Com a morte do tecladista americano Billy Preston, mais um músico que gravou com os Beatles deixa o plano material e viaja rumo à eternidade. Seu legado é dos mais ricos.

Billy PrestonTecnicamente, o título desta matéria é impreciso. Billy Preston nunca foi um beatle de fato. Mas, de certa forma, esse grande cantor, compositor e principalmente tecladista merece e muito ser lembrado como mais um dos “quintos beatles”, ao lado de George Martin e Brian Epstein, por exemplo. Afinal, é só conferir lá no compacto Get Back/Don’t Let Me Down : o disquinho é creditado a The Beatles With Billy Preston. Só ele teve direito a esta reverência por parte dos Fab Four. E basta conferir sua participação no disco Let It Be , tocando teclados (especialmente o órgão Hammond) de forma magistral e original, para se dar razão aos quatro de Liverpool. Billy nos deixou no dia seis de junho de 2006, vítima de doença renal. Ele estava em coma desde novembro do ano passado. Seu problema de saúde surgiu em 2002 após um transplante de rim que não foi bem sucedido, e o obrigou a ser submetido a constantes diálises. Ele deixou o plano material aos 59 anos de idade, ou seja, ainda muito novo. Uma de suas últimas aparições públicas ocorreu no ano passado, em homenagem realizada a Ray Charles, com quem ele tocou nos anos 60. Preston também participou, em 29 de novembro de 2002, do fantástico show em homenagem a George Harrison realizado no The Royal Albert Hall, em Londres, e eternizado no CD/DVD Concert For George .

Nascido em nove de setembro de 1946 na cidade de Houston, no estado americano do Texas, Billy Preston começou muito jovem sua ligação com a música. Aos dez anos de idade, no finalzinho dos anos 50, participou de St.Louis Blues, filme estrelado por Nat King Cole e que retratou a vida do músico W.C. Handy, considerado um dos pais do blues. Nos anos 60, acompanhou músicos como Sam Cooke e Little Richard, e numa turnê pela Inglaterra em 1962, conheceu os ainda iniciantes Beatles, que ficaram fascinados com seu talento e também queriam saber histórias de Richard, ídolo principalmente de McCartney. Após tocar com Ray Charles e também integrar a banda do programa televisivo Shindig, ele recebeu de George Harrison o convite para gravar pela então recém-criada gravadora Apple. Em 1969, participou das gravações dos discos Let It Be e Abbey Road e lançou dois LPs pela Apple, contando com participações de gente como George, Eric Clapton, Ginger Baker e Keith Richards. Nos anos 70, não só gravou e tocou ao vivo com os Rolling Stones, como também consolidou sua carreira solo, desta vez gravando pelo selo A&M. O cara emplacou duas canções no topo da parada americana, Will It Go Round In Circles (1973) e Nothing From Nothing (1974), participou do filme Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band ao lado dos Bee Gees e de Peter Frampton e também emplacou a balada With You I’m Born Again , ao lado da cantora Syreeta Wright (ex-mulher de Stevie Wonder). Nos anos 80 e 90, sofreu com problemas relacionados ao consumo de drogas e também com a lei que atrapalharam sua carreira, mas chegou a gravar com o Red Hot Chili Peppers, entre outros. Billy Preston é um raro caso de sideman, ou seja, músico que acompanhou grandes nomes do showbusiness, que também conseguiu luz própria. Vai deixar muitas saudades.