joao_bosco_galosdebriga.jpgQuando se preparava para gravar o terceiro álbum, João Bosco estava completando trinta anos. De um futuro engenheiro que tocava nas horas vagas, tornou-se cantor, compositor e violonista profissional. Ficou conhecido inicialmente como autor de Dois Pra Lá Dois Pra Cá, gravada por Elis Regina, e estourou com as próprias pernas em 1975 com o álbum Caça À Raposa, dos sucessos O Mestre-Sala dos Mares, De Frente Pro Crime e Kid Cavaquinho. Chega a ser difícil acreditar que, apenas um ano depois, o artista mineiro tenha conseguido nos oferecer um trabalho tão brilhante como Galos de Briga. Perfeito em todos os aspectos.

A foto do parceiro e letrista Aldir Blanc não aparece no mesmo nível da de Bosco na contra-capa do disco por acaso. A química entre os dois era impecável. O tema das canções gira em torno de relacionamentos afetivos desgastados, noitadas em lugares suspeitos, personagens exóticos da noite e algumas estocadas na então em vigor Ditadura Militar. Tudo com muito bom humor e lirismo. Por sua vez, o João que de fato interessa na MPB dá um banho, cantando maravilhosamente bem e com dicção perfeita, tocando um violão rítmico e repleto de acordes e esbanjando variações para emoldurar os versos de Blanc.

Na essência, é um disco de samba, mas com muitas incursões em outras áreas, como latinidade, bolero, música portuguesa, baladas, marcha-rancho e até, pasmem, uns toques de rock e jazz. O triste final de amores antigos na dolorida Latin Lover, a ironização das brigas de casais em Incompatibilidade de Gênios, o ódio contra as injustiças sociais na sacudida O Ronco da Cuíca, lirismo em O Rancho da Goiabada…… Galos de Briga é a prova de que, sim, um flamenguista (João Bosco) e um vascaíno (Aldir Blanc), ambos fanáticos, podem, sim, gerar uma parceria do tipo Pelé/Coutinho no âmbito musical.

João Bosco canta Incompatibilidade de Gênios ao vivo:

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