Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Nirvana – In Utero (Universal Music)

in_utero.jpg21 de setembro de 1.993. Onde eu estava neste dia? Rodando de carro com a “carta” recém tirada? Ao lado da primeira namorada? Ainda comemorando o título do meu time (vencido no dia 12 de junho)? Possivelmente tudo ao mesmo tempo, mas estava sobretudo ansioso pelo lançamento do último (e derradeiro) álbum do Nirvana.

O disco, que deveria se chamar I hate myself and I want to die, era uma espécie de “volta às origens”. Kurt queria distância dos fãs que só conheciam os sucessos de Nevermind (que vendeu 18 milhões de cópias), e queria imprimir novamente uma roupagem menos melódica e mais crua às suas canções.

Ele não conseguiu apenas isso. Embora as canções sejam mais sujas do que no álbum anterior, aqui ele consegue atingir o ápice em sua curta carreira como compositor.  O disco começa com um riff envolto na mais pura distorção, quando de repente Cobain  surge gritando “Teenage angst has paid off well, Now I’m bored and old”. Esta frase é só uma amostra do que virá pela frente. Letras ácidas, autobiográficas, onde Kurdt expõe todos os seus sentimentos, alegrias, e frustrações como poucos pop stars já fizeram.

O primeiro single foi Heart Shaped Box, uma das mais bizarras canções de amor já escritas. Com um belo dedilhado , uma letra marcante “I wish I could eat your cancer when you turn black”, Heart Shaped Box é uma daquelas canções que nos conquista já na primeira audição.

Outro hit instantâneo que tomou de assalto as rádios de todo o planeta tinha um nome no mínimo surreal Rape me.  Aqui, Cobain fala diretamente à imprensa que não cansava de dissecar seus inúmeros problemas pessoais nas páginas das revistas e jornais do mundo inteiro.  A seqüência de acordes até lembrava Smells like teen spirit, mas o que marca mesmo é forma com que ele se voltava contra a escória que o cercava, e, é claro, os urros no final da canção, que pareciam sair de suas entranhas até o microfone.

O álbum ainda tem outros pontos altos nas desconhecidas (e belas) Dumb, Very Ape, Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle, e na enigmática Radio Friendly Unit Shifter com o seu refrão “What is wrong with me? What is what I need? What do I think I think?”.

All apologies fecha o CD, até hoje questiono o porquê de ela estar justamente no final. Não pode ter sido por acaso. Nesta canção (que depois se tornaria um hit no “Unplugged in New York”) em poucas linhas Cobain mostra tudo o que sentia naquele momento (desde o fracassado casamento com Courtney Love até a sua incapacidade constante de ser simplesmente um cantor de rock feliz com o tudo que o sucesso lhe trazia. Ficou como seu testamento.

A frase “All in all is all we are” é repetida como um mantra no seu final (algo parecido com o que John Lennon – um dos ídolos de Cobain – costumava fazer), e o que fica é a certeza que o Nirvana poderia ter ido muito mais além se não tivesse sua carreira abreviada. What else could I say?

Clique aqui para assistir “Heart Shaped Box”

1 Comment

  1. sinceramente, nunca gostei, nao vejo nada demais, apenas um vocalista drogado e louco, Alice in Chains era Muito melhor..

Leave a Reply

Your email address will not be published.

*

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑