Por Fabian Chacur

Desde o início de sua carreira, no final dos anos 70, Joe Jackson tem como marcas a ousadia, a inquietude e o bom gosto. Mestre em escrever músicas deliciosas, indo da new wave às baladas jazzísticas, com influências de rock básico, pop, jazz, música latina, as várias vertentes da música negra e muito mais, é um daqueles nomes que, embora não freqüentem tanto as paradas de sucesso como mereceria, tem um fã-clube fiel.

Seu novo álbum, Rain, recém-lançado pela gravadora americana Rykodisc e sem previsão de sair por aqui, tem como âncora o formato piano-baixo-bateria. A seu lado, o inseparável baixista Graham Maby, que toca com ele desde o início, e o baterista Dave Houghton, da banda inicial do artista e desde 2003 de volta ao time. Gravado em Berlim, o CD inclui dez ótimas canções inéditas, que permitem a Jackson, Maby e Houghton explorar com rara habilidade e versatilidade as possibilidades do trio.

Para quem admira o swing do piano tocado pelo cantor, compositor e músico britânico, este é um de seus melhores trabalhos, pois o instrumento serve como eixo das canções. O repertório é diversificado, indo desde o rock mais agitado em Invisible Man, Good Bad Boy e King Pleasure Time à introspecção de Solo (So Low) e Wasted Time, passeando pelo pique de Citizen Sane e o balanço irresistível de The Uptown Train, esta última com forte teor funky jazz. A Place In The Rain encerra o álbum com perfeição. Rain é aquele tipo de CD que cresce a cada nova audição, com sutilezas vindo à tona toda vez que o disquinho prateado volta a ser executado.

Música pop elevada ao status de arte pura. A versão de luxo inclui um DVD com performances ao vivo de três músicas do álbum (Invisible Man, Wasted Time e Good Bad Boy) e entrevistas com os músicos, além de Jackson mostrando seus locais favoritos na antiga Berlim Oriental.

Joe Jackson toca ao vivo Good Bad Boy, do CD Rain:

http://www.youtube.com/watch?v=zGwBF2Dgvv0