Por Fabian Chacur

Dá para acreditar que um mesmo cidadão tenha sido o responsável pela descoberta de artistas tão importantes como Billie Holiday, Count Basie, Charlie Christian, Aretha Franklin, Bob Dylan, Leonard Cohen, Bruce Springsteen e Stevie Ray Vaughan? Pois o cara existiu, e atendia pelo nome de John Henry Hammond Jr. (1910-1987). Em seus 76 anos de vida, John Hammond não só descobriu talentos, mas teve outra importância fundamental para a história americana, como nos mostra a excepcional biografia The Producer-John Hammond And The Soul Of American Music, de Dunstan Prial, lançada no exterior pela editora Farrar, Straus And Giroux, de Nova York.

Hammond veio de família rica. Sua paixão pela música negra o aproximou dos empregados de sua casa quando ele ainda era moleque. Durante toda a vida, não só pregou a integração entre brancos e negros como ajudou a promovê-la no meio musical, sendo um pioneiro nesse quesito já nos anos 30 do século passado. Cansou de investir dinheiro do próprio bolso em produções envolvendo novos astros. Nessa, acabou contratado pela gravadora Columbia (hoje, Sony/BMG), para a qual trouxe astros como os citados acima, que ele descobria indo ver shows em todos os cantos da América.

Não faltam méritos ao livro de Prial, sendo os maiores o fato de conter farto material de pesquisa, ser muito bem escrito e mostrar sem rodeios tanto o lado positivo como o negativo do executivo. Exemplos: seu temperamento forte, a dificuldade em admitir erros e os conflitos de interesse em algumas de suas atividades. Destaque para o emocionado depoimento de Bruce Springsteen sobre como conheceu o produtor. Na essência, John Hammond era um homem que buscava o talento onde quer que ele estivesse com total idealismo, algo cada vez mais distante do cenário atual dos executivos das majors. Um exemplo a ser seguido. Curiosidade: seu filho homônimo, nascido em 1942, tornou-se um grande cantor e compositor de blues e folk.