Por Fabian Chacur

Tudo bem, não nego e nunca negarei que o meu grande ídolo atende pelo nome de Paul McCartney, e que, para mim, a banda mais linda da cidade chamada minha vida se chama The Beatles.

No entanto, sei que ele é também um ser humano como todos nós, imperfeito e capaz de inúmeros erros e vaciladas durante a sua trajetória de vida.

No entanto (mais uma adversativa, meu Deus!), o livro Paul McCartney – Uma Vida, de Peter Ames Carlin, lançado no Brasil pela Editora Nova Fronteira (preço médio: R$ 44,90) pinta o ex-beatle com cores sombrias demais para o meu gosto.

Embora seja bem escrito e tenha uma quantidade de informações bem respeitável, o que certamente ajudará quem não sabe muito sobre o genial astro britânico, esta biografia não autorizada vai um pouco além do que deveria ao reforçar estereótipos negativos em torno do músico.

Para o autor, por exemplo, boa parte dos álbuns da carreira solo de McCartney não são lá essas coisas. Essa era a visão tacanha dos críticos rancorosos dos anos 70 e 80, mas hoje até os mais ranzinzas reavaliaram esses conceitos.

Detonar álbuns como McCartney (1970), Ram (1971) e Venus And Mars (1975), por exemplo, já saiu de moda há muito tempo.

Carlin também pinta McCartney como um total dependente de John Lennon, ao ponto de dedicar metade da biografia aos 13 anos em que o autor de Yesterday trabalhou ao lado do genial músico britânico.

Só para constar, o filho de Liverpool é artista solo há 41 anos!

Em termos pessoais, o retrato pintado pelo escritor carrega nas cores sombrias, dando a impressão de que Paul McCartney não passa de um cara autoritário, ególatra, inseguro e capaz de ser considerado até asqueroso por parte de quem conhecê-lo a fundo.

Perdoem-me, mas não conheço e nunca conhecerei o meu ídolo pessoalmente, ou mesmo conviverei com ele no dia a dia, para descobrir esses “segredos da alma”. Carlin, no entanto, também não.

Portanto, sei lá se o fato de não ter conseguido entrevistar McCartney não o deixou um pouco rancoroso demais da conta na hora de escrever o seu livro?

Seja como for, o Paul McCartney que me interessa é o autor de clássicos dos Beatles e também dono de uma brilhante carreira solo.

Se ele não dava espaços suficientes para os colegas dos Wings, se ele não tomava banho, se era autoritário ou se era totalmente dependente de John Lennon, pouco me importa.

Ainda assim eu recomendo a leitura de Paul McCartney – Uma Vida, até para que você tire suas próprias conclusões sobre esta obra. As minhas são essas.