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Por Fabian Chacur

O guitarrista paulistano José Pires de Almeida Neto saiu do Brasil em 1978, quando tinha 24 anos, com o objetivo de investir em uma carreira na cena musical dos EUA. Antes, tinha se formado em violão clássico, dado aulas na escola CLAM, de Amilton Godoy, e tocado com vários músicos. No ano seguinte, foi recrutado pelo cantor e ator americano Harry Belafonte para integrar sua banda de apoio. Era o início de uma trajetória brilhante, que inspirou o documentário The Man Behind The White Guitar, dirigido pelo inglês Richard Michael e produzido pela americana Barbara McVeigh, que será lançado para o grande público em 2020.

Filmado na Califórnia, Nova York, Reino Unido e Brasil, este filme traz cenas de shows, entrevistas com o artista em foco e também com alguns dos grandes nomes com os quais trabalhou, entre os quais Belafonte, Airto Moreira e Steve Winwood, que ressaltam não só o seu talento musical, mas também sua capacidade de encantar e cativar as pessoas com uma filosofia de vida positiva e repleta de tiradas inteligentes e inspiradoras.

José Neto (como é mais conhecido na cena musical) tocou durante 30 anos com Harry Belafonte, do qual chegou a ser diretor musical. Ele atuou ao lado de outros dois brasileiros que fizeram fama no exterior, a cantora Flora Purim e o percussionista Airto Moreira. Os três criaram o grupo Fourth World, que lançou cinco álbuns na década de 1990 e cativou o público internacional com sua mistura de jazz, música brasileira e latina.

Em seu currículo extenso, Neto trabalhou com o consagrado produtor, compositor e artista Narada Michael Walden, George Benson e a pianista, cantora e compositora brasileira Tânia Maria, e também lidera há mais de 25 anos a Netoband, que integra ao lado de Gary Brown, Frank Martin, Celso Alberti e Café e cujos shows já percorreram os EUA e o Reino Unido, atraindo as atenções do público e também dos músicos.

Aliás, foi em um show da Netoband em Londres lá pelos idos de 1995 que José Neto conheceu Jim Capaldi, ex-integrante da banda britânica Traffic, que ficou apaixonado por seu trabalho. Não demorou para que Capaldi apresentasse o brasileiro a outro ex-Traffic, o cantor, compositor e músico Steve Winwood. Logo a seguir, Neto participaria tocando violão na faixa Plenty Lovin’, do álbum Junction Seven (1997), de Winwood.

Quando resolveu criar um projeto musical que teria como base um trio composto por órgão, bateria e guitarra, Winwood pensou na hora em José Neto e o convidou. Os dois e mais o baterista cubano radicado nos EUA Walfredo Reyes Jr., aliados a alguns acréscimos de sopros e percussão, gravaram About Time (2003), espetacular álbum solo de Steve Winwood.

Neste CD, Neto não só tocou guitarra e violão como também inaugurou sua parceria com Winwood, assinando com ele as músicas Cigano (For The Gypsies), Domingo Morning e Silvia (Who Is She?).

Em 2003, um show de Winwood com Neto na guitarra foi gravado, exibido na TV pública americana PBS e depois lançado em DVD com o título Sound Stage- Steve Winwood- Live in Concert (saiu aqui pela extinta Indie Records). Além de músicas de About Time, também temos releituras de clássicos da carreira do artista como Can’t Find My Way Home, Dear Mr. Fantasy e Back In The High Life Again. A performance é matadora.

Essa parceria renderia novos e belos frutos no álbum de estúdio seguinte de Winwood, Nine Lives (2008), com as músicas escritas por eles Fly, Raging Sea, Hungry Man, Secrets, At Times We Do Forget e Other Shore.

The Man Behind The White Guitar foi exibido em 2019 em festivais e eventos privados, e será disponibilizado para o público em algum momento de 2020. No Brasil, possivelmente em um festival do tipo In-Edit, aquele dedicado aos documentários musicais. Um dos apoiadores foi o Banco Fator, de São Paulo.

Veja o trailer de The Man With The White Guitar: