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Tag: rock gaúcho anos 2000

TESS lança single divulgado por um clipe frenético e marcante

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Por Fabian Chacur

Daniel Tessler tem um currículo dos mais bacanas. Além de integrante da banda Nasi & Os Spoilers, ele já trabalhou com nomes do porte de Dinho Ouro Preto, Paulo Ricardo, Sérgio Britto, Gary Powell, Steve White e Steve Cradock. Além disso, ele também tem um projeto proprio, o TESS, inspirado na sonoridade Mod dos anos 1960 e em sua reciclagem dos anos 1970. Ele acaba de lançar um single, prévia do EP que chegará às plataformas digitais ainda este mês.

Eu Não Consigo Entender flagra o cantor, compositor e músico gaúcho em um rock energético que aposta na simplicidade e na contundência. O clipe, excelente, segue esse mesmo clima frenético e marcante, em uma ambiência urbana que se enquadra feito luva no espírito geral.

Daniel Tessler canta e toca guitarra e baixo neste single, tendo na bateria o competente Eduardo Schuller, que também já colaborou com Nasi & Os Spoilers. Aliás, Nasi marcará presença no EP.

Eu Não Consigo Entender (clipe)– Tess:

Bebeto Alves, 68 anos, o gaúcho das boas músicas sem fronteiras

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Por Fabian Chacur

No início de 2018, recebi uma mensagem através de uma rede social digital de um artista que se apresentou e disse que desejava me mandar o seu mais recente álbum. Era ninguém menos do que Bebeto Alves. Tomei um susto, pois achei uma postura muito humilde por parte dele, um artista com um gabarito tão alto e de tanta estrada. Pois infelizmente esse grande cantor, compositor e músico gaúcho nos deixou na madrugada desta segunda-feira (7), apenas 3 dias após completar 68 anos.

Em várias entrevistas, Bebeto afirmou que não se sentia local de parte alguma. Basicamente, isso significava que ele, enquanto artista, nunca respeitou limites ou fronteiras musicais, experimentando e criando novos horizontes sonoros e poéticos. Sua base era o rock and roll e a milonga, mas nunca se limitou a um único rumo. E, dessa forma, criou uma trajetória musical das melhores.

Ele lançou o seu álbum de estréia em 1981, após muitos anos de estrada. Tive a honra de escrever sobre esse trabalho no livro 100 Grandes Álbuns do Rock Gaúcho, criado e coordenado pelo jornalista e biógrafo gaúcho Cristiano Bastos, trabalho essencial que será lançado em breve. É um disco maravilhoso, e que dava pistas do que viria adiante.

Além de seus próprios trabalhos, Bebeto Alves também teve músicas de sua autoria gravadas por outros artistas, entre elas 433, que integra o álbum Kleiton & Kledir (1983), o mais bem-sucedido em termos comerciais da seminal dupla gaúcha e que inclui os hits Tô Que Tô e Nem Pensar.

Bebeto sempre foi muito gregário, e fez parcerias e gravações com diversos outros artistas, entre os quais Humberto Gessinger, Antonio Villeroy, Jimmi Joe e King Jim. Outro projeto incrível dele foi o grupo OhBlackBagual, cujo excelente álbum Canção Contaminada foi o que ele tão gentilmente me enviou. A partir da resenha desse trabalho, fiz vários textos sobre Bebeto em Mondo Pop (leia todos aqui).

Você– Bebeto Alves:

Lule Bruno, um brasileiro nada perdido em London Town

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Por Cristiano Bastos (colaboração para Mondo Pop)

Lule Bruno nasceu em Porto Alegre, em 1981, e começou tocando teclado na escola, aos dez anos, nos Estados Unidos, onde morou dos oito aos 15 anos de idade. Em 2003, junto com dois amigos, o músico fundou, na capital gaúcha, o estúdio Lopo 51, local de surgimento da banda de mascarados Procura-se Quem Fez Isso, da qual foi baixista.

A ideia de usar máscaras e esconder suas identidades veio por influência dos americanos dos The Residents. A intenção era botar ênfase na música e tirar o foco das personalidades dos membros do grupo. A banda terminou em seu auge, em 2010, devido a conflitos de personalidades e problemas pessoais, como seu uso de drogas. Durante essa época, também lançou CDs sob o pseudônimo Walter Willy em edições limitadas a 30 CDs, com todos os discos gravados em gravadores de 4 pistas.

Depois de uma breve pausa para se reabilitar, fundou a banda Dévil Évil, com a qual gravou três discos. O grupo juntava punk e psicodelia, Velvet Underground, Pink Floyd e Dinosaur Jr. Em 2014, Lule mudou-se para Londres, onde tocou na banda do francês Vincent Sala. Durante a pandemia, resolveu fazer uma terapia chamada “EMDR”, em busca da cura para eventos traumáticos em sua vida, o que o levou a resgatar fitas cassete com gravações antigas.

A partir dessas audições, o compositor decidiu regravá-las, o que resultou num álbum duplo contendo 24 canções. Entre as influências, Flaming Lips, Os Mutantes, Arnaldo Baptista solo, Brian Wilson, Electric Light Orchestra e Novos Baianos. Nesta entrevista exclusiva ao Mondo Pop, Lule Bruno falou sobre seus dois álbuns, que serão lançados neste mês, e também sobre a Procura-se Quem Fez Isso.

MONDO POP-Fale sobre Curtição Suprema. Qual o conceito em torno desse disco?
LULE BRUNO-
Trata-se de um disco duplo, dividido em dois volumes. Levou dois anos para ficar pronto, tive um colapso nervoso depois de terminar, o que me levou a não conseguir ouvir música por uns três meses. São canções de todas as épocas da minha vida. Cada volume do disco termina com uma mini-suíte de “musique concrète” inspirada em Pierre Henry e Stockhausen.

MONDO POP- Quais músicas do disco seriam destaques pra ti?
LULE BRUNO-
O ponto forte do disco são os arranjos, estou muito orgulhoso das progressões harmônicas e da quantidade de texturas que utilizei, inspirado em Electric Light Orchestra e no conceito de “wall of sound”. Seguindo nessa linha, eu destacaria A Música Vem Pra Me Salvar, que é uma música que fiz quando eu estava muito triste, mas que serve de lembrete, para mim mesmo, de que o meu amor pela música sempre vai me tirar do buraco. E também gosto muito do arranjo, ficou bem grandão, orquestral. A outra música é Você é meu Esconderijo, Beibe, canção que compus aos 23 anos, umas das poucas músicas de amor que compus na vida.

MONDO POP- Quais são suas influências no disco?
LULE BRUNO-
Eu tava ouvindo Electric Light Orchestra, Flaming Lips, Roy Wood, Negro Leo, Ana Frango Elétrico e Tom Zé, enquanto fazia esse disco. O conceito e o espírito geral foram inspirados pelo disco “perdido” Smile, dos Beach Boys, e também um álbum duplo do Frank Zappa chamado Läther, que nunca foi lançado. Também tem influências do Loki?, do Arnaldo Baptista, Álbum branco dos Beatles, Ween e os compositores franceses Pierre Henry e Pierre Schaeffer. Ah! E Raul Seixas e o Sun Ra, mentores espirituais.

MONDO POP- Você fez o disco todo sozinho?
LULE BRUNO-
Embora eu estivesse envolvido com bandas durante toda minha vida, sempre preferi produzir tudo sozinho. Esse disco eu compus e gravei todo em casa, aqui em Londres, mas resolvi, por exemplo, que queria que tivesse uma bateria de verdade.

MONDO POP- Como é ser um artista independente na Inglaterra e como é no Brasil?
LULE BRUNO-
Por incrível que pareça, na minha opinião é meio parecido. Essa coisa de exclusividade, de ter de “conhecer gente”. Isso rola igual aqui em Londres. Mesmo na época da minha banda, a Procura-se Quem Fez Isso, quando a gente fazia um certo sucesso, ainda nos sentíamos à margem, como se fossemos outsiders, por não querer jogar certos jogos. Aqui tem muito isso também, infelizmente. Essa coisa de personalidade, de ter que usar as roupas certas, de ser divertido na festa ou ser mais importante que a música ou a arte em si.

MONDO POP- Porque optou por fazer um disco duplo?
LULE BRUNO-
O disco começou com o conceito básico de gravar músicas engavetadas dos meus vinte e poucos anos que vieram à tona em sessões de terapia para trauma que fiz durante um ano e meio, em 2020. Revisitei essas gravações ouvindo fitas cassete antigas e comecei um processo de regravar as que mais gostava, cerca de 50 canções. Decidi fazer um álbum duplo como o Álbum Branco, dos Beatles, ou Freak Out, do Zappa. As canções que sobraram lancei sob meu outro alter ego, o Walter Willy, pelo selo Chupa Manga Records, de São Paulo.

MONDO POP- Qual a diferença entre Volume 1 Volume 2? É o mesmo conceito musicalmente, as influências são as mesmas?
LULE BRUNO-
O disco foi dividido em dois volumes como se fazia com os discos de antigamente. Acho que fica mais legal assim, e também não acho legal ter 24 músicas seguidas do mesmo disco no streaming, parece muita coisa e as pessoas não têm mais o poder de concentração e a paciência que tinham antigamente. Fazer a ordem das musicas é uma das minhas partes favoritas de gravar discos. E como eu tinha muitas músicas, pareceu a coisa mais clássica a se fazer. O Volume 1 sai dia 23 de setembro e o Volume 2, no dia 8 de outubro. As músicas foram compostas todas no mesmo período, portanto têm as mesmas influências. Não há muita diferença entre os dois, talvez na minha concepção as canções do volume 1 sejam um pouquinho mais “pop”, se é que dá pra dizer isso, do que as do volume 2, que considero um pouco mais escrachadas em termos de temas das letras. O Volume 2 começa com a músicas título do disco Curtição Suprema que é um tema que compus com 18 anos e termina com A Paz é a Coisa Mais Importante que acho o final perfeito pro disco. Ambos os discos terminam com pequenas peças de colagens musicais do que se chama “música de vanguarda” inspiradas também no que o Zappa fazia nos seus discos.

MONDO POP- Você mencionou um alter ego, Walter Willy e a banda Dévil Évil. Fale mais sobre esses projetos.
LULE BRUNO-
Sempre gravei muito desde que ganhei da minha mãe, aos 18 anos, um gravador de 4 canais da Fostex. Tenho caixas e caixas de fitas. Criei o personagem Walter Willy em 2003, que era e continua sendo meu alter ego “carreira solo” paralelo a tudo que faço, no caso na época a minha banda Procura-se Quem Fez Isso que durou de 2003-2010 em Porto Alegre. Foi uma fase conturbada da minha vida. Passei por algumas estadias em hospitais psiquiátricos por abuso de substâncias e está tudo mais ou menos documentado nos discos do Walter Willy. Ao sair da última internação, em 2011 (estou limpo há 11 anos), fiz a banda Dévil Évil, em Porto Alegre, que tocava tipo um pop-punk psicodélico. Aqui em Londres tenho um projeto paralelo chamado I Know I’m An Alien.

MONDO POP- Fale da banda Procura-se Quem Fez Isso. Porque os integrantes nunca mostraram os rostos?
LULE BRUNO-
A banda Procura-se quem Fez Isso é um assunto meio difícil. É a primeira vez que falo publicamente sobre isso, escondi minha identidade enquanto membro da banda por cerca de 15 anos e agora decidi me assumir como integrante. Os outros membros seguem querendo não se identificar. A banda começou em 2004 e tínhamos um conceito de não mostrar nossos rostos em público, com o intuito de colocar o foco na música e não nas personalidades e aparências dos membros da banda. Era influência dos The Residents. Fizemos muitos shows, festivais, tivemos matéria na Rolling Stone e abrimos para os meus ídolos, os Mutantes. Gravamos um disco no nosso estúdio, em 2004, e é um dos poucos registros que deixamos (pode ser ouvido na internet).

MONDO POP- Qual o seu processo criativo?
LULE BRUNO-
Raramente sento para compor com o intuito de “vou fazer uma música agora”. Geralmente a ideia vem do nada e na maioria das vezes a músicas vem mais ou menos pronta na minha cabeça. Tento gravar rapidamente com o que estiver por perto e logo faço algum tipo de gravação demo que fico ouvindo enquanto saio para caminhar na rua ou andar de ônibus. Vou resolvendo a estrutura da música na minha cabeça e gravando demos até chegar no mais próximo do que imaginei inicialmente quando a ideia apareceu e daí então gravei a música e ideias para arranjos vão surgindo enquanto estou gravando. Posso estar gravando a linha de baixo e já ouço na minha cabeça como vão ser as guitarras por exemplo. Nunca deixo para terminar uma gravação depois, procuro terminar no mesmo dia que comecei, o que leva geralmente em torno de 3-4h para gravar uma músicas inteira. Gosto de terminar para me livrar e me desbloquear do que estou trabalhando para abrir espaço para uma nova música que logo virá.

MONDO POP- Qual sua motivação/inspiração pra fazer música?
LULE BRUNO-
Transformar experiências ruins em boas, rir do trágico, tentar trazer alguma alegria pro mundo. Acredito que conseguir superar dificuldades na vida pessoal fortalece a minha criatividade e me inspira para continuar, me sinto muito mais criativo estando limpo do que em todos os meus anos utilizando álcool e drogas, estou sempre compondo, tendo ideias para músicas e discos novos. Parece uma fonte inesgotável, vou estar ocupado até o dia que eu morrer hehe e isso é uma benção. É como se por eu ter passado por essas experiências mais extremas que talvez muitas pessoas não tenham que passar, a minha música adquiriu pra mim uma profundidade e significado pessoal que não tinha antes. Se hoje eu estou sorrindo é um sorriso honesto porque houve um período da minha vida em que era muito difícil sorrir.

MONDO POP- Por que ser artista em 2022?
LULE BRUNO-
Tenho muita coisa que quero expressar, sou obcecado por gravar, estou sempre compondo, compus mais de 500 músicas na minha vida, gosto de fazer discos. E não pretendo parar. Acredito no humor como ferramenta de transcender tudo, de poder rir da própria tragédia, gosto do tragicômico. A criatividade é a coisa mais importante pra mim pois quando estou criando eu e a música viramos uma coisa só e o mundo exterior deixa de existir.

MONDO POP- Qual sua opinião sobre a importância da mídia social e da tecnologia na música?
LULE BRUNO-
Sem querer parecer velho, mas sou do tempo em que era tudo meio que no boca a boca, a gente fazia poster, distribuía flyer e as pessoas iam aos shows e aos poucos a palavra chegava nas pessoas certas que depois apareciam nos shows. Embora seja fã da internet e de como essa ferramenta possibilita a gente ouvir e ler coisas que jamais imaginamos, o lance da mídia social para o artista hoje em dia virou uma parada mais de servir a plataforma do que de fato criar arte e acho que estamos num caminho bem negativo em relação a isso. Se não criarmos uma plataforma livre onde os artistas podem distribuir seu trabalho direto para os fãs sem a interferência de um algoritmo acredito que com o tempo será cada vez mais difícil divulgar um trabalho para um público que possivelmente possa gostar do que a gente faz.

MONDO POP- Fale um pouco de shows. Como você traz o seu trabalho pros palcos?
LULE BRUNO-
Em 2018, lancei meu primeiro trabalho solo em vinil usando meu próprio nome, e montei uma banda que incluía às vezes até 5 integrantes tocando minhas músicas e infelizmente a banda se desfez durante a pandemia do novo coronavírus. Esse ano, retomei os shows sozinho, aliado a backing tracks e uma coisa incrível aconteceu que quando estava sozinho no palco me peguei conversando com a platéia, contando histórias baseadas nas músicas e tem dado certo! Os shows viraram meio que uma mistura de música com stand up comedy hehe. Para os shows, no futuro estarei novamente acompanhado de James Ovens (Crazy World of Arthur Brown) na bateria. Eu chamo a banda de Mental Butter.

MONDO POP- Quais seus discos favoritos de todos os tempos?
LULE BRUNO-
Gosto de discos conceituais como Sgt. Pepper’s que contam uma história e as músicas tem uma ligação entre si e não são apenas um monte de singles amontoados. Gosto de discos de identidade forte e com capas interessantes. Meus outros discos favoritos são Magical Mystery Tour também dos Beatles, From a Basement on the Hill do Elliott Smith, White Album (Beatles), Axis: Bold as Love (Jimi Hendrix), Smile (Beach Boys), Loki? (Arnaldo Baptista), O A e o Z (Mutantes), Yoshimi Battles The Pink Robots (Flaming Lips), Niandra Lades and Usually Just a T-Shirt (John Frusciante) e We’re Only in it For the Money dos Mothers of Invention.

Eu Gosto de Você (clipe)- Lule Bruno:

Júpiter Maçã volta à tona em uma biografia detalhada e cativante

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Por Fabian Chacur

Durante seus curtos 47 anos de vida, Flávio Basso (1968-2015) desenvolveu uma carreira como cantor, compositor e músico de rock que lhe trouxe bons frutos. Não se tornou um astro, nem mesmo uma unanimidade no segmento em que atuou (o chamado rock alternativo), mas cativou fãs fiéis que continuam cultuando seu legado com os grupos TNT e Cascavelletes e na carreira-solo com os codinomes Júpiter Maça e Júpiter Apple. Após ter sido lançada em 2018, sua biografia Júpiter Maçã- A Efervescente Vida e Obra, é relançada em uma nova e turbinada edição, com 500 páginas,opção de cinco capas diferentes, conteúdo ampliado e um novo projeto gráfico assinado pelo designer gráfico Rafael Conny.

Os autores são o gaúcho Cristiano Bastos, que tem no currículo os livros Gauleses Irredutíveis-Causos & Atitudes do Rock Gaúcho, Júlio Reny- Histórias de Amor & Morte e Nelson Gonçalves- O Rei da Boemia, e o brasiliense Pedro Brandt. Ambos são jornalistas, e isso se reflete no espírito da bio, uma extensa e detalhada reportagem sobre o artista valendo-se de entrevistas feitas especialmente para este fim e uma vasta pesquisa em cima de material impresso, de áudio e de vídeo publicado em jornais, revistas e sites.

Se há uma grande qualidade a ser ressaltada em uma biografia é quando a mesma é tão bem escrita e concatenada a ponto de cativar até mesmo aquele leitor que por ventura pouco ou nada conheça sobre a obra do biografado em questão. E o livro de Bastos e Brandt se encaixa feito luva nessa descrição, pois nos apresenta não só a trajetória de Basso-Júpiter, como também o situa muito bem no período em que atuou, de meados dos anos 1980 até 2015, quando nos deixou prematuramente, dando um bom panorama do rock brasileiro nesse período.

Flávio Basso teve como uma de suas marcas a eterna inquietude. Iniciou a careira como músico ainda adolescente, com a banda TNT. Saiu dela em 1986 quando o quarteto iria gravar seu primeiro álbum por uma grande gravadora, fato comparado por um colega como “rasgar um bilhete premiado e entrar na lotérica para comprar outro”. Montou os Cascavelletes e teve seu momento de maior exposição na mídia quando a música Nega Bombom entrou com destaque na trilha sonora da novela global Top Model em 1989-1990.

Depois de atuar com essas duas bandas, nas quais investia em um rock básico repleto de letras irreverentes e invariavelmente ligadas a conteúdos sexuais politicamente incorretos, partiu para uma carreira solo que, de cara, rendeu o álbum A Sétima Efervescência (1996), tido por alguns como verdadeiro clássico do psicodelismo brasileiro e mundial e incluindo seu maior hit individual, a sacudida Um Lugar do Caralho, já se valendo de um novo codinome, Júpiter Maçâ, que virou Júpiter Apple quando gravou em inglês.

A marca registrada de Apple-Maçâ era a total inquietude, mudando radicalmente de álbum para álbum e inspirado em rock alternativo, bossa nova, música eletrônica, jovem guarda e o que mais viesse, e em ícones internacionais como Beatles, Rolling Stones, Kinks e o mais alternativo Stereolab. Desconcertar os fãs e os críticos sempre foi a sua marca registrada, e dessa forma conquistou admiradores no Brasil e no mundo, mesmo que em quantidades limitadas.

Sua tendência de se auto-sabotar, aliada a paranoia e também a um alcoolismo que lhe rendeu inúmeros problemas de saúde e internações certamente ajudaram a abreviar a sua vida em muitos anos. Flávio Basso também teve relacionamentos instáveis com diversas mulheres, perdeu o filho Glenn (que morreu com apenas 11 anos) e não soube gerenciar da melhor forma possível a sua carreira, com um prejuízo dos maiores.

Além de contar essa trajetória com muitos detalhes e sem cair no maniqueísmo, apresentando um personagem com suas virtudes e defeitos, Júpiter Maçã- A Efervescente Vida e Obra nos apresenta uma análise faixa a faixa de todos os seus lançamentos, incluindo desde os LPs e CDs até aquelas canções disponíveis apenas em formato digital, ou até mesmo aquelas apresentadas em poucos shows ou nunca lançadas de forma oficial.

É muito bom ver quando autores como Cristiano Bastos e Pedro Brandt fogem da tentação de biografar artistas mais populares e/ou comerciais, sejam eles nacionais ou internacionais, para mergulhar em nomes que poderiam se tornar apenas notas de rodapé da história. Difícil ler esse livro e não ficar com o ouvindo coçando para investigar essa obra ao mesmo tempo obscura, polêmica e tão longe do mainstream na sua quase totalidade. O lançamento é da Nova Carne Livros, que promete novos lançamentos com este mesmo padrão para breve.

Modern Kid (clipe)- Júpiter Maçã:

Augusto Lima lança 1º single solo produzido pela TGM Recordings

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Por Fabian Chacur

Augusto Lima foi um dos mais de 650 inscritos no concurso Sua Música Na TV, cujo vencedor teria como prêmios a inclusão de sua música em uma série do SBT Interior e também a cobertura dos gastos de gravação e produção de um single. O nível dos candidatos era tão bom, no entanto, que o produtor musical paulistano Pedro Canaan, que promoveu a competição em parceria com a Claudinei Assis Produções, resolveu oferecer a produção gratuita para mais dois concorrentes. E o 3º colocado, o cantor, compositor e músico gaúcho Augusto Lima, acaba de lançar seu single, Algum Lugar, já disponível nas plataformas digitais.

Com 21 anos de idade, Lima é oriundo da cidade de Portão (RS), e mergulhou no mundo da música aos 12 anos de idade. Nos últimos tempos, integra a banda Presidente Jack. Algum Lugar marca a sua estreia como artista solo, e equivale a uma vigorosa mistura de new bossa com rock ardido, no qual o jovem artista mostra seu potencial. O single leva o selo TGM Recordings, capitaneado por Pedro Canaan, também conhecido por integrar a banda The Dead Season.

Para Augusto, ter conseguido gravar este single equivale a uma oportunidade bastante importante para seus projetos enquanto músico: “Passar no concurso, ter que viajar para São Paulo para conhecer o Pedro, gravar com a TGM Recordings e finalmente lançar a música, foi uma coisa que mudou completamente a minha vida. Tudo está acontecendo muito rápido. Parece que estou vivendo um sonho, demorou muito pra cair a ficha”.

Algum Lugar– Augusto Lima:

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