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Caetano Veloso, 80 anos, magia de ser eternamente relevante

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Por Fabian Chacur

Conheci Caetano Veloso pessoalmente em 1985, ao participar de uma entrevista coletiva concedida por ele à imprensa no hotel Maksoud Plaza. Entre as diversas perguntas feitas pelos jornalistas presentes, uma pedia a ele uma opinião sobre os grupos britânicos The Smiths e New Order, então extremamente badalados por aqui. E ele gastou alguns bons minutos para responder. Logo de cara, tive contato com uma das marcas registradas desse cantor, compositor e músico baiano, que completou 80 anos neste domingo (8).

Até os dias de hoje, a mídia parece sempre querer saber o que Caetano Veloso pensa sobre cada novidade musical que surge. Isso, para ficarmos na área abordada por Mondo Pop. Pois seus pitacos sobre política, moda, economia, cinema, TV etc (e tome etc) também são solicitados de forma constante. Isso, quando necessário, pois com frequência o próprio artista se antecipa e discorre sobre esses temas todos. Falar é com ele mesmo.

E é bom ressaltar que isso não ocorre por oportunismo dele. É de seu espírito ser assim, atento ao que acontece no Brasil e no mundo e afim de interagir e tentar entender o mundo em suas eternas mudanças. E isso se reflete nele próprio, um ser mutante por natureza, capaz de ir do voz e violão ao acompanhamento orquestral, passando por todas as possibilidades entre uma coisa e outra, sem medo de experimentar.

Cria da bossa nova de Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes, Caetano não demorou para mergulhar em outros mares sonoros. Sem preconceitos, flertou com os Beatles, Odair José, Smetak, Rogério Duprat, Talking Heads, Pixies, poesia concreta, axé music e o que mais pintasse. E sempre saiu inteiro de cada uma dessas experiências, mesmo quando não deu muito certo em termos qualitativos.

Minha primeira experiência com ele foi logo com um disco mais ousado, Caetano Veloso (1971), gravado durante o seu exílio em Londres provocado pela gloriosa ditadura militar. A música Maria Bethania sempre me encantou com a sua mistura de música regional e erudita e os seus vocais onomatopaicos com efeito de mastigação, como se deglutisse as palavras.

Uma coisa curiosa é perceber que o autor de Sampa nunca teve momentos de ostracismo ou de grandes sumiços da mídia. Em cada década, ele sempre esteve lançando novos trabalhos, fazendo shows pelo Brasil e o mundo e sendo citado por novos artistas como uma influência importante. Raros artistas tem esse poder, e ainda mais por tantas décadas. Paul McCartney, seu colega de ano de nascimento, é um deles, sendo Milton Nascimento, da mesma classe de 1942, outro bom exemplo a ser citado.

Caetano tem o dom de trafegar entre todas as classes sociais, capaz de emplacar hits muito populares e também encantar os fãs de experimentalismo. Um caso raro de unanimidade nacional? Bem, ele tem lá os seus detratores, mas como levá-los a sério, se observarmos a obra do artista em questão? Alguns se aproveitam de incursões menos felizes no cinema e em livros para tentar, mas são vaciladas tão pequenas que é melhor não levá-los a sério.

A qualidade da obra artística de Caetano Veloso é reverenciada em todo o planeta, e serve como uma boa amostra de como o Brasil consegue, mesmo com todas as suas contradições seculares, produzir artistas desse altíssimo gabarito. Uma obra que permanecerá perene e relevante daqui a 50, 100, 200, mil anos. De um cara tranquilo e infalível como Bruce Lee.

Maria Bethania– Caetano Veloso:

Ivan Lins, Joyce Moreno e Marcos Valle em uma agridoce ode ao Rio

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Por Fabian Chacur

Coincidência triste o fato de Casa Que Era Minha ser lançada nesta sexta (7), um dia após o terrível morticínio ocorrido no Rio de Janeiro, vitimando 25 pessoas. A composição, que marca a primeira parceria entre Ivan Lins, Joyce Moreno e Marcos Valle, está disponível nas plataformas digitais pela gravadora Deck. Um clipe gravado de forma remota também pode ser curtido, como forma de ilustrar um “sambossa” de tom agridoce que ao mesmo tempo homenageia e lamenta o atual estado de coisas na outrora Cidade Maravilhosa.

Essa canção já nasceu clássica, e conta com uma letra repleta de sutileza e lirismo escrita por Joyce Moreno, que canta e toca seu violão envolvente. Ivan Lins e Marcos Valle, que se incumbiram dos teclados, também se alternam com a cantora nos vocais. Completam o time de músicos Alberto Continentino (baixo), Renato Massa Calmon (bateria) e Jessé Sadoc (flugelhorn). O resultado é um banho de delicadeza e melancolia, que no entanto injeta esperança em que a ouvir de que tempos melhores possam invadir o nosso querido Rio de Janeiro.

Eis a letra de Casa Que Era Minha:

Minha bem amada
Casa que era minha
Quem te maltratou
Te fez tão sozinha
Diga

Musa abandonada
Por tudo que tinha
Quem vai te salvar
Das aves daninhas
Diga

Quem me dera te proteger
Desses tantos perigos
Aquela que é mãe pra nós
E que nos criou
Com sua voz

Ó cidade amada
Minha patriazinha
Deixa eu te abraçar
Sonhar que ainda és minha
Minha

Casa Que Era Minha (videoclipe)- Ivan Lins, Joyce Moreno e Marcos Valle:

Alexia Bomtempo mostra em Suspiro sua versão da bossa nova

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Por Fabian Chacur

A cantora Alexia Bomtempo nasceu em Washington D.C. (EUA), filha de pai brasileiro e mãe americana. Foi criada no Brasil, mas com várias passagens por seu país de origem. Isso criou uma espécie de dualidade cultural em sua formação pessoal que se refletiu em uma trajetória musical com mais de 10 anos.

Há quase oito anos radicada em Nova York, Alexia está lançando Suspiro (que saiu no Brasil pela Lab344, ouça aqui), seu quarto álbum, no qual mergulha em uma visão própria da bossa nova, com direito a canções autorais, inéditas de outros compositores e clássicos nada óbvios daquele movimento musical, de autores como Jorge Ben Jor, João Donato e Edu Lobo.

Em entrevista feita por email a MONDO POP, ela conta tudo sobre o novo trabalho e também nos dá uma geral em sua interessante e bastante consistente trajetória como cantora e compositora.

MONDO POP- Suspiro, seu novo álbum, é um trabalho bem diferente do seu álbum anterior, mais voltado para o pop-rock. Este novo tem um espírito bem de bossa moderna. Como surgiu a ideia de fazer um CD com essa sonoridade?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu passei uns meses em Tokyo fazendo uma residência de jazz e tive uma espécie de “reencontro” com a bossa nova. Fiz um mergulho naqueles discos que foram a base da minha formação musical, comecei a compor músicas novas e convivi muito com amigos e fãs japoneses completamente apaixonados por bossa nova. Voltei pra Nova York com a ideia de fazer um album que explorasse esse universo.

MONDO POP – O repertório de Suspiro mescla faixas inéditas e releituras nada óbvias. Que critérios você seguiu para fazer a seleção? Desde o início a ideia era mesclar idiomas (português, francês e inglês)?
ALEXIA BOMTEMPO
– A gente já tinha o conceito do álbum, que era saudar esse movimento samba-bossa-jazz dos anos 60 e 70, mas com um pensamento moderno. Apesar de fazer minhas próprias músicas, sempre gostei de cantar canções de outros compositores. Adoro pesquisar repertório e encontrar pérolas, relembrar músicas que foram lançadas lá atrás com roupagem diferente. Eu, o Jake e o Stéphane fomos trocando ideias e selecionando o repertório de forma colaborativa. Sou naturalmente bilíngue, sempre cantei em inglês e português e com esse álbum não poderia ser diferente. A bossa nova tem ligação forte com a cultura francesa e achamos bacana explorar esse idioma também.

MONDO POP- Como ocorreu a seleção das faixas inéditas? O objetivo era misturar canções de sua autoria com as de outros compositores ou isso acabou ocorrendo naturalmente?
ALEXIA BOMTEMPO
– O objetivo era esse, mas tudo aconteceu naturalmente. Eu já tinha algumas músicas prontas, depois fiz outras com o Jake pensando mais no conceito do álbum. O Stéphane estava passando uns dias no Rio nessa fase de pré-produção do disco e pediu canções inéditas ao Alberto Continentino e ao Domenico Lancellotti – dois compositores que eu adoro.

MONDO POP- A sonoridade do álbum é muito coesa, delicada e elegante, e soa como um trabalho de banda. Essa era a sua ideia inicial? Escolheu os músicos pensando nisso?
ALEXIA BOMTEMPO
– Sim, a ideia era fazer um disco com essa sonoridade de banda. Chamamos o pianista Vitor Gonçalves e o baixista Eduardo Belo (ambos brasileiros radicados em Nova York), que já vinham tocando com o Stéphane num outro projeto de samba-jazz. Foi bacana, porque já existia todo um entrosamento. O Jake, apesar de ter muita experiência com música brasileira, vem de uma formação mais jazz e blues que somou muito pra chegarmos nesse lugar delicado, elegante e internacional.

MONDO POP- Qual a importância dos produtores Jake Owen e Stéphane San Juan na concretização do álbum Suspiro, e como rolou o dueto com Stéphane em Les Chansons D’Amour?
ALEXIA BOMTEMPO
– O Jake e o Stéphane foram fundamentais. Eles são produtores fantásticos, pessoas lindas e profissionais incríveis. Todo o processo de feitura do disco se deu de uma forma muito leve, divertida e colaborativa – desde a escolha do repertório. Achamos que seria interessante ter uma música em francês, pela bossa nova ter um elo tão vivo com a cultura francesa e o Stéphane fez a letra pra música do Alberto Continentino, que resultou em Les Chansons D’Amour. O dueto também é uma referência aos duetos clássicos de bossa nova. A voz grave do Stéphane combinou muito com a minha e acho que a gravação transporta o ouvinte para outra atmosfera. Ah, e o Stéphane é francês!

MONDO POP- Fale um pouco sobre o clima das gravações, se você gravou com os músicos ao mesmo tempo ou naquele esquema de ir criando aos poucos a base instrumental para depois colocar a voz.
ALEXIA BOMTEMPO
– Gravamos no SuperLegal Studio (do Jake e do percussionista Mauro Refosco) que fica no Brooklyn, tudo ao vivo, com os músicos tocando ao mesmo tempo, “como se fazia antigamente” – inclusive a voz. Os arranjos foram feitos na hora, sem muito ensaio. Eu, o Jake e o Stéphane já tínhamos escolhido o repertório e conhecíamos as músicas, mas o Eduardo e o Vitor foram ouvindo as ideias na hora, deixando a criatividade fluir, e contribuíram imensamente na elaboração de cada faixa. Foi muito leve e divertido, gravamos as bases em dois dias e depois convidamos o trompetista Michael Leonhart para participar. Ele é um músico fantástico e apaixonado por bossa nova. Também chamamos o guitarrista Guilherme Monteiro para participar da faixa “Les Chansons D’Amour” e ele fez o arranjo no violão rapidamente, de uma forma muito natural. Eu amei fazer um disco assim, livre (e em pouco tempo).

MONDO POP- Gostaria de que você me lembrasse um pouco de suas origens, sendo filha de um brasileiro e de uma americana e tendo nascido em Washington. Foi criada lá ou aqui? E como foi essa criação em termos musicais, o que seus pais ouviam, o que você ouvia na infância e adolescência?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu fui criada nos Estados Unidos e no Brasil. Minha vida foi meio partida entre os dois países, foram muitas idas e vindas ao longo dos anos. Sempre me senti dividida, e as influências das duas culturas se misturam muito dentro de mim. A minha formação musical também foi assim, misturada. Em casa a gente ouvia os clássicos do Brasil (Caetano, Gil, Djavan, Tom Jobim, Gal, Rita Lee, João Gilberto) e da América do Norte (Bob Dylan, Billie Holiday, Joni Mitchell, Janis Joplin, Leonard Cohen). Meu pai era produtor cultural em Petrópolis, então tive a sorte de crescer na coxia, assistindo de perto os shows dos grandes nomes da música brasileira. Foi uma infância muito estimulante e eu sempre soube que queria fazer parte daquele mundo algum dia.

MONDO POP- Relembre um pouco suas primeiras experiências musicais, e em que momento você decidiu que esse seria o seu projeto profissional, ser uma cantora e compositora.
ALEXIA BOMTEMPO
– Durante a minha infância e pré-adolescência no Brasil, estudei teatro no Tablado. Já gostava de cantar, mas comecei no teatro. Já com 17 anos e morando nos Estados Unidos, entrei para o coral da escola e comecei a me destacar. E então resolvi abraçar a música de vez. Voltei pro Brasil, montei uma banda e toquei na noite durante um tempo. Depois, resolvi estudar canto lírico nos Estados Unidos e fiquei na faculdade por dois anos antes de voltar novamente ao Brasil. Conheci o produtor Sérgio Carvalho, que produziu minha primeira demo e depois me apresentou seu irmão Dadi – que se tornou um grande amigo, um padrinho musical e produziu meu primeiro disco, Astrolábio.

MONDO POP- O que te levou a se mudar para Nova York há quase oito anos?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu estava lançando o meu segundo disco I Just Happen to Be Here com canções em inglês do Caetano Veloso que me abriu algumas portas fora do Brasil. Já vinha passando umas temporadas em Nova York, sempre fui fascinada pela energia da cidade, pelo aspecto internacional da arte feita aqui e estava cultivando colaborações musicais – queria fazer parte disso. Fui convidada para tocar no Brasil Summerfest e resolvi vir com uma passagem só de ida – se a coisa fluísse, eu ficava. E assim fiquei de vez.

MONDO POP- Astrolábio foi o seu álbum de estreia, como você o encara com os olhos e ouvidos de hoje?
ALEXIA BOMTEMPO
– Acho que o Astrolábio (n.da r.: lançado em 2008 pela EMI) é um disco de descobrimento, que representa o meu encontro musical com o Dadi, um retrato da minha vida naquela época. É um disco carioca, “feito à mão”, sem pressa, com amizade e doçura.

MONDO POP- I Just Happen To Be Here foi uma bela ideia, um recorte provavelmente inédito da produção do Caetano Veloso de 1969 a 1972 em inglês em um período conturbado e criativo da vida dele. Fale um pouco sobre esse projeto e como encara a sua repercussão.
ALEXIA BOMTEMPO
– A ideia foi do Felipe Abreu, um dos produtores do disco, junto com o Dé Palmeira. O Felipe foi meu preparador vocal e se tornou um grande amigo e conselheiro. Um dia, durante uma aula, cantei London, London e ele teve a ideia de fazermos um disco com o repertório em inglês do Caetano. O conceito era buscar “despir” as canções da carga política e emocional da época em que foram feitas e trazê-las pra perto de mim, da minha história partida entre dois países, duas culturas, duas línguas. Foi um desafio muito interessante, tenho muito orgulho desse disco. E Caetano gostou da homenagem.

MONDO POP- Suspiro saiu primeiro no Japão, país que tem um público muito grande para a bossa nova. Você já tocou lá, tem bons contatos lá? E como foi a reação do público japonês para este álbum?
ALEXIA BOMTEMPO
– Tenho muito amor pelo Japão. O público me acompanha desde o início, já fiz várias turnês e residências e tenho muitos amigos queridos por lá. A ideia do Suspiro surgiu justamente quando eu estava passando uma temporada no Japão e achei muito significativo o fato de o disco ter sido lançado lá primeiro. Eles adoraram.

MONDO POP- O lançamento de Suspiro será só no formato digital ou teremos versões físicas (CD, vinil etc)?
ALEXIA BOMTEMPO
– Temos o CD nos Estados Unidos e no Japão. A ideia é fazer vinil também, mas agora as fábricas estão paradas por causa da pandemia. Então futuramente, espero que sim.

MONDO POP- Como tem sido para você esse período da quarentena? Muitos artistas tem feito lives, você pensa em fazer algo assim (se é que já não fez…)?
ALEXIA BOMTEMPO
– Tem dias que são melhores do que outros. Eu gosto de ficar em casa e tenho aproveitado o tempo pra descansar, compor, ouvir discos, cozinhar, ler… Mas a sensação de não saber como serão os próximos meses é desconcertante e causa muita ansiedade. Estar lançando um álbum novo nesse período tem sido interessante. Muita gente tem me falado que o disco acalma e traz paz de espírito, que é a trilha sonora ideal para esses tempos difíceis – isso é muito gratificante. Tenho feito lives, sim, mas aos poucos e com cuidado, pois também acho que a internet está ficando saturada de conteúdo superficial. É uma maneira bacana de se manter conectado com o público, mas sinto muita saudade da troca que acontece ao vivo, no palco.

Eles Querem Amar (clipe)- Alexia Bomtempo:

Prêmio Grão de Música terá sua 6ª edição com cerimônia em SP

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Por Fabian Chacur

Em tempos nos quais a cultura está sendo colocada em terceiro plano no Brasil, é mais do que importante valorizar premiações criadas exatamente para celebrar e divulgar a nossa maravilhosa diversidade cultural. Criado em novembro de 2014, o relevante Prêmio Grão de Música celebra a sua 6ª edição felizmente com sua força habitual. A cerimônia de entrega dos 15 troféus deste ano será realizada em São Paulo neste sábado (19) a partir das 19h na Sala Olido (Centro Cultural Olido- avenida São João, nº 473- Centro- fone 0xx11-2899-7370), com entrada gratuita.

Idealizado pela cantora e compositora paraibana Socorro Lira e com realização da Liraprocult, Metanoia-Propósito Nos Negócios e Editora Palavra Acesa, o Prêmio Grão de Música não investe em uma mostra competitiva, e a seleção de seus homenageados é feita de forma atemporal, incluindo desde artistas consagrados até novos nomes. Revelar ou destacar obras e trajetórias artística relevantes, escolhidos por uma curadoria com representantes pelo Brasil afora.

Os vencedores recebem uma estatueta em bronze criada pelo consagrado Elifas Andreato, que também se incumbe de toda a identidade visual da premiação. Os vencedores são representados com uma música de cada em uma coletânea lançada em luxuosa versão em CD digipack distribuída gratuitamente e também disponível no site da premiação (acesse aqui).

A cerimônia de premiação terá o próprio Elifas Andreato como mestre de cerimônias, entregando os troféus ao lado da adorável e competente radialista Claudinha Alexandre. O evento também trará apresentações musicais de três dos vencedores de 2019, Geovana (MG), Márcia Tauil (MG) e Mateus Sartori (SP). Temos vencedores de onze estados brasileiros, entre os quais mestres como Rolando Boldrin e Marlui Miranda.

Eis a relação e as músicas dos vencedores do 6º Prêmio Grão de Música:

01. Boi Brasil – Wilson Dias (MG) (de Wilson Dias e João Evangelista Rodrigues)
02. A Voz do Brasil – Eliakin Rufino (Roraima) (de Eliakin Rufino)
03. Atabaque das Antilhas – Geovana (RJ) (de Geovana)
04. Rota de Colisão – Josyara (BA) (de Josyara)
05. A Demão – Mateus Sartori (SP) (de Meyson)
06. Rio Araguaia – Marlui Miranda (CE) (de Marlui Miranda e Ana Miranda)
07. Eu, a Viola e Deus – Rolando Boldrin (SP) (de Rolando Boldrin)
08. Valsa da Saudade – Sabah Moraes (PA) (de Ney Couteiro e Carlos Brandão)
09. Bagunça no Balaio – Márcia Tauil (MG) (de Márcia Tauil e Melissa Mundim)
10. Barrar do Dia – Filpo Ribeiro (SP) (de Filpo Ribeiro e Vlad)
11. Boa Hora – Alessandra Leão (PE) (de Alessandra Leão e Juliano Holanda)
12. Alegoria de Saudade – Gildomar Marinho (CE) (de Gildomar Marinho)
13. Choro do Céu – Bia Bedran (RJ) (de Bia Bedran)
14. Yurupixuna – Lucilene Castro (AM) (Domínio Público)
15. Maré Rasa (Canção de Partida) – John Mueller (SC) (de John Mueller e Gregory Haertel)
* Entre parênteses estão incluídos os autores de cada composição.

Maré Rasa (Canção de Partida) (clipe)- John Mueller e Ana Paula da Silva:

Odair José solta o verbo em mais um belo álbum roqueiro e rebelde

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Por Fabian Chacur

Em 2015, com o álbum Dia 16 (leia a resenha de Mondo Pop aqui), Odair José iniciou uma trilogia roqueira que prosseguiu em 2016 com Gatos e Ratos (leia a resenha de Mondo Pop aqui). Agora, chega a vez de Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio, outro trabalho vigoroso, criativo e com uma assinatura forte e própria. Coisa fina! Uma profissão de fé no nosso velho e bom rock and roll feita no capricho e com letras rebeldes e incisivas.

Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio impressiona bem a partir da embalagem digipack do CD, com direito a encarte caprichado e visual com arte a cargo de Roger Marx que traz desenhos ilustrando a temática das letras. A produção incrível em termos visuais e sonoros conseguiu ser viabilizada graças ao apoio do Proac (programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo), com distribuição a cargo do ótimo selo goiano Monstro Discos, um dos mais ativos do indie rock brasileiro. Aliás, muito legal essa parceria entre eles e um dos mais importantes artistas goianos de todos os tempos.

Com 11 músicas, o álbum teve seu nome criado a partir da união dos títulos das três faixas que o abrem. A sonoridade lembra o rock com tempero blues e hard da década de 1970, pontuado por riffs de guitarra bem bacanas, teclados e a inclusão de gaita e metais aqui e ali. A voz de Odair nunca esteve melhor, algo incrível para quem completou 70 anos em agosto do ano passado. Sinal de que o cara está se cuidando muito bem, especialmente se levarmos em conta a intensidade de cada uma dessas canções.

As letras trazem temas bem atuais unidos a outros bastante presentes na obra do cantor, compositor e músico goiano, mas que também permanecem inseridos no contexto das pessoas. A paixão por descobrir as coisas pelas ondas do rádio (Ouvindo Rádio), a necessidade de dar uma respirada em meio ao caos que vivemos (Hibernar) e a busca do prazer com as “damas da noite” ou com quem quer que seja (Na Casa das Moças, Gang Bang, Liberado, Fetiche) estão em cena.

A obsessão pelas redes sociais é detonada em Fora da Tela, enquanto o lamentável e absurdo apoio do governo atual à liberação geral da posse de armas sofre forte questionamento na virulenta Chumbo Grosso.

O espírito daquele cara que vem do interior para encarar a vida nos grandes centros surge em Rapaz Caipira e Imigrante Mochileiro, e o dia-a-dia nessas cidades inspirou Pirata Urbano. Além de uma excelente banda, o disco também traz participações de Toca Ogan e Jorge du Peixe (da Nação Zumbi) e das cantoras do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira. Timaço que dá show de rock.

Após viver longos períodos fora da mídia e sem poder fazer aquilo que realmente desejava, hoje Odair José usufrui com categoria da liberdade artística que conquistou a duras penas, como prova esse muito bacana Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio. Quem sai no lucro somos nós. Que venham mais coisas boas pela frente, quem sabe um DVD gravado ao vivo com esse repertório roqueiro ou coisa do gênero. Pois agora, quem dá as cartas é ele. Melhor assim!

Ouça Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio na íntegra:

Mart’nália faz deliciosa viagem pela obra de Vinicius de Moraes

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Por Fabian Chacur

Há artistas que possuem uma forte assinatura autoral naquilo que fazem. Mart’nália integra esse restrito grupo a partir de sua voz, que consegue conciliar um registro mais áspero com uma doçura que você reconhece logo nos primeiros segundos de suas interpretações. Versátil, ela é cantora, compositora, musicista, produtora… Com 32 anos de carreira discográfica, ela dedica o seu novo álbum a um dos repertórios mais nobres da música brasileira. O título entrega o conteúdo: Mart’nália Canta Vinícius de Moraes, lançamento da Biscoito Fino que já está disponível em CD e nas plataformas digitais.

Este novo trabalho de Mart’nália começou bem logo na escolha de seus produtores, o saudoso baixista Arthur Maia e o guitarrista Celso Fonseca. Essa dupla talentosíssima soube arregimentar músicos que, junto com eles, foram capazes de dar conta de uma sonoridade centrada na música brasileira, mas com uma fluência jazzística e apego às sutilezas elegantes.

A escolha do repertório equivale a uma significativa amostra do que melhor o nosso amado Poetinha fez em sua carreira no mundo da música popular, trazendo exemplares de suas parcerias com Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra e Hermano Silva. De quebra, temos a voz do próprio abrindo e fechando o CD, com seu tom agradável e mais afinado do que quem não conhece a sua história pode imaginar. Poeta, sim, e dos bons, mas um vocalista bastante respeitável, sem ser um Pavarotti, obviamente.

Com seu estilo próprio e descontraído, Mart’nália aproveita essa roupagem bacana imprimida às músicas de Vinícius para dar a elas releituras elegantes, reverentes e respeitosas, mas sem cair na mera repetição, armadilha em que alguns intérpretes caem quando ficam diante de canções tão clássicas e tão icônicas como essas contidas neste trabalho.

Além do homenageado, temos as participações de Maria Bethânia recitando o Soneto do Corifeu, interpolado em Eu Sei Que Vou Te Amar, a cantora italiana radicada na França Carla Bruni em versão bilíngue de Insensatez, e de Toquinho na sua parceria com Vinícius Tarde em Itapoã. A irreverência de A Tonga da Mironga do Kabuletê e Maria Vai Com As Outras, o ode à saudade de Onde Anda Você, o lirismo de Minha Namorada, é um clássico atrás do outro.

Mart’nália Canta Vinícius de Moraes é o tipo do tributo que esse grande nome da cultura brasileira merece, um verdadeiro banho de sensibilidade, talento e respeito. Difícil ser mais elegante e swingada do que Mart’nália foi com essas canções tão maravilhosas, que refletem o melhor de um país que a gente ama e respeita mais do que nunca. Cultura é isso!

Onde Anda Você– Mart’nália:

Tom Zé canta em São Paulo para celebrar relançamento do 1º LP

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Por Fabian Chacur

Tom Zé deve se lembrar com uma certa afetividade do ano de 1968. Apesar do conturbado clima político pelo qual o Brasil passava naquele período, o cantor, compositor e músico baiano venceu o IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com a música São São Paulo, além de participar do histórico álbum Tropicália Ou Panis Et Circensis. De quebra, ainda lançou o seu primeiro e muito elogiado álbum solo, Grande Liquidação, que a Polysom acaba de relançar no formato vinil de 180 gramas, como parte de sua série Clássicos em Vinil.

E é para celebrar essa reedição que o artista se apresenta nesta quinta-feira (4) às 21h em São Paulo no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, nº 1.000- Paraíso- fone 0xx11-3397-4002), com ingressos ao preço único de R$ 25,00.

Grande Liquidação conta com produção de João Araújo, pai de Cazuza e posteriormente diretor da gravadora Som Livre, arranjos dos brilhantes Damiano Cozella e Sandino Hohagen e participação das bandas Os Brazões e Os Versáteis. Com 12 composições de Tom Zé, o disco tem como destaque São São Paulo, que por sinal integra a trilha sonora da novela que a Globo estréia nesta terça (2), Órfãos da Terra. Outras faixas marcantes são Parque Industrial, Glória, Namorinho de Portão e Sabor de Burrice.

Ouça Grande Liquidação em streaming:

Tavito, de Rua Ramalhete e muito, mas muito mais, agora é saudade

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Por Fabian Chacur

Há artistas que ficam tão marcados por uma determinada canção de sucesso que há quem pense ser o cidadão em questão o chamado “one hit wonder”, ou seja, maravilha de um sucesso só. Felizmente, Tavito não se encaixa nessa definição. Muitos o conhecem graças ao grande hit Rua Ramalhete, de 1979, mas este grande cantor, compositor, músico, produtor e arranjador mineiro nos proporcionou muito mais durante seus aproximadamente 50 anos de trajetória musical. Ele infelizmente nos deixou nesta terça (26), deixando um legado musical no qual a qualidade e a sensibilidade sempre foram marcas indeléveis.

Luis Otávio de Melo Carvalho nasceu em Belo Horizonte (MG) no dia 26 de janeiro de 1948. Ele começou a se tornar conhecido no cenário musical brasileiro ao integrar o mitológico grupo Som Imaginário, ao lado de feras do calibre de Fredera (guitarra), Robertinho Silva (bateria), Luis Alves (baixo), Zé Rodrix (teclados e vocais), Naná Vasconcelos (percussão) e Wagner Tiso (teclados). Gravou três discos seminais e importantes com eles e participou de projetos com Milton Nascimento na década de 1970.

Tavito era um craque no quesito arranjos vocais, e seu nome aparece nos créditos dos discos de grandes nomes da música brasileira, entre eles o seminal Nos Dias de Hoje (1978), de Ivan Lins. O arranjo feito por ele para Cantoria, canção incluída nesse trabalho (ouça aqui), serve como bom exemplo da maestria com a qual ele atuava nessa área. Coisa de gênio.

Em 1979, ele deu início à carreira-solo com o álbum Tavito, um clássico da música brasileira com acento folk-rock-pop que inclui, além de Rua Ramalhete, maravilhas do porte de Começo, Meio e Fim, Cowboy e a sua leitura para Casa do Campo, maravilha eternizada por Elis Regina e que ele escreveu com Zé Rodrix. Um disco sublime, que foi seguido por outros também bem bacanas, mas que não tiveram a mesma repercussão. Aí, ainda nos anos 1980, ele resolveu se dedicar aos jingles e a produzir e compor para trabalhos alheios.

Nos anos 2000, Tavito voltou com força à cena com shows, eventuais lançamentos e participações em festivais da canção. Sempre acessível e simpático, ele fez sua última gravação lançada até o momento no álbum Nós do Rock Rural, gravado ao vivo em fevereiro de 2018 no Sesc Vila Mariana ao lado de Tuia Lencioni, Guarabyra, Ricardo Vignini e Zé Geraldo. Por sinal, ele iria participar do show de lançamento deste CD, no último dia 17, no Sesc Pinheiros, mas sua saúde o impediu. Adeus, beatlemaníaco adorável!

Tavito (1979)- ouça o álbum completo em streaming:

Moacyr Franco relê seus hits e causos em show único no RJ

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Por Fabian Chacur

A frase é um clichê, mas parece ter sido feita sob encomenda para ele: Moacyr Franco já era multimídia antes mesmo desse termo ter sido criado. Seu talento é tão multifacetado que muitos podem se esquecer do incrível talento desse cara como cantor e compositor. Aos 81 anos de idade e ainda na ativa, para felicidade de seus inúmeros fãs, ele é a atração no Rio neste sábado (28) às 21h no Teatro Bradesco Rio (Avenida das Américas, nº 3.900- Loja 160- Shopping VillageMall-Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos de R$ 50,00 a R$ 120,00.

O jogo de cintura desse artista oriundo de Ituiutaba (MG) invadiu o Brasil há mais de 60 anos. Nesse tempo todo, ele esbanjou categoria como cantor, compositor, diretor, ator de cinema, TV e teatro, apresentador de TV, garoto propaganda, humorista e coisas das quais a gente nem se lembra ou imagina. Seu carisma e versatilidade o levaram a se tornar um astro a partir da década de 1960, e desde então sua figura se tornou presença segura na mídia em geral.

Neste show, Moacyr nos oferecerá uma geral em seu vasto repertório de sucessos musicais, entre os quais Doce Amargura, Coração Sem Juízo, Querida, Balada Nº 7, Cartas na Mesa, Suave é a Noite, Querida, Ainda Ontem Chorei de Saudade e a irreverente Tudo Vira Bosta, que Rita Lee gravou em seu CD Balacobaco, de 2003. Lógico que, entre uma música e outra, ele contará causos e histórias de sua trajetória de vida e carreira artística, com seu jogo de cintura e simpatia.

Moacyr Franco é um daqueles artistas do quais todos se lembram, sendo que cada um devido a uma de suas áreas de atuação. Recentemente, ele atuava no A Praça é Nossa, do SBT, mas saiu de lá, rumo a outros projetos bacanas. Até marchinhas de carnaval o cara já fez, e uma delas está mais atual do que nunca, aquela do delicioso refrão “hei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí”. Em poucas palavras, um gênio.

20 Super Sucessos- Moacyr Franco (ouça em streaming):

Zé Guilherme homenageia um lendário Orlando Silva em CD

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Por Fabian Chacur

O cantor Orlando Silva (1915-1978) foi provavelmente o primeiro grande ídolo popular da nossa música. Não por acaso, recebeu o apelido de O Cantor das Multidões, graças ao sucesso que suas interpretações intensas ganharam por parte do público. O cearense radicado em São Paulo Zé Guilherme resolveu homenageá-lo com um CD cujo repertório será apresentado nesta sexta-feira (29) em São Paulo no Bistrô Esmeralda (rua Esmeralda, nº 29- Aclimação- fone 0xx11-95850-0040), com ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

Com distribuição da Tratore, o CD Abre a Janela- Zé Guilherme Canta Orlando Silva traz canções importantes do repertório do saudoso intérprete relidas de forma personalizada e com arranjos caprichados. “Resgatar e reler a obra desse artista que foi, desde a minha infância, o combustível para meu desejo de ser cantor, faz desse um momento ímpar na minha carreira. Minha principal diversão era ouvir no rádio a voz majestosa e brejeira do cantor, considerado a maior voz masculina do Brasil”, afirma o artista ao justificar seu belo projeto.

Em seu show, Zé Guilherme interpretará clássicos do porte de A Jardineira, Dama do Cabaré, Aos Pés da Cruz, Lábios Que Beijei, Preconceito, O Homem Sem Mulher Não Vale Nada e Alegria, entre outros. A seu lado, estarão os músicos Cezinha Oliveira (violão e direção musical), Adriano Busko (percussão) e Pratinha Saraiva (flauta).

Alegria– Zé Guilherme:

Preconceito– Zé Guilherme:

Pela Primeira Vez– Zé Guilherme:

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