições venenosas do ser humano.

A coisa já começa a mil com o delicioso rock melódico que dá nome ao álbum, que traz como cereja do bolo a participação especial do sempre especial Paulinho Moska. Um pouco mais ardida e com Henrique Matheus dando um banho de categoria, Muito Querida vem a seguir. Psicodelia derramada e bem criativa é a marca de Copo Cheio, em que o tempero agridoce dos versos de Márcio Borges chegam à tona com força total.

Vida Ribeirão vem no sabor do folk rock à brasileira, enquanto Rainha traz boa melodia e uma guitarra precisa. Canções de Primavera lembra o estilo anos 1980 de um grande amigo e parceiro de Lô, o genial Beto Guedes. A marca pop de Caos e a delicadeza light de Melhor Assim abrem caminho para Terra de Gado, que traz o piano como condutor e uma letra política sutil, mas certeira, que enfoca a forma como muita gente leva, e mal, muito mal, suas vidas.

Escolhida para encerrar o álbum, Piano Cigano traz apenas quatro versos e abre largos espaços para o poderoso acompanhamento instrumental, com o piano mais uma vez à frente e uma pegada comparável a dos momentos mais vigorosos do rock progressivo. Um final brilhante para um disco simplesmente seminal, sem uma única nota fora do lugar e que nos leva a pensar que, sim, enquanto há vida, há esperança. Com canções de Lõ Borges na trilha sonora, obviamente.

Muito Querida (lyric video)- Lô Borges:

Paralelas reúne dois álbums “ao vivo em estúdio” de Belchior

belchior paralelas 400x

Por Fabian Chacur

Na metade dos anos 1980, Belchior vivia um momento de sua importante carreira no qual, embora bastante ativo, não aparecia com muita frequência nas programações de rádios e emissoras de TV. Foi também um período em que ele começou a reciclar a sua obra, iniciando uma série de regravações de suas músicas de maior sucesso. A Warner Music está resgatando dois lançamentos desse período no box Paralelas, disponível em CD duplo e também nas gloriosas plataformas digitais.

O primeiro álbum incluído neste projeto saiu em 1986 e tem como título Um Show- 10 Anos de Sucesso. Ele celebrava uma década do lançamento que elevou o cantor, compositor e músico cearense ao estrelato, o excepcional Alucinação (1976), e traz no repertório sucessos de seu repertório e também uma faixa mais recente, Canção de Gesta de Um Trovador Eletrônico.

Esta nova versão do disco inclui como faixa-bônus Vozes da Seca (Luiz Gonzaga- Zé Dantas), clássico da música nordestina que aqui aparece em uma excelente releitura feita por Belchior em dueto com a cantora e compositora Anastácia e incluída originalmente em um disco da artista pernambucana.

O outro álbum incluído em Paralelas intitula-se Trilhas Sonoras (1990), e saiu após uma curta segunda passagem de Belchior pela Polygram (hoje Universal Music) que rendeu dois bons discos cujo sucesso infelizmente não foi dos maiores, Melodrama (1987) e Elogio da Loucura (1988). Este disco marcou seu retorno à gravadora Continental, cujo acervo hoje pertence à Warner.

Trilhas Sonoras equivale a uma segunda parte de Um Show- 10 Anos de Sucesso, pois segue o mesmo espírito de “ao vivo em estúdio”, ou seja, gravado em estúdio, mas como se fosse em um show, além de não repetir músicas do lançamento anterior.

Outra marca dos dois álbuns é trazer os músicos que tocavam com Belchior em suas turnês pelo Brasil, sendo que dois se repetem nos dois discos, os ótimos João Mourão (baixo) e Sérgio Zurawski (guitarra). Raposo (teclados) e Tico Delisa (bateria) completam o time no primeiro álbum, com Monsieur Parron (bateria), Glauco Sagebin (teclados), Lê Zurawski (sax e flauta) e Marco Bosco (percussão) completam o time no segundo.

No repertório de Trilhas Sonoras, temos hits e também músicas dos injustiçados álbuns da Polygram, entre as quais as excelentes Lira dos Vinte Anos e Balada de Madame Frigidaire. Embora não superem as versões originais das músicas incluídas, esta caixa serve como uma espécie de registro de como Belchior apresentava seu repertório nos shows nos anos 1980, e pode ser considerado um item interessante para colecionadores da obra do saudoso astro cearense.

CD 1- Um Show- 10 Anos de Sucesso:

Paralelas (Belchior)

Canção de Gesta de Um Trovador Eletrônico (Belchior/Jorge Mello)

Divina Comédia Humana (Belchior)

Comentário À Respeito de John (Belchior/José Luis Penna)

Velha Roupa Colorida (Belchior)

Como Nossos Pais (Belchior)

A Palo Seco (Belchior)

Galos, Noites E Quintais (Belchior)

Medo de Avião (Belchior)

Vozes da Seca (Luiz Gonzaga- Zé Dantas)

CD 2- Trilhas Sonoras:

Lira dos Vinte Anos (Belchior/Francisco Casaverde)

Fotografia 3 x 4 (Belchior)

Coração Selvagem (Belchior)

Alucinação (Belchior)

Tudo Outra Vez (Belchior)

Apenas Um Rapaz Latino-Americano (Belchior)

Balada de Madame Frigidaire (Belchior)

Beijo Molhado (Belchior-música incidental: Al di lá (G. Rapetti-C. Donida)

Sujeito de Sorte (Belchior)

Recitanda (Belchior/Gracco)

Ouça Vozes da Seca– Belchior e Amelinha:

Toninho Horta celebra Grammy Latino com show em São Paulo

toninho horta 2 400x

Por Fabian Chacur

O Clube da Esquina de Milton Nascimento ajudou a tornar conhecidos nacional e mundialmente artistas do mais alto quilate. Entre eles, figura o brilhante cantor, compositor e guitarrista Toninho Horta, que além de ter acompanhado nomes como o Bituca, Gal Costa e Elis Regina e tocado com craques do porte de Pat Metheny, George Benson, Herbie Hancock e Eliane Elias, também desenvolve uma sólida carreira-solo. Ele se apresenta neste domingo (6) às 20h30 em São Paulo no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema, fone 0xx11-5095-6100), com couvert artístico a R$ 25,00 e R$ 50,00.

Aos 72 anos, que completou nesta quarta (2), Toninho vive uma fase das mais prolíficas. Ele há pouco faturou pela primeira vez o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de MPB, com seu disco duplo Belo Horizonte (2019). Na primeira parte do show no Bourbon Street, ele mostrará algumas faixas desse trabalho, no melhor estilo voz e guitarra ou violão.

Na segunda metade do espetáculo, Toninho terá a seu lado o cantor e sanfoneiro Cosme Vieira, músico que já tocou com Ivete Sangalo, Zeca Baleiro e Mariana Aydar e que desenvolve uma respeitável carreira individual.

O repertório trará músicas inéditas, faixas do premiado Belo Horizonte (sua cidade natal, por sinal) e também alguns dos diversos clássicos do repertório deste grande artista, entre as quais as célebres Beijo Partido, Manuel o Audaz, Diana e Pedra da Lua, só para citar algumas delas.

Beijo Partido- Toninho Horta:

Ivan Lins será homenageado com live por seus 75 anos de idade

Ivan Lins - Credito Carlos Ramos(1)-400x

Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (16) o grande Ivan Lins completará 75 anos de idade. Como forma de celebrar essa importante efeméride, seu filho, Cláudio Lins, organizou uma live que será realizada nesse mesmo dia, a partir das 16h, e que poderá ser conferida aqui. O elenco escalado para participar da festança virtual é significativo, e inclui nomes de várias gerações da nossa música, como Roberto Menescal, Gilson Peranzzetta, Leila Pinheiro, Délia Fischer, Jorge Vercillo, Nelson Faria, Luciana Mello, Pedro Mariano, Sérgio Santos, Lenine, Jair Oliveira e Jane Duboc, entre outros.

A ideia do organizador é que cada participante escolha uma das canções do incrível repertório construído por Ivan nesses seus 50 anos de trajetória musical e a interprete em dueto com Claudio, que não divulgou as músicas que entrarão no set list dessa live, e explica o porque desse mistério:

“Como precisamos divulgar a live e os convidados, já não será uma live surpresa pro pai… mas pelo menos essa surpresa, do que cada um escolheu, eu vou guardar. Pro pai e pra todos que quiserem celebrar a obra desse verdadeiro gênio da música brasileira e mundial.”

A live faz parte do festival online #ziriguidumEmCasa, organizado pelo filho de Ivan Lins com o jornalista Beto Feitosa e com a participação na organização de Maria Braga e Ana Paula Romeiro, evento virtual que desde o início da pandemia do novo coronavírus já teve 10 edições e trouxe apresentações de inúmeros artistas bacanas da nossa música, incluindo o próprio Ivan Lins.

A pedido do homenageado, serão aceitas doações para a ONG Ação Social Pela Música (saiba mais sobre o seu trabalho aqui) neste link aqui.

Leia mais sobre Ivan Lins aqui.

Somos Todos Iguais Nesta Noite– Ivan Lins:

Francis Hime conta histórias sobre suas canções clássicas

Francis Hime 400x

Por Fabian Chacur

Há mais de cinco décadas as canções de Francis Hime embalam os sonhos, romances e as vidas de inúmeros brasileiros. São clássicos que ele compôs ao lado de outros craques da nossa música durante esse tempo todo. Como forma de compartilhar a feitura de algumas dessas pepitas musicais, o artista estreia nesta quarta (13) às 19h uma webserie na qual contará as histórias de algumas delas. O programa tem como título Trocando em Miúdos- As Minhas Canções, o mesmo do livro que lançou há algum tempo.

“A ideia é abordar não apenas a feitura de cada canção, mas também as influências e circunstâncias que as cercam. Serão encontros semanais, onde eu discorrerei sobre uma determinada obra”, explica o artista.

Como não poderia deixar de ser, o primeiro episódio abordará Trocando em Miúdos, grande clássico de seu repertório composto com um de seus parceiros preferenciais, Chico Buarque, e que expressa o fim de uma relação amorosa com rara precisão e sensibilidade.

Os temas de alguns dos próximos episódios, cujas gravações tem como cenário o estúdio situado na casa de Francis, já estão definidos. No dia 20, por exemplo, a canção em foco será Sem Mais Adeus, escrita com o eterno poeta Vinícius de Moraes.E no dia 27, teremos Parceiros, escrita com o grande Bituca de Três Pontas, Milton Nascimento.

“Na sequência, virão canções que fiz com Ruy Guerra, Olivia Hime, Paulo Cesar Pinheiro, Geraldo Carneiro, Cacaso, Gilberto Gil , Thiago Amud, Guinga, Zelia Duncan e muitos outros, já que uma das características do meu trabalho é gostar de compor com muitos parceiros”, adianta Francis.

Suas incursões por trilhas feitas para cinema e teatro e no universo da música erudita ganharão alguns episódios. A webserie Trocando em Miúdos- As Minhas Canções poderá ser conferidas nos canais @francishimeoficial no Instagram e Facebook e nos canais oficiais da Blooks Livraria (@blookslivraria).

Trocando em Miúdos– Francis Hime:

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