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ChangesTwoBowie:relançado em CD após mais de 30 anos

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Por Fabian Chacur

Em 1981, chegou às lojas brasileiras a coletânea ChangesTwoBowie. Naquele momento, era uma rara oportunidade de se conferir alguns dos maiores hits de David Bowie, pois seus álbuns da fase RCA estavam fora de catálogo e custavam uma fortuna nos sebos da vida. Essa compilação chegou a sair em CD nos EUA em 1985, mas logo saiu de cena. Para felicidade dos colecionadores, esse disco acaba de voltar ao mercado nacional em versão remasterizada pela Warner, nos formatos CD e digital. No exterior, também está disponível em LP de vinil.

Esta coletânea saiu como um complemento para ChangesOneBowie (1976). Ao contrário do que normalmente ocorre nesses casos, ela não se atém ao período posterior ao lançamento do volume 1, trazendo dez faixas abrangendo material de Hunky Dory (1971) até Scary Monsters (And Super Creeps) (1980). Seu grande atrativo na época era o raro single John I’m Only Dancing (Again), espécie de releitura disco gravada em 1975 do single John I’m Only Dancing (1972).

Além dessa faixa, que originalmente saiu em single em 1979 e depois foi incluída em outras compilações, o diferencial bacana desta compilação é a incrível capa, cuja foto foi feita pelo célebre Greg Gorman, ainda na ativa até hoje e conhecido por seus cliques de celebridades do mundo da música e do cinema como Jimi Hendrix, Elton John, Grace Jones, Richard Gere e inúmeros outros, desde o final da década de 1960.

Vale lembrar outra curiosidade envolvendo esta compilação. Quando o selo Rykodisc fez em 1990 o relançamento da discografia de Bowie de 1969 a 1980, optou por não incluir no pacote as coletâneas ChangesOneBowie e ChangesTwoBowie, criando uma nova compilação intitulada ChangesBowie (que saiu na época no Brasil em LP de vinil duplo pela EMI). Acho muito provável que fãs mais fieis de Bowie comprem essa nova edição de ChangesTwoBowie pela memória afetiva, capa e boa seleção de faixas, mas existem diversas outras coletâneas mais indicadas para quem quiser se iniciar na obra desse gênio do rock.

Conheça o repertório de ChangesTwoBowie:

Aladdin Sane (1913-1938-197?)
Oh! You Pretty Things
Starman
1984
Ashes To Ashes*
Sound And Vision
Fashion
Wild Is The Wind
John, I’m Only Dancing (Again) 1975
D.J.

Johnny I’m Only Dancing (Again)– David Bowie:

Vinyl será lembrada como um clássico das séries musicais

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Por Fabian Chacur

Nada mais irônico para uma série televisiva enfocando um importante momento da história da indústria fonográfica do que ser cancelada após apenas 10 episódios devido a baixa audiência. Esse acabou sendo o triste destino de Vinyl, atração criada por Mick Jagger, Martin Scorsese, Rick Coen e Terence Winter que estreou em 14 de fevereiro de 2016 nos EUA cercada de grande expectativa, e encerrada em 17 de abril do mesmo ano. Um final justo? Creio que não.

O mote básico de Vinyl é mostrar o momento vivido em 1973 pelo executivo fonográfico Richie Finestra, experiente profissional que se via praticamente obrigado a vender a sua gravadora American Century Records a uma empresa estrangeira. O desempenho do ator Bobby Cannavale como Finnestra já tornaria a série imperdível. Ele incorpora com rara felicidade os tiques, excentricidades e momentos visionários de vários dos grandes profissionais dessa área.

A era escolhida não poderia ser mais emblemática. Em 1973, vivíamos ao mesmo tempo a consolidação da indústria musical endereçada ao público jovem, a total perda da ingenuidade de seus, digamos assim, tempos heroicos dos anos 1950 e 1960 (se é que eles de fato existiram) e um momento de transição em termos de preferências musicais.

Ao desistir da venda de sua gravadora, Finestra se arrisca a ir à falência, e ao mesmo tempo pressiona ele próprio e sua equipe a buscarem artistas que pudessem tirá-los do buraco. A iniciante, jovem e ambiciosa Jamie Vine (Juno Temple) oferece uma opção com o grupo Nasty Bits, do seu amante Kip Stevens (James Jagger, filho do vocalista dos Rolling Stones), uma banda indecisa que se endereça rumo ao que viria ser o punk/new wave poucos anos depois.

Nessa busca desesperada por soluções, o executivo acaba se envolvendo em encrencas, e também quebra a cara ao buscar novos contratados para o seu selo. De quebra, ainda perde Hannibal, uma espécie de clone de Sly Stone e um dos astros do seu cast. Bebendo e usando drogas como se não houvesse amanhã, o cara alterna genialidade e faro para o sucesso com momentos de pura insensatez, cercado por uma equipe composta por figuraças do seu mesmo naipe.

Zak Yankovich (Ray Romano, de Everybody Loves Raymond), por exemplo, um cara eficiente no setor promocional que, no entanto, quer mostrar que também manja de a&r (artistas e repertório). No fim das contas, quem acaba sendo mais útil é outro jovem, o assistente Clark Morelle (Jack Quaid, filho de James Quaid e Meg Ryan), que junto com outro colega começa a divulgar nas então emergentes discotecas o disco do grupo Indigo, que a gravadora pretendia demitir em breve.

Com essa trama se desenvolvendo, temos momentos simplesmente antológicos, como o de Morelle tentando atrair Alice Cooper para a gravadora, o que acaba lhe trazendo belas dores de cabeça. Ou então a viagem de Yankovich e Finestra a Las Vegas para conversar com Elvis Presley e o Coronel Tom Parker, viagem que rende não só um passa-moleque clássico como também a perda do dinheiro que haviam obtido com a venda do avião da companhia.

Os romances e relacionamentos afetivos também tem seu destaque, como o de Finestra com sua mulher, Devon (Olivia Wilde, de House), ex-protegida de Andy Warhol. Em um momento difícil de seu relacionamento, eles brigam, e Devon acaba se envolvendo com um fotógrafo, com o qual acaba fazendo fotos de ninguém menos do que John Lennon, então separado de Yoko Ono. E tem também Devon se envolvendo com Hannibal no intuito de ajudar a manutenção do cara na gravadora, o que na hora decisiva acaba irritando Finestra.

A trilha sonora de Vinyl é simplesmente ótima, misturando clássicos dos anos 50, 60 e 70 a canções originais feitas no mesmo clima especialmente para a série. Rock, soul, funk, pop, pré-punk, pré-disco, é uma pérola atrás da outra. E os diálogos envolvendo comentários sobre artistas são deliciosos, como alguns falando sobre os então ainda desconhecidos Abba e Queen, por exemplo.

Um dos personagens mais instigantes é Lester Grimes (Ato Essandoh), cantor, compositor e músico produzido em outra era por Finestra que por várias circunstâncias acaba se dando mal e abandona a carreira. As idas e vindas do relacionamento dos dois acaba colocando Grimes como o manager dos Nasty Bit, e é uma música de sua autoria que acaba se tornando o grande hit da banda.

Se tiver que escolher um momento favorito da série, selecionaria a hora em que Kip, o líder dos Nasty Bits, confessa não conseguir compor músicas de forma rápida. Aí, Grimes pega a guitarra e dá uma aula incrível de estrutura harmônica de blues-rock, valendo-se de uma única sequência com a qual ele toca vários clássicos, iniciando com Maybellene, de Chuck Berry, e passando pela sua composição própria. De arrepiar!

Se ainda poderia ser sido desenvolvida sem grandes apelações em futuras temporadas, a trama de Vinyl nessa sua única encarnação ficou bem amarrada, com um final delicioso. A série pode ser vista no formato streaming na HBO ou mesmo em uma caixa com quatro DVDs infelizmente lançada só no exterior. Um incrível mergulho nos meandros da indústria fonográfica que é obrigatória para quem curte esse tema fascinante. Desde já, um clássico das séries sobre música.

Trailer de Vinyl:

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