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DVD registra auge dos Wings em turnê histórica de 1976

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Por Fabian Chacur

Em 1976, Paul McCartney viveu uma das fases mais bem-sucedidas de uma carreira repleta de grandes momentos. Naquele ano, seu grupo pós-Beatles, o Wings, tornou-se provavelmente a banda mais popular do mundo, coroando uma era iluminada com turnê pela América do Norte simplesmente arrasadora. O registro histórico dessa tour está em Rock Show, DVD que acaba de ser lançado no Brasil pela Eagle Rock/ Som Livre.

Rock Show foi lançado nos cinemas em 1980, e o fato de ter sido registrado com equipamento cinematográfico facilitou a tarefa de remasterização e restauração da fita original realizada neste DVD. O resultado é simplesmente excepcional, com apenas uma ou outra cena granulada, e qualidade de áudio arrasadora. Qualidade técnica digna do conteúdo artístico.

A turnê dos Wings daquele 1976 divulgavam o então mais recente álbum do quinteto, Wings At The Speed Of Sound, e flagram uma fase bem diferente do Macca, se comparada com os shows que passou a fazer a partir de 1989, quando voltou após hiato de quase dez anos. Um detalhe que chama a atenção é a quantidade de músicas dos Beatles contidas aqui.

Quando começou a fazer shows com os Wings, McCartney inicialmente não tocava rigorosamente nada escrito pelo Beatles. A muito custo, foi encaixando um ou outro clássico da banda em seu set list. Vamos comparar: em Rock Show, temos um total de 30 músicas, sendo apenas 5 dos Beatles. Na turnê Out There (2014), do cantor, baixista e compositor britânico, em um set list com 39 músicas, 25 são dos Fab Four. Quanta diferença!

A formação dos Wings naquela época é certamente a melhor da história da banda. Além do seu líder inconteste nos vocais, baixo, violão, guitarra e teclados, temos Linda McCartney (vocal e teclados), Denny Laine (guitarra, baixo, violão, vocal, teclados), Jimmy McCulloch (vocal, guitarra, violão e baixo) e Joe English (bateria e vocal). Um timaço!

Com o auxílio de um naipe de metais integrado por Tony Dorsey (trombone), Howie Casey (saxofone, amigo de Paul de Liverpool), Steve Howard (trompete e flugelhorn) e Thaddeus Richard (sax, clarinete e flauta), os caras mostram, além das 5 dos Beatles, 4 de Wings At The Speed Of Sound, 9 de Venus And Mars (1975), 5 de Band On The Run (1973), outras 5 do grupo e de McCartney solo e dois covers.

Aos 34 anos de idade, Paul estava no auge como cantor, simplesmente arrasando em músicas como Let Me Roll It, Call Me Back Again, My Love, Soily e Beware My Love, só para citar algumas. O ótimo guitarrista McCulloch se mostra bom cantor em Medicine Jar, enquanto Denny esbanja carisma em Richard Cory, de Simon & Garfunkel.

Gravado em grandes ginásios, o show não tem recursos visuais tão sofisticados, mas a performance da banda é tão boa que isso fica em segundo plano. Rock Show é provavelmente o melhor registro de um show de Paul McCartney existente no mercado, e é obrigatório para todos aqueles que cultuam esse verdadeiro mestre do rock and roll. Maravilhoso é pouco!

Rock Show- Paul McCartney & Wings DVD (em streaming):

E os EUA foram invadidos pelos Beatles

Por Fabian Chacur

No dia 7 de fevereiro de 1964, teve início uma verdadeira invasão aos EUA, protagonizada por quatro jovens oriundos da cidade britânica de Liverpool. A recepção oferecida a eles no aeroporto de Nova York era uma pequena prévia do que ocorreria no dia 9 daquele mesmo mês, quando a banda formada por eles- The Beatles-tocou ao vivo no The Ed Sullivan Show, uma espécie de Silvio Santos local.

Cinquenta anos depois, fica evidente a importância dessa primeira visita dos Fab Four aos EUA. Durante duas semanas, o grupo conseguiu consolidar sua presença nas paradas de sucesso americanas, tornando-se o primeiro nome britânico a emplacar discos nos primeiros lugares dos charts de lá. Melhor ainda: tornaram-se um verdadeiro culto, abrindo as portas para outros conterrâneos.

No início, o empresário da banda, Brian Epstein, teve de superar o pouco interesse inicial da gravadora Capitol, subsidiária da EMI/Parlophone britânica no mercado ianque. Em 1963, o pequeno selo Vee Jay foi quem lançou alguns títulos do quarteto, sem grande sucesso. Mas no final daquele ano, a Capitol resolveu arriscar ao ouvir o espetacular single I Want To Hold Your Hand. Belo gesto, como ficaria claro pouco tempo depois.

Como forma de melhor divulgar os Beatles no mercado americano, Epstein viabilizou uma turnê promocional de duas semanas por lá, com direito a apresentações no Ed Sullivan Show. A expectativa era positiva, mas ninguém iria imaginar que mais de 70 milhões de pessoas iriam ver aquele primeiro programa, no dia 9 de fevereiro de 1964, quando I Want To Hold Your Hand já ocupava o primeiro posto entre os singles mais vendidos por lá.

Aquela primeira transmissão que teve como sede Nova York seria seguida por outras em Miami, por um show em Washington e também por diversas entrevistas para emissoras de rádio e TV. Na rádio, o grande embaixador da beatlemania seria o badalado DJ Murray The K, que se tornou amigo deles e também teve sua audiência alavancada por participações exclusivas dos roqueiros em seus programas.

Pautados em cima da hora pela britânica TV Granada, os irmãos americanos Albert e David Maysles seguiram a banda desde a sua chegada aos EUA. O que inicialmente era para ser apenas um registro para a televisão acabou virando um documentário pilotado pelos Maysles, nos quais é possível mergulhar na intimidade dos quatro jovens músicos naquele seu momento decisivo em termos de popularidade.

A entrevista coletiva concedida pelos Beatles no aeroporto em Nova York é um claro flagrante de como os jornalistas de então não tinham a menor ideia do que estava acontecendo, ao fazer perguntas imbecis do tipo “vocês usam perucas?” ou “vocês são carecas?”. A sorte é que o refinado humor britânico dos quatro sempre oferecia respostas muito melhores do que se poderia esperar em função das questões idiotas que lhes eram oferecidas.

Ver cenas do único show feito por eles para o público em geral nessa visita, em Washington, é no mínimo curioso. Em um ginásio preparado para lutas de boxe e competições do gênero, os Beatles tinham de mudar sua disposição no palco a cada nova música, para que cada setor do público pudesse vê-los de frente por algum tempo. Três amplificadores e dois microfones eram o seu “arsenal” técnico para serem ouvidos em meio a uma gritaria ensurdecedora dos fãs.

Ao voltarem para a Inglaterra no dia 21 de fevereiro, John, Paul, George e Ringo estavam cientes de que uma importantíssima batalha estava ganha por eles. O sucesso avassalador no mercado americano ecoou pelo resto do mundo, que rapidamente vestiu a camisa dos garotos de Liverpool e os transformou em um dos maiores fenômenos de popularidade de todos os tempos. Provavelmente o maior.

Disponível em DVD com direito a quase uma hora de extras, o documentário The First U.S. Visit é a melhor forma de se ver como foi essa impressionante invasão em uma era na qual os recursos de divulgação eram infinitamente menores do que nos dias que se sucederam, sem internet, celulares, redes de TV poderosas e departamentos de marketing repletos de ferramentas promocionais a seu dispor.

Lógico que nada disso seria possível se não fosse o incrível talento e capacidade de trabalho dos Fab Four, que embora muito jovens já estavam na estrada há uns bons anos naquele momento. Quando essa chance de conquistar o mercado ianque chegou, eles estavam muito bem preparados para isso, além de contarem com um repertório repleto de músicas capazes de mantê-los no topo.

Última nota: o selo brasileiro Jam Records lançou em 2013 o CD The Beatles Live In Washington 1964, com belíssima apresentação visual e nove faixas que teriam sido gravadas ao vivo naquele show histórico em Washington.

As músicas são: Roll Over Beethoven, From Me To You, I Saw Her Standing There, I Wanna Be Your Man, Please Please Me, ‘Til There Was You, She Loves You e uma última, intitulada Beatle Beat, que é instrumental e não tem nada a ver com Beatles, certamente gravada por algum grupo de estúdio anônimo. A qualidade de áudio não é lá uma maravilha, mas pelos R$ 10 que paguei nas Lojas Americanas, está de bom tamanho e vai para a minha coleção.

Veja o making of de The U.S. First Visit:

Novo álbum dos Beatles é para colecionadores

Por Fabian Chacur

Poucos fãs são tão devotados ao seu objeto de paixão como os dos Beatles. Os mais fanáticos consomem literalmente tudo que leva a logomarca dos Fab Four. Camisetas, livros, revistas, pôsteres e especialmente discos. O mais recente lançamento, On Air- Live At The BBC Volume 2, marca o primeiro item da banda a sair pela Universal Music, que adquiriu o acervo da EMI. Belo início dessa nova parceria.

Logo de cara, é importante ressaltar que este álbum duplo é recomendável apenas àqueles que já possuem a coleção completa dos álbuns lançados pelo mitológico grupo britânico entre 1963 e 1970 e também a coletânea Past Masters Volumes 1 e 2, que compila os singles que não integraram os LPs e foram lançados naquele período. Esse é o Santo Graal, com as gravações perfeitas do mais fantástico repertório jamais lançado por um grupo, duo, artista ou coisa que o valha na história da música.

Para quem ainda não possui esse acervo, adquirir On Air- Live At The BBC Volume 2 soa meio fora de propósito, e a explicação é simples. Este álbum duplo traz 63 faixas, sendo 40 músicas e 23 vinhetas e pequenas entrevistas com os quatro músicos. Essas gravações foram registradas entre 1963 e 1966 essencialmente nos estúdios da rádio BBC de Londres, sendo flagrantes da banda tocando ao vivo canções já registradas por ele em seus álbuns normais ou outras nunca gravadas por eles oficialmente.

Boa parte dos registros tem qualidade de áudio bem inferior ao dos álbuns regulamentares e com performances bem próximas das, digamos assim, “oficiais”. Para quem quer ouvir os Beatles no topo de sua atuação, é muito melhor comprar Please Please Me, Help!, Revolver, Sgt. Pepper’s, Abbey Road e seus outros espetaculares discos de carreira, pois é lá que eles nos mostram o porque merecem tanta adulação.

Live At The BBC Volume 2, assim como seu antecessor, Live At The BBC (1994), são destinados ao fã mais detalhista, que curte conferir versões diferentes da mesma música e que não se importa de fazer isso valendo-se de gravações de qualidade técnica inferior, como ocorre aqui, especialmente nas faixas I’m Talking About You e Beautiful Dreamer.

Também é delicioso ouvir John, Paul, George e Ringo mandando ver em canções não gravadas por eles oficialmente, embora até tivessem sido incluídas nos set lists de shows de seus primeiros tempos, como Lucille, The Hippy Hippy Shake e Sure To Fall (In Love With You). Mas o ouvinte médio certamente não aguentará ouvir os dois CDs na íntegra, ainda mais com as entrevistas entre uma canção e outra. Melhor deixar isso para nós, os fanáticos.

A apresentação de Live At The BBC em CD e LP de vinil é simplesmente espetacular, com direito a capa digipack (no caso do CD), encarte luxuoso feito com papel especial e repleto de fotos e informações detalhadas sobre cada faixas, além de um bom trabalho de remasterização das faixas, que só não soam melhores pelo fato de terem sido gravadas de forma menos caprichosa do que as feitas nos célebres estúdios da EMI situados em Abbey Road.

Para quem não sabe, os Beatles tinham um contrato com a BBC de Londres que os obrigava a participar de vários programas da emissora, sempre tocando ao vivo. Eles fizeram isso entre 1962 e 1965, o que era considerado uma bela forma de divulgação para a banda. Esse material foi bastante pirateado a partir dos anos 70, e só começou a sair oficialmente em 1994.

A Universal Music também lançou no exterior uma caixa reunindo os quatro CDs contidos nos volumes 1 e 2 de Live At The BBC, outro item de colecionador bem bacana, especialmente para quem por ventura não havia ainda adquirido o volume 1. Esses álbuns mostram a melhor banda de todos os tempos desnuda, mostrando sua garra e seu imenso talento em gravações mais toscas. Indispensável para os integrantes do núcleo duro dos beatlemaníacos.

Ouça The Hippy Hippy Shake, com os Beatles:

Ouça Words Of Love, com os Beatles:

Os Beatles voltam ao Top 10 nos EUA

Por Fabian Chacur

A presença dos Beatles nas paradas de sucesso parece um fenômeno que nunca irá se encerrar. Mesmo extinta desde 1970, a banda britânica se recusa a sumir dos charts, e cada novo lançamento póstumo garante essa eternidade dos Fab Four. Agora, é a vez de On Air: Live At The BBC Vol.2 manter ativa uma história de sucesso que se iniciou em 1962 e não tem data para acabar. Se é que irá acabar…

O álbum duplo que traz faixas gravadas ao vivo entre 1962 e 1964 feitas com exclusividade para a rádio BBC de Londres estreou na parada da revista Billboard, a bíblia do mercado fonográfico dos EUA e mundial, direto no sétimo posto entre os mais vendidos desta semana. As vendagens nessa semana inicial atingiram a marca de 37 mil cópias, e proporcionaram ao grupo sua 31ª incursão no Top 10 da terra de Barack Obama.

O álbum mescla pequenos trechos de entrevistas dos integrantes do quarteto com releituras feitas ao vivo de faixas de seus primeiros álbuns e singles e também algumas canções que faziam parte de seu repertório de shows, embora nunca tenham sido gravadas em seus álbuns de estúdio, entre as quais I’m Talking About You (Chuck Berry), Lucille (Little Richard) e Hippy Hippy Shake (Chan Romero).

Vale lembrar que o primeiro volume, Live At The BBC (1994), foi relançado simultaneamente em nova edição remasterizada. Na época, há quase 20 anos, o também álbum duplo largou no terceiro posto nos EUA, atingindo a marca de 360 mil cópias na semana inicial nas lojas, prova de que o mercado fonográfico já viveu dias bem melhores até para eternos campeões de vendas como os rapazes de Liverpool.

Segundo informações da Billboard, os Beatles agora o quarto posto entre os artistas com mais álbuns que atingiram os dez mais vendidos no mercado ianque, atrás de Rolling Stones (36), Frank Sinatra (33) e Barbra Streisand (32). Logo atrás da banda britânica, temos o eterno rei do rock, Elvis Presley, que teve 27 de seus álbuns atingindo os dez mais em sua terra natal.

E em breve teremos mais festa em torno do mais importante grupo pop de todos os tempos. A rede de TV americana CBS, em parceria com a direção do Grammy (o prêmio mais importante da música), anunciou que irá exibir no dia 9 de fevereiro de 2014 o especial The Night That Changed América: A Grammy Salute To The Beatles, cuja gravação ocorrerá no dia 28 de janeiro do próximo ano, um dia após a entrega dos Grammy Awards 2014.

O especial será feito para comemorar os 50 anos da primeira exibição ao vivo dos Beatles na TV americana, ocorrido no programa The Ed Sullivan Show, onde apenas os grandes nomes da música de então se apresentavam. A performance da banda se tornou um dos momentos mais importantes de sua carreira, e iniciou a célebre The British Invasion. O elenco, cuja escalação ainda não foi divulgada, incluirá grandes nomes da música atual, que interpretarão grandes sucessos da carreira dos Fab Four.

Veja o clipe de Words Of Love, dos Beatles, do novo álbum ao vivo:

New é Paul McCartney em plena forma

Por Fabian Chacur

Em 1986, o excelente Roberto Muggiati escreveu uma bela resenha na saudosa e extinta revista Somtrês do então recém-lançado álbum Press To Play, de Paul McCartney. No texto, o jornalista e escritor tocou em um ponto nevrálgico na hora de se analisar um trabalho de alguém que, na época, já era uma lenda viva: como fugir da comparação de suas obras passadas e avaliar as novas com justiça?

Ele concluía a análise daquele ótimo e injustiçado álbum do Macca dizendo, de forma bem inteligente, que aquele era um excelente álbum daquele novo artista de new wave, um tal de Paul McCartney. Pois 27 anos se passaram, o ex-Beatle viu seu peso artístico aumentar ainda mais e continua sendo obrigado a competir com o seu passado. Só que ele faz isso da forma certa, e New, o novo álbum de inéditas que acaba de lançar, é a prova cabal disso.

Aos 71 anos de idade, McCartney não perdeu a jovialidade, e sempre está disposto a experimentar novos rumos em sua carreira, seja ao trabalhar com novos profissionais, tentar novas sonoridades ou mergulhar em rumos incomuns. Sem, no entanto, se descaracterizar ou tentar ser outro cara que não aquele alegre, talentoso e criativo sujeito que integrou os Fab Four “all those years ago”.

Se muita gente não dá a devida atenção aos trabalhos que o Macca lançou desde que os Beatles saíram de cena, em 1970, azar deles. Aliás, eu adoraria um dia ver um show no qual ele deixasse de lado os clássicos da melhor banda pop de todos os tempos e nos oferecesse apenas obras dos Wings e de sua prolífica trajetória individual. Seria lindo! Sei que não vai acontecer, mas sonhar é preciso.

O legal é que, aparentemente, Paul não liga para esse desinteresse que parte do seu fã-clube tem em relação ao seu trabalho pós-beatle. Continua trabalhando duro, com prazer e sempre nos oferecendo o que ele pode de melhor. Acerta muito, e quando erra, é sempre por razões nobres, e nunca devido a tentativas de ser comercial demais, ou de fazer concessões demais, ou de dar uma de “moderninho demais”. Ele se diverte, sempre, e nos diverte por tabela.

New é um disco simplesmente delicioso, no qual ele troca figurinhas com gente importante da música pop atual, como Paul Epworth, produtor, compositor e músico que tem no currículo parcerias com Adele nos megahits Rolling In The Deep e Skyfall. A dobradinha assina dois petardos do novo álbum, a vigorosa faixa de abertura Save Us e o single matador Queenie Eye, aquele em cujo clipe temos uma festa de celebridades.

Também estão em cena na produção gente como Giles Martin (filho de George Martin, o produtor dos Beatles), Mark Ronson (produtor de Amy Winehouse e filho de Mick Ronson, o guitarrista dos Spiders From Mars de David Bowie) e Ethan Johns (filho de Glynn Johns, produtor de The Who, Rolling Stones, The Eagles e tantos outros, e ele próprio produtor de Kings Of Leon, Crosby Stills & Nash, Kaiser Chiefs etc). Entre os músicos, temos os integrantes de sua atual e ótima banda de apoio.

O repertório da edição de New lançada no Brasil, a Deluxe, traz 15 faixas, sendo três delas incluídas como bônus (Scared, a última, entrou de forma “secreta”, pois não é listada no encarte ou na contracapa do álbum). Os climas variam, indo de rock eletrônico energético a baladas folk ou até um envolvente blues mais rústico (Get Me Out Of Here).

Os fãs dos Beatles certamente vão tirar o lenço e deixar cair boas lágrimas ao ouvir a balada folk Early Days, na qual Paul relembra seus primeiros tempos no universo musical de uma forma lírica como só ele sabe fazer. New, a faixa título, é pura energia, Hosanna é som pop com tempero caprichado, e por aí vai. E vai bem. Cada audição nos dá mais prazer.

O segredo é esse. Quando você for ouvir o novo álbum de Paul McCartney, esqueça de tudo o que ele já fez e tente se ater apenas ao presente, como nos ensinou em 1986 o grande Roberto Muggiatti. Dessa forma, fica fácil entender o porque esse cara é quem ele é: um gênio que não se cansa de nos proporcionar novas pérolas pop de altíssimo quilate, mesmo sem precisar, tendo em vista tudo o que já fez de bom. Tem artistas por aí que dariam um braço para ter em suas discografias um álbum como esse New. E nunca terão. Nunca terão!

Veja o clipe de Queenie Eye, de Paul McCartney:

Wings Over America enfim sai em CD no Brasil

Por Fabian Chacur

Wings Over America saiu originalmente em dezembro de 1976 no formato vinil triplo e equivale ao registro da histórica turnê que marcou o auge comercial dos Wings, segundo grupo da carreira de um certo músico chamado James Paul McCartney. A primeira, imagino que todos vocês saibam qual foi. The Beatles, acho eu…

Gravado ao vivo durante shows da turnê norte-americana do grupo, Wings Over America conseguiu a façanha de atingir o primeiro lugar na parada ianque, além de vender muito bem no resto do mundo. Por aqui, o álbum saiu no formato vinil pela gravadora EMI Odeon, mas na era do CD, só apareceu em nossas lojas na versão importada.

Pois agora, como parte da belíssima série Paul McCartney Archive Collection, que está recolocando no mercado com novas embalagens e versões remasterizadas os clássicos da carreira pós-beatle de McCartney, enfim esse álbum ao vivo chega por aqui em formato digital, como CD duplo e em uma charmosa embalagem digipack.

Vamos primeiro aos pontos fracos. O álbum traz um encarte com meras oito páginas incluindo apenas algumas fotos inéditas e pouquíssima informação. O encarte da edição original em CD lançada no exterior ao menos trazia um encarte com 16 páginas com fotos e desenhos bacanas reproduzidos do encarte do LP de vinil.

Se você por ventura estiver com uma conta bancária bacana, no entanto, pode adquirir a Deluxe Edition Box Set (a foto que ilustra este post), disponível apenas em lojas que trabalham com produtos importados. A box set é de deixar o fã arrepiado, de tão atrativa. Além dos dois CDs remasterizados, ele traz um álbum adicional, gravado durante a mesma turnê no Cow Palace, em San Francisco, com oito faixas.

Achou pouco? Pois aí vai o resto do pacote: um DVD com o registro do especial de TV Wings Over The World (com mais de uma hora de duração) e quatro livros (eu disse quatro!), trazendo fotos da turnê, desenhos e muitas curiosidades. E não é só isso! Também temos reprodução de crachás e outras memorabilias. Saiba mais aqui.

O problema é o preço. São “apenas” 144 libras na loja virtual da Amazon, algo em torno de R$ 500 (ou mais, dependendo de quem o importar para você). Ou seja, melhor ficar com a versão nacional mesmo, apesar dos pesares. E aí entra o lado bom da coisa: o conteúdo musical deste álbum é simplesmente imperdível.

Na época, Paul relutava um pouco em tocar músicas dos Beatles nos shows dos Wings. Das 30 músicas executadas, apenas cinco vieram do repertório dos Fab Four. Temos também dois covers, Richard Cory (de Simon & Garfunkel) e Go Now (dos Moody Blues), ambas com o guitarrista e cantor Denny Laine nos vocais (ele integrou os Moody Blues em sua fase inicial).

De resto, temos uma bela seleção de hits e canções legais dos discos solo de Paul e daqueles que ele creditou aos Wings, banda que teve várias formações, sendo a melhor delas exatamente a presente neste álbum: Paul (baixo, guitarra, teclados, violão e vocal), Denny Laine (guitarra, violão, baixo, teclados, percussão e vocal), Jimmy McCulloch (guitarra, vocal, baixo, violão), Linda McCartney (teclados e vocais) e Joe English (bateria).

Além dos integrantes oficiais, nos shows desta turnê acompanharam a banda uma sessão de metais integrada por Tony Dorsey, Howie Casey, Steve Howard e Thaddeus Richard, que davam uma sonoridade mais encorpada e próxima até mesmo da soul music, especialmente em músicas como Call Me Back Again, Go Now e Let Me Roll It. Ou seja, é um álbum ao vivo bem diferente dos lançados pelo autor de Yesterday a partir dos anos 1990.

A performance dos Wings neste álbum é das melhores, com McCartney esbanjando boa voz e pique, no auge de seus 34 anos de idade. Venus And Mars, Rock Show, Jet, Lady Madonna, Bluebird, Live And Let Die, Listen To What The Man Said, Hi Hi Hi, é uma música boa atrás da outra. O álbum se encerra com o rockão até então inédito Soily.

Wings Over America é um daqueles trabalhos gravados ao vivo realmente essenciais, além de ser o primeiro live album oficial da carreira de Paul McCartney. Um artista que sempre primou por uma performance impressionante em cima dos palcos, algo que ele mantém até hoje, quando acaba de comemorar 71 anos de idade.

Ouça Wings Over América, com os Wings, na íntegra:

Ringo Starr volta ao Brasil em outubro

Por Fabian Chacur

Ringo Starr parece ter gostado dos shows que fez no Brasil em 2011. Após o sucesso de sua primeira turnê por aqui, ele anuncia sua volta em 2013. Segundo a promotora Time For Fun, o ex-beatle tocará no dia 29 de outubro no Credicard Hall, em São Paulo, e no dia 31 de outubro no Teatro Positivo, em Curitiba. Preços dos ingressos e data de vendas serão anunciadas futuramente.

Os shows integram uma turnê pela América Latina que se extenderá novembro afora por vários países. Ringo e a atual encarnação de sua All Starr Band estão lançando um novo DVD, Ringo At The Ryman (UME), gravao ao vivo em Nashville no dia do aniversário do célebre baterista, 7 de julho de 2012, quando ele completou 72 anos de idade.

O roqueiro britânico também comemora o fato de que, no dia 12 de julho, será inaugurada no Museu do Grammy (situado em Los Angeles) a exposição Ringo: Peace & Love, primeiro evento desse gênero a ter como personagem principal um baterista. A mostra enfoca sua brilhante carreira como integrante dos Beatles e artista solo.

A escalação da All Starr Band atualmente inclui os músicos Steve Lukather (Toto), Gregg Rollie (Santana), Richard Page (Mr. Mister), Todd Rundgren (astro solo e líder da banda Utopia), Mark Rivera e Gregg Bissonette. Além de músicas do repertório de Ringo, o grupo toca sucessos das trajetórias de seus integrantes, o que gera um show composto apenas por hits.

Broken Wings (ao vivo), com a All Starr Band:

Africa (ao vivo), com a All Starr Band:

Love Me Do – The Beatles (Parlophone- 1963)

Por Fabian Chacur

Please Please Me, primeiro álbum dos Beatles, chega aos 50 anos de seu lançamento soando ainda urgente, juvenil e bom de se ouvir. Muito bom, por sinal. Era o pontapé inicial de uma discografia no formato LP que se tornaria a melhor e mais significativa da história do rock e da música popular em geral.

O álbum inclui 14 faixas, sendo que quatro delas – Love Me Do, P.S. I Love You, Please Please Me e Ask Me Why, todas de autoria de John Lennon e Paul McCartney, haviam sido lançadas nos meses anteriores. Outras quatro da dupla e seis covers escolhidos a dedo complementam o set list.

Pode ser dito, sem medo de errar, que Please Please Me é um dos primeiros álbuns de rock da história a não ser apenas uma reunião de singles lançados anteriormente e faixas gravadas às pressas para tapar buracos. Usando uma frase em inglês que sintetiza bem essa minha opinião, “all killer no filler” (“só faixas matadoras”, sem nada para encher buraco, em tradução livre). E com 10 músicas gravadas em menos de um dia!

Ao contrário de outros grupos que surgiram no mundo do rock se opondo ao que havia sido feito anteriormente, o som dos Beatles sempre conseguiu o raro equilíbrio de reverenciar com carinho coisas boas feitas pelas gerações anteriores e apresentar seu som próprio e recheado de novidades e marcas de estilo até hoje copiadas no cenário pop.

O rock and roll cinquentista é homenageado em releituras matadoras de Twist And Shout (que embora seja dos anos 60 tem toda cara dos anos 50) e Boys. O romantismo mais tradicional aparece em A Taste Of Honey, enquanto o rhythm and blues surge em Anna (Go To Him). Pop até a medula, Chains é da dupla Carole King-Jerry Goffin, dois gênios do setor.

I Saw Her Standing There (de Lennon e McCartney)abre o álbum com uma levada totalmente original, uma nova interpretação do rock and roll original com direito a uma das linhas de baixo mais matadoras de todos os tempos, prova de que Paul McCartney já esbanjava criatividade como músico logo no início da carreira.

Please Please Me, faixa que dá nome ao álbum, é para mim um dos primeiros exemplos do que depois seria rotulado como “power pop”, ou seja, aquele tipo de rock com refrão contundente, riffs de guitarra ágeis e formato condensado, raramente ultrapassando três minutos de duração. Aqui, são só dois, e arredondando!

Outro momento pop rock autoral bem bacana é Misery, esbanjando ingenuidade, frescor quase adolescente e um refrão encantador, marca de grandes momentos dos Beatles. Outra que se vale de menos de dois minutos para dar seu recado.

Love Me Do, o célebre primeiro single, traz na gaita de John Lennon sua marca registrada, que também está em outra canção da griffe Lennon/McCartney incluída neste álbum, There’s a Place. E outro momento balada, Baby It’s You, traz outro autor seminal na história da música pop, o genial maestro Burt Bacharach, outro estilista nessa praia.

P.S. I Love You, lançada originalmente como lado B do single Love Me Do, investe em simplicidade, delicadeza, enquanto o lado B do compacto Please Please Me, Ask Me Why, tem um leve tempero latino no meio, esbanjando despretensão e romantismo em seus acordes.

Do You Want To Know a Secret, embora seja de autoria de Lennon e McCartney, foi interpretada (e muito bem) por George Harrison. A desenvoltura da banda em termos vocais já nesse primeiro álbum é impressionante, pois além de Paul e John, que dominam a cena, George e Ringo (esplêndido em Boys) também eram craques na frente dos microfones. Quatro ótimos cantores em uma mesma banda!

Em termos instrumentais, os Beatles já se mostravam afiadíssimos nessa estreia, e melhorariam a cada novo lançamento. Please Please Me dava mostras de uma banda coesa, criativa e repleta de energia com um futuro aparentemente promissor, o que se concretizaria de forma impressionante nos anos que se seguiram.

Ouça o álbum Please Please Me, dos Beatles, na íntegra:

Adele é bicampeã de vendas nos EUA com 21

Por Fabian Chacur

Adele inclui mais um ítem importante em sua extensa relação de conquistas. Seu álbum 21 foi o mais vendido no competitivo mercado americano pelo segundo ano consecutivo, segundo dados divulgados pela revista americana Billboard, a bíblia do lado business da música mundial.

O álbum, que inclui hits massivos como Rolling In The Deep, Rumour Has It, Someone Like You e Set Fire To The Rain, vendeu em 2012 nos EUA 4,41 milhões de cópias. Em 2011, o mesmo trabalho teve comercializadas por lá 5.82 milhões de cópias.

A cantora e compositora britânica é a primeira a conseguir ter o mesmo álbum como o mais vendido na terra de Barack Obama por dois anos consecutivos desde que o sistema Nielsen Soundscan começou a medir as vendagens de discos por lá, a partir do ano de 1991.

O segundo posto ficou nas mãos da estrelinha country americana Taylor Swift, cujo Red vendeu durante o ano 3.11 milhões de cópias. A moça vem se mantendo de forma consistente entre os quatro mais vendidos do ano desde 2009.

A boy band britânica One Direction também tem muito o que comemorar, pois emplacou seus dois primeiros álbuns entre os cinco mais vendidos no mercado ianque em 2012, outra façanha inédita durante a Soundscan Era, a partir de 1991.

Up All Night, álbum de estreia do grupo que surgiu em um reality show britânico, ficou no terceiro lugar, com 1.62 milhão de cópias comercializadas, enquanto seu segundo lançamento, Take Me Home, cravou o quinto posto, vendendo em torno de 1.34 milhão.

O ótimo CD Babel, do grupo britânico Mumford & Sons, atingiu o quarto posto, com 1.46 milhão de cópias, e se tornou o único ítem gravado por uma banda de rock a entrar no top 10 americano dos mais vendidos durante 2012, dominado pelo country e pelo pop.

O badalado astro pop canadense Justin Bieber mostrou fôlego ao abocanhar o sexto posto com Believe, com praticamente a mesma marca de Take Me Home, do One Direction. Carrie Underwood, vencedora de uma das edições do American Idol, atingiu o sétimo lugar com Blown Away, que vendeu 1.20 milhão de cópias.

O jovem Luke Bryan viu 1.10 milhão de cópias de seu Tailgates & Tanlines serem vendidas em 2012, enquanto o veterano Lionel Richie viveu o melhor momento de sua carreira desde a década de 80 com o álbum de releituras de pegada country Tuskegee, com 1.07 milhão de exemplares comercializados. Jason Aldean fechou o top 10 com seu Night Train vendendo 1.02 milhão de cópias.

Os fãs dos discos de vinil adquiriram 34 mil exemplares do primeiro álbum solo de Jack White (ex-White Stripes), Blunderbuss, que foi o mais vendido nesse formato nos EUA, seguido por Abbey Road, dos Beatles, com 30 mil cópias comercializadas. Vale lembrar que o álbum dos Fab Four vendeu 41 mil cópias em 2011, tendo sido o disco de vinil mais vendido nos EUA naquele ano. Os clássicos do rock nunca perdem seu apelo comercial.

Ouça Skyfall, tema do filme homônimo, com Adele:

Ravi Shankar foi o guru de George Harrison

Por Fabian Chacur

Uma das marcas da música dos Beatles foi a sua abertura no sentido de incorporar outras sonoridades além do rock and roll. Uma delas, a oriental, entrou no universo da banda de forma mais clara graças ao músico indiano Ravi Shankar, que morreu nesta terça-feira (11) aos 92 anos. Ele foi o guru de George Harrison.

Consta que o citarista conheceu George Harrison e Paul McCartney em 1966, em Londres. Não por acaso, foi naquele mesmo ano, no mitológico disco Revolver, que o “beatle quieto” lançou a música Love You To, com forte influência da música indiana.

Esse tipo de som se mostraria presente em outros momentos de Harrison com os Beatles, entre as quais Within You Without You e The Inner Light. Esta última, por sinal, é bem curiosa, pois soa como um mix de música indiana com a célebre Asa Branca, de Luiz Gonzaga, fato que levou o célebre agitador cultural brasileiro Carlos Imperial a espalhar o boato de que os Beatles gravariam o clássico do Rei do Baião. E o povo na época acreditou!

Shankar influenciou também o ex-beatle em termos pessoais, levando o músico a investir em meditação e em um temperamento ainda mais introspectivo e reflexivo. Em 1971, Shankar incentivou Harrison a promover o primeiro grande show beneficente da história do rock, para Bangladesh, com a participação de Bob Dylan, Eric Clapton e outros astros do rock.

A amizade entre Ravi Shankar e George Harrison se manteve firme e sólida até a morte do ex-beatle, em 2001. O autor de Something disse, certa vez, que Shankar foi a primeira pessoa que realmente o impressinou em toda a sua vida. E olha que ele conheceu muita gente do primeiro escalação da música…

Aliás, Shankar se mostrou figura importante em dois festivais de música que ajudaram o rock a se expandir em termos de público e importância cultural, os festivais de Monterey (1967) e de Woodstock (1969). Ele tocou em ambos, ajudando a tornar a musica indiana mais conhecida no resto do mundo.

O citarista indiano nos deixou duas filhas cantoras, Anoushka Shankar e a popularíssima Norah Jones, que teve em relacionamento fora do casamento e com quem não mantinha contato habitual. Mesmo assim, Norah acabou cancelando os shows que faria esta semana no Brasil em Porto Alegre, Rio e São Paulo para ir se despedir do pai.

Veja Ravi Shankar e George Harrison tocando juntos:

Ouça Prabhujee, com George Harrison e Ravi Shankar:

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